sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sessões duplas

Com a chegada do Gabriel, chegaram as sessões duplas, para rentabilizar ao máximo as babysitters - quem fica duas horas, fica quatro, certo?
Não me lembro de todas as dobradinhas, mas lembro-me das mais interessantes: Tabu+Um amor de juventude no King, as sessões do Indie e do Motelx do ano passado. Também houve dobradinha no Festin, mas não tão bem sucedida.

Este fim de semana, pela necessidade premente de contenção de custos, a dobradinha será em casa, e não no King. Precisarei, portanto, de algum café na veia (tendo a dormir a ver filmes em casa).


terça-feira, 28 de maio de 2013

Pequeno desabafo instantâneo

Hoje a Rihanna canta em Lisboa e estou muito chateada comigo mesma por não estar lá.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Everything We Miss

Não sou grande leitora de BD - adoraria ser! -, mas a Sofia pôs umas páginas desta aí no FB dela e fez-me chorar.
Chorei com BD.
Já encomendei.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

This is Water

Ela tem 30 e muitos, pode ter muito mais - ou muito menos, se considerarmos o efeito de coisas ruins na compleição. Digo ela, mas passei uns bons minutos a perceber que era mesmo uma mulher. Calças de ganga muito apertadas, deixando mais do que propositadamente metade do rabo de fora, com uma tanga de renda preta. Todos que passam por ela olham com algum nojo para aquilo, eu também. Unhas roídas e com verniz descascado, olhos muito pintados de preto, cabelo descolorido a água oxigenada. Passou a hora a que tinha direito de Internet de olhos postos no monitor, digitando praticamente nada, sorrindo nada. Só um ar de muita atenção séria.

Quando o tempo de Internet se esgotou, levantou-se, endireitou as calças e saiu.

Quero mesmo apanhar-me antes do susto, antes do nojo instantâneo. Quero aprender a apanhar-me naquele instante antes e ver as dores dela, aquela mulher que quer tanto ser amada, tão desesperadamente a dizê-lo em tão bom volume. Quero escolher pensar, como disse David Foster Wallace no tal discurso inaugural  aos putos da universidade XPTO.

Queria tanto amá-la antes de a detestar. Mas é difícil, caraças.
É um projeto para a vida toda.


Do Shazam


Música que me faz voltar à vida :)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Gajas!

Esta é a capa da edição brasileira.
Procurem uma edição qualquer e leiam. Ontem.

Não é preciso agradecer.

O meu anjo tradutório

Tenho um anjo da guarda tradutório. Ele aparece sempre nos momentos em que me sinto mais confiante, mais rainha-da-cocada-preta, pecado capital de qualquer tradutor, que tem sempre de manter a pulga atrás da orelha bem acordadinha.

Modus operandi do meu anjo da guarda tradutório: nesses tais momentos de soberba em que a pulga adormece, faço uma cagada absolutamente descomunal, inexplicável produto de uma rainha-da-cocada-preta. O anjo da guarda tradutório faz-me sempre apanhar a tal cagada descomunal antes de a mandar para o cliente, pondo-me de volta no meu lugar de eterna ignorante, fundamental para desempenhar bem as minhas funções.

E acendo-lhe uma vela, claro.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O meu pai já me tinha falado nisso, mas era coisa que eu desconhecia, demasiado abstrato e artificial para a minha cabeça e o meu coração: a paz que sentia de vez em quando ao passar por lugares da minha mãe, ou da vida deles. Uma paz gigantesca. E ele diz-me, quando tem esses momentos: ela só pode estar muito bem, filha.

Merdas de frases feitas, odeio. Não vale a pena, o meu peito é rasgado.

Mas hoje fomos lá jantar ao sítio do último jantar de gajas. Faltava a dona Gralha, mas gralhámos por ela, e gralhámos imenso. Tenho a impressão de que se gralhou a noite inteira. Dona Moça Bonita estava linda, nada de lenço na cabeça, a chamar a atenção dos rapazes da mesa ao lado. E é livro da Casaca para lá, Oscarizável para cá, mães e pais, homens, filhos tidos e não tidos. Comida boa, gargalhadas. Um sentido grande de que tudo estava certinho quando o grande elefante branco da doença não vinha à baila. Quando vinha, falávamos do elefante branco, eu a Casaca a seguir a batuta da coragem dela.

Caraças, que gaja do caraças. A sério.

Hoje lá fui com o Hugo e o Gabriel, sentámo-nos na mesma mesa. Sentei-me no mesmo lugar, o Hugo sentou-se no lugar da Casaca. O lugar da Moça Bonita permaneceu vago. Pendurei lá a mala.

E foi quando a coisa veio. A coisa que o meu pai chama paz.
Cliché dos clichés, fui invadida por uma paz yogi, paz de meditação. Paz de atenção plena. Que paz boa, aquela. Olhava para o lugar ao lado e sentia-a bem. Senti-a como a sentia quando ela andava por cá a falar de mil e uma coisas. Como respirar fundo, como silêncio, mas não aquele silêncio angustiado e sofredor, mas o silêncio de quem se conhece e não precisa de fazer conversa fiada. Senti-a como um silêncio sorridente.

Ela só pode estar muito bem, Casaca.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Das coisas que só a Cátia me traz

Sendo mulheres muito diferentes, aprendo muito com ela. E gostei particularmente este texto que ela partilhou no blog.

Seria a solução perfeita para esta família de gente pouquíssimo competitiva, que odeia exames de toda a ordem e que não acha que deva continuar a alimentar o mundo cão-come-cão com o seu próprio filho.

Enfim.

Temos de voltar a juntar os nossos meninos, Cátia.

Num mundo perfeito

Dia 15 de junho é a data-limite para as inscrições na pré-primária. Então, às 18h desse dia, o superprograma informático do Ministério da Educação mistura tudo, fazendo um certo barulho de liquidificador e, em cinco minutos, temos todos os meninos já distribuídos pelas vagas disponíveis.

Os resultados são afixados no dia 17 de junho.

Odeio não saber para onde vai o meu filho no ano que vem. Se haverá o milagre de haver vaga no público para ele, que ainda não fez os cinco anos, e em havendo, em que escola calhou ou se irá para a IPSS onde já está inscrito. Odeio não saber. Odeio. 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

PDI

Hoje tive sinceras e algo persistentes dúvidas sobre a minha própria idade. 
Quase tive de ligar ao meu irmão para lhe perguntar a dele e somar dez. 

Acabei por arranjar outra fórmula de cálculo e aí a coisa foi.

E ainda dizem que nós, quase-velhos, não devemos ter velinhas de números no bolo. COMO DIABO querem que nos lembremos de ano a mais, ano a menos?

A propósito: obviamente tenho a idade mais velha da dúvida. Logo agora, que considerava uns ténis laranja fluorescentes. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Deixam um bocadinho de si connosco, levam um bocadinho de nós

De um mês para cá, tenho comprado pencas de pulseiras. Pencas. Não há uma quantidade-limite de pulseiras que me satisfaça, quantas mais, melhor. Amo-as. Fazem um barulho doido. Clic clac clic clac. "Tô certo ou tô errado?" Acho-as divertidíssimas e bonitas.

Legado da Rita, tenho a certeza.

Certezinha.

Será que levaste alguma coisa de mim, hein, moça bonita?

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O péssimo timing da tia Antonieta


O luto tinha regras muito claras. Um ano caso fosse pai ou mãe, seis meses se fosse um avô ou irmão. Nunca, nunca, nunca menos de dois meses, mesmo que fosse uma tia lá dos confins de Caucaia que só viam no Natal.

E, claro, a tia Antonieta resolveu morrer coisa de dois meses antes das festas juninas.

A filha mais velha já andava a namorar, já não ligava a festas, mas ela e a irmã do meio puseram-se em contas e mais contas. Não podiam, NÃO PODIAM estar de luto na festa de São João. Já andavam a ensaiar para a quadrilha, tinham exatamente os pares que queriam ter.

Mas, tão certo quanto a goiabeira dar goiabas a tempo de serem presentes de dia dos professores, o São João chegou antes do fim do nojo. E a mãe até foi generosa. Elas podiam ir dançar a quadrilha. Mas aliviar o luto, isso é que não. Resignadas, as irmãs escolheram a opção menos pior.

E era ver dois pontos pretos no meio daquele colorido todo.
Também não podiam sorrir na foto do grupo.
Os pares não se importaram muito.

Não é só a bela Gralha que precisa de auxiliares de memória. Tenho de escoar as memórias da dona Melânia antes que sejam suplantadas pelas da minha própria vida. Receio bem que tenha de ser aqui.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Quando se aproximava o dia dos professores, ela começava a olhar para a goiabeira do quintal. Antes de a irmã mais velha ir pô-la a ela e ao irmãozinho ao colégio, espreitava a goiabeira, rezando para que a época chegasse tarde pelo menos naquele ano.

Mas não chegava e, certinho como o destino, ela e o irmãozinho levavam as goiabas mais bonitas da primeira safra para a professora. Bem embaladas, sem bicho, no ponto, mas, não obstante - goiabas.

Morria de vergonha, queria dar uma pulseira ou uma caneta, como os colegas.

Agora a sério

Acho de uma injustiça tremenda os anos 80 levarem com toda a carga de breguice, quando, enfim, logo a seguir tivemos os anos 90.



terça-feira, 7 de maio de 2013

Curtíssima do culpossauro

Quanto mais me informo e leio sobre a importância dos alimentos - e procuro aprender novas formas de os preparar e novos ingredientes - , pior me sinto em dias de douradinho com puré instantâneo, como o de hoje.

Mas há uma explicação, eu estava um caco. Ando cheia de trabalho, com a graça de Deus, e o Gabriel anda com tosse - vocês sabem o que são noites de tosse. Muito trabalho + tosse noturna de filho durante alguns dias = badagaio. Este último ocorreu hoje às três e tal. Fechei o computador, disse ao Hugo para ir buscar o puto ao infantário e acordei quase às sete.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

E, quando olhamos de longe*

Vemos que está tudo certo. Tudo.

Um filho esperto, saudável e aberto ao mundo, confiante. Um marido que adora voltar para casa ao fim do dia e que ainda celebra as minhas particularidades, depois de tantos anos. Um irmão inteligente e sagaz, doido por nós. Um pai que acha que nasci para princesa. Amigos com quem dar gargalhadas e dividir uma ou outra angústia (o primeiro bastante mais importante do que o segundo, para mim. Rir simplesmente não tem preço). Uma sogra e uma cunhada queridas e gentis, na sua diferença. Trabalho, muito trabalho, e mãos para trabalhar. Pés na terra e cabeça nas nuvens, e amor para dar.

Pouquíssimas coisas nesta equação meio doida mudaria eu.

Talvez mais gente. Adoro conhecer gente nova, e vou conhecendo e alimentando as novas relações, quando, claro, há algo a dar e a receber. Gosto de gente e do drama que gente traz. Mais um filho, talvez, não tenho a certeza. Entrar para um coro e escrever o diabo do meu filme. 

* Ou: o sol faz coisas extraordinárias ao moral. 



sexta-feira, 3 de maio de 2013

Eu, a velhota apreensiva

E agora que há Pingos Doces e Continentes em cada esquina, acham que os miúdos no liceu ainda comem na cantina?
É vê-los cá fora a enfardar cheetos e gomas. 
O Pingo Doce ao pé de mim (mesmo ao lado de um liceu) chega ao cúmulo de ter, à hora do almoço, uma bancada com fatias de pizza e cachorros já prontos ao preço da chuva.

Assim é difícil, caraças.

Meu Deus, como eu odeio o Pingo Doce por uns cinco motivos diferentes. Mas sim, ainda lá vou. 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Vêm em ondas cada vez mais espaçadas

Mas, por serem mais espaçadas, fico menos habituada a elas.
Crises de saudades da minha mãe, quero dizer.

"Saudade" não será o termo, porque a minha vida mudou tanto desde que a perdi que, sinceramente, não sei qual seria o papel dela hoje. Acho que a palavra é mais "revolta". Revolta por não ter mãe. Revolta por ser tão confuso explicar ao Gabriel que há uma avó que vive no céu: vêm sempre milhentas perguntas horrorosas logo a seguir, com respostas muito pouco satisfatórias - para ele e para mim.

Por que diabo vive ela no céu, e não aqui ao pé de nós, da Xéu, do Vô, do Nando, da vó Urdes? Tá em África? No Bajil? Onde DIABO está a vó Mel?  Não faço puto ideia, filho, não faço a mais pálida das ideias.

É revoltante e faz-me chorar para dentro, tudo para dentro, tudo cada vez mais para dentro.

E não me digam para descrever um jardim com passarinhos por onde a vó Mel saltita ao meu filho, que é coisa que nunca farei.