... Têm uma revista mencionada no vosso convite de casamento?
Nós temos.
E hoje, depois de muitos meses, voltamos a comprá-la, o que me deixou imensamente feliz, um gesto parvinho desses. Um olá a mim mesma antes de ser mãe, e ao meu namorado Hugo, o gajo que ouve música estranha mas que para revistas lá tem bom gosto.
Pensei assim, num instante, que a vida também é isso, um cirandar de hábitos e manias, e no meio da ciranda dá para ir recuperando um pouco do que nós fomos no passado nem que seja só para matar saudades e, no dia seguinte, voltar a comprar a Pais&Filhos.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
26 de Outubros
Há dois anos, neste dia, jogava o meu ramo de noiva ao mar, ali em São João, em frente ao Alcatruz, e fiquei olhando as ondas a desfazerem as rosas. Uma imagem bonita.
Há um ano, comprávamos o carrinho do bebé num lindo dia de sol em Lisboa, estávamos radiantes com o nosso filhinho.
Hoje foi o seu primeiro dia na creche, todo pimpão e crescido. Estou radiante também, porque, apesar de alguns probleminhas, a vida corre-me muito bem: amo muito e sou amada.
Há cinco anos, neste dia, a minha mãe pôs um ponto final em meses de sofrimento e faleceu tranquilamente, com a minha prima Sunny, que ela adorava, ao seu lado. Ao contrário do que se imagina, não foi um dia mau, mas sim, um dia de alívio e liberdade não só para ela, mas para todos nós, que estávamos sofrendo muito. Não foi um dia mau. Eu ainda estava atordoada, com gente que eu amava, sim, mas que não fazia parte do meu quotidiano e desesperada por colo de pai e namorado.
Mas não foi um dia mau.
Depois do funeral, toda a minha família foi almoçar junta a um restaurante. Eu tinha passado quase uma semana praticamente sem comer, como em suspenso. Nesse almoço, comi muito. Eu e a Sunny comemos muito, sem levantar a cabeça do prato. Quando reparámos nisso, desatámos a rir.
Não foi um dia mau.
O meu pai chegou à noite com o meu irmão. Passei uma semana em frenesim correndo de um lado para o outro a organizar a missa de 7º dia, que tinha de ser perfeita. Escolhi a igreja em que ela (e eu) tinha sido baptizada e tinha-se casado, decorei-a toda como se fosse um jardim, mandei fazer missais com uma foto dela em criança e escrevi, de próprio punho, a missa toda. Comprei plantas e todos os presentes levaram uma para casa com a instrução de a plantarem no jardim e cuidarem dela.
As plantas traziam um cartão que dizia: Para lembrar de Mel.
Uma prima minha disse na altura que as missas de 7º dia eram uma invenção divina, pois passávamos ali uma semana a organizar tudo e sem tempo para pensar em nada. Não podia concordar mais. Passei uma semana como uma autêntica organizadora de eventos, escolhendo canções, cores de rosas para o ofertório, etc.
Depois, no avião para casa... bateu.
Mas isso é outra história e não tem nada a ver com os 26 de Outubros da minha vida, que acabei por transformar, depois de um luto longo, num dia de rituais, de passagens várias.
26 de Outubro não será nunca um dia completamente banal, prometo-te.
Há um ano, comprávamos o carrinho do bebé num lindo dia de sol em Lisboa, estávamos radiantes com o nosso filhinho.
Hoje foi o seu primeiro dia na creche, todo pimpão e crescido. Estou radiante também, porque, apesar de alguns probleminhas, a vida corre-me muito bem: amo muito e sou amada.
Há cinco anos, neste dia, a minha mãe pôs um ponto final em meses de sofrimento e faleceu tranquilamente, com a minha prima Sunny, que ela adorava, ao seu lado. Ao contrário do que se imagina, não foi um dia mau, mas sim, um dia de alívio e liberdade não só para ela, mas para todos nós, que estávamos sofrendo muito. Não foi um dia mau. Eu ainda estava atordoada, com gente que eu amava, sim, mas que não fazia parte do meu quotidiano e desesperada por colo de pai e namorado.
Mas não foi um dia mau.
Depois do funeral, toda a minha família foi almoçar junta a um restaurante. Eu tinha passado quase uma semana praticamente sem comer, como em suspenso. Nesse almoço, comi muito. Eu e a Sunny comemos muito, sem levantar a cabeça do prato. Quando reparámos nisso, desatámos a rir.
Não foi um dia mau.
O meu pai chegou à noite com o meu irmão. Passei uma semana em frenesim correndo de um lado para o outro a organizar a missa de 7º dia, que tinha de ser perfeita. Escolhi a igreja em que ela (e eu) tinha sido baptizada e tinha-se casado, decorei-a toda como se fosse um jardim, mandei fazer missais com uma foto dela em criança e escrevi, de próprio punho, a missa toda. Comprei plantas e todos os presentes levaram uma para casa com a instrução de a plantarem no jardim e cuidarem dela.
As plantas traziam um cartão que dizia: Para lembrar de Mel.
Uma prima minha disse na altura que as missas de 7º dia eram uma invenção divina, pois passávamos ali uma semana a organizar tudo e sem tempo para pensar em nada. Não podia concordar mais. Passei uma semana como uma autêntica organizadora de eventos, escolhendo canções, cores de rosas para o ofertório, etc.
Depois, no avião para casa... bateu.
Mas isso é outra história e não tem nada a ver com os 26 de Outubros da minha vida, que acabei por transformar, depois de um luto longo, num dia de rituais, de passagens várias.
26 de Outubro não será nunca um dia completamente banal, prometo-te.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Biagens
Sou péssima viajante. Reclamo demais, canso-me facilmente, tenho dores de cabeça, não me ajeito com travesseiros e fico rapidamente com saudades de casa, mas a Anacê perguntou e ela está grávida, e não quero que o António nasça com cara de passaporte ou de postal.
Então as viagens que mais gostei foram - julgo eu, se calhar nem é nada disso:
- Icapuí com papai aos 8 anos de idade, só nós dois. Ele vivia longe há alguns anos e eu estava sempre cheia de saudades. Não sei quantos dias foram, talvez tenha sido só um fim-de-semana, mas foi tão cheio de amor e atenção... ele sempre deu ouvidos às histórias que eu inventava, sempre prestou atenção aos meus dramas. Foi excelente, e quando a minha hipnoterapeuta me pediu para escolher um "lugar seguro" para me recolher dentro da minha mente, não tive a menor dúvida: enterrei os pés na areia quente e preta e deixei que o vento salgado se me colasse à cara.
- América com a best friend Sara aos 18 anos, a despedida de tanta, mas tanta coisa, inclusive de Portugal por uns anos. Foi muito bom e tenho o desejo secreto de a repetir, com a própria best friend Sara ou com o meu marido.
- Roma com o Hugo, recém-casados e a sentir-se no topo do mundo depois de uma festa de casamento muito planeada e aguardada por mim e duas noites em hotel. Eu estava orgulhosíssima da minha aliança e adorava dizer "my husband", parecia uma brincadeira cara. Foi tão bom, também quero repetir.
De futuro, mais do que conhecer lugares novos, queria voltar a lugares antigos, ver outros pormenores. Quero muito voltar a Washington, a Praga, a Roma, a Paris, a Londres, a Nova Iorque. Quero muito mais voltar do que conhecer coisas novas.
É bem parvo.
Então as viagens que mais gostei foram - julgo eu, se calhar nem é nada disso:
- Icapuí com papai aos 8 anos de idade, só nós dois. Ele vivia longe há alguns anos e eu estava sempre cheia de saudades. Não sei quantos dias foram, talvez tenha sido só um fim-de-semana, mas foi tão cheio de amor e atenção... ele sempre deu ouvidos às histórias que eu inventava, sempre prestou atenção aos meus dramas. Foi excelente, e quando a minha hipnoterapeuta me pediu para escolher um "lugar seguro" para me recolher dentro da minha mente, não tive a menor dúvida: enterrei os pés na areia quente e preta e deixei que o vento salgado se me colasse à cara.
- América com a best friend Sara aos 18 anos, a despedida de tanta, mas tanta coisa, inclusive de Portugal por uns anos. Foi muito bom e tenho o desejo secreto de a repetir, com a própria best friend Sara ou com o meu marido.
- Roma com o Hugo, recém-casados e a sentir-se no topo do mundo depois de uma festa de casamento muito planeada e aguardada por mim e duas noites em hotel. Eu estava orgulhosíssima da minha aliança e adorava dizer "my husband", parecia uma brincadeira cara. Foi tão bom, também quero repetir.
De futuro, mais do que conhecer lugares novos, queria voltar a lugares antigos, ver outros pormenores. Quero muito voltar a Washington, a Praga, a Roma, a Paris, a Londres, a Nova Iorque. Quero muito mais voltar do que conhecer coisas novas.
É bem parvo.
som na cabeça
Não há dias em que amanhecemos com uma música na cabeça? Hoje amanheci com um som. O som do coração do Gabriel no doppler que eu tinha cá em casa. Estática com um cavalinho ao fundo. shhhh tututututu shhhhh tututututu.
(Ele vai para creche no começo de novembro, será ansiedade da separação, isto?)
(Ele vai para creche no começo de novembro, será ansiedade da separação, isto?)
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Terminal do Papicu
Adoro ver vídeos da TV local da minha cidade natal no Youtube só para ouvir o sotaque.
Consigo encontrar cada uma das minhas mulheres preferidas em cada vogal aberta e cada nota cantada.
Adoro ver o terminal do Papicu. A Beira-Mar não me diz nada.
É a imagem que escolho para Fortaleza, o postal da minha memória. Era de lá que eu ia para o resto da cidade. E adorei encontrar isto.
Consigo encontrar cada uma das minhas mulheres preferidas em cada vogal aberta e cada nota cantada.
Adoro ver o terminal do Papicu. A Beira-Mar não me diz nada.
É a imagem que escolho para Fortaleza, o postal da minha memória. Era de lá que eu ia para o resto da cidade. E adorei encontrar isto.
Oito meses
E nada de dentes, nada de fruta, nada de noites completas, alguns traços de personalidades já evidentes - ele é independente e territorial como a mãe e sereno como o pai - gosta de desenhos animados, adora futebol, o tio e um peluche enorme chamado Amigão, cócegas na bochecha, o pai a fazer de Beatles. Tem o melhor cheiro do mundo inteiro - só um bom anjo da guarda para compor um cheirinho daqueles - e o melhor coça-gengivas do mundo é o queixo da mãe.
Aprendi que ele já faz tanta parte de mim quanto o meu coração ou o meu sangue.
Aprendi que ele já faz tanta parte de mim quanto o meu coração ou o meu sangue.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Armário dos segredos
A melhor exposição que já fui na vida, incluindo aquelas de peso que toda a gente viu, foi uma chamada "Universos Sensíveis", no CCB, em 2002. Era uma exposição voltada para crianças, mas era deliciosa para adultos. Adoraria revê-la.
Cada instalação convidava-nos a contar uma piada, partilhar um medo, uma vergonha, uma carta de amor, que eram escritas nas próprias instalações, que estavam cobertas de letras abatatadas.
E havia os armários dos segredos, onde se escrevia um segredinho nas portas. Tantas coisas bonitas que se liam lá. "Ainda faço chichi na cama", "às vezes choro antes de dormir" e outras jóias.
Na minha semana Freud-explica, se eu entrasse no armário dos segredos hoje, escreveria:
"Quando sonho com a minha mãe e ela está bem viva, sou muito mais afectuosa com ela do que quando tive tempo de o ser."
Cada instalação convidava-nos a contar uma piada, partilhar um medo, uma vergonha, uma carta de amor, que eram escritas nas próprias instalações, que estavam cobertas de letras abatatadas.
E havia os armários dos segredos, onde se escrevia um segredinho nas portas. Tantas coisas bonitas que se liam lá. "Ainda faço chichi na cama", "às vezes choro antes de dormir" e outras jóias.
Na minha semana Freud-explica, se eu entrasse no armário dos segredos hoje, escreveria:
"Quando sonho com a minha mãe e ela está bem viva, sou muito mais afectuosa com ela do que quando tive tempo de o ser."
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
Tudo outra vez - pensamento do dia
A única coisa que me pode fazer mudar de ideias sobre ter um segundo filho é voltar a passar meses a fio a acordar de três em três horas.
(Além do desejo do Hugo, claro.)
(Além do desejo do Hugo, claro.)
quarta-feira, 14 de outubro de 2009
domingo, 11 de outubro de 2009
Pequenas pontadas de dor
Há aquelas memoriazinhas dolorosas que insistem em fazer uma visita de vez em quando, um tipo de dor de dentes na alma.
Tenho uma delas extremamente íntima que está sempre a assombrar-me. Talvez escrevendo aqui, exorcise-a de vez ou, pelo menos, ganhe alguma perspectiva sobre ela.
Se me arrepender, apago. Mas espero que não me arrependa.
A minha relação com a minha mãe foi sempre difícil de definir - acho que grande parte delas o são. Poderia passar umas boas horas aqui a escrever sobre isso, sobre como éramos dependentes uma da outra mas sem nunca nos aceitarmos verdadeiramente. Era muito difícil cumprir os padrões dela, ainda por cima sendo mulheres tão diferentes - ela sempre muito pé no chão e preto no branco, eu sempre muito complicada e cheia de nuances(recuso um bocado a cena do "sensível").
Bem, mas não quero falar sobre a minha relação com a minha mãe, porque já falei tanto, tanto que até enjoa. Quero é deixar cá a pequena memória dolorosa.
Arrumando as malas para ir de férias para o Brasil, mamãe pediu fotos minhas e do meu irmão. Eu trouxe algumas. Ela começa a olhá-las, selecciona as do meu irmão e devolve-me as minhas. Nem preciso de perguntar nada, o olhar dela diz tudo.
"Quando emagreceres, mandamos algumas fotos para lá."
Eu tinha menos 30 quilos do que tenho hoje.
Tenho uma delas extremamente íntima que está sempre a assombrar-me. Talvez escrevendo aqui, exorcise-a de vez ou, pelo menos, ganhe alguma perspectiva sobre ela.
Se me arrepender, apago. Mas espero que não me arrependa.
A minha relação com a minha mãe foi sempre difícil de definir - acho que grande parte delas o são. Poderia passar umas boas horas aqui a escrever sobre isso, sobre como éramos dependentes uma da outra mas sem nunca nos aceitarmos verdadeiramente. Era muito difícil cumprir os padrões dela, ainda por cima sendo mulheres tão diferentes - ela sempre muito pé no chão e preto no branco, eu sempre muito complicada e cheia de nuances(recuso um bocado a cena do "sensível").
Bem, mas não quero falar sobre a minha relação com a minha mãe, porque já falei tanto, tanto que até enjoa. Quero é deixar cá a pequena memória dolorosa.
Arrumando as malas para ir de férias para o Brasil, mamãe pediu fotos minhas e do meu irmão. Eu trouxe algumas. Ela começa a olhá-las, selecciona as do meu irmão e devolve-me as minhas. Nem preciso de perguntar nada, o olhar dela diz tudo.
"Quando emagreceres, mandamos algumas fotos para lá."
Eu tinha menos 30 quilos do que tenho hoje.
sábado, 10 de outubro de 2009
Antídoto para beterrabas
Ele adorava beterrabas. Juro de pés juntos, adorava. Mas ontem era nem vê-las. Enfiava a colher por um lado, por outro, e nada do menino dar uma aberturazita entre-gengivas que me desse o espaço necessário a enfiar-lhe a comida goela abaixo.
E assim passámos uns bons 40 minutos em guerra, até parecer que tinha havido uma carnificina em plena sala Carvalho, com bocados de carne humana por todos os lados.
Naquele impasse, eis que chega o Carteiro com um pacotito.
Olha, olha, presente para nós! Tréguas?
Ele não respondeu, mas sim, tréguas, desde que fosse ele a abri-lo.
(Reparem na cara de cansaço e resíduo bélico na cara do salafrário. Mas sim, tréguas)
Uma prenda da Ana para nós, Buchinhas! Aquela rapariga não existe. É como um sopro de ar gelado num dia quente, ou o antídoto para beterrabas num dia com beterrabas.
O bebé ganhou umas botinhas de temática medieval giríssimas e causou-me alguma inveja. Mas para ser honesta, ele preferiu mesmo o post-it que as acompanhava.
E eu ganhei um lenço lindo que dá na perfeição com uma camisola que comprei há uns dias - acertaste no gosto, no estilo, na cor, em tudo, minha querida. Muito, muito obrigada pelo mimo.
(Temos isso em comum, adoro dar prendas. Adoro recebê-las e dá-las, na verdade. Adoro pacotes, pronto.)
Aqui está o lenço e um beijinho para ti.
Fica a promessa duma foto com a camisola.
O mais interessante da prendola não ponho aqui: uma cartinha escrita a próprio punho! Há quantos anos não recebem uma assim? A última que recebi foi de uma boa amiga também, em 2000, lembro-me perfeitamente. Trazia uma foto com data lá dentro.É tão bom ver as letrinhas redondas que congelaram no tempo, pois começámos a usar computadores ainda adolescentes. As letras das nossas mães chegaram a transformar-se em letras de senhoras distintas, né?As nossas congelaram no pós-infância em forma abatatada, nada a fazer sobre isso. É lindo e romântico o braço da modernidade não chegar a elas.
Adorei, Ana. És um amor.
Um beijo grande dos dois.
E assim passámos uns bons 40 minutos em guerra, até parecer que tinha havido uma carnificina em plena sala Carvalho, com bocados de carne humana por todos os lados.
Naquele impasse, eis que chega o Carteiro com um pacotito.
Olha, olha, presente para nós! Tréguas?
Ele não respondeu, mas sim, tréguas, desde que fosse ele a abri-lo.
(Reparem na cara de cansaço e resíduo bélico na cara do salafrário. Mas sim, tréguas)
Uma prenda da Ana para nós, Buchinhas! Aquela rapariga não existe. É como um sopro de ar gelado num dia quente, ou o antídoto para beterrabas num dia com beterrabas.
O bebé ganhou umas botinhas de temática medieval giríssimas e causou-me alguma inveja. Mas para ser honesta, ele preferiu mesmo o post-it que as acompanhava.
E eu ganhei um lenço lindo que dá na perfeição com uma camisola que comprei há uns dias - acertaste no gosto, no estilo, na cor, em tudo, minha querida. Muito, muito obrigada pelo mimo.
(Temos isso em comum, adoro dar prendas. Adoro recebê-las e dá-las, na verdade. Adoro pacotes, pronto.)
Aqui está o lenço e um beijinho para ti.
Fica a promessa duma foto com a camisola.
O mais interessante da prendola não ponho aqui: uma cartinha escrita a próprio punho! Há quantos anos não recebem uma assim? A última que recebi foi de uma boa amiga também, em 2000, lembro-me perfeitamente. Trazia uma foto com data lá dentro.É tão bom ver as letrinhas redondas que congelaram no tempo, pois começámos a usar computadores ainda adolescentes. As letras das nossas mães chegaram a transformar-se em letras de senhoras distintas, né?As nossas congelaram no pós-infância em forma abatatada, nada a fazer sobre isso. É lindo e romântico o braço da modernidade não chegar a elas.
Adorei, Ana. És um amor.
Um beijo grande dos dois.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
A INVEJA
"Olá Dr. Luis Pinheiro. A minha questão tem a ver com rotinas de sono. O meu filho tem 2 meses e 2 semanas. Há 1 semana começou a dormir das 23h até às 8h da manhã ininterruptamente. Apesar de ser delicioso, é normal, tendo em conta que se trata de um bebé tão pequeno?"
In http://www.lpinheiro.com
In http://www.lpinheiro.com
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
É tão fixe
Quando ele diz dois maaaas seguidos e parece "mamã"!
(Não pensem que vou escrever aquele post clássico da babyblogosfera, quando os bebés fazem oito meses: O MEU FILHO HOJE DISSE MAMÃ!!! Perdão a qualquer leitora daqui que o tenha feito, mas garanto-vos que é impossível que os dois maaas se refiram a vocês directamente. Na minha leiga opinião, uma consoante labial é perfeita para coçar as gengivas com o lábio inferior, isso sim mais justificável aos oito meses: dentes on the way.)
(Não pensem que vou escrever aquele post clássico da babyblogosfera, quando os bebés fazem oito meses: O MEU FILHO HOJE DISSE MAMÃ!!! Perdão a qualquer leitora daqui que o tenha feito, mas garanto-vos que é impossível que os dois maaas se refiram a vocês directamente. Na minha leiga opinião, uma consoante labial é perfeita para coçar as gengivas com o lábio inferior, isso sim mais justificável aos oito meses: dentes on the way.)
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Para viver um grande amor, por Vinícius, claro
Para Viver Um Grande Amor
Vinicius de Moraes
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
Vinicius de Moraes
Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher... — não tem nenhum valor.
Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro — seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor.
Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade — para viver um grande amor. Pois quem trai seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor.
Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô — para viver um grande amor.
Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito — peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor.
É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista — muito mais, muito mais que na modista! — para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor...
Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?
Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto — pra não morrer de dor. É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente — e esfria um pouco o amor. Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia — para viver um grande amor.
É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que — que não quer nada com o amor.
Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva oscura e desvairada não se souber achar a bem-amada — para viver um grande amor.
domingo, 4 de outubro de 2009
Amigas que não querem entrar em modo POVOAR
Há dois posts publiquei a carta da Bailarina com conselhos a uma amiga prestes a ter bebé, e hoje deu-me a mim vontade de falar com e sobre as minhas gajolas que escolheram não contribuir para a sobrepopulação mundial, e como estou a tentar ser uma tipa organizada e disciplinada, vou falar por tópicos. Yap.
1. As primeiras vão para as pessoas que franzem o sobrolho diante da opção que cada família faz para si como se se tivessem convertido ao satanismo - doravante, chamarei a essas pessoas "bimbos", para simplificar. Bimbos: essas famílias têm uma taxa de sucesso profissional e amorosa exactamente igual à das pessoas que povoam. O que os leva a não querer ter filhos é exactamente o que nos leva a nós a querê-los: é uma escolha. Faz parte de um projecto. Há tanta, tanta coisa coisa que se pode fazer com a própria vida além de se ter filhos, bimbos, que vocês ficariam admirados. E não são planos B: são planos A+, com prioridade máxima e cheios de emoção e liberdade.
2. Quem não quer ter filhos não o faz por serem monstros comedores de criancinhas. Dentre o meu grupo de amigos e amigas que não querem povoar estão as pessoas mais carinhosas com crianças que conheço, há inclusive uma educadora de infância. São muito mais delicadas e pacientes do que eu, que povoei.
(Já agora, ninguém é obrigado a gostar de fedelhos a saltar-nos para cima, como muitos bimbos costumam pensar.)
3. O tópico mais importante de todos, bimbos, e se quiserem não leiam mais nada mas por favor leiam isto: sabem como se sentem quando pessoas de fora sugerem, mesmo assim muito por alto, que estamos a fazer algo errado com os nossos filhos? Multipliquem isso algumas vezes e é como se sente um casal, especialmente a mulher, quando se lhe aponta um dedo por não quererem engravidar. É quase inevitável que ela fique com a ideia de que vocês, os bimbos, acham que há algo de intrinsecamente errado com a natureza dela, porque a maternidade está no campo da feminilidade, do íntimo do nosso corpo, da nossa vida/desempenho sexual. Tenho a certeza de que vocês não acham isso, e se acharem, tentem guardar essa alarvidade de pensamento para si próprios, porque magoa muito quando é posto cá fora. Se a ti, bimbo, disseram coisas como "não serás menos mãe porque não amamentas", ou porque isto ou por aquilo, e isso fez todo o sentido para ti, é muito natural que entendas que tal e qual opções não fazem uma mãe, um filho não faz uma mulher.
4. Deixando agora os bimbos e falando às minhas meninas que não querem povoar: há uma coisa que observo em quase todas vocês e que queria muito ver mudar: a pressão interna, a necessidade de se explicar a cada vez que alguém pergunta "e para quando os filhos, já te despachavas, não?" Isto faz-me lembrar um comportamento estúpido meu que não vem aqui para o caso e que me constrange a cada vez (mas para não ficar a pairar, digo rapidamente: o explicar timtim por timtim vezes sem conta porque estou tão gorda). Queria que todas vocês se sentissem em paz com a vossa decisão a ponto de falar tanto no assunto como eu falo dos motivos que me levaram a ter o meu filho (claro que sei que é utópico por causa da pressão dos bimbos, por isso, bimbos que conseguiram chegar até aqui, releiam o tópico sobre não dizer nada também.)
5. Uma das diferenças entre povoantes e não-povoantes é que a opção dos últimos é reversível. E aqui volto aos bimbos. Se um dia uma das minhas amigas decidir ter um bebé, se eu ouvir um "eh pá até que enfim", "com que então mudaste de ideias?" ou algo remotamente parecido ao pé de mim, enfio-vos as ventas para dentro.
1. As primeiras vão para as pessoas que franzem o sobrolho diante da opção que cada família faz para si como se se tivessem convertido ao satanismo - doravante, chamarei a essas pessoas "bimbos", para simplificar. Bimbos: essas famílias têm uma taxa de sucesso profissional e amorosa exactamente igual à das pessoas que povoam. O que os leva a não querer ter filhos é exactamente o que nos leva a nós a querê-los: é uma escolha. Faz parte de um projecto. Há tanta, tanta coisa coisa que se pode fazer com a própria vida além de se ter filhos, bimbos, que vocês ficariam admirados. E não são planos B: são planos A+, com prioridade máxima e cheios de emoção e liberdade.
2. Quem não quer ter filhos não o faz por serem monstros comedores de criancinhas. Dentre o meu grupo de amigos e amigas que não querem povoar estão as pessoas mais carinhosas com crianças que conheço, há inclusive uma educadora de infância. São muito mais delicadas e pacientes do que eu, que povoei.
(Já agora, ninguém é obrigado a gostar de fedelhos a saltar-nos para cima, como muitos bimbos costumam pensar.)
3. O tópico mais importante de todos, bimbos, e se quiserem não leiam mais nada mas por favor leiam isto: sabem como se sentem quando pessoas de fora sugerem, mesmo assim muito por alto, que estamos a fazer algo errado com os nossos filhos? Multipliquem isso algumas vezes e é como se sente um casal, especialmente a mulher, quando se lhe aponta um dedo por não quererem engravidar. É quase inevitável que ela fique com a ideia de que vocês, os bimbos, acham que há algo de intrinsecamente errado com a natureza dela, porque a maternidade está no campo da feminilidade, do íntimo do nosso corpo, da nossa vida/desempenho sexual. Tenho a certeza de que vocês não acham isso, e se acharem, tentem guardar essa alarvidade de pensamento para si próprios, porque magoa muito quando é posto cá fora. Se a ti, bimbo, disseram coisas como "não serás menos mãe porque não amamentas", ou porque isto ou por aquilo, e isso fez todo o sentido para ti, é muito natural que entendas que tal e qual opções não fazem uma mãe, um filho não faz uma mulher.
4. Deixando agora os bimbos e falando às minhas meninas que não querem povoar: há uma coisa que observo em quase todas vocês e que queria muito ver mudar: a pressão interna, a necessidade de se explicar a cada vez que alguém pergunta "e para quando os filhos, já te despachavas, não?" Isto faz-me lembrar um comportamento estúpido meu que não vem aqui para o caso e que me constrange a cada vez (mas para não ficar a pairar, digo rapidamente: o explicar timtim por timtim vezes sem conta porque estou tão gorda). Queria que todas vocês se sentissem em paz com a vossa decisão a ponto de falar tanto no assunto como eu falo dos motivos que me levaram a ter o meu filho (claro que sei que é utópico por causa da pressão dos bimbos, por isso, bimbos que conseguiram chegar até aqui, releiam o tópico sobre não dizer nada também.)
5. Uma das diferenças entre povoantes e não-povoantes é que a opção dos últimos é reversível. E aqui volto aos bimbos. Se um dia uma das minhas amigas decidir ter um bebé, se eu ouvir um "eh pá até que enfim", "com que então mudaste de ideias?" ou algo remotamente parecido ao pé de mim, enfio-vos as ventas para dentro.
Sabadão
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Entre amigas
A Bailarina, visitante aqui deste cantinho e orgulhosa mamã do Raul (não deixo o link porque o blog é fechado), escreveu um belíssimo post a uma amiga sua que está prestes a ter bebé.
Poderia perfeitamente ter sido eu a escrever - e a Anacê e a Tatas disseram-me coisas parecidas também.
Deixo aqui então. Não deixem de ler - e reler, quando chegar o momento. :)
....
O trabalho de parto é isso mesmo, um trabalho, com vista a um objectivo muito nobre e cuja recompensa é realmente fabulosa;
Aquelas histórias medonhas que nos contam, sobre o parto, são mitos urbanos, não têm que ser verdade, eu acho que muitas não são(eeheheh);
A epidural, que foi descoberta para minorar o sofrimento e aumentar o prazer, não faz de nós mães mais fraquinhas e passados 6 meses não me aconteceu nada de mal;
O pós parto é terrível, os pontos doem como o raio, o sentar é difícil, pede gelo e alivia e acredita que passa;
A estadia no hospital não é fabulosa, mas tenta ver isso como uma passagem, sê simpática para as enfermeiras, não leves a sério tudo o que elas dizem, não te sintas pressionada por elas, mas se descobrires uma simpática pede-lhe ajuda se precisares;
A chegada a casa de um bebe têm tanto de maravilhoso, como de imensamente estranho, 3kg e pouco enchem uma casa toda, ocupam tudo, dominam tudo;
A relação marido-mulher fica estranha, não se sabe muito bem se aquele é o marido, se o pai da criança, se o homem com que casámos…A visão fica turva nos primeiros tempos, mas recompõe-se;
Com as pessoas amigas, sê sincera e diz para te visitarem mais tarde, a casa cheia de gente nos primeiros tempos é meio caminho andado para a lágrima;
Sim, as lágrimas estão sempre lá, ou porque sim, ou porque não…
Estar cansada e sem paciência é normal, muito normal, pede ajuda, não é vergonha, não és pior mãe por isso, não monopolizes tudo;
Dorme quando ele dormir, mas dorme mesmo, eu dormia sempre e andei quase sempre fresquinha;
Não exijas que o teu menino faça tudo como fazes, dá-lhe espaço para fazer as coisas à maneira dele, assim ele sente-se mais pai e tu ficas com mais tempo para ti;
Deixar o miúdo 3 horas com alguém de confiança, para ires fazer alguma coisa que te dê prazer não é pecado, não te sintas mal, nem deixes que te façam sentir mal, não és má mãe por isso;
A amamentação é a melhor opção, sem dúvida, insiste, não desistas, mas se não correr bem, não deixes que nenhum médico, enfermeira, amiga, vizinha, ou amiga da amiga que deu de mamar até os 30 anos, te faça sentir mal;
Os maus hábitos, aquilo que te vão dizer para não fazeres porque são maus hábitos, são algo que todos fazem quando isso contribuir para o equilíbrio da família, seja adormecer ao colo, na cama dos pais, a abanar…Não digas tudo o que fazes, assim poupas os olhares críticos de quem já fez o mesmo;
Quando te disserem que é mimado, diz que sim, que é, até porque se não lhe dermos mimo em bebe não estou muito bem a ver quando é;
A pergunta de alguém bem-intencionado: “ será que não é fome”, quando acabaste de dar de mamar, pode provocar um turbilhão hormonal dentro de ti, é normal, e passa;
Vão te dar muitos conselhos e palpites, alguns muito úteis, os que não interessam não vale a pena dizer nada, quem já teve filhos pensa sempre que sabe tudo, é normal, eu já acho isso EHEHEH;
Cada criança é diferente da outra, a receita milagrosa para uma, não serve na outra, são muito complicados estes putos;
Quando te disserem que ele é muito lindo, que quase dá vontade de comer, mais tarde vais lembrar-te que se calhar o devias ter mesmo comido, EEHEHEH;
Eles choram, mais ou menos, é normal, são bebés, faz parte, e muitas vezes choram por duas coisas, por tudo e por nada…Quando tiveres dias assim, ao fim do dia entrega-o ao teu menino e vai arejar;
Para mim o mais importante, foi perceber que se eu estiver bem, ele também está, se eu estiver calma ele também, por isso descobre-te a ti como mãe, e vais ver que vai correr tudo bem;
A maternidade não é cor-de-rosa, não desceu sobre mim um instinto maternal que me faz acordar cheia de energia e super feliz de hora a hora, ou de 2 em 2, ou de 3 em 3, mas o corpo humano adapta-se, e sim é bem verdade que o sorriso deles compensa tudo, mas é que compensa mesmo!
Confia em ti, nos teus, no vosso amor e tudo vai correr bem! ACREDITA
Poderia perfeitamente ter sido eu a escrever - e a Anacê e a Tatas disseram-me coisas parecidas também.
Deixo aqui então. Não deixem de ler - e reler, quando chegar o momento. :)
....
O trabalho de parto é isso mesmo, um trabalho, com vista a um objectivo muito nobre e cuja recompensa é realmente fabulosa;
Aquelas histórias medonhas que nos contam, sobre o parto, são mitos urbanos, não têm que ser verdade, eu acho que muitas não são(eeheheh);
A epidural, que foi descoberta para minorar o sofrimento e aumentar o prazer, não faz de nós mães mais fraquinhas e passados 6 meses não me aconteceu nada de mal;
O pós parto é terrível, os pontos doem como o raio, o sentar é difícil, pede gelo e alivia e acredita que passa;
A estadia no hospital não é fabulosa, mas tenta ver isso como uma passagem, sê simpática para as enfermeiras, não leves a sério tudo o que elas dizem, não te sintas pressionada por elas, mas se descobrires uma simpática pede-lhe ajuda se precisares;
A chegada a casa de um bebe têm tanto de maravilhoso, como de imensamente estranho, 3kg e pouco enchem uma casa toda, ocupam tudo, dominam tudo;
A relação marido-mulher fica estranha, não se sabe muito bem se aquele é o marido, se o pai da criança, se o homem com que casámos…A visão fica turva nos primeiros tempos, mas recompõe-se;
Com as pessoas amigas, sê sincera e diz para te visitarem mais tarde, a casa cheia de gente nos primeiros tempos é meio caminho andado para a lágrima;
Sim, as lágrimas estão sempre lá, ou porque sim, ou porque não…
Estar cansada e sem paciência é normal, muito normal, pede ajuda, não é vergonha, não és pior mãe por isso, não monopolizes tudo;
Dorme quando ele dormir, mas dorme mesmo, eu dormia sempre e andei quase sempre fresquinha;
Não exijas que o teu menino faça tudo como fazes, dá-lhe espaço para fazer as coisas à maneira dele, assim ele sente-se mais pai e tu ficas com mais tempo para ti;
Deixar o miúdo 3 horas com alguém de confiança, para ires fazer alguma coisa que te dê prazer não é pecado, não te sintas mal, nem deixes que te façam sentir mal, não és má mãe por isso;
A amamentação é a melhor opção, sem dúvida, insiste, não desistas, mas se não correr bem, não deixes que nenhum médico, enfermeira, amiga, vizinha, ou amiga da amiga que deu de mamar até os 30 anos, te faça sentir mal;
Os maus hábitos, aquilo que te vão dizer para não fazeres porque são maus hábitos, são algo que todos fazem quando isso contribuir para o equilíbrio da família, seja adormecer ao colo, na cama dos pais, a abanar…Não digas tudo o que fazes, assim poupas os olhares críticos de quem já fez o mesmo;
Quando te disserem que é mimado, diz que sim, que é, até porque se não lhe dermos mimo em bebe não estou muito bem a ver quando é;
A pergunta de alguém bem-intencionado: “ será que não é fome”, quando acabaste de dar de mamar, pode provocar um turbilhão hormonal dentro de ti, é normal, e passa;
Vão te dar muitos conselhos e palpites, alguns muito úteis, os que não interessam não vale a pena dizer nada, quem já teve filhos pensa sempre que sabe tudo, é normal, eu já acho isso EHEHEH;
Cada criança é diferente da outra, a receita milagrosa para uma, não serve na outra, são muito complicados estes putos;
Quando te disserem que ele é muito lindo, que quase dá vontade de comer, mais tarde vais lembrar-te que se calhar o devias ter mesmo comido, EEHEHEH;
Eles choram, mais ou menos, é normal, são bebés, faz parte, e muitas vezes choram por duas coisas, por tudo e por nada…Quando tiveres dias assim, ao fim do dia entrega-o ao teu menino e vai arejar;
Para mim o mais importante, foi perceber que se eu estiver bem, ele também está, se eu estiver calma ele também, por isso descobre-te a ti como mãe, e vais ver que vai correr tudo bem;
A maternidade não é cor-de-rosa, não desceu sobre mim um instinto maternal que me faz acordar cheia de energia e super feliz de hora a hora, ou de 2 em 2, ou de 3 em 3, mas o corpo humano adapta-se, e sim é bem verdade que o sorriso deles compensa tudo, mas é que compensa mesmo!
Confia em ti, nos teus, no vosso amor e tudo vai correr bem! ACREDITA
Só para dizer que...
... O blog anda parado porque voltei a trabalhar e tenho o bebé em casa. É tarefa hercúlea e ainda não estou em velocidade de cruzeiro.
Estou muito, mas muito feliz por ter voltado a trabalhar, eu, que já disse tão mal deste trabalho. Na verdade, andava tão esgotada com o muda-fralda-faz-biberão que até tirar bicas para o Pingo Doce seria uma emoção do caraças.
(Mesmo contente, continuo a suspirar por um trabalho que me tire de casa, me meta nos transportes a ouvir mp3 (no tempo em que eu tinha um emprego assim ainda tinha discman) a ver gente a ler bestsellers e a falar disparates ao telemóvel, e beber o primeiro cafezinho do dia numa estação qualquer. Suspiro mesmo.)
Estou muito, mas muito feliz por ter voltado a trabalhar, eu, que já disse tão mal deste trabalho. Na verdade, andava tão esgotada com o muda-fralda-faz-biberão que até tirar bicas para o Pingo Doce seria uma emoção do caraças.
(Mesmo contente, continuo a suspirar por um trabalho que me tire de casa, me meta nos transportes a ouvir mp3 (no tempo em que eu tinha um emprego assim ainda tinha discman) a ver gente a ler bestsellers e a falar disparates ao telemóvel, e beber o primeiro cafezinho do dia numa estação qualquer. Suspiro mesmo.)
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