quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Mais uma curtíssima

Momento estranho, aquele em que percebes que até tens um enorme afeto por desafetos antigos.

Sonho repetidamente que sou grande amiga de alguns deles.

É estranho.

Curtíssima revoltada

ODEIO chegar a esta hora e já só ter 700 calorias no Fitness Pal.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Um lugar especial

Não tenho vergonha nenhuma de dizer que já fiz terapia umas quantas vezes (e duvido que me fique por aqui - como disse a minha última (e melhor) terapeuta, sou uma mulher elaboradora. Tenho de analisar tudo, quebrar os eventos até não restar mais nada. Não é o tipo de coisa que se possa fazer inteiramente com amigos, nenhum resistiria (se bem que tenho algumas amigas incrivelmente resistentes ao meu eterno chafurdanço mental). Mas este não é um post sobre terapia, é um post sobre lugares especiais.

Supostamente devíamos trazer o nosso lugar especial - aquele sítio nosso onde podemos refugiar-nos dentro da nossa cabeça quando precisamos de ar, aquele de que nos lembramos com cores vivas, reais ou supridas pela nossa imaginação, a nossa bolha de felicidade - e eu trago o meu lugar especial dentro de mim, sim. Mas não inteiramente. O meu lugar especial existe lá fora, e é tão longe, caramba. Porque diabo não escolhi um mais perto? Sintra, por exemplo, que é o lugar especial de um amigo querido que mora longe.
Não, o meu lugar especial é na fronteira do Ceará com o Rio Grande do Norte e é para lá que a minha mente vai quando eu preciso. Um bocado do meu coração está lá desde sempre - talvez porque tudo de Icapuí me lembre amor, exclusividade e pertença quando nenhum dos três tinha nome. Icapuí lá estava para as férias e fins de semana prolongados cheios de peixe, de água calma e barrenta, de areia insuportavelmente quente ao meio dia. Não havia TV. Não havia eletricidade durante a maior parte da minha infância. Mas havia os banhos de mar morno (como todo mar havia de ser) mesmo à porta de casa, o catar pedrinhas no meio das rochas, as piscininhas de água salgada quando a maré baixava. Bicho de pé. Caju. Mexilhão. Lagostim. Reflexo da lua na areia molhada. O som da água à noite e de manhã. Mamãe e papai juntos, depois só papai ou só mamãe. O Nando bebé, meu nenuco tardio. Tanta pena que eu tenho de o meu irmão não se lembrar de Icapuí.

Talvez passemos o nosso primeiro Natal em família no Brasil este ano e, se assim for, tenho de lá ir. Sei que não vou encontrar o mesmo lugar - e graças a Deus, porque sou demasiado princesa para meio selvagem estes dias -, mas a areia ainda deve ser insuportavelmente quente e a água, calma e barrenta. E vou dizer ao Gabriel: foi aqui que o teu bisavô nasceu. Foi daqui que partiram em burros para Fortaleza, tinha ele sete meses. Foi aqui que parte de ti começou, e Icapuí vive em ti também, meu amor. Não sentes? 

domingo, 27 de janeiro de 2013

Nem tudo são perdas ou o lado bom da bronquite furiosa

Estou a lê-lo apenas com pausas  para gemer há dois dias. Está a acabar e é uma entrada direta para os meus livros-presente, aqueles que me ensinam e me dão coisas - neste caso, me devolvem coisas. Falarei mais sobre isto quando ganhar distância e recobrar neurónios. Por ora, leiam o livro: julgo que seja à prova de gostos, há qualquer coisa para todo mundo.

E não, não há em português.

(Ora, eis um que adoraria traduzir).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Notas sobre a bronquite furiosa

- Estou no sofá desde terça-feira. Mal consigo levantar-me. Ontem ainda consegui arrastar-me às urgências e percebi logo que ia precisar de ajuda - demorei coisa de 10 minutos a andar 30 metros. Adormeci enquanto faziam a colheita para as análises. A hot mess.

- Não é a rainha do drama a falar: esta coisa é a verdadeira SOMBRA- não me deixa falar, comer, levantar-me. Nunca, nem na putéfia da mono, me senti tão doente. Tudo é um tremendo esforço.

- Como quase sempre nestas situações, o meu anjo da guarda faz com que papai esteja cá. O Hugo tem sido absolutamente incansável e assumiu o Gabriel (a pobre criança tem ido para a creche todos os dias às 7h30, morro um pouco), mas a verdade é que eu também preciso de cuidados e papai tem sido muito papai nisso.

- ODEIO falhar compromissos profissionais - na verdade, não falho, repassei o repassável e adiei o adiável, mas sabe-me sempre muito mal. É terrível este completo que temos de que não podemos cair. A propósito, descobri ontem que as baixas por doença agora são pagas a 50%. Acreditam nisto? O Hugo tem um amigo muito doente que vai ficar muito tempo em casa. Teve de meter férias, porque não tem condição de ganhar só metade. A sério, este país anda a caminhar para algo muito pouco europeu. Mas voltemos à bronquite.

- O facto de estar a escrever este post já mostra que melhorei, mas melhorei pouco, muito pouco para a minha impaciência. Quero sair do sofá. Não aguento mais.

E o pior:

- Enxotar o meu filho. Ele está cheio de saudades, quer abraçar-me, quer cuidar de mim. Já se põe do outro lado do sofá muito combalido e a fingir tosse. A maior das merdas.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Rendida às evidências

Por mais que tudo que eu deseje na vida seja a liberdade das dietas e da obsessão por comida, a verdade é que, quando não conto calorias, engordo. Nem é não emagrecer, é engordar. E se podia insistir um pouco mais no poder do meu próprio corpo me dizer quando devo ou não comer, não quero correr o risco de engordar outro quilo. Ainda não estou do "outro lado" da situação, estou a meio do caminho, mas já com auto-estima restaurada o suficiente para berrar que para "aquele lado" NÃO VOLTO NUNCA MAIS. Aquele lado é um pesadelo. Um pesadelo de infelicidade, solidão e vergonha. E se o preço de não voltar para aquele lado for contar calorias, eis-me de dieta outra vez, nem que seja para sempre.

Sendo assim, olá, calorie budget. Long time no see.

(Espero um dia livrar-me de vocês mesmo a sério).

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Coisas boas que o O. me traz


Leituras deliciosas sobre as disputas entre médicos e parteiras no fim do século XIX, quando o parto se transformou num processo cirúrgico. É tudo muito giro, isto.


"Sobretudo nenhum apego (...) contem com a natureza mais do que com vocês. Mais do que
operar, rezem um terço (...) Continuidade, lentidão, atenção, apalpação mesmo, eis as
recomendações a serem sempre seguidas antes de fazer uso da força" - Antoine Dubois, parteiro da maternidade Port-Royal de Paris até 1825. Os cirurgiões (parteiros) não tinham o menor interesse que as mulheres usassem instrumentos - não por acharem o parto natural melhor, mas por consideraram os fórceps e ventosas seus e só seus. Claro que as parteiras ignoravam esses conselhos olimpicamente e faziam o que tinham a fazer. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Da Eliana, mais uma vez


O arquétipo da sombra: "É uma energia que se acumula quando falhamos em honrar nossos talentos, seguir o chamado de nossas musas ou viver conforme nossos ideais. Ela possui uma força enorme, porém sutil, operando em níveis profundos para se comunicar conosco, talvez sabotando nossos empenhos, perturbando nosso equilíbrio até nos darmos conta da mensagem que esses eventos trazem - que devemos expressar nossa criatividade, sua verdadeira natureza, ou morrer."

(Tópico do Facebook sobre procrastinação. Não sei quem ela cita, mas cita bem). 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Notas soltas mais positivas

 - Tenho trabalhado bastante, não me têm faltado coisas giras para fazer.

- As minhas amigas só me dão alegrias. A Casaca vai editar o seu segundo livro com a pompa e circunstância que sempre mereceu, a Carla, a Lili e a Tatas abriram uma empresa que teve um começo muito auspicioso. Sou uma gaja cheia de orgulho.

- Descobri tarde, muito tarde-porém-melhor-do-que-nunca, o quanto gosto das aulas de ginástica. Passei anos e anos a baldar-me ao ginásio por me obrigar a ficar na sala de musculação, coisa que detesto profundamente, porque achava que não "merecia" ir às aulas. Mudei de um minuto para o outro há uns meses e fui a uma. Nunca mais parei.

- O Gabriel é o puto mais fixe do mundo. Adora cinema, como os pais, e adora dançar nos créditos finais - um misto de biodança com dança do robô da década de 80, sempre muito bizarro e meio constrangedor, adorável. Tem um fascínio pelo OLX. Tenho de me lembrar de pôr lá qualquer coisa dele à venda - se bem que ele deve pensar que basta tocar no objeto para que se transforme em moedas. Está cada vez mais parecido com o pai, o que acho divino - o pai é o gajo mais fixe do mundo.

- Estou finalmente a andar com o Oscarizável para a frente, o que é uma alegria enorme. E estou a descobrir o meu jeito de contar de histórias, em oposição a escrever grelhas de outros. Estou feliz com isso, e orgulhosa também. Vamos ver como corre o futuro.



A novidade que veio para ficar

Juntamente com o rombo (roubo) no ordenado do Hugo, esta família de poupados viu-se na necessidade de ter um orçamento doméstico no papel. Nunca tivemos, porque nunca precisámos - somos pouco gastadores e eu sou naturalmente forreta. Mas alguém tem de pagar o rombo (roubo), e dividiremos o esforço pelas aldeias todas (supermercado, lazer, etc). Filhos da puta deste Governo que não vão buscar o dinheiro do deficit onde ele está. Mas adiante.

Serve este post para dizer que descobri que não temos dinheiro para ter um segundo filho, algo que eu andava a acarinhar assim de longe. Na verdade, segundo as nossas contas iniciais, descobrimos que não temos dinheiro para o primeiro filho. Ainda bem que o tivemos antes de esta roubalheira começar, porque agora seria inorçamentável - seria viver acima das nossas possibilidades.

Filhos da puta, é o que digo, quem faz de filhos um luxo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

domingo, 13 de janeiro de 2013

Para ser feliz semana após semana, excluindo sábados, domingos e feriados

- Três aulas de ginástica
- 25 mil palavras traduzidas.
- Cinco cenas do O. (Ou, caso opte por prosa, duas cenas em páginas - não faço ideia da correspondência).
- Chegar à sexta com menos 200 g que na segunda.

É tudo. O resto já tenho.

E sim, vai ter checklist na 6a - ideia do papai.
Ainda estou a estudar um sistema de créditos - por exemplo, na semana útil que começa amanhã, não terei 25k, por isso, posso adiantar o O. - ou ir a mais aulas de ginástica :D

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Couve não é esfregona

Maltinha dos detox da moda? Caguem nisso - é inútil. Perguntem a qualquer médico sério em vez do gajo da ervanária ou da loja de sumos fashion. A única coisa que vão conseguir é ficar mortas de fome depois de uns dias a sumos.

O melhor depurador que existe anda connosco o tempo todo e não, não é o telelé nem o implante contracetivo - é o nosso próprio corpo, que faz um trabalho maravilhoso a eliminar toxinas sozinho. A única coisa que temos de fazer é limitar a sua ingestão. Mais nada.

 (Claro que dizer não a porcarias industrializadas sistematicamente, como modo de vida, é bem mais difícil do que passar uma semana a aipo espremido, mesmo que pareça o contrário).

domingo, 6 de janeiro de 2013

Dia de Reis


E soube, por uma boa amiga italiana, que eles lá têm a Befana, uma bruxa que vem na madrugada de cinco para seis de janeiro dar doces às crianças boas e carvão às más. Adorei. Bem melhor do que o coca-cólico Pai Natal (que, Deus é Pai, o meu filho também detesta).
La Befana vien di notte, con le scarpe tutte rotte...

sábado, 5 de janeiro de 2013

Babybloguices

Se vocês acham que as pessoas podem tornar-se ligeiramente - só ligeiramente! - invasivas quando o assunto é amamentação, experimentem dizer-lhes que o filho vai estudar para o privado.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Amor

Toni Morrison, claro. Em The Bluest Eye, mais uma jóia sobre beleza física, ser mulher, ser filha.
É longo, vou ver se edito qualquer coisinha (embora duvide que consiga).


"When, on a day after a trip to collect coal, I cough once, loudly, through bronchial tubes already packed tight with phlegm, my mother frowns. "Great Jesus. Get on in that bed. How many times do I have to tell you to wear something on your head? You must be the biggest fool in this town. Frieda? Get some rags and stuff that window."
Frieda restuffs the window. I trudge off to bed, full of guilt and self-pity. I lie down in my underwear, the metal in the black garters hurts my legs, but I do not take them off, because it is too cold to lie stockingless. It takes a long time for my body to heat its place in the bed. Once I have generated a silhouette of warmth, I dare not move, for there is a cold place one-half inch in any direction. No one speaks to me or asks how I feel. In an hour or two my mother comes. Her hands are large and rough, and when she rubs the Vicks salve on my chest, I am rigid with pain. She takes two fingers' full of it at a time, and massages my chest until I am faint. Just when I think I will tip over into a scream, she scoops out a little of the salve on her forefinger and puts it in my mouth, telling me to swallow. A hot flannel is wrapped about my neck and chest. I am covered up with heavy quilts and ordered to sweat, which I do, promptly.
Later I throw up, and my mother says, "What did you puke on the bed clothes for? Don't you have sense enough to hold your head out the bed? Now, look what you did. You think I got time for nothing but washing up your puke?"(...)

My mother's voice drones on. She is not talking to me. She is talking to the puke, but she is calling it my name: Claudia. She wipes it up as best she can and puts a scratchy towel over the large wet place. I lie down again. The rags have fallen from the window crack, and the air is cold. I dare not call her back and am reluctant to leave my warmth. My mother's anger humiliates me; her words chafe my cheeks, and I am crying. I do not know that she is not angry at me, but at my sickness. I believe she despises my weakness for letting the sickness "take holt." By and by I will not get sick; I will refuse to. But for now I am crying. I know I am making more snot, but I can't stop.
My sister comes in. Her eyes are full of sorrow. She sings to me: "When the deep purple falls over sleepy garden walls, someone thinks of me. . . ." I doze, thinking of plums, walls, and "someone."

But was it really like that? As painful as I remember? Only mildly. Or rather, it was a productive and fructifying pain. Love, thick and dark as Alaga syrup, eased up into that cracked window. I could smell it -- taste it -- sweet, musty, with an edge of wintergreen in its base -- everywhere in that house. It stuck, along with my tongue, to the frosted windowpanes. It coated my chest, along with the salve, and when the flannel came undone in my sleep, the clear, sharp curves of air outlined its presence on my throat. And in the night, when my coughing was dry and tough, feet padded into the room, hands repinned the flannel, readjusted the quilt, and rested a moment on my forehead. So when I think of autumn, I think of somebody with hands who does not want me to die.

(A propósito de um jantar fixe com mulheres nota mil na noite de ontem, onde se falou de mães, filhas e de "escrever bem").

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Faz bem ao resto da minha vida

1. Ter o trabalho em dia.
2. Ir à ginástica.

Quando tenho os dois em andamento, não tenho fome, não tenho canseiras, corre tudo bem.

O ano passado foi o ano da minha relação com a comida; este ano é o da minha relação com o bom uso do tempo.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Recomendo a todo mundo!

Nada a ver com auto-ajuda de caca - um livrinho cheio de insights e pesquisas científicas recentes sobre a tal da força de vontade que todos nós almejamos e, além de tudo, uma leitura prá-lá-de-agradável.

Já ando há uns dias a pôr alguns achados de pesquisa (dicas provadas, portanto) em prática e já ando a colher resultados.

Dica da Eliana. A Eliana tem sempre dicas boas.