quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Olhando para cima

Volta vem, volta vai, preciso de um detox do Facebook. Normalmente é em alturas que estou mais ansiosa e procrastinadora, e não em alturas em que tenho mais trabalho (quando tenho mais trabalho, respeito as pausas do pomodoro e pronto, embora pareça mais - tenho cinco minutos em cada 25 e trabalho sozinha, é natural que queira passar as minhas pausas num sítio com muita gente!)
Mas quando não tenho muito trabalho remunerado, ou seja, quando tenho tempo para o trabalho que verdadeiramente ocupa a minha alma e que me dá medinho (projetos pessoais, coisas penduradas, o Oscarizável), noto que dedico mais tempo ao Facebook do que o Facebook merece. Já disse aqui que já não acho aquilo um simples comedor de tempo - é a nova maneira de as pessoas estarem na Internet, com o seu lado fabuloso e o seu lado comedor de tempo.
Mas, enfim, está na hora de voltar a fotografar a rua e reparar nos parolos. Pelo menos até ter a vida mais ou menos em dia.

E este post fez-me pensar, também. Aliás, já que aqui estou, recomendo todo o blog.


Amizade e cenas

Eu e a Ana Casaca somos grandes amigas. Somos mulheres diferentes, no entanto: a Ana Casaca, embora desconfie que não seja esta a imagem que ela tem dela própria, é uma tipa incrivelmente nos eixos, centrada, tradicional. Eu sou caótica em tudo na minha vida. Dito isto, eu não perco, nem nunca perderei, uma oportunidade de gozar com a coleção de bules dela. E imagino que ela espere ansiosamente por cada Natal para ver em que ramo da minha árvore pendurei TODOS os meus enfeites (que ela me deu - nunca comprei um enfeite de Natal). Gozo com as paneleirices dela, ela goza com os meus desastres.

Mas.

No dia em que me virem veladamente a desdenhar de coisas que, para ela, são preciosas, no dia em que me virem destilar veneno assim meio que sem querer, meio que escapadinho, meio que "ups!"... No dia em que notarem coisas estranhas no meu discurso e comportamento, não me desculpem, não desculpem a minha falta de rumo: corram mas é a avisar a Ana Casaca que me tornei perigosa, volátil. Que comprometi a nossa amizade. Se ela se recusar a vê-lo, ou por padrões baixos ou por ingenuidade - e falo das duas ingenuidades possíveis aqui, a ingenuidade de achar que não andarei a querer-lhe mal ou a ingenuidade de achar que não lhe posso fazer mal com o meu desdém -, deem-lhe dois estalos por mim, pela amiga que posso ter sido um dia.

A amiga não "pica". A amiga não manda farpas. A amiga torce. A amiga celebra o nosso lado melhor. Sobretudo, a amiga não inveja. Quando passei por algo do género há uns largos tempos, foi a própria Casaca que me disse: " Foda-se, Melissa, as amigas não competem". E é verdade.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

PS do post anterior

Descobri o que é o fastrakakids, ou como é que se escreve.
Portanto, é um "programa de aprendizagem para crianças a partir dos seis meses".

Ok, um colégio down.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

A pedra no sapato em forma de sapato de vela

Tudo começou com um item de um dos colégios que andávamos a ver para o Gabriel. O uniforme exigia sapatos de vela. Já tínhamos combinado, cá em casa, fazer vista grossa a "pormenores", mas caramba, sapatos de vela para nós não era um pormenor, era um fator determinante. Deal breaker.

E continuámos a mandar mails e a receber respostas, ora com preços exorbitantes e atividades com nomes impronunciáveis (fastrakakids?). Ou preços mais simpáticos mas com instalações muito antigas, enfim. Alguns sapatos de vela. Algumas promoções do género "traga um amigo e ganhe uma inscrição", e de um infantário com dificuldades financeiras já estou eu a sair (é coisa não bonita de se ver).

Ora bem, não podemos, nem por motivos financeiros nem por motivos de sapatos, manter o Gabriel num colégio de topo. Restou-nos um externato simpático e muito simples em Carcavelos. Mesmo com uma mensalidade mais meiguinha, ainda é maior do que a pagamos pela prestação da casa.

Ontem, na festa de anos do Gabriel e a falar com pais de colegas e amigos, caiu-nos em cima a noção: porque diabo nós, como quase todo mundo ali, não íamos inscrever o puto no pré-escolar público? Não nos ocorreu nenhuma razão que não fosse preconceituosa - afinal, não conhecemos nenhuma escola pública de perto. E assim, com a maior das facilidades, saíram-nos os sapatos de vela e/ou 450 eur a menos no orçamento. E as possibilidades começaram a abrir-se.

- O Gabriel, e aqui não tenho o menor problema em ser cagona, tem uma educação de luxo. Fazemos montes de coisas com ele e expomo-lo a variadíssimas experiências. Não somos castradores e somos criativos. Isto para dizer que, de perto, ele não precisa de fastrakakids.
- O ir para uma pública abre a porta para mais um filho, caso as coisas melhorem um pouco. Mesmo com a ajuda do meu pai, não daria nunca para ter dois no privado e jamais teria um dentro e um fora.
- Não sentimos aquela coisinha ruim de inadequação e fuga que andávamos (eu andava, na verdade), a sentir. O que mais vejo por aí são bloggers a defenderem-se de ataques que qualquer olho mais atento consegue ver que não foram feitos se não por elas mesmas. E começava a ser assim comigo em relação à escola pública, estava a tornar-me melindrosa.
- Ter contacto com mais tipos de miúdos é algo que me agrada. Ontem estive a ler a lista dos aprovados nos JI aqui da zona e tinha ataquezinhos de riso dos nomes brazucas.
- As minhas expetativas são baixas. São mesmo baixas. Fui criada em colégio, bem como o meu irmão. Sendo as minhas expetativas tão baixas, não imagino como possa dececionar-me. A primeira impressão já foi boa. Mandei vários mails hoje de manhã a pedir informações e a maioria foi respondida. Gostei. Também gostei de ver que as escolas se mexem, têm blogs e páginas no FB, que os pais são ativos na educação dos filhos.
- Acima de tudo: se correr mal, vai para o privado, com ou sem sapatos de vela, no dia seguinte. Sou mãe-que-prende. O meu menino é um percentil 5 de altura. Tenho de o proteger. Vamos tentar a escola pública porque está mais de acordo com as nossas possibilidades financeiras e a nossa consciência. Mas viro quenga burguesa no minuto em que sentir que o meu filho não está bem. Mas vai ficar bem, algo me diz. Algo me diz.


Pronto, agora é torcer para que haja vagas aos quatros anos no ano que vem nas escolas que quero. Difícil.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Tirar uma pedra do sapato (vagueblogging)

Uma pedrinha que a gente negava que existia, mas existia. Existia por vários motivos diferentes, motivos os quais tentávamos rebater ou ignorar. Às tantas, cagávamos na pedrinha, a pedrinha que fosse feliz ali dentro do sapato.

Aí, quando ela sai, é aquele alívio bom.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Zarafa


Bonito, inteligente, ternurento, cheio de informação cultural. Um filme para crianças que se apoia inteiramente naquilo que realmente importa: A HISTÓRIA. A viagem do herói. Nada de ohhhs e ahhhs e pelos de animais que voam na perfeição e cores escandalosas. A animação está a dois passos dos desenhos da nossa infância, muito, muito básica.

O que mais gostei - e gostei de tudo, mesmo de tudo - foi a absoluta não condescendência com as crianças. Este filme trata os putos com respeito: mostra sofrimento, mostra adultos a beber, a fumar. Mostra morte. Não parte do princípio que as crianças não estão preparadas para "certos temas". E não falo só de tristeza, falo também de espiritualidade e de amor - amor de homem e mulher, não só de filhinhos e bichinhos.

Caramba, achei perfeito, riquíssimo. Cinco estrelas. O melhor filme infantil que já vi, mas de longe. Para putos espertos e sensíveis.

O Gabriel gostou tanto quanto de qualquer filme da Disney. 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Duas pessoas que amo mostraram-me hoje, apenas pelo exemplo que dão, que não estou a viver à altura da minha própria vida. 
Já aqui falei antes sobre estar à altura dos acontecimentos. Mas porque é que só temos de nos erguer diante do extraordinário? Porque é que o ordinário, o quotidiano, não merece o nosso melhor? Tem de merecer. O quotidiano é extraordinário. As nossas tarefas e sonhos são extraordinários. Esta vida que nos foi dada tem de ser observada de olhos bem abertos.

É bom levar com um abanão de vez em quando. 
Andava com uma sonolência sem fim, mas agora acordei. 
Vou estar mais atenta, moças. Não mais que seja para torcer muito por vocês. 
Acabou-se o sono. 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Maravilhoso

Sei que há uma explicação perfeitamente lógica para isto, mas ainda não a encontrei.

O meu filho, na sala a chafurdar o meu telemóvel à procura de angry birds, parou num vídeo do YouTube - a música dos pais (sim, somos daqueles pirosos com canções - pelo menos, para mim, esta é a nossa canção).


Não faço ideia de como lá chegou - provavelmente através da minha conta no Google - mas derreti-me. 

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Quatro anos

Um coração
de mel, de melão, 
de sim e de não 
é feito um bichinho no sol da manhã...



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Do Facebook de uma amiga

Minha ex-terapeuta dizia que a zona de conforto geralmente era zona de desconforto. A gente só percebe quando sai dela.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Dados para transferência internacional - Vamos ajudar a Cecília!

Eis uma alternativa a quem quiser ajudar a Cecília, já tenho o Swift do pai dela:

SWIFT: BRASBRRJSBO
BANCO DO BRASIL (001) - Ag.:3777X - C/c:0000015415
CPF.:018.713.064-77
ITALO BISMARCK FREITAS MALVEIRA


OBRIGADA A TODOS!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Curtíssima sobre mães

Há aquelas que sabem que criam os filhos para um mundo cão e querem que eles se tornem independentes cedo, que saibam defender-se sozinhos para que cresçam.

Há aquelas que sabem que criam filhos para um mundo cão e metem-nos debaixo da asa, e fazem tudo que esteja ao seu alcance para os proteger, e defendem-nos para que cresçam.

Como tudo nesta vida - e aí vem a frase que eu mais odeio do mundo - é tudo uma questão de equilíbrio, mas não vejo muito equilíbrio por aí. A maioria das mães que conheço puxa bem para um dos lados.

E estão certas, todas elas.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Psicologia reversa conjugal

Eu - Aaai, Hugo, não consigo. Não consigo... (voz levemente embargada)... Não consigo resumir todo o Oscarizável em 1200 caracteres, é hercúleo, é intransponível, é absurdo e criminoso. É impossível. Não consigo. Mais vale parar por aqui e conservar a dignidade.

Hugo, sem tirar os olhos do caderno onde desenha - Então recolhe-te à tua insignificância e desiste.

Melissa dá meia volta e regressa  ao PC, sem dizer palavra.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Preciso de dinheiro

Lembram-se da Cecília?
Pois é, falha grande da minha parte não vos ter atualizado, mas a Cecília teve a enorme sorte de encontrar, numa das irmãs, uma dadora compatível. O mais difícil realizou-se.

E agora, numa kafkiana reviravolta do destino, o que a Cecília não tem é TEMPO para permanecer na fila do SNS brasileiro. Para viver, a Cecília tem de sair da fila do sistema público e de ir para o particular. E, para isso, precisa de dinheiro - a saúde privada no Brasil consegue ser mais cara do que a de cá, pois é um sistema totalmente pensado para os seguros de saúde. 

A Cecília tem muito pouco tempo para fazer este transplante. Muito pouco tempo. 

Portanto, ao contrário da maioria dos leucêmicos, aqui falta mesmo o mais fácil, onde todos nós podemos ajudar. Por favor, não se acanhem de dar um euro. Para ela, será tão heróico como dar a medula. 

Aqui está o meu NIB: 00100000 3677 1660 0019 8. Ponho-o aqui porque consigo transferir para o Brasil sem pagar taxas, que são bem salgadas. E, claro, estou disponível para qualquer informação adicional de que precisem.


Este é o grupo do Facebook, para quem quiser conhecer melhor a pequena - é impressionante como esta miúda luta desde que estava na barriga. Não é justo que a guerra termine por aqui e por causa de dinheiro. 

Sejamos a cavalaria desta vez, pessoal. 

Desculpem a brutalidade do título do post, mas achei que seria eficiente para vos chamar a atenção nos readers e afins. 

E desculpem também os 24 tamanhos e tipos de letra diferentes do post: acreditem, eu tentei uniformizar.


... E desculpem também não ir pelos óbvios lamechismos do "e se fosse com o vosso filho ou sobrinho ou filho de uma grande amiga", porque é a primeira coisa que nos ocorre sempre, acho mesmo desnecessário. E sei que não me conhecem mais gorda (haha) e que é provável que, no atual contexto do país, já estejam a ajudar outras pessoas e não tenham disponibilidade nenhuma. Enfim, nem sei bem o que estou a dizer, pois nunca fiz isto na minha vida e, como podem ver, não tenho jeitinho nenhum para pedir. E revendo o que escrevi acima, acho que não comecei pelas palavras mágicas: Por favor. Por favor, ajudem-me a ajudar a Cecília. Se um dia precisarem da minha ajuda e estiver ao meu alcance, saibam que vão poder contar comigo).

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

E estive lá no começo

Incho, engordo de orgulho e alegria. Tantas vezes que eu disse para tanta gente que tinha a certeza do potencial da história, do alcance. Tantas vezes, caramba. Isto parece um sonho, mas, ao mesmo tempo, também me parece absolutamente natural.

Ainda me lembro, faz agora sensivelmente dois anos, quando ia aí na página 30 e mandei-lhe uma mensagem: "esta história é extraordinária". A totó responde: "A sério??? Não imaginas o quanto é importante ouvir isso".

É totó, que se há de fazer? :D

Força nisso, Casacón. É só o começo de um caminho mais que merecido.
E eu lá estarei a cada passo dele.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A alienígena

Vocês também têm dias que, mesmo sendo iguais ou muito parecidos aos outros, são incrivelmente difíceis?
Tenho muitos dias assim. Dias em que a manhã não passa, o miúdo não é despachável e está resmungão, o ir para o carro com puto, mochila do computador, mala e lancheira é um sacrifício intransponível, e olho-me ao espelho e vejo que, caramba, podia ter-me arranjado um pouco mais, e que fome, meu Deus, porque diabo não me posso consolar com um palmier como as outras pessoas? Porque é que TUDO na minha vida tem de ser calculado, nada é natural e fluido? Porque é que não faço naturalmente a cama e naturalmente escolho uma roupa gira e naturalmente como maçãs?

Há dias em que tenho de pensar em tudo, tudo mesmo, porque tudo me escapa: o arranjar-me, o comer bem, o despachar o trabalho, o tratar da vida. É como se viesse de outro planeta e precisasse de um manual de instruções para este mundo, um mundo que é uma fila interminável de tarefas, obrigações.

Estes dias são mais frequentes do que eu gostaria. Muito mais.

O deslumbre, o desbunde

Por mais que goste de filmes "cerebrais", alimento para a alma e a cabeça, sempre que vejo um filme do Tarantino ou do Baz Luhmann lembro-me de que foi para aquele tipo de cócegas na barriga que o cinema nasceu: para sairmos a correr da sala quando se aproxima a locomotiva, para nos deslumbrarmos com o pôr-do-sol technicolor de E Tudo o Vento Levou. Os filmes servem muitos propósitos, graças a Deus, mas o deixar-nos de boca aberta é, para mim, o mais nobre deles. E se os meus realizadores "preferidos" fazem coisas menos suspirantes, é entre Moulin Rouges e Sacanas sem Lei que meço o tempo entre filmes.

Adoro filmes hipercalóricos.
Adoro realizadores dementes.