quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Carta ao boneco Noddy

Caro Noddy,

Imagino que não deve ser fácil a sua vida depois de se ter tornado numa celebridade. Não é que ser reconhecido na rua e ter bonecos com a sua imagem no supermercado seja de alguma forma uma chatice, até porque deverá ter um belo conforto financeiro em resultado disso, o problema, parece-me, foi a excessiva exposição mediática que inesperadamente obteve o que o tornou irritante e alvo de muitas críticas e piadas deselegantes por parte dos adultos. No meio de tanta coisa que lhe aconteceu em resultado disso, desde toques de telemóvel a dobragem de cariz sexual no youtube, ainda teve de levar com a versão do genérico do seu programa cantada pelos Moonspell o que não deve ser das coisas mais agradáveis de ouvir, mesmo sendo você um desenho a viver no país dos brinquedos e as cançonetas que lá chegam serem sempre harmoniosas, fofinhas e rimadas.

Devo confessar que, durante o boom da sua fama, sempre olhei com desdém para o seu talento, apesar de, tenha tido sempre um enorme respeito pela obra da sua mãe. Gozava imenso consigo e achava-o, assim, para o parvalhote. Não havia qualquer fundamento na minha apreciação, até porque, se quer que lhe diga, nem sequer tinha visto nenhuma das suas aventuras.

A vida dá as suas voltas, como muito bem sabe, e lá dizem os sábios que, quem vocifera injustiças à toa, acaba sempre por merecidamente ferrar os dentes na língua. Não sei se é por justiça divina ou humana, mas foi o que me aconteceu e escrevo-lhe com toda a humildade a contar que me transformei num grande admirador seu.
O meu filho, um rapaz bonito de quem lhe mando uma foto em anexo, mal o viu achou-o logo merecedor da sua amizade. É verdade que a admiração que sente por si seja um tanto ou quanto doentia, mal vê qualquer produto que tenha a sua imagem estampada, pega nele e fica a contemplá-lo como o Romeu o fez à Julieta, lá na varanda de Verona. Mas enfim, as crianças têm razões que os adultos desconhecem e isso faz parte do fascínio, acho eu.

Uma das coisas que, enquanto pai mais sofri na pele, foi a hora das refeições. Passei um ano, repito, um ano, a ser bombardeado com sopa para cima em consequência do feitio endiabrado do pequeno Gabriel quando confrontado com o acto de comer. Como se fosse pouco, o soalho da sala ficava sempre conspurcado com os resquícios da luta. Se quer que lhe diga alimentar a cria era sempre a pior parte do meu dia. Até que um dia, num acto de pura fortuna, calhou o seu programa estar a passar na televisão na altura em que tentava enfiar, pela 350ª vez consecutiva, a paparoca goela abaixo. Mal o famoso e imortal genérico se iniciou, a criança paralisou e de olhos pregados ao ecrã se deixou estar, quieto e silencioso, abrindo e fechando a boca ao ritmo das colheradas de sopa que o pai lhe colocava em frente.

Deixe-me escrever a bold as palavras, obrigado Sr. Noddy! Aquele bebé, desde que começou a jantar e a assistir ao seu programa ao mesmo tempo, nunca mais deixou migalha no prato, nunca mais se sujou, nem a ele nem ao pai e até, se a aflição for maior, os progenitores podem, sem problemas de consciência, vestir-lhe a mesma roupa dois dias seguidos que não vai parecer mal. Digo-lhe já, se quiser fazer algum juízo de valor, que, enquanto pai sempre me borrifei para a verborreia dos psicólogos e não julgo a televisão como um Diabo, Deus me perdoe o uso, embora justificado, da palavra. O Gabriel brinca comigo, ri comigo, passeamos no parque, vimos o pôr-do-sol na praia e até dormimos juntos quando as noites lhe são mais pesarosas. Só há uma coisa que não abdicamos, o episódio do Noddy ao jantar.

Em acrescento deixe-me que lhe dê os parabéns pelo programa. As histórias são muito engraçadas, bem contadas e é um gosto, também para mim, vê-lo a trabalhar. Gosto muito dos episódios, “Noddy vai ás compras”, adoro o “Melhor condutor do mundo”, e aquele, que não sei o nome, em que as abelhas desaparecem todas na floresta encantada.
Bem, agora tenho de me despedir porque ainda tenho de escrever uma carta ao boneco Pocoyo que desperta o apetite de dança no Gabriel. Gostava apenas de lhe solicitar um autógrafo, desculpe-me o abuso, mas é que não é para mim, mas para o pequeno que me pediu tanto…

Um abraço!
Hugo Carvalho

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Outono larger than life

Como o ano começa em Setembro, aí quando a temperatura baixa dos 25 fico com ânimo de ano novo, todos os anos. Há anos em que o ânimo é como aqueles foguetes de sinalização dos navios: dispara, luminoso, e vai caindo em cascata pouco tempo depois - que é mais ou menos o que disse a Cê há uns dias.

Mas há anos - menos, infelizmente - que me dá com força e lá vou eu disparada atrás do sonho. E sabe sempre ao que há de melhor em nós e no mundo inteiro, essas corridas desvairadas.

Quero muito que desta vez seja um ânimo fogo-de-artifício, e não foguete de sinalização. Quero fogos de artifício. Raios partam, quero Las Vegas. Quero Ano Novo o ano todo.

It's on, Outono!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aprendido hoje

Em casa, só devemos ter o que amamos e o que precisamos.

domingo, 26 de setembro de 2010

Claro que faço!

Lembro-me de o padrinho, há muitos anos, ter dito que odiava recomendações que viessem com um "tens de" antes: tens de ler o livro X, ou tens de ver o filme Y. Revestiam o acto de ler ou ver o dito produto de uma obrigação que ele não tinha e pronto, emburrava. E era só uma palavra, mas era a sua expressãozinha no-no.

Eu e o meu pai, numa conversa, descobrimos que temos a nossa própria no-no expressãozinha, o nosso próprio "pois é, bebé": é o "fazes bem", dito de forma enfática pelo interlocutor, depois de dizermos uma decisão ou outra coisa qualquer. É o equivalente genérico ao "gosto/não gosto" depois de uma grávida dizer o nome do bebé, como se precisasse urgentemente da aprovação de que perguntou.

Nós, Lyra filha e Lyra pai, achamos o "fazes bem" de uma condescendência chata, no mínimo, quase ofensiva - no caso apresentado pelo Lyra pai - no máximo.

E é assim, prontchis.

sábado, 25 de setembro de 2010

Role-playing

Pega no Noddy, tem longas conversas, diz "cocó" e tira-lhe os calções, canta-lhe uma canção, diz-lhe "teuss Tetí" e sopra-lhe um beijo a acenar, e baza com um saco do Continente cheio de fraldas sujas, tudo isso enquanto eu faço o pequeno-almoço, e depois volta, e dá beijinhos ao Noddy, claramente o seu bebé.

O meu filho começa a imitar a vida mais nitidamente. E é tão doce. Mesmo muito doce.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Aprendido hoje

Adoro ler blogs, adoro acompanhar a vida de conhecidos, de gente que não conheço, de gente completamente diferente de mim, mas, caraças, não há guilty pleasure igual aos mata-e-esfola das galinhas da blogosfera cor-de-rosa.

Meu Deus, ainda bem que há várias formas de se ser mulher.

Mas oh meu Deus, com os adoro, como os adoro.

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Trabalho mal e porcamente quando fico em casa. Concentração Zero. Mas isso eu já sabia. A dúvida é: porque diabo insisto nisso de vez em quando? NUNCA corre bem.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Aprendido hoje

Não se traz trabalho para casa à noite com um filho bebé. Ele não vai entender.

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- Pretend you are surrounded by a thousand hungry tigers, what would you do?

- Gee, I don't know! What would you do?

- I'd stop pretending!

Num mundo perfeito parte II

... Daria metade das explicações que dou hoje. Ou antes, um terço. Ou antes, apenas as que tivesse de dar.

Hoje, enquanto explicava mais uma vez os meus motivos para qualquer coisa a um conhecido (nem sequer amigo era!), dei-me conta de que cavar desculpas e razões é algo que me stressa tremendamente e faz-me sentir invadida. Se somar a isso a minha absoluta incapacidade de ser assertiva com quem gosto, o resultado é uma Melissa bastante irritada e sem nada fazer sobre isso.

Há uns tempos, pus um status no FB à procura de uma coisa qualquer e o resultado foram dezenas de palpites sobre "o que" eu devia fazer, passando bastante longe do que eu queria. Acabei por apagar o tópico, a sentir-me uma criança de seis anos... Sem nada fazer sobre isso.

Portanto, num mundo perfeito, a) daria menos satisfações, b) usaria a frase "vai brincar com a pilinha" mais vezes.

Umm... E daí o mundo perfeito pode começar hoje.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Num mundo perfeito

O cancro teria cura em qualquer estágio;
Dinheiro seria um acessório;
A corrupção no Brasil seria um passado distante;
A água do mar da Parede seria quentinha;
Seria uma pessoa organizada;
Não existiriam as alergias;
Moraria perto de todo mundo que amo;
Comida serviria apenas para matar a fome;
As novelas seriam todas como Tieta ou A Indomada;
Preocupar-me-ia com os problemas à medida que eles surgissem;
Saberia trocar lâmpadas e consertar tudo em casa;
Teria o desporto a correr-me no sangue;
Lembrar-me-ia da minha mãe sem dor nenhuma;
O mundo seria mais ou menos como a Anatomia de Grey, onde pretos, brancos, asiáticos, gays e heteros são apenas características como outras quaisquer;
Teria aprendido a jogar xadrez com todos os benefícios que isso implica;
As maternidades teriam quartos individuais;
Os bebés dormiriam noites completas a partir dos três meses.


Roubado da Gralha, da Precis e de mais malta.

Dias de Fortaleza

Em Dias de Fortaleza, eu acordou e leio O Povo, e vejo uma notícia de uma médica que comprava votos para o irmão candidato a vereador com consultas gratuitas aos eleitores, e bate uma tristeza fininha, uma tristeza que me diz que nunca mais volto a morar lá, por motivos como este.

E depois vejo vídeos de quadrilhas juninas com canções que conheço desde sempre, cheia de cores garridas e vestidos extravagantes que põem as marchas de Alfama e do raio que o parta a um canto, e aí é quando bate Fortaleza, porque Fortaleza para mim tem textura, tem temperatura, tem gosto e sensação: é maresia colada à bochecha o tempo todo, 32 graus com uma brisa boa a soprar, gosto de caldo de carne durante a semana e caranguejo no sábado e domingo, e um soninho permanente, soninho de depois do almoço de arroz e feijão.

E sim, os dias de Fortaleza às vezes começam com uma canção, um nome, a saudade de alguém, duas goiabas bonitas.

Recebi um presente em forma de memória, hoje

A minha mãe odiava os primeiros dias de aulas. Odiava de morte. Porque enquanto os outros meninos levavam lenços, perfumes e romances à professora, a minha avó ia ao quintal, escolhia duas goiabas bonitas da goiabeira, puxava-lhes o lustro e essa era a prenda que a Nan levava. Ela morria de vergonha.

Vai-me ninar o resto do dia, este pequeno diamante.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Desabafinho dos pequeninos

Há uns dois anos, sabia exactamente o que era melhor para mim.
Neste momento, não sei o que hei-de desejar. E isto faz-me uma confusão do caraças.
Acabo a reclamar de tudo e mais alguma coisa.

Quer dizer, sempre reclamei de tudo e mais alguma coisa, mas tendo um ponto de partida qualquer a orientar e alinhavar tudo.

Agora reclamo como as velhas reclamam.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Antídoto para a Rotina II

Porca e parafuso trocam de papéis: às terças e quintas, ele vai para a cozinha work his magic, eu trato do bebé.

sábado, 18 de setembro de 2010

Antídoto para a rotina

Ontem: filminhos parvos com malta gira numa casa linda, muita gargalhada, muita ideia boa. Hoje, dormir a más horas, acordar em conchinha a más horas.

Almoçámos muito bem,, depois fomos ver concertos, fotografias para lá de giras e putos a fazer de guias em museus, e, de quebra, já que estávamos por ali, fomos ao meu tão amado supermercado paquistanês e encontrei umas ervilhas que o Shahin andava à procura. Fiquei mesmo contente.

Mais tarde, bem mais tarde, fomos comer ainda mais, beber café num pátio lindo, depois fomos ver livros e deixei-me capturar em menos de dez minutos por um livro não menos do que abismal - mas respirei fundo e não comprei, ponto para mim.

Pelo meio, conseguimos bilhetes para uma das minhas peças preferidas de sempre, que julgava mais do que esgotada (adoro Tennessee Williams. Tenho tanta pena de o ter estudado na faculdade tão novinha. Adora pegar em todas as suas Blanches DuBois agora, com esta idade. Vai ficar para outra fase, no entanto).

Fomos ver o rio. Cheirava muito mal, mesmo muito mal.

Acabámos o dia com a sensação dos tempos de namoro, e a decisão firme de ter um dia assim, cheio de nós mesmos, todos os meses. Faz bem à pele, à cabeça, ao coração, ao juízo. Filho é bom, uma delícia, mas namorar também é.

PS - todas as refeições deste post foram feitas com groupons ou tickets da TimeOut.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Coisas em que é impossível errar

Snifar profundamente uma daquelas toalhinhas quentes que dão nos restaurantes é fundamentalmente bom, do princípio ao fim, até ao fim da snifada.

Ver um monumento famoso pela primeira vez.

Um bolo sair igual à foto da receita.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Volta e meia vamos lá II

Tive uma noite horrível - seguida de uma manhã horrível - e ontem pude desabar, mais do que desabafar, sobre duas grandes amigas, separadamente. Uma é casada e outra é solteira. Ouviram-me atentamente e aconselharam-me de acordo com o que ouviram, conselhos coerentes, simples, concisos. Um lote de conselhos de casada, um lote de conselhos de solteira. Completamente diferentes e válidos. E ontem, antes de pregar o olho, ainda consegui rir-me um bocadinho ao pensar em como as mulheres são tão ricas e têm tantas camadas, e ouvem tão bem, e conhecem-se tão bem e têm o coração tão grande que cabe tudo lá dentro, até uma amiga em crise a más horas.

Adoro as mulheres. Espero francamente voltar lésbica na próxima encarnação.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Volta e meia vamos lá

O anel que tu me deste era vidro e se quebrou;
O amor que tu me tinhas era pouco e se acabou!


Não, não se acabou nada. Mas volta e meia, vamos mesmo lá: noites de mau dormir. Acordar aos berros, sossegar com comida, vir para a cama dos pais. Choramingo.

Decidi não maldizer mais este cromo que me saiu e tentar controlar as crises depressivas das três da manhã quando tenho de acordar e embalar um bebé a esgoelar-se. A prioridade é dormir bem, e não educá-lo a ser independente aos 18 meses (pois, isso mudou, também). Se dormir bem requer um co-sleeping básico e involuntário, habituar-nos-emos.

Chega de drama, chega de queixume. Vamos mas é dormir.

(E agradeço aqui publicamente à Andie por me ter arranjado o Besame Mucho em português, as primeiras páginas trouxeram-me grande alívio).

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Livros que mudam tudo

É tão bom, de tempos em tempos, ler qualquer coisa que nos obrigue a mexer onde não mexemos ou nos faça mudar de ideias. Não é algo que aconteça com frequência, e graças a Deus que não, tontinhos seríamos nós se estivéssemos sempre a alterar o rumo das coisas.

Há uns anos, como já disse aqui algumas vezes, foi a História de B., que me fez ver, entre outras maravilhas, que o modo de vida da maioria não tem de ser o meu e posso ter outro padrão

Mudou tudo, ou pelo menos mudou muito. Mudei as regras do meu jogo, já que no grande esquemas das coisas estava sempre a perder. Relaxei os meus objectivos e deixei de medir o meu sucesso pelo dos outros. Comecei a perseguir um sonho. Sou muito, mas muito mais feliz desde então.

E agora, seis anos depois, surge-me o Women, Food and God. Claro que o procurei pelo Food, mas o que está a fazer-me parar e respirar fundo é mesmo o God. Entre outras maravilhas, está a ensinar-me a não fugir do momento, seja bom ou seja mau. O momento é meu e tem o seu valor. Não tenho de esperar que o tempo passe depressa à procura de momentos melhores. Tenho de parar de fugir do presente.

O resultado imediato é ter deixado de ter tanto sono durante o dia.

Assim dito, parece tudo muito óbvio e muito new-age, mas que se lixe. É outra coisa que estou a aprender com esta leitura, a parar de me criticar tanto. É, sem sombra de dúvida, a parte mais difícil, mas estarei atenta.

Mexer no que nunca foi mexido. São sempre umas cócegas boas.

Curtíssima sobre planeamento familiar

Foi o que descobrimos nestas férias, ao reflectir muito sobre a nossa família e o nosso futuro.

Que todas as configurações são válidas e boas: não ter filhos, ter um só, ter dois - popular choice - três ou quatro, pertencer à detestável associação de famílias numerosas.

Todas são boas. Vimos que não é para as opções em si que devemos olhar, mas sim, para nós três e como pretendemos viver.

A cada família, a sua configuração.

(Isto é tudo uma maneira vaga, com filosofia barata à mistura, para dizer: a cena dos dois filhos, apesar de tudo que dizem, não é uma obrigação: é uma opção de vida. Não sabemos se vamos ao segundo. Se tivéssemos de decidir já, a resposta seria um redondo não, estamos muito felizes assim, a três).

terça-feira, 7 de setembro de 2010

No McDonalds

- Estás a ver? A senhora quer um menu salada. Sa... la... da. E mais um fruit yogurt. Vês? Carregas aqui, aqui e aqui. É fácil. Pergunta à senhora se é mais alguma coisa.
- É mais alguma coisa, senhora?
- Não, é tudo.
- Pronto, então agora carregas aqui... Aqui... Diz o total à senhora.
- São cinco e...
- E noventa e cinco, já vi.
- E pronto, recebes, agradeces, dás o recibo.

Afasto-me porque o frango ainda está a grelhar. Não há clientes atrás de mim, então formador (17 anos) fala para a formanda (16?):

- Vês? Não é nada difícil. Não podes é vir para cá só uma vez por mês, porque assim esqueces-te, aparece aí alguém e pede cinco menus e vês-te grega. Mas se quiseres mesmo ser caixa, tens de provar que és boa, que és rápida, que mereces estar aqui. Percebes? Tens de dar tudo por tudo.

A formanda olha para mim e sorri-me, e eu sorrio-lhe também. Espero que sim, que dê tudo por tudo e que mostre que é boa, que é rápida, que merece estar na caixa e muito mais e aproveito e desejo também que saiba que pode muito mais do que aquilo, que não se encha de filhos antes de perceber isso, que termine os estudos. Desejei-lhe tudo de bom, ali na caixa que ia ser dela, com um nozinho bem hormonal na garganta que me fez lembrar das crises melosas da gravidez.

Que é que querem, a menina era a cara da minha prima Tainá.

(Não, não estou grávida)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

De volta

Vimos ontem, no Jamie na América - já dissemos aqui o quanto adoramos o Jamie? - que o sucesso de um jantar em casa é a rapidez com que se põe um copo de vinho na mão do convidado logo que ele entra porta adentro. Não poderá nunca ultrapassar os 30 segundos.

Portanto, a partir de agora, quero que os convidados das lentilhadas me mandem por sms o que bebem assim que estacionarem o carro lá na praceta, porque concordo tanto, tanto, tanto, tanto com essa premissa dos 30 segundos.

(E tenho de começar a pensar noutras coisas com que receber a malta, que só lentilhas também enjoa).