sábado, 15 de maio de 2010

(Não tão) curtinha sobre métodos educativos (que me faz rir)

Como toda mulher que vê a sua risquinha positiva, comecei naquele mesmo dia a reparar nos bebés todos do mundo. São tantos! Quase todo mundo tem filhos. Soube disso quando engravidei. É como quando compramos um carro vermelho e de repente metade dos carros do mundo são vermelhos. Mas adiante.
Vi muitos bebés amamentados ao peito ferrenhamente, muitos bebés com suplementação e muitos bebés que só tomaram leite de lata. Desses bebés, alguns são fraquinhos, alguns são assim-assim, alguns não apanham a porra dum mau olhado.
Independentemente da origem do leitinho.
Vi muitos bebés deixados a chorar no berço à noite até aprenderem eles próprios a consolar-se, vi muitos bebés a serem acalentados depois de alguns minutos, vi muitos bebés a serem aconchegados mal comecem a chorar. Desses bebés, alguns são inseguros, alguns são assim-assim e alguns julgam que são o Super-Homem.
Independentemente de como os pais os acodem à noite.
Vi muitos bebés a irem para a creche aos quatro meses, muitos a irem aos oito, aos doze, aos três anos. Desses bebés, alguns são meninos da mamã, alguns são assim-assim e alguns são autênticos políticos em campanha.
Independentemente de quando saíram das suas casas.
Vi muitos bebés (já viram que estou aqui para ficar, mesmo depois de ter o meu argumento perfeitamente claro) a receberem tudo das mães ao primeiro pedido, muitos a só ganharem prendas quando merecem, outros, apenas nos anos. Desses bebés, alguns são mimadíssimos, alguns são assim-assim e alguns são uns desapegados budistas.

Ri-me, hoje, ao pensar na possibilidade de o método de educação escolhido não ter qualquer influência sobre o comportamento dos pequenos. Ao pensar que é tudo, tudo mesmo, só uma questão de feitio deles, que tudo começa e acaba neles, e que as nossas opções educativas são apenas um reflexo dos nossos valores, e não algo que tenha de facto efeito prático. Que essa omnipotência que julgamos ter sobre a formação do carácter dos nossos filhos não passe de pura vaidade.
Ri-me ao pensar nessas possibilidades. Seria um pouco como descobrir que Deus não existe e andamos aqui a acender velas para nada durante toda uma existência.
Ri-me assim, ao de leve. À ateu a olhar para Fátima, vá.

19 comentários:

manue disse...

LOLOL também me rio!

Maria João disse...

Pois, é mesmo de rir!! É que se assim fosse eu tava mesmo lixadinha visto que o feitio da minha filha não é dos melhores e eu tento lá ir com a tão prezada educação. Mas pensando bem, secalhar não tá mesmo a dar resultado. Hmmmm, será que tens razão??

Humildevaidade disse...

O meu filhote tem quase dois anos e tudo o que disseste neste post é, cada vez mais, (militantemente) confirmado por ele. Antes de ser mãe e o pai de ser pai, achávamos do alto do nosso desconhecimento que uma criança mal educada, difícil, era culpa dos papás que, "quase de certeza falharam aqui ou ali, mimaram o menino demais, blá, blá, blá, blá", hoje tenho isso tudo escrito na testa, de tanto alvitrar :P Quando soube que estava grávida munime de livros, revistas, filmes...o máximo de informação para saber como-não-criar-um-pequeno-ditador, enfim. Durante um dia inteiro, umas vezes parece que conseguimos fazer dele alguma coisa, outras é deixá-lo... e dizer baixinho "óh, ele muda, ainda se está a formar, ainda nem tem dois anos..."

*

Ginguba disse...

Melissa, eu hoje olho para a minha filha com 20 anos e confirmo tim-tim-por-tim-tim que tudo o que dizes é a mais pura das verdades!
E faço-te uma vénia por este post; Eu demorei muito mais tempo a aprender isso!

Ana C. disse...

Outro dia dizia precisamente isto a uma amiga que me falava em forçar a Alice a vencer a timidez dela. Nós podemos dar as bases de boa, ou má educação, ensinar que isto é certo, isto é errado, que isto não se faz e isto se pode fazer, mas ao aplicarmos exactamente as mesmas regras a dois irmãos. Os dois vão ser diferentes ainda assim.
Acho que há pessoas que pensam que os putos por serem putos não têm grandes nuances, é tudo a mesma coisa. Mas desde o berço que notas diferenças entre todos. É absolutamente impressionante.

Rita disse...

Tenho 4 filhotes que são educados e amados todos mediante a mesma pauta. No entanto, são completamente diferentes uns dos outros. Uns com bom feitio, outros com mau. Uns extrovertidos e comunicativos, outros timidos até mais não. Uns pro-activos outros a precisar de orientação até nas brincadeiras.

Acredito que como pais temos que fazer aquilo que sentimos que é melhor para cada um deles, mas há muitas coisas que simplesmente não se conseguem controlar.

Adorei este post... faz-nos pensar na nossa prentensa omnipotencia!!!

c disse...

Uma vez tive um senhor de mais de 70 anos, pai e avô, que me disse, ao ver-me tão preocupada com uma qualquer questão educativa (tão importante que já nem me lembro qual era): "sabes quanto do carácter dele poderás influenciar? calculo que cerca de 2%".
Mas o quê, nós, pais empenhados do século 21, acreditarmos que podemos controlar tão pouco? Nada disso. Continuamos a fazer as nossas tempestades (pelo menos para aí até ao terceiro filho).
Como sempre, no meio é que está a virtude. E afinal 2% podem fazer toda a diferença.

Melissa disse...

Eu não sei, mesmo.
Na dúvida, vou observá-lo mais do que (tentar) conduzi-lo. Só na dúvida.

Precis Almana disse...

Eu tenho três irmãos. Teoricamente tivemos todos a mesma educação. Só que é mesmo só teoricamente. Porque na prática, eu nasci quando os meus pais não sabiam ser pais e os outros já nasceram quando os meus pais já alguma coisa haveriam de ter praticado comigo. E entre mim e a minha irmão há 7 anos de diferença, além de ela ser a mais nova e eu a mais velha, e isso nota-se imenso: ela foi muito mimada e protegida e ainda hoje em dia se notam efeitos disso.
Há muito que é de "feitios". Mas a olhar para como nós os 4 fomos educados e as diferenças que temos - as quais consigo explicar muito até com coisas da psicologia - continuo a achar que a educação faz muitíssimo. E vejo isso também com os meus 4 sobrinhos. Dois a dois com pais diferentes, nota-se muito bem os que têm tudo o que pedem (e o que não pedem) e os que não. Os que são bem educados - pelos parâmetros mais "correctos" (se é que isso existe, mas acho que até sim) - e os que não.

Mariah disse...

Gostei muito deste post, e olha, eu acredito mesmo que é assim.
Um beijo

gralha disse...

Grande, grande post!
(e também já me passou semelhante coisa pela cabeça)
Mas toda a gente sabe que aquilo que faz de uma criança a criança perfeita é apenas uma coisa: ser a nossa :D

Ginguba disse...

Vou meter a colherada outra vez a propósito do teu "vou observá-lo mais do que tentar conduzi-lo"
Eu acho que essa é uma boa posição para os pais. Nós podemos e devemos estar presentes, podemos tentar transmitir valores, ensinar o certo e errado, proporcionar-lhes todas as experiências que os façam crescer e desenvolver o seu potencial. Nós podemos e devemos estar lá quando eles precisam, dar uma mão e ajudar a levantar quando eles caem, podemos e devemos ser um andaime para eles conseguirem fazer de si um edifício bem construído. Mas não podemos mudar-lhes o carácter, nem os talentos e os interesses. E devemos deixá-los ser o que são e amá-los sempre!
Observá-los com atenção para poder ajudar quando eles se aproximam de algo menos bom e chamá-los para um lugar seguro parece-me uma boa posição.
Bom Domingo

Pratos de Ouro disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Bailarina disse...

o meu filho é perfeito, só podia com a educação extremosa que eu e o pai lhe damos!:)
Adorei! vou tentar estar sempre presente e vou tentar dar-lhe espaço para o seu ser em vez de lhe impor o meu!
beijos

Raquel Ribeiro disse...

tanto deste posrt que vou linká.lo lá no meu blog! posso???
obg e beijinhos

Melissa disse...

Claro! beijinhos!

Célia Cardoso disse...

Tenho mesmo de traduzir este teu post para inglês e dar a uma mãe que conheço, que ainda vive na fantasia de ter o bebé perfeito e que com isso está a transformar a dita cuja criança num belo monstrinho.

Anónimo disse...

concordo tão plenamente que me apetece copiar o teu post (não tens daquelas coisas de share)?
é por isso que temos que fazer o que é mais confortável para nós. Se estivermos seguros do que estamos a fazer, os nossos filhos vão estar bem. Não adiantaria de nada eu carregar o meu filho no sling e dormir com ele se isso fosse um sacrifício para mim. Só o faço porque isso me faz feliz. Eu sinto-e miserável quando ele chora e sinto que tenho que responder prontamente a esse choro. Nunca o deixei a chorar. Se isso vai fazer dele um ser mimado e dependente ou uma viga de estabilidade emocional? não sei, não me interessa. Estarmos calmos e tranquilo hoje é o que me guia nas minhas opções. não vou deixar o meu filho a chorar na cama esta noite para garantir que com 3 anos ele "sabe" dormir sozinho e sem chatear. Se depois tal não acontece? Como justifico os sacrifícios de todos? nã,nã!

sofia disse...

Tal e qual!, assino por baixo
Que hoje, ao ver a minha filha atirar-se para o chão a fazer uma birra, vejo que tudo o que lhe tento ensinar é pura demagogia
Ela nos seus 20 meses já parece ter decidido ser mais teimosa e refilona que a mãe, mais palhaça que o pai e mais, mas muito mais, ela própria e que tudo depende da lua com que está em cada devido momento!