quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Story

"Precisa de(...) Tudo isso e, (...) muito amor.

O amor pela estória - a crença de que sua visão pode ser expressa apenas através da estória, de que as personagens possam ser mais "reais" do que as pessoas, que o mundo ficcional é mais profundo do que o concreto. O amor pelo dramático - a fascinação pelas surpresas súbitas e revelações que trazem mudanças imensas à vida. O amor pela verdade - a crença de que a mentira aleija o artista, de que toda verdade na vida deve ser questionada de acordo com os motivos secretos de cada um. O amor pela humanidade - uma disposição para sentir empatia pelas almas que sofrem, para arrastar-se para dentro das suas peles e ver o mundo através dos seus olhos (...) O amor pela perfeição - a paixão por escrever e reescrever na procura do momento perfeito. O amor pela singularidade - o prazer pela audácia e uma calma absoluta quando ela encontra o ridículo. O amor pela beleza - um sentido inato que estima a boa escrita, odeia a escrita ruim e sabe a diferença. O amor próprio - uma força que não precisa de autoafirmação constante, que nunca duvida que você seja, de fato, um escritor.

Você deve amar escrever e suportar a solidão."

Robert McKee

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Curtíssima sobre o Noddy


Saiu de cena, depois de mais de um ano de adoração.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Dez da noite em Lisboa



... E depois de rebolar a rir, sozinhos na zona vip do cinema, cheios de pipoca e canapés até ao tampo, apanhámos o autocarro para casa, como há nove anos, ainda a rir-nos feitos parvos e a citar frases do filme.

etiqueta 101

Há poucas coisas tão pavorosas quando, deparada com a notícia da morte de um filho/mãe/pai ou qualquer outra notícia devastadora, a pessoa responde que não sobreviveria, que morria, que matava, que enlouquecia.
Hello? Aconteceu à pessoa que vos falou, essa cabra sem sentimentos que sobreviveu, não morreu, não matou e não enlouqueceu.

Mais empatia e mais nível, senhores.

domingo, 25 de setembro de 2011

Pelo zunido das suas asas, você me falou



Só vi um em toda a minha vida, provavelmente enquanto vivia em Porto Trombetas, em plena floresta amazónica.
Tem um voo supersónico e em linha recta. Estaca no ar. Vai noutra direcção completamente diferente, em velocidade beija-flor, desaparecendo para sempre. Impossível, impossível ver-lhe as asas.

Quase 30 anos depois, ainda não estou completamente convencida de que não era uma fada.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Para nunca me esquecer (se bem que duvido que me esquecesse)

Eu, Hugo e Gabriel a comer sushi, eu e Hugo embrenhados numa conversa, Gabriel começa a fazer um queixuminho. Olhámos para ele e lá estava o nosso bebé com a boca cheia de wasabi e os olhos cheios de água.

- Num góta. Num góóóóóóóóta!!!!

domingo, 18 de setembro de 2011

Curtíssima sobre o que me faz pensar "ainda bem que não ando armada"

Pessoas que, no cinema, mas principalmente no teatro, se riem em momentos altamente inapropriados. Não se pode fazer um único trocadilho, não se pode dar um cheirinho de sarcasmo que o povo começa logo a HAHAHHAHAHHAHAHAHAHA, quebrando o silêncio que a cena exigia. Mas essa gente tem de se rir SEMPRE? Caramba, já levámos com gargalhadas em cenas de pedofilia (juro por Deus. Nesta peça).

Era trancá-los todos ali no Parque Mayer e deitar a chave fora, para toda a eternidade.

(Tinha escrito "gentinha ignóbil que não merece viver". A sério).

sábado, 17 de setembro de 2011

Bombeiros Voluntários

"Hoje em dia há três alarmes internos, conforme a emergência. Se não houver gente suficiente no quartel para atender, fazemos soar a campainha externa", disse-nos a senhora do café do quartel dos Bombeiros. "E ainda vem gente?", perguntei. "Vem sim, vem muita gente".

O Gabriel entrou para natação na piscina dos Bombeiros a cerca de 50 metros da primeira casa em que vivi em Portugal. Das coisas que mais nos impressionaram no começo foi o soar da campainha a chamar os voluntários. Lembro-me de um pai entregar o filho ao colo da mãe e ir correndo para o quartel a tirar o casaco. Outros homens acorriam vindos de várias ruas, dezenas de Clark Kents a correr para a cabina telefónica. Achávamos aquilo o máximo, não havia nada de parecido no Brasil.

O Hugo partilhou comigo a memória que tinha do banco de madeira em frente à sua casa - está lá ainda - onde a rapaziada se sentava para namorar. Mal soava a campainha moscavidense e lá saía o jovem afobado para cumprir o seu dever de voluntário, deixando a moça lá especada num misto de orgulho e indignação.

A campainha calou-se para os incêndios. "Agora devem ter cá senhores a tempo inteiro", disse eu. O Hugo teimou a dizer que agora convocavam os voluntários por SMS (hahaha). Para o desempate, perguntei à senhora do balcão: A senhora é que deve poder tirar-nos aqui uma dúvida...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011



Uma das canções mais lindas de sempre numa versão imaculada (e feminina) de uma gaja poderosa. É o que sinto hoje.
A vida a passar, ao sabor das minhas escolhas e das pessoas que vão entrando nela.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O post mais new age de sempre

O Poder da Visualização Criativa. Na longa viagem do 28 do Cais do Sodré até à Expo, caiu-me na cabeça a seguinte noção.

- Tenho dois objectivos concretos na minha vida há alguns anos. Na minha opinião, um bastante mais difícil do que o outro.

- Consigo claramente ver-me na posição do objectivo mais difícil. Sei tudo sobre ele: o que vestiria, como agiria, o que diria. Vejo os meus amigos, vejo a minha casa, vejo o meu casamento. É tudo claro como água para mim. É como se já fosse realidade.

- O segundo, banal e inteiramente dependente de mim, é completamente vago e difícil de se enxergar. Como se houvesse camadas e camadas de véu à frente dele. Não vejo nada, rigorosamente nada.

- Por incrível que pareça, o primeiro e mais difícil lá se vai formando, aos poucos. "Estás a co-criar", como diria a tia Mariângela.

- O segundo e aparentemente simples é uma sucessão de tentativas e falhanços, cada tentativa mais curta do que a anterior, como se não houvesse fé no mundo que movesse essa montanha, e a fé já é pouca de si.

Porque isto tudo se tornou tão claro na minha cabeça enquanto contava comboios pela janela do 28, não me resta nada se não acreditar na senhora Rhonda: se consegues visualizar o objectivo de forma vívida, com todas as cores e pormenores, sem hesitação e sem achar que não mereces ou que não tens o que é necessário para o alcançar... Pode ser que estejas no caminho certo. E a visualização, se não é um exercício poderoso de co-criação, é pelo menos muito divertido.

Segue-se o post mais fútil de sempre.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Deu na Oprah

"Perdoar não é aceitar a pessoa de volta na sua vida. Perdoar não é aprovar o que ela fez. Perdoar é desistir da esperança de que o passado possa não ter acontecido".

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Elogio da tristeza

Das coisas que mais me lixaram na vida foi achar que estar triste me afastaria das pessoas que gostavam de mim (e das quais comecei a precisar enormemente depois de a minha mãe morrer).

O Hugo veio viver imediatamente comigo depois da morte da mamãe, e a minha prioridade era ter um casamento lindo e feliz. E de ser divertida, engraçada, cheia de interesses e coisas boas para oferecer. Estou a falar do período imediato à perda: duas, três semanas depois. O meu esforço foi todo para trabalhar demais, sair várias vezes, rir-me muito, ser fabulosa e imprescindível.

Nos intervalos, passei a explodir em pânico dentro do carro - que era o "meu" espaço, ou dentro de casas de banho, ou no meio do shopping - desde que estivesse sozinha. Às vezes tudo se tornava demasiado assustador e novo e telefonava ao meu pai - mas era assustador e novo para ele também, e nunca corria bem. Então eu engolia mais uma vez e contava uma piada. Tinha de ser linda e bem resolvida.

E, dois meses depois, tinha ganho 15 quilos. Mais 15 no ano seguinte. Mas nada de tristeza. Nada de chatear ninguém.

Caramba, de onde é que eu tirei essa ideia absurda de que não podia deixar-me cair durante uns tempos? Será que tive as pessoas à minha volta em tão baixa consideração que pensei que me iriam deixar perdida na enormidade do que me tinha acontecido? De onde é que tirei isso tudo? Não faço ideia.

Na verdade, faço ideia, sim: mamãe valorizava a resistência em todos os aspectos e eu simplesmente queria estar à altura, como sempre.

Há uns anos, li uma citação de não sei quem: "A tristeza é a maior aliada contra a depressão". CARAMBA. E não é que é verdade? A tristeza tem uma função, não é perda de tempo. Há por aí um livro que se chama "Todo sofrimento é inútil". Não parei para folhear nem nada, mas agora sei, mais do que todo mundo que conheço, que há sofrimentos que têm de ser vividos. Não vale a pena tomar a aspirina.

Ganhei uma gigantesca honestidade de sentimentos de uns anos para cá. Admito o que sinto - nem que seja só para mim mesma, que isto de contrariar crenças transmitidas pelas mães não é das coisas mais fáceis do mundo. Estou bem resolvida, não estou bem resolvida. Sinto inveja, imito, admiro, não sou cool, deslumbro-me com coisas certas e erradas.

E aceito a tristeza como aquele tipo de amiga inconvenientemente verdadeira, que enche o saco com um monte de verdades não solicitadas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Noção de tempo

- Viu um menino de dois anos, t-shirt vermelha?
- Por favor, viu um menino de dois anos...

E gritava. Gritava a plenos pulmões por ele. Quando olho para a frente, lá está o Hugo na secção dos livros, não fazia ideia de que eu não o tinha.

- Viu um menino assim, de dois anos...
- Olhe, viu um...

E corria, corria, corria em círculos pela loja, gritando por ele.

Quando acabou - e depois de muito tempo - perguntei ao Hugo quanto tempo ele achava que tinha sido. Uns 15 minutos, no mínimo. Foi o tempo que passei ali na Worten, em suspenso. O Hugo disse que não chegou a três minutos.

Impossível, caneco. Impossível que tenham sido só três minutos.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Absolutamente a minha cara

"Corte as metáforas e símiles. Em meu primeiro livro eu prometi a mim mesma que não usaria nenhuma e escorreguei durante um por do sol no capítulo 11. Eu ainda me envergonho quando me deparo com ela."

Esther Freud

A fazer lembrar boas conversas sobre estilo, sensibilidade e arte com o padrinho Pedro, a amiga Cê, o marido Hugo e mais gente bonita por aí.

domingo, 4 de setembro de 2011

O que te comove, afinal, Melissa?

Hoje, ao ver um grupo de bombos a rufar como se quisessem derrubar o céu, sussurrei ao Hugo que entendia porque antigamente mandavam tambores à frente das linhas de combate. "Era para anunciar e assustar o adversário", disse o Hugo. "Sabes que eles apanhavam grandes pielas na noite anterior? Grandes pielas. Sabiam que iam morrer no dia seguinte".

Virei-me com um tremendo nó na garganta. Tive de me afastar um bocado e ter alguma privacidade para desatar o nó e chorar um bocadinhozinho. Não faço a menor ideia de que corda aquele pedaço de sabedoria de bolso do Hugo tinha tocado. Ficara eu com pena de carne para canhão de há cinco séculos? Não fazia sentido nenhum. E não, não tinha bebido.

Cada vez tenho mais momentos assim. Podia relatar uma mão-cheia deles. Pequenas doses de qualquer coisa completamente inusitada que pressionam um botão qualquer cá dentro.

Muito esquisito e levemente constrangedor.

Quando uma mulher perde o juízo



Acho que tenho para aqui o plano da Pipoca Mais Doce. Adaptá-lo-ei para o meu avantajado IMC e tentarei não arranjar mais mazelas musculares do que as que já tenho - mas e daí, uma tendinite a mais ou a menos nem se nota muito.

Relatarei progressos.

Se forem tão patéticos como antevejo, acho que merecerá o seu próprio blog.

E pronto, assim torno-me uma blogger como deve ser. Só me falta mesmo as fotos dos looks e fazer artesanato.

Já comecei mal: comprei os ténis errados - mas eram giros e baratos, o que se há de fazer.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011