domingo, 29 de abril de 2012

Brinquedos mal resolvidos - Parte I, Querido Pônei Lilás


Este era o meu Querido Pônei (sim, com ^), o mais feio de todos. Queria tanto o lilás, minha cor preferida até hoje, com um arco-íris no rabo, mas não, só tive o ictérico.

Gosto muito deles até hoje, não faço ideia do motivo. Paro sempre à frente deles no Toys R Us. Mas hoje em dia são muito pequeninos, com um rabo pequenino, não dá para fazer muita coisa.

Tenho a teoria de que os brinquedos que desejámos muito na infância e não tivemos nos acompanham pelos anos afora, mesmo se não nos lembrarmos deles. É o meu caso com muuuuitos brinquedos, porque papai e mamãe não tinham dinheiro e as minhas avós tinham mais de 20 netos. Não havia muitas abébias. Vou postando por aqui alguns desses casos mal resolvidos, a ver se a coisa fica arrumada.


sábado, 28 de abril de 2012

Curtas do Shopping

- Peruando: comprei um verniz vermelho claro, umas t-shirts baratuchas, um rímel e uma máscara para o cabelo, quando saí de casa para comprar um sutiã.

- Por falar em cabelo: tingi o meu de uma cor chamada Vermelho Atrevido naquela de que iam ficar só uns reflexozinhos, porque o meu cabelo é difícil de abrir. Mas ficou mesmo Vermelho Atrevido: o cabelo, o couro cabeludo, as têmporas, as orelhas.

- Almoçámos no restaurante do Pingo Doce por 10 eur, todos, com sobremesas. A senhora que serviu o cozido à portuguesa perguntou-me: este prato é para homem ou mulher? Eu disse que era para homem, e ela pôs partes estranhas do corpo de um suíno no prato. O Hugo não as comeu.

- As mulheres que pediam o cozido diziam à senhora: ponha só chouriço e hortaliça.

- Eu não como cozido. Acho que é comida de camionista. 

- Durante o almoço, deu na TV a notícia do juiz de Portalegre sobre a devolução da casa ao banco, e as pessoas que almoçavam comemoraram como se fosse um golinho do seu clube, mas um golinho discreto.

- O Hugo quis comprar um casaco à Arrumadinho. Desaconselhei-o. Comprou outro bem mais barato na Primark que era exatamente o que ele precisava.

- É muito difícil tirar o Gabriel de dentro do parquinho da Zippy. Prometo-lhe sempre qualquer coisa. Desta vez, foi um ovo kinder. Adoraria lembrar-me dessa dificuldade antes de o meter dentro do parquinho. E sim, eu sei que é errado prometer coisas para tirar um puto do parquinho. Mas é como o tiro de lá. Não caibo dentro do parquinho para o arrastar de lá para fora.


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Crónicas do Encolhimento - eis que ela encalha

Duas ou três semanas com um croquete aqui, outro acolá... palmier... trança de ovos ali.... Uma ou outra batata frita do prato do Hugo... E não me lembro do último salto do sapo.

Dica de MIL MILHÕES DE DÓLARES para quem está a começar dieta: digam NÃO, NÃO, NÃO ao que não está planeado. Planeiem uma escapadela mini semanal, se fizer falta (a mim claramente estava a fazer). Mas não saiam do plano. Não é porque engordam, porque não engordam (o sapo não saltou para trás, vá lá), mas por um motivo bem pior do que engordar: voltar ao plano é the bitch. O Dizer Não é algo que se conquista com suor e não deve ser descartado, porque vai exigir mais suor para que ele volte.

Li num livro excelente e levo comigo: dizer não a uma tentação é tão libertador quanto o sim. Põe um ponto final na ansiedade de comer/não comer como o sim. É a mais pura das verdades.

E caneco, não se COMPARA o prazer de um croquete com o prazer dum salto do sapo. É QUE NÃO CHEGA AOS PÉS.

E pronto. Ainda estou nos 14, tenho de ir aos 17 até 31 de Maio, se não, não ganho o meu Swatch.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Filmes que se fossem gente, deixava o meu marido por eles



Há filmes que não posso recomendar. E não é por não ter gostado deles, ou por ter gostado. É porque são filmes que, depois dos créditos iniciais das produtoras, estúdios e patrocinadores, puxam de uma cadeira, sentam-se, olham-me nos olhos e dizem-me: Melissa, eu nasci para ti. Porque tu, mais do que o mundo inteiro, mais do que o realizador e o guionista e o produtor e todo mundo junto, sabes e sentes o que eu quero dizer. Eu sou para ti. Agora observa.

São filmes que não consigo encontrar palavras para os descrever quando me perguntam o que eu achei deles, porque foram experiências místicas. Se é uma experiência mística, não me vou pôr com descrição de cenas, diálogos ou partes engraçadas, porque nunca vai bater da mesma forma noutra pessoa.

Entre alguns exemplos dessas minhas visitas ao céu, ponho um punhado de filmes do Moretti (Palombella Rossa, Querido Diário, Abril, e muito especialmente Habemus Papam),  o Lola, do Brillante Mendoza, o Tabu e Aquele Querido Mês de Agosto do Miguel Gomes, Os Respigadores e a Respigadora da Agnés Varda. Atualização - lembrei-me de mais um: Tempo de Ciganos, do Kusturica.

Não me lembro de mais nenhum. Acho que, de momento, não há. Nenhum deles é o meu filme preferido (o meu filme preferido é Moulin Rouge, já agora), mas são os filmes que foram escritos com um motivo em mente, que era eu vê-los e mudarem um bocadinho a minha vida logo a seguir.

CLARO que vocês não vão sentir o mesmo se os virem ou se já os viram. Não foram feitos para vocês :)

O Hugo sente o mesmo em relação a algumas canções deprimentes - nunca chego lá. Deve ser frustrante.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sobre o meu 25 de Abril

Ele às vezes dorme cá em casa e, no dia seguinte, faço-lhe um cabaz com sobras do jantar, pacotes de bolacha, fruta e o que mais encontrar. A primeira vez que fiz isto, pensei: irra. Transformei-me na minha sogra. Mas não faz mal, porque é o que a minha sogra tem de mais bonito.

E lá vai ele embora, carregadíssimo de instrumentos musicais e mochilas e o meu cabaz, comigo a berrar-lhe porque ele devia ter tomado duche e ele a berrar-me porque prefere tomar duche em casa. E lá vai ele, e ficamos todos com um pouquinho de saudades, porque é um puto mesmo muito fixe.

O meu irmão levou porrada da polícia na última manifestação. O que fazia ele? Tocava tambor. E lutava por um mundo melhor, porque ele acredita que somos capazes disso. Passou um mês acampado no Rossio, a discutir ideias e alimentar quem precisasse. Eu perguntava-lhe o porquê, e ele dizia-me: pelo teu filho.

Hoje, faça chuva ou faça sol, o meu irmão vai estar com o seu tambor a protestar por melhores condições de vida. Eu não vou, fiquei com medo da polícia. Não vou nunca mais. Tenho o coração na mão pelo que pode acontecer, e vou tentar distrair-me ao longo do dia. E ficar à espera do telefonema dele a dizer que correu tudo bem.

E será assim o meu 25 de Abril, pouco diferente de outras tardes de outras mães e irmãs de outros tempos aos quais não devíamos voltar nunca.

E é isto.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ver tantos amigos de todos os quadrantes políticos e mais alguns a lamentarem a morte de um tipo a quem reconheciam a qualidade e respeitavam as posições é algo que me enche de esperança.

Sei lá, talvez um dia passemos a ver para além das cores partidárias e começamos a aderir a ideias e posições por si só. Porque nos demos ao trabalho de ouvir sem preconceito.

Vou ter muitas saudades dos posts do Miguel Portas no Facebook.

Confissões desta sub-urbe, a primeira

Bebo sempre um cafezinho no Manel quando volto do infantário, por mais atrasada que esteja. Engulo o café e vou-me embora. Está lá sempre uma senhora com cara de peido a ler o jornal do café com toda a calma do mundo.

É raro, mas às vezes chego ao Manel aí um minuto antes da cara de peido. E lá está o Correio da Manhã, novinho, intocado. Aí sento-me. E abro-o, por mais atrasada que esteja.

E é quando a gaja chega. E senta-se ao meu lado, dizendo, com os olhos, que eu quebrei uma ordem universal superior ao pegar no jornal antes dela. Bufa. Diz à amiga que já está atrasada. Que vai perder a camioneta. Bufa.

Olho para o relógio do Bom Dia Portugal. Já devia ter começado a trabalhar há uma boa meia hora, o jornal não traz nada de jeito, mas caramba, a cara de peido bufa impaciente ao meu lado. E assim, com cara de yoga, bebo o café às gotas e leio os anúncios classificados. Um a um. O trabalho pode esperar, pois claro que pode.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Crónicas do encolhimento - uma dificuldade

Como se perdoar depois de uma sandes completamente desnecessária?

sábado, 21 de abril de 2012

Fotografia

Cada vez gosto mais de fotografar, disse eu ao Hugo hoje. Ele disse-me logo que tínhamos de comprar uma máquina que prestasse (temos uma daquelas de 80 eur), e isto, e aquilo, e outro.

Mas a verdade é que não me interessa mesmo nada a qualidade da fotografia que tiro, não tenho nenhuma pretensão estética. Quero é apanhar o que vejo, só - para ver depois e pensar no que senti quando vi aquilo. Aponto a Coolpix e tungas. E elas saem tremidas, mal focadas, mal enquadradas, uma merda. E não me incomoda nada, porque servem perfeitamente ao seu propósito: eu sei o que está ali.

E gosto muito de as partilhar no FB. Adoro. A minha família no Brasil fica toda contente, sentem-se mais perto de mim através das minhas fotos patetas, sem sentido e tremidas. Quando acho que já pus fotos más a mais e passo um fim-de-semana sem pôr, cobram-mas. O que adoro, também :) Sou uma vaidosa. E eles gostam de fotos más, espero eu, desde que mostrem que eu sou feliz e estou bem mesmo longe deles.

E ia pôr umas fotos patetas e tremidas agora, mas o blogger recusa-se. Oh well.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Coisas que me emocionam há muito tempo

Vi a adaptação ao cinema de Hair talvez umas 30, 40 vezes. Não estou a exagerar. Sendo que é uma das minhas histórias preferidas de todos os tempos e que vi a primeira vez aos sete ou oito anos de idade dobrado, na Globo, e foi a primeira cassete VHS que tive... Sim, deve andar por aí.



Esta cena faz-me chorar desde os meus sete, oito anos. E há uns anos, comprei o DVD e revi com o Hugo. Já de inglês afiado, agora foi o belíssimo poema sobre guerra, perda da juventude, perda da inocência, perda da vida, enfim, que me deixou agarrada aos lenços durante uns longos minutos.

We starve-look
At one another
Short of breath
Walking proudly in our winter coats
Wearing smells from laboratories
Facing a dying nation
Of moving paper fantasy
Listening for the new told lies
With supreme visions of lonely tunes

Somewhere
Inside something there is a rush of
Greatness
Who knows what stands in front of
Our lives
I fashion my future on films in space
Silence
Tells me secretly
Everything
Everything

(...)

Singing our space songs on a spider web sitar
Life is around you and in you
Answer for Timothy Leary, dearie

Let the sunshine
Let the sunshine in
The sunshine in

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Filosofia de botequim III

Muito falo eu em superação. Adoro a palavra. Superação. Corrida de obstáculos. Uma ação superior às outras, uma super ação.

Mas e a aceitação? E o cagar na super ação e ficar-se mesmo pela açãozeca normal? O abraçar quem somos, sem querer ser melhores? O enxergar beleza no simples ser e estar, numa zona livre de julgamento, ou com pouco julgamento?

Melissinha filosofa. E lembra-se de que a frase que mais odeia nesta vida, mais do que "lamentamos mas o seu saldo não lhe permite fazer a chamada" ou "faremos a transferência logo que possível" é "tudo é uma questão de equilíbrio".

várias curtas, a maioria mal humorada

- A Susana do Peso Pesado perdeu 100 quilos em pouco mais de um ano. Uau. Essa gaja, sim, devia escrever um livro e dar workshops, qual arrumadinhos e pipocas. Está linda e tem tudo pela frente. Quem a visse naquela estreia humilhante, com as calças a cair, jamais diria. Só espero é que a cabeça dela se ajuste à nova imagem, que dizem que é o mais difícil. Enfim, sou fã e torço muito por ela.

- Estou a delinear um plano para bloquear a passivo-agressividade na minha vida, porque há muita. Minha e de outros. É algo que esgota, é estanque, é inútil. Em tese, prefiro partir para o quebra-pau. Mas aí voltamos para o problema da minha frontalidade…

- … que continua a deixar muito a desejar.

- Estou cheia de ideias para passar para o papel. Estou cheia de papelinhos de rascunho escritos em cafés. Nunca passo nada a limpo. Nunca dou continuidade a nada. Odeio isso em mim.

- Eu disse que ia passar a elogiar-me mais, portanto, aqui vai um: tenho ideias mesmo fixes. Fixes e exequíveis, o que é melhor (claro que de pouco valem em guardanapos de cafés - ei, isto era para ser um elogio).

- Um projeto do qual participei ganhou um troféu da TV 7 dias (acho), o da escolha do público (acho). Fiquei muito contente. Adoro escrever para TV. Em trabalho, é o que mais gosto de fazer. Pena que faça menos do que gostaria. Há que me pôr a mexer também nisso.

- Odeio quintas-feiras em que o ponteiro da balança não mexe ou mexe para cima, e esta é uma delas. É daquelas coisas naturais, mas que chateiam à brava. No grande esquema das coisas é cocó, na verdade. Mas enfim, AQUELA quinta-feira descontextualizada é uma merda. E esta é uma delas. Daí as curtinhas com mau humor e cheias de “tenho de fazer isto e aquilo mais e melhor”. Que se efe. Vou mas é trabalhar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Update do Manifesto

Três horas por semana para me mexer - check.
Uma hora por dia para escrever - meh.

Crónicas do encolhimento - a dieta (acho que é repetido, mas apetece-me)

A dieta é comer pouco e só comer quando tenho fome.
E não ceder às tentações. Não é não e pronto. Eu valho o esforço. Há que encontrar prazeres mais sofisticados do que bolo de chocolate.
(Mas como um ou dois doces numa semana, como, sim. E sem culpa na consciência ou na balança).

Nos fins de semana a coisa é mais liberal (embora tente nunca passar das 1300, 1500 calorias), mas, num dia de semana, eis o que tem resultado desde janeiro:

manhã: uma fatia de pão de forma (ou três tostas pequenas), uma fatia de queijo magro e galão.
meio da manhã: duas marias ou uma peça de fruta ou um iogurte magro.
almoço: delícias do mar com legumes, sopa e sandes de fiambre, sopa e salada. (conto 300, 350 calorias).
pós almoço (uma ou duas horas depois) fruta ou iogurte magro.
lanche: mesmo que pequeno-almoço ou um preferido: fruta picada, 3 colheres de muesli e iogurte.
antes do jantar: se der fome, fruta ou duas marias.
jantar: 350-400 calorias, medidas na balança do Lidl :) (não há dieta à noite, pois é a comida que o Hugo e o Gabriel comem. Não há dieta, mas também não há molhos, fritos ou coisas gordurosas. Como o que eles comem, mas em quantidades controladas).
ceia: se der fome, copo de leite magro e duas marias.

Quando dá o desespero de doce, de vez em quando: barra de nesquik (100 kcal).

Como vêem, muuuuitos hidratos de carbono. Ah, e só uso adoçante no galão, os cafés durante o dia são com açúcar. E funciona na mesma: simplesmente não há extras. Não há o pãozinho com manteiga nos restaurantes, não há sumos adocicados, não há sobremesa. Só há o prato principal em doses controladas.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Café

Posso estar a morrer de azia, mas bebo. BEBO.
How pathetic can that be.

A linha, este reduto de palacetes e monárquicos

Em conversa com o marido ontem sobre conhecidos nossos que vivem noutras partes, chegámos à conclusão de que muito boa gente acha que a linha de Cascais é pavimentada a ouro, um sítio onde se come caviar ao pequeno-almoço e as pessoas andam com o nariz a 45 graus para cima. Por assim dizer, um Estoril que vai de Oeiras a Cascais.

Ó senhores, a linha é isso mesmo, uma linha de comboio com várias localidades e bairros. Aqui no meu, por exemplo, há brazucas, africanos, ciganos, Pingo Doce, frango assado, Multibanco fora de serviço, cafés malcheirosos e cafés melhorzinhos, autocarros, liceus. Ao fundo da rua, imaginem lá, há um PCP cheio de velhos comunas. As IPPS não têm vagas. Trancamos as portas à noite. Soa familiar? Pois.

Acho imensa piada a quem não entende por que raio eu e o Hugo preferimos dar por um apartamento velho aqui o que compraria um novo, vá, na margem sul. A isso, respondemos: pelos prédios baixos que não nos aprisionam numa selva de betão, pelos muitos parques, pelo mar que acompanha o comboio e espreita aqui da minha janela do rés-do-chão. Sim, a linha tem qualquer coisa especial e não me imagino a viver noutro subúrbio (daqui só sairia para o centro de Lisboa). Não sei dizer o que é.

Mas de certeza que não é a fala nasalisada e o tratarem-se todos por você que a malta julga. Perguntem ali aos velhos comunas do PCP em frente aos bombeiros, eles hão-de dar uma resposta boa.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O meu manifesto Iogurte Magro do Pingo Doce

Esta é a minha vida, devo vivê-la ao máximo porque 1) não sei se há outra e 2) ninguém vai vivê-la por mim. Devo vivê-la com originalidade, alegria e inteligência, e não é difícil, porque sei quem sou e sei do que preciso para ser mais feliz.

Reservarei uma hora por dia para escrever e três horas por semana para me mexer.
Haverá elogios a mim mesma depois de escrever uma hora e de me mexer três vezes por semana.
Serei frontal e direi o que penso sem medo, porque o contrário engorda e dá úlceras.
Escreverei, todas as noites, as três coisas que devo fazer sem falta no seguinte.
Haverá elogios a mim mesma no dia seguinte, ao completar a terceira coisa.
Haverá elogios a mim mesma neste blog, de vez em quando.
Haverá mais abraços ao meu irmão e ao meu pai.

Do manifesto anterior, transitam:

Diversão é prioridade sobre trabalhos domésticos. Não se passa roupa.
Partilhar o que há de bom no mundo com quem há de bom no mundo, especialmente as ideias que vou tendo.
Ler antes de dormir, nem que sejam duas páginas.
Dormir cedo e acordar cedo.
Ver filmes bons com o Hugo em qualquer meio. Fazer coisas boas sempre.
Comer pouco.
Gastar pouco.

Serei realista em todos os meus objetivos, quer sejam para a próxima hora, dia, ano, resto da vida.

Pronto, é mais uma nota de intenções do que um manifesto.
E pela minha nota de intenções, não mudaria grande coisa na minha vida.

Encher o resto do pacote de batatas fritas de fairy antes de comer duas ou três ou o resto do pacote também cabe num manifesto? Cabe, né?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Crónicas do Encolhimento - uma curtinha

Às vezes, nem acredito que este peso todo está a ir embora.
Parece demasiado bom para ser verdade :)

Não posso dizer que mudei o meu estilo de vida, porque não chega a tanto (o ginásio ainda é um tremendo sacrifício e continuo preguiçosa), mas sinto mudanças dramáticas onde era mais complicado: na minha relação com a comida. São cada vez mais raros os momentos de ansiedade em que ataco bolachas ou o que quer que seja.

E isso é mesmo do caraças.
Isso e não sentir o avental de barriga, também.
Ok, um bocadinho, ainda, mas nada, nada comparado ao que já foi. Tenho pena de não o ter fotografado na minha última pesagem antes da dieta para ver o antes e o durante.

Dei-me conta de que as crónicas estão meio repetitivas. Oh, well. Que se há de fazer.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ritual pós-festas

Ir para o aeroporto a falar sobre as escolhas do passado e como condicionaram o nosso presente, sobre o Fernando, sobretudo, mas também sobre a minha mãe e sobre ele mesmo. Sinto que se sente culpado a cada nova partida, o melhor pai do mundo. Tento fazê-lo ver que tanto eu quanto o Fernando seremos para sempre gratos por casa escolha que ele e mamãe fizeram no passado.

Dou-lhe força, digo para se cuidar e se poupar, sempre. Para se pôr acima da empresa, do trabalho, de nós, de tudo. Ele diz que sim, como diz sempre, e sabemos que nada vai mudar, porque tudo que ele ama é mais importante para ele do que ele próprio.

Um abraço rápido, sem drama, sem choro, tchau, pai, até à próxima, filha, vemo-nos no skype amanhã.

E o regresso pela 2a circular feito em lágrimas, eu a maldizer tudo e todos que me separam do que mais valorizo na vida. E depois mais nada, só a M80.

Hoje as lágrimas pararam ali pelo estádio do Alvalade. Da última vez, creio que pararam no Colombo. Há seis anos, pararam dois ou três dias depois. E é isso que vai mudando no ritual pós-festas: vou ficando cada vez mais resignada.

domingo, 8 de abril de 2012

Crónicas do Encolhimento - o confronto

Sendo a rainha da autocrítica, é raro dar-me os parabéns por seja o que for - fico sempre a achar pouco, insuficiente, mal feito. Acho sempre que ainda é cedo para comemorar, ou que devo ser comedida na comemoração porque tudo me pode cair em cima de uma hora para outra. Vale para tudo na minha vida.

Freud explica, ou a perda da mãe explica. Não sei.

Mas quando "folheio" álbuns do FB de há cerca de um ano, com a mesma roupa que estou hoje, é impossível não abrir um sorrisão. Um sorrisão que vira gargalhada em algumas fotos, porque, caramba, já se nota tanto. Já se nota bastante. Pode ser só o começo, mas já é uma festa. Posso estar a fazer pouco, mas esse pouco já fez muito. Este confronto de antes e depois (na verdade é mais um antes e um durante, acho que o depois vai ser sempre um durante) não deixa que o diabinho meio ruim que mora em mim me aponte o dedo. Até o diabinho meio ruim que mora em mim admite, resignado.

"Estás a emagrecer, cabra".

filosofia de botequim II - A Passagem

"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde".

Millor Fernandes

Sempre repeti isso, de várias formas. Concordo piamente com o Millor. Hoje dei-me conta de que a frase depõe tanto contra o ateu contra quanto o crente :)

Ao fim e ao cabo, a crença no impalpável é mesmo uma coisa frágil, admitemos. E, muitas vezes, chega com o medo e o desespero. Não acho que sejam falsas por isso. São apenas fés humanas que habitam corações e mentes humanos.

Um bom domingo de Páscoa a todos os meus seis leitores, independentemente do credo ou falta dele, ou ainda de ser um credo frágil, de recurso, sazonal, temático, como for.
O que interessa mesmo é o amor.

E rimar.

Sei desenhar duas coisas na vida: noivas (lindíssimas) e coelhos como este.

sábado, 7 de abril de 2012

O meu empreendedorismo preferido

A maioria de nós tem a noção de que vive apartado do que realmente importa, num estado de escravidão permanente, passando não mais do que duas ou três horas por dia com as pessoas que amamos e o resto do tempo a enriquecer uma empresa que nada tem que ver conosco para poder, paradoxo dos paradoxos, comprar qualidade para as pessoas que amamos.

E sair disso é tremendamente difícil. As vezes que vejo notícias de pessoas que tentam quebrar o ciclo, vejo logo uma torrente de incrédulos a cair-lhes por cima com toda a agressividade de quem vive para trabalhar, e não trabalha para viver. "Não devem ter casa para pagar", "sempre quero ver daqui a três meses", "é um oportunista, um mendigo, um etc" e quetais.

A mim, esses corajosos que tentam, nem que por um triz, nem que por um poucochinho de nada, sair desse buraco civilizacional em que nos metemos, dão-me uma esperança tremenda no futuro. Essas pessoas empreendedoras têm a coragem de pagar o preço necessário para viver minimamente de acordo com o que consideram verdadeiro. E é por isso que adoro ver este tipo de post no blog da Cátia. Fazem-me lembrar que, seja onde for, podemos procurar o que faz sentido para nós. Acredito que há sempre espaço para mudança. Há sempre espaço para trocar (algum) dinheiro por (algum) tempo.

O problema, como disse lá em cima, é que também há um preço. E haver quem escolha pagar esse preço é coisa para irritar muitas alminhas.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Crescer à bruta


Ao contrário da Romana, não gosta que o tratem por bebé fora de casa. Faz sempre questão de demonstrar a identidade quando é chamado assim por alguém:
“Não sou bebé, sou o Biel.”

Cresceu imenso a cria e quase sem se dar conta, conhece mais palavras que um rinoceronte, imita pinguins e macacos com alguma naturalidade e até, imagine-se, chama a atenção para o asneiredo que, por algum infortúnio da linguagem e de encadeamento de raciocínio, acaba por sair:
“Não diz meda pai, não diz, não não!”

E assim ficamos. Um Euro para o mealheiro do puto sempre que alguém se descuida e perde o tento na língua. A mãe, coitada, começa a duvidar da capacidade de se chegar ao fim do mês com algum na carteira, não só porque a crise está como está, mas porque o mealheiro parece pequeno para as moedas que, amiúde, lá entram:
“Temos de comprar um porco maior e, se calhar, não era má ideia baixarmos o valor do imposto sobre a asneira se não, qualquer dia, nem dinheiro temos para os iogurtes.”

Em casa gosta de ser a cria de sempre, remetendo para o esquecimento o desejo demonstrado fora de portas em ser tratado pelo seu próprio nome. Encolhe-se como um camarão nos braços do pai e da mãe, pede a chucha quando o mundo o deprime, adora que lhe dêem a sopa à boca e de manhã não descarta receber na cama o leitinho no biberon.
Para estas pequenas coisas do seu quotidiano não se importa de ser bebé. Julgo que se trata duma crise de identidade. Quer ser uma criança sim, mas também tem dificuldade em deixar para trás as regalias dum recém-nascido.
Mas, embora me custe muito como pai viver este drama, a verdade é que o meu pequenote cresceu. Vou ter saudades dos chorinhos e das suas parvoíces de cria desamparada. Sei que ele já é um rapazinho porque no outro o dia o vi a desenhar-me e quando olhei para a folha estava lá isto. Um Bebé, como se sabe, não desenha assim e fiquei com um vazio no peito.



quarta-feira, 4 de abril de 2012

"Estou bem"


Foi o maior erro da minha vida, o dizer repetidamente que estava bem quando não estava.
O maior de todos.

Não se repetirá nunca mais.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Crónicas do Encolhimento - voltar à carga

Estava muito relaxada com a dieta e ginásio e, deparando-me com umas anotações, vi que no dia 9 de Março tinha 11 quilos.
Dois quilos em um mês, nesta fase do emagrecimento, é muito pouco. Muuuuito pouco, mesmo.

Hora de acordar.

31 de Maio: cinco quilos a menos. Sim, é quase a mesma coisa em número, mas são fases diferentes.

Agora deu-lhes para a queixa fofinha

Primeiro este livro, com um desfiar de queixas fofas, cada uma mais fofa do que a outra.

E agora, a queixa irónico-fofinha:


Pensávamos que com o novo papel dos homens na família, mais próximo dos filhos e da cozinha, eles queimariam as truces em praça pública a exigir as ferramentas e cerveja de volta, mas não, queixam-se de formas meiguinhas, para não acordar a besta feminista que reside em cada uma de nós.
Gosto mesmo deles, dos homens :)

A canção já conhecem, de certeza. O livro é que talvez não, e é um livro TÃO giro. Folheiem-no da próxima vez que forem beber café à Fnac ou forem ter com a Estrela ao trabalho dela.

Angelita

Dizem que era tão linda que José não resistiu e, no fim do curso de odontologia em Fortaleza, levou-a de volta para Maceió. Não sei onde casaram, se em Fortaleza ou em Maceió.

José era um homem rigoroso e não dava grandes liberdades à mulher. Pelo que me chega aos ouvidos, Angelita era um espírito livre. Tocava piano quando José não estava em casa e saltava pela janela para ir ao cinema escondido. José tinha muitos, muitos irmãos, já casados, e as mulheres dos irmãos acolheram Angelita no seu seio de irmãs. Era uma mulher amada por todos. Fazia scrapbooking quando esse nome ainda não existia. É tudo o que sei dela enquanto mulher.

Teve quatro gravidezes difíceis e quatro filhos, dois rapazes e duas raparigas, e morreu neste dia 3 de Abril, há 57 anos, no dia em que completaria 33, um dia depois de dar à luz o seu último rapaz.

Hoje celebro esta vida que não conheci, a da minha avó paterna.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Postzito mete-nojo


O Hugo fez-me um caderno com textos e desenhos de todos os meus mais loucos sonhos tornados realidade. Fica aqui a amostra.

Está DE FILME. A sério. Nem os cartazes do Love Actually batem este caderninho, e acreditem que estou a ser objetiva (a sério!). Está lá tudo: que ele é extremamente criativo, atento, doido por mim, lindo e romântico da maneira que eu mais gosto: nada meloso e super personalizado.

Chorei das três primeiras vezes que abri o caderno, agora só morro de orgulho.
É que não vos passa pela cabeça a loucura que isto está :)

Segundo melhor presente de sempre, só vencido pelo careca que ganhei aos cinco anos (fica para um post futuro).

domingo, 1 de abril de 2012

filosofia de botequim


Quantas canções, causos, historinhas e anedotas, livros inteiros, telediscos, notícias antigas, notas escolares, pessoas que passaram, imagens, cheirinhos bons, vozes, sabores e desgostos cabem na nossa cabeça, prontos a serem acessados?

Qual é a capacidade do nosso disco?

São Pedro do Estoril

Há meses, na curva de São Pedro do Estoril na marginal, houve um acidente que matou uma ou mais raparigas novas. Estão lá as fotos, não consigo distinguir se é só uma rapariga ou mais.

Há meses que há sempre flores frescas no local, faça chuva ou faça sol. Já apanhei um casal de meia idade a ir trocá-las, com cuidado e reverência.

Acho que o vão fazer durante muito tempo.

Li num prefácio escrito pelo Lobo Antunes neuropediatra (Nuno?) que os filhos que morrem vivem o tempo que duram as suas mães.