Depois de algumas amigas, hoje foi a minha vez de ser atingida em cheio pelo último post da Ana de Amsterdam, logo depois de dar o biberão ao Gabriel às 6h30.
Ontem estava a ver um filme que estava a adorar e, mesmo assim, adormeci redonda no sofá aí por volta das 23h. E ontem nem sequer trabalhei, limitei-me a fazer cenas de casa, ir às compras e levar o bebé à praia ao fim do dia. E não me aguentei acordada durante um filme estimulante.
Hoje de manhã, ao lembrar-me disso, pensei se também a ideia incrível que tenho para um filme, para séries, até para livros de contos, terão de esperar pelas asas do Gabriel ou pelas de quem mais estiver por vir. Pensei se vou estar presa unicamente a este blog e aos seus posts de três parágrafos durante os próximos anos. Pensei logo no post da Ana, não lhe dando razão efusiva, mas com um pavor de morte. É que não quero esperar tanto. Quero mais vida para além do trabalho, do casamento e da maternidade. Além de que não quero esperar que estas ideias mudem ou envelheçam comigo, ou simplesmente morram, vencidas pelo cansaço também.
E foi inevitável pensar em como aproveitava mal, mesmo muito mal, o tempo na altura em que não era mãe.
7 comentários:
As idas à praia com miúdos são aventuras épicas. Não podes desviar o olhar, ou fechar os olhinhos debaixo do guarda sol por um mísero minuto. Estás mais do que justificada.
O post da Ana de Amesterdam tem andado a consumir-me exactamente nesta medida que falas, sem tirar nem pôr. Nos poucos momentos, sublinho poucos, que tenho a sós, só tenho vontade de despejar meio cérebro em programas estupidificantes.
Quero deixar de gemer e partir para aquele projecto que sabes e não encontro forças.
Olha, putis neurosis.
deixem lá, daqui a uns anos (sejam muitos ou poucos) terão projectos, filmes, livros e o que mais vos aprouver e terão também filhos. havemos de ter tudo só que é uma coisa de cada vez. Fala aquela que às vezes parece que não tem mais do que casa para limpar, bebé para amamentar e fraldas para mudar.
(querida, vim ao teu blog para procurar o link do livro do Ismael mas não encontro. mandas de novo? obg)
O que é engraçado é que só precisamente quando somos mães é que nos apercebemos de que podemos ser muito mais. O meu caso: desliguei-me da psicologia desde 2001, altura em que me formei. Casei em 2003, viajei, estive (e continuo ) a fazer um trabalho que nada tem a ver com a minha formação, que serve para pagar as contas. Não odeio mas não amo.
Precisamente um ano após o nascimento dele, recomecei a dar consultas, integrei um grupo de supervisão e entrei em doutoramento.
Ou era agora ou não seria mais. Tem-me custado os olhinhos da cara?Tem. Mas sinto-me muito desafiada e sobretudo, aprecio ainda mais cada momento que estou com a minha família.
Lança-te!
Só posso falar-te da minha experiência: tendo o Gugas cerca de um ano e meio, indo à creche e eu de regresso ao trabalho, senti-me plenamente dona de mim e do meu tempo. Sim, é possível conciliar tudo! Não, não é preciso esperar que eles tenham 18 anos e vão para a universidade. É preciso saber levar este tempo de espera, mais ou menos longo. Força!
(é claro que o segundo volta a virar tudo de pernas para o ar!)
Pessoas, TODO, absolutamente TODO o tempo que estou em casa estou a trabalhar - por dinheiro. Às seis, depois de ir buscar o bebé à creche, começa o currupio de bebé, jantar, sopeirices - e tenho muito poucas souperices, garanto. A coisa acalma aí às nove, quando o Gabriel desmaia. Tá bem, às nove eu podia vir para o PC e ser genial, mas aí vem a síndrome Travel&Living de que padece a Anacê também. Simplesmente não tenho cabeça para mais nada.
Deus me defenda de aceitar isso como dado adquirido na minha vida. Sei que vou ter de encontrar uma saída. Só não encontro hoje. Vou acender uma velinha para encontrar amanhã.
(Mas já decidi que as quartas às noites são minhas e de mais ninguém. Faço o que bem me apetecer com elas. Já é um passo.)
PS - conciliar trabalho com filho até consigo. Enfiar o marido no meio, também consigo, à rasquinha. Me enfiar a mim mesma é que está sendo o bico d'obra.
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