quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O destino da Rita

Um dia, depois de a vida dar uma grande reviravolta para o que, na altura, lhe parecia pior, a Rita decidiu pegar nas rédeas da própria vida e bazou num Saxo velho cheio de coisas para destino incerto com dois filhos atrás. Ancorou na Bélgica (ou será Luxemburgo? Haha). Fiquei cá a torcer meio preocupada, mesmo sabendo, no íntimo, que ela ia encontro dela própria, da vida que procurava e merecia.

Hoje, um ano depois, a Rita resolveu, e bem, ter um blog muito giro onde vai contando as coisas que lhe vão aparecendo lá no meio do nada. Lembro-me de ela me ter dito que vivia em Malempré e a mim só me ocorria "malempregue". Vacas, abóboras, neve. Pouco mais, para estes olhos de gaja urbana. Fiquei preocupada outra vez, totalmente sem motivo - a Rita tinha encontrado o seu lar.

Depois de ler o último post dela, achei que merecia um meu. :) Porque a Rita escreve bem que se farta.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Curtíssima sobre nails

Adoro arrancar o verniz de gel. Seja com as unhas, seja com os dentes.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Antes tarde do que nunca - II

Maravilhoso. Teatro do bom, mesmo em filme.
Adorei a escolha do elenco, com a Amy Adams ali pequena, no meio de dois titãs, exatamente como a sua personagem.

E pensar que perdi a peça com o Diogo Infante dá-me vontade de dar com o mindinho no canto da porta repetidas vezes.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

E tudo o vento levou

Vi-o vezes sem conta com a minha mãe, que era menina que gostava muito de ver filmes muitas vezes. Não, não seria para refletirmos sobre a escravatura e a guerra civil americana; encantava-nos os vestidos, os bailes, as belles terem de dormir a sesta a seguir ao almoço, com escravas e abanicos. Adorávamos os espartilhos. Sim, vendo bem, víamos pelos vestidos mais do que pelo drama - se bem que muito palpitávamos sobre tudo. Lembro-me de que a minha mãe ficava especialmente possessa quando a Melanie estava em trabalho de parto e a escravinha vinha sem pressa nenhuma pela rua acima. Levou uns estalos da Scarlet, mas mamãe achava que devia ter sido uma surra a sério. O Rhett Butler era um canalha, como é que a Scarlett foi na conversa? Não se entendia uma coisa daquelas.

E a Bonny... Adorávamos a Bonny. Quando tivemos um leitor de vídeo pela primeira vez, estávamos sempre a rebobinar para ver as cenas da Bonny. Mamãe dizia que a Scarlett era muito má mãe e má mulher, porque o Rhett finalmente se endireitara por amor à menina. E no fim? Ficávamos doidas porque a Scarlett percebeu que afinal tinha um bom homem dois segundos tarde demais. Esperávamos sempre que chegasse um pouco mais cedo a cada vez que víamos o filme.

Mas a questão fraturante do filme era: seria a Scarlett mais rica em solteira ou depois de casar com o Rhett? Passámos anos a fio entrincheiradas nas nossas posições. Para mim, a mansão do começo do filme é imbatível. Para a mamãe, são os mognos da casa em que a Scarlett foi abandonada.

Lembro-me de ver o filme outras vezes já mais crescida, já com conhecimentos de inglês e de história para ir percebendo o drama. O Hugo ofereceu-me uma edição especial em DVD pouco tempo depois de começarmos a namorar e adorei beber toda aquela informação. Vi tudo algumas vezes.

Mas nada bate os vestidos.
E sim, o nome da minha mãe não é uma coincidência, embora a minha avó, outra fã incurável do filme, tenha inventado uma desculpa qualquer para o padre a batizar. Não lhe deu o aceso nome de Scarlett, pois teria sido impossível, mas optou pela personagem mais doce. O padre aceitou. A condição parece ter sido um Maria à frente. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Curtíssima desabafatória

Ando numa apatia parva em relação ao trabalho. Ah, Melissinha, dizem vocês, isso é porque não fazes o que gostas. Não, senhores. Devo estar entre as 0,01% de pessoas no mundo que faz exatamente aquilo que escolheu fazer. No entanto, ando a dormir pelos cantos, desmotivada sei lá pelo quê, sem motivo nenhum. Zero.

Depois vejo amigos desempregados no FB e dá-me um nó na alma. Como dizia o Calvin (outra vez do Calvin & Hobbes, e não o reformista), não há mal que não piore com a culpa. Então sinto-me ensonada e culpada. E pior.

Deus, por favor, não me leves a mal. Não me castigues. 

domingo, 20 de outubro de 2013

O desapego impossível

Ao ler este post da Mafalda, já ia, muito bitaiteira, dizer-lhe para desapegar e seguir em frente, o anel podem bem dar um belíssimo par de botas que tragam recordações melhores. Porque sou, de facto, uma desapegada de primeira e mais - sempre que me vejo apegada a qualquer coisa, trato de fazer exercícios de desapego. Cada um dos meus poucos centímetros é de puro desapego material, menos um - ou uns cinco - o meu dedo anelar da mão esquerda. Trago aí, de cima para baixo:

- Aliança de casamento;
- Meia aliança que o meu pai deu à minha mãe quando esta descobriu que estava grávida do meu irmão (algo assim) e que a minha mãe me deu quando fiz 18 anos.
- Meia aliança que o meu pai me deu quando fiz 21 anos.

Não há desapego possível no meu anelar da mão esquerda, e por isso me refreei de mandar um bitaite qualquer à Mafalda, porque a pequena M. pode bem chegar aos 37 anos e trazer os dois pais ao dedo. Não importa a relação entre pai e mãe - a dos meus só muito tarde se tornou pacífica -, mas sim, que é (ou no meu caso, que fui) profundamente amada por ambos.

Não há desapego possível.

Só na hora de fazer brigadeiros.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Que espaço podemos ocupar?


Tropecei nesta preciosidade hoje, no FB.

Meu Deus, como adoraria ter visto estas coisas que vejo hoje há uns anos. Sim, vamos sempre a tempo de fazer um novo fim, eu sei, e também sei que tudo que vivemos faz parte do nosso caminho e deve ser honrado. Mas caneco. A vida podia ser mais simples.

Curtíssima cliché para mim, principalmente, mas para todo mundo logo em seguida

Valorizemos o que já temos.
Valorizemos o que já está aqui.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O problema é meu, não é teu

Livros que amo de todo o coração mas que não acabo por algum motivo que me transcende:

Wolf Hall
Freedom
O Cemitério de Praga.

Não os encaro como abandono, mas sim, como projetos a longo prazo. :)

Mais recentemente, juntou-se à lista As Suspeitas do Sr. Whicker, livro giríssimo que abandonei a meio. Adoraria que fizessem um documentário daquilo para ser de consumo mais célere. 

domingo, 13 de outubro de 2013

Antes tarde do que nunca

Perdi no cinema, perdi em reposições, perdi na TV. Mas aí a Paulinha emprestou-me o DVD.
Filme duro, muito duro. E maravilhoso.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Curtíssima sobre constelação familiar*

A minha cunhada, tal como fazíamos em 1988, ainda traz na carteira fotos tipo passe de toda a família. Nesta era de telemóveis espertos, em que temos as trombas disponíveis em tempo real para todo o mundo, acho uma queridice sem tamanho.

* Constelação familiar é outra coisa (bem interessante de se pesquisar, por sinal), mas amo o termo e uso-o sempre que posso, mesmo mal usado. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O que mais gosto na escola do Gabriel

Ter o filho de uma pivô da TVI e a filha da minha manicure na mesma turma do meu filho.

Pode não ter significado nenhum para vocês, mas foi este o motivo pelo qual saímos do Brasil. Traduz o que procurávamos por cá - já devo ter dito isto antes, mas, assim como não foi por motivos financeiros que o Gabriel foi para a escola pública (embora seja a explicação mais fácil), também não foi por motivos financeiros que a minha família emigrou (embora também seja a explicação mais fácil). Pelo contrário, o meu pai saiu de uma situação bastante confortável, lá, para procurar uma sociedade diferente cá. E encontrou. Ainda que estejam cada vez mais esbatidas, espero que estas diferenças entre de onde vim e onde estou se mantenham por muito tempo. Duvido, mas espero. Entretanto, aprendo a estimar muito os pequenos oásis em que o muro entre pobres e ricos ainda seja desprezível, ou pelo menos pequenino, sendo a escola pública um deles. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Notas soltas para uma quinta-feira até a modos que ensolarada

- O maior passatempo das senhoras do ginásio, na hora do duche, é cascar nas professoras (a rotatividade é grande).Dizem que aquilo já não é o que era, que a Fulaninha é que sabia dar aulas e que as miúdas de hoje não querem saber de nada. Vão tecendo as ladainhas enquanto se vão lavando ou besuntam as partes moles de cremes vários.  Hoje apareceu uma professora nova de ginástica. De leste. Gorducha. Insegura. Quando vi a pobre coitada, decidi que seria o seu anjo da guarda. A cada gritinho motivador-relutante dela, eu respondia com grandes YEAHH!!! BORA LÁ!!! UHUUU!!! No duche, bradei em alto e bom som que nunca tinha tido uma professora igual. Naquela, ninguém toca.

- Depois de anos a achar que a escola pública era uma autêntica bosta como um todo, ando encantada com o jardim de infância (público) do Gabriel. Uma professora ("cuscussora") e uma auxiliar por sala, como no privado, e instalações de fazer inveja a todas as escolas em que ele já andou/que eu já entrei (e são muitas). Ontem recebi um papelinho para as aulas de inglês: 14 eur por ano. Ainda não me habituei a estes valores.

- Quem não usa métodos contraceptivos não pode dizer que teve uma gravidez inesperada. Não usar nada = planear filho. "Ah, não estou a planear, mas se vier, vem bem-vindo" = planear.

- Ando doida por esta canção: 

- Tenho mesmo de tratar do curso de fotografia para fotografar cemitérios. Temos de fazer o que amamos o máximo de vezes possível, e isto é uma coisa que amo e que não estou a fazer de jeito nenhum. Mas caramba, onde é que vou enfiar mais esta coisa?

- Uma das minhas maiores inseguranças enquanto mãe é... não gostar de brincar. Odeio brincar, caraças. Odeio. Mas tenho descoberto algumas coisas de que gosto: legos, pinturas, contar histórias. São coisas que o Gabriel ama e que, por isso, também temos de fazer o máximo de vezes possível.

- Continuo constrangida com o resultado das eleições em Oeiras. Passo a maior parte do dia por cá e sinto que tenho alguma vergonha a sentir. Ser Melissa é isto mesmo: quando o Culpossauro está quieto, temos de andar à cata de culpas alheias para o alimentar.

- Frase do meu pai que adorei: por vezes o bom é melhor do que o ideal.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A música e as suas evocações

Leva-nos a N lugares, certo? Momentos longínquos, uma comida especial meio perdida, "aquela" dor de cotovelo, o caminho de casa para o trabalho naquele emprego de merda, a cozinha da avó.

Esta canção faz-me sentir um bocadinho as dores da cesariana.

Vimos os Óscares de 2009 no hospital.