Eis a época do ano em que o caderninho do infantário vem com uma página inteira dedicada a vários ítens que os pais têm de desenterrar sabe lá Deus de onde. Tenho lido pedidos hilariantes no Facebook :)
A minha lista:
- Uma garrafa decorada.
- Collants castanhos.
- Camisola verde decorada com bolas.
- Sandes e sumos.
- Prenda do amigo oculto.
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Livros com hora marcada
Há mais de um ano que lia duas, três, vinte páginas e, mesmo reconhecendo ser um livro do caneco, não continuava e lá ele voltava para a gaveta - não para a estante da sala, mas para a gaveta da mesa de cabeceira. Ia trocando por livros mais leves e mais ágeis e volta e meia, lá tentava outra vez, lá voltava esta história maravilhosa para a gaveta. E outra vez.
Mas, desta vez, tudo engrenou. Os nossos tempos estavam alinhados. Ele conseguiu olhar-me nos olhos para me contar a sua história, sem dizer psssst, volta aqui. E está a contar, e eu estou hipnotizada.
É Hemingway.
Tenho outro caso assim na gaveta - desta vez, na gaveta do Hugo. Estou à espera de que também este me segure pelos ombros e me diga que não vou a lado nenhum.
Mas, desta vez, tudo engrenou. Os nossos tempos estavam alinhados. Ele conseguiu olhar-me nos olhos para me contar a sua história, sem dizer psssst, volta aqui. E está a contar, e eu estou hipnotizada.
É Hemingway.
Tenho outro caso assim na gaveta - desta vez, na gaveta do Hugo. Estou à espera de que também este me segure pelos ombros e me diga que não vou a lado nenhum.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Sobre o apanhado da menina fantasma no elevador
Abominável. Inqualificável. Não entendo quem ache piada àquilo, e nem quero entender. Humor é claramente uma coisa muito pessoal.
Qual será o próximo, hein? Dar a uma mãe a notícia da morte de um filho para ver as suas reações animais e, em seguida, apontar-lhe a câmara oculta no canto da parede? Sorria, era tudo brincadeirinha, aqui está a sua criança sã e salva?
Qual será o próximo, hein? Dar a uma mãe a notícia da morte de um filho para ver as suas reações animais e, em seguida, apontar-lhe a câmara oculta no canto da parede? Sorria, era tudo brincadeirinha, aqui está a sua criança sã e salva?
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Desta vez, vai
Estou francamente farta da ressaca moral que toda esta nova onda de promoções nos supermercados me causa. Sem perceber, eles apanharam-me - hoje vi-me com um folheto do Pingo Doce na mão a ver que promoções valeria a pena aproveitar, mesmo tendo feito compras grandes ontem já para aproveitar um saldo X que ia vencer o prazo.
Está na hora de habitar o bairro. E ler isto fez-me lembrar que, lá por ter falhado noutras tentativas, não quer dizer que falhe sempre.
O objetivo concreto é deixar de ir a supers e hipers até ao fim do ano que vem. Sim, é muito tempo - mesmo para fazer a coisa faseada e conseguir levar a coisa a bom porto.
Não pretendo gastar mais dinheiro ao fazer as compras no talho, mercado e mercearia do bairro - pretendo é consumir com mais responsabilidade, ou seja, de modo a continuar com o mesmo orçamento, teremos de consumir menos.
Acho que tanto a minha família como a comunidade vão sair a ganhar.
Desejem-me sorte!
Está na hora de habitar o bairro. E ler isto fez-me lembrar que, lá por ter falhado noutras tentativas, não quer dizer que falhe sempre.
O objetivo concreto é deixar de ir a supers e hipers até ao fim do ano que vem. Sim, é muito tempo - mesmo para fazer a coisa faseada e conseguir levar a coisa a bom porto.
Não pretendo gastar mais dinheiro ao fazer as compras no talho, mercado e mercearia do bairro - pretendo é consumir com mais responsabilidade, ou seja, de modo a continuar com o mesmo orçamento, teremos de consumir menos.
Acho que tanto a minha família como a comunidade vão sair a ganhar.
Desejem-me sorte!
Curtíssima Sobre Pedrada Natural
Estar feliz por estar bem, mesmo bem profissionalmente, uma grande amiga ter tido hoje a notícia de uma vida e outra amiga estar alegremente soterrada em trabalho. Só coisas boas. Há mais aí para troca?
Sempre achei que o surfe era a derradeira natural high. Infelizmente, vai ficar para outra encarnação. |
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Onde estão vocês, hein?
Estou farta de gente que "escreve bem".
Por onde andam os bons contadores de histórias, hum? Daquelas em que realmente acontece alguma coisa, que andam para a frente e instigam a curiosidade, em vez de andar aos rodopios metafóricos masturbatórios da pessoa que escreve bem?
Gente narrativa - em oposição a gente descritiva, excessivamente descritiva - toca a usar a blogosfera para mostrar o que valem! Apareçam, contem-nos coisas!
Que saudades das blogonovelas, Ana Cê. Adoraria voltar a ter tempo para os nossos três leitores.
Por onde andam os bons contadores de histórias, hum? Daquelas em que realmente acontece alguma coisa, que andam para a frente e instigam a curiosidade, em vez de andar aos rodopios metafóricos masturbatórios da pessoa que escreve bem?
Gente narrativa - em oposição a gente descritiva, excessivamente descritiva - toca a usar a blogosfera para mostrar o que valem! Apareçam, contem-nos coisas!
Que saudades das blogonovelas, Ana Cê. Adoraria voltar a ter tempo para os nossos três leitores.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
Ação de Graças
Hoje escolho das graças pelo Facebook. Sim, pelo Facebook. Depois de longas guerras procrastinadoras travadas, capitulo aqui e reconheço-lhe o mérito.
Trabalho em casa, sozinha, em tarefas que exigem muito da minha fraca mioleira. Há dias em que fico das 10h às 18h com cerca de dez palavras ditas. Sei que há muita gente que sonha em trabalhar em casa e com a liberdade que isso dá, e vejo isso tudo, mas, senhores, por vezes é imensamente solitário e desgastante.
E é aí que entram as pausas entre cada pomodoro para espiar as parvoíces e coisas mais sérias que se vão dizendo, e dar uma espreitadela na vida do povo, da família distante e do irmão em Lisboa, tudo ali juntinho num mesmo sítio. Eles sentem-se pertinho de mim e vão acompanhando o Gabriel e as minhas patetices. Eu acompanho o crescimento de priminhos que não conheço. Vejo as minhas amadas coisas macabras, recomendações de livros e filmes, receitas, tudo.
Sim, sei que ali somos mercadoria e não o cliente, mas é o sítio onde vou beber café e onde me sinto mais acompanhada durante o dia de trabalho. Desde que não extrapole essa função (importantíssima), somos amigos.
Por isso, obrigada, Sr. Zuckerberg, pelo Facebook que anima as tão necessárias pausas no trabalho.
Foi mais uma lição aprendida com a minha guru Geneen Roth, esta: tudo que consideramos "tapadores de buraco" na nossa vida tem uma função; em vez de nos chatearmos com os nossos vícios e obsessões, podemos utilizá-los para chegar ao tal buraco. Normalmente, o tal buraco é pequenino. Ao olhar para o tal buraco e medir a sua real dimensão, o tapador de buraco também diminui ou torna-se desnecessário.
domingo, 18 de novembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
Doce Cantinho
- Hoje a gente vai numa casa de chá.
- Eu não gosto de chá.
- Tem problema não, tem suco. A gente vai é pra comer.
E assim lá saímos nós do Center Um e entrámos por um centro comercial pequenino ali trás, apanhando o bafo quente da rua entre a climatização dos dois shoppings - isso do bafo sou eu a dizer, que não me lembro, é claro. O ar quente de Fortaleza só virou "bafo" muito mais tarde, ao conhecer o frio. Lá fomos nós, mamãe muito empolgada.
- É lindo, Melissa. E tem todos os tipos de biscoitos.
Não fazia ideia ao que ia. Uma pequena portinha com cortina cor de rosa escrito "Doce Cantinho". Uma campainha. Uma mulher abre a porta, pergunta se mamãe marcou alguma coisa, mamãe diz que não, diz que é rápido, só quer que a filha conheça a casa de chá. E a mulher arranja-nos uma mesa.
- Bora, Melissa, bora.
Era uma salinha completa - COMPLETAMENTE - cor de rosa com rendas. Desde o papel de parede aos estofos das cadeiras "coloniais" à toalha das mesas redondas e mínimas "coloniais", vasinhos de violetas em cada uma. Cheiro bom de bolachas no ar, provavelmente coloniais. No Brasil da década de 80, "colonial" era o mesmo que chique, mas isto, tal e qual o bafo quente, sou eu a suprir. Naquela altura, eu não pensava no estilo colonial. Naquela altura, eu via a sala mais linda de sempre, um sonho de bonecas, como o mundo todo devia ser. Havia mais mulheres na sala, todas com roupas demasiado quentes para Fortaleza, com meninas que usavam meias. Lindo, lindo, como o desenho da Cinderela e o da Bela Adormecida ao mesmo tempo, e éramos só eu e ela ali e ela estava a dar-me aquele momento de presente.
- Não é lindo? É caro, mas é só hoje.
Vieram cestinhos de pão e bolachas, doce de morango (e não de goiaba ou banana). Bebi chocolate quente, que detestei - não tinha suco. Comi tudo e aquilo parecia comida do céu, nada a ver com biscoitos vitaminados São Luiz. Era tudo diferente e cor de rosa. O que importava é que era cor de rosa. Mal falámos, eu e ela. Estávamos ali a beber e a comer cor de rosa, mesmo sem meias, mesmo com o cabelo eternamente emaranhado e cadernos meio sujos com letra feia e a calcinha sempre aparecendo por cima do short, um dente escurecido por uma queda, mesmo meio tortinha como eu era e me sentia, ela levou a sua menina à casa de chá Doce Cantinho.
Meu Deus, como a amei nesse dia.
Lembrei-me deste episódio ao barrar uma fatia de pão com doce. Grata pelo pão, grata pelo doce, grata por ter tido mãe durante tanto tempo, mesmo que, por vezes, aos trancos e barrancos. Muito, muito grata por me lembrar destes momentos.
- Eu não gosto de chá.
- Tem problema não, tem suco. A gente vai é pra comer.
E assim lá saímos nós do Center Um e entrámos por um centro comercial pequenino ali trás, apanhando o bafo quente da rua entre a climatização dos dois shoppings - isso do bafo sou eu a dizer, que não me lembro, é claro. O ar quente de Fortaleza só virou "bafo" muito mais tarde, ao conhecer o frio. Lá fomos nós, mamãe muito empolgada.
- É lindo, Melissa. E tem todos os tipos de biscoitos.
Não fazia ideia ao que ia. Uma pequena portinha com cortina cor de rosa escrito "Doce Cantinho". Uma campainha. Uma mulher abre a porta, pergunta se mamãe marcou alguma coisa, mamãe diz que não, diz que é rápido, só quer que a filha conheça a casa de chá. E a mulher arranja-nos uma mesa.
- Bora, Melissa, bora.
Era uma salinha completa - COMPLETAMENTE - cor de rosa com rendas. Desde o papel de parede aos estofos das cadeiras "coloniais" à toalha das mesas redondas e mínimas "coloniais", vasinhos de violetas em cada uma. Cheiro bom de bolachas no ar, provavelmente coloniais. No Brasil da década de 80, "colonial" era o mesmo que chique, mas isto, tal e qual o bafo quente, sou eu a suprir. Naquela altura, eu não pensava no estilo colonial. Naquela altura, eu via a sala mais linda de sempre, um sonho de bonecas, como o mundo todo devia ser. Havia mais mulheres na sala, todas com roupas demasiado quentes para Fortaleza, com meninas que usavam meias. Lindo, lindo, como o desenho da Cinderela e o da Bela Adormecida ao mesmo tempo, e éramos só eu e ela ali e ela estava a dar-me aquele momento de presente.
- Não é lindo? É caro, mas é só hoje.
Vieram cestinhos de pão e bolachas, doce de morango (e não de goiaba ou banana). Bebi chocolate quente, que detestei - não tinha suco. Comi tudo e aquilo parecia comida do céu, nada a ver com biscoitos vitaminados São Luiz. Era tudo diferente e cor de rosa. O que importava é que era cor de rosa. Mal falámos, eu e ela. Estávamos ali a beber e a comer cor de rosa, mesmo sem meias, mesmo com o cabelo eternamente emaranhado e cadernos meio sujos com letra feia e a calcinha sempre aparecendo por cima do short, um dente escurecido por uma queda, mesmo meio tortinha como eu era e me sentia, ela levou a sua menina à casa de chá Doce Cantinho.
Meu Deus, como a amei nesse dia.
Lembrei-me deste episódio ao barrar uma fatia de pão com doce. Grata pelo pão, grata pelo doce, grata por ter tido mãe durante tanto tempo, mesmo que, por vezes, aos trancos e barrancos. Muito, muito grata por me lembrar destes momentos.
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
Mental Note
Anotar as citações fixes que vejo por aí. Perco muito tempo a procurá-las depois.
Neste momento eu tinha uma perfeita para a Cê e o seu último post e só me lembro de três palavras. Não me lembro do autor. Não me lembro de absolutamente nada. É caca.
E o pior é que não me vou esquecer, vou andar a chafurdar facebooks e blogs e o diabo à procura dela.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Crónicas do Encolhimento - a complexa simplicidade das coisas
"Eu não tinha tendência para engordar.
Tinha tendência para comer.
Tinha tendência para comer.
Como a gente se engana com esse papo de tendência. Até deve ter, mas acho que é a minoria. De resto, quem engorda é quem come além da conta e não gasta. Sem mais firulas. É matemática. Sobram calorias e o corpo "esperto" armazena.
Rapidíssima sobre o dinheiro mais bem gasto do mundo
Em aquecimento no inverno.
Mil vezes mais satisfatório do que comida, livros e seja o que for, especialmente quando se rapou frio nos últimos 50 invernos.
Mas agora comprei isto:
E não faço a menor intenção de o desligar. Só lá para março ou abril. Aliás, estou a pensar comprar outro para render o primeiro na hora de mudar a botija.
Mil vezes mais satisfatório do que comida, livros e seja o que for, especialmente quando se rapou frio nos últimos 50 invernos.
Mas agora comprei isto:
E não faço a menor intenção de o desligar. Só lá para março ou abril. Aliás, estou a pensar comprar outro para render o primeiro na hora de mudar a botija.
segunda-feira, 12 de novembro de 2012
O momento mais aguardado
Jantar fora nas noites de sexta-feira, só os três, seja num restaurante ou na praça de alimentação de um centro comercial pouco movimentado, conforme as po$$ibilidades. Mas é sempre um momento importante e bom, a quebra da rotina do jantar à mesa da cozinha, o fazer planos para os dois dias seguintes, o desabafar do que correu mal na semana, o celebrar o que correu bem. Reclamar e dar graças. O Gabriel já sabe e já faz perguntas, se naquela sexta é carninha, se é piza. Sabe que pode ficar a brincar até mais tarde quando chega a casa. Sabe que vai ficar mais tempo na cama dos pais na manhã seguinte, antes da natação e das mil e uma coisas que a mãe arranja sempre para fazer. É sempre bom. O astral está sempre bom. Não há louça para lavar depois.
O jantar de sexta à noite traz sempre a promessa de que só o que importa verdadeiramente será feito nos dois dias que se seguem. Só estaremos com quem interessa. O estar longe uns dos outros é coisa dos cinco dias anteriores, não é para ali chamado. É uma alegria de primeiro dia de férias que renovamos a cada seis dias. É um momento sagrado.
domingo, 11 de novembro de 2012
Aprendendo por aí
Desta vez,é a Cátia que volta a dar-me presentes.
Adorei este post cheio de ideias boas, Cátia. Obrigada.
Adorei este post cheio de ideias boas, Cátia. Obrigada.
sexta-feira, 9 de novembro de 2012
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Desabafinho tosco dentro das minhas possibilidades
Trabalho que me farto, foi para isso que estudei. Como já disse várias vezes, nesta casa somos uns passeadores natos e adoramos o gratuito, mas, além o gratuito, gosto muitíssimo de dar uso ao fruto do meu trabalho. Adoro mimar-me com autoprendas, adoro mimar o meu marido, adoro mimar o meu filho com coisas materiais também. Adoro comprar coisas para o meu irmão. Adoro, ADORO jantar fora e ir ao teatro e outras coisas, e faço-o muitas, muitas vezes enquanto posso. Adoro pagar uma empregada para me limpar a casa. Adoro ajudar amigos que precisem de mim.
Não consigo entender o que há de errado em tratar-se bem com o fruto do trabalho, propagando assim o fruto do nosso trabalho por outras economias. É certo, é merecido. Todo mundo devia fazê-lo sem pudor. Todo mundo merecia fazê-lo sem pudor, mas não dá, porque, imaginando (e já é difícil!) que o pobre trabalhador até ganhe mais do que o suficiente para as contas, a história do "viver acima das possibilidades" se entranhou de tal modo em todo mundo que andamos sempre a justificar o que gastamos e o que deixamos de gastar, como se ALGUÉM TIVESSE ALGUMA COISA A VER COM ISSO.
Conheço muito pouca gente a viver acima das suas possibilidades, e mesmo assim sei lá se vivem - é que isso das possibilidades de cada um devia ser da esfera íntima, sabem? Cada família sabe do seu orçamento. E sei lá, sempre fui meio burrinha em certas coisas, mas será mesmo que foram as férias na neve a afundar este país? Custa-me TANTO a crer, senhores. Mais fácil seria se acreditasse nisso, porque aí a crise estava mesmo aqui ao lado, no irmão de classe média. Muito mais fácil culpá-lo a ele do que o impalpável e praticamente incompreensível mundo dos juros estratosféricos de dívidas contraídas sabe lá Deus como, de agências de rating, do diabo.
Mas a menina que foi ao Rock in Rio e o cigano que recebe o RSI são inimigos tão mais simples e acessíveis. Mal temos de pensar. Claramente vivem acima das suas possibilidades. São eles os culpados deste buraco em que nos metemos. Porque viveram anos acima das suas possibilidades.
Não consigo entender o que há de errado em tratar-se bem com o fruto do trabalho, propagando assim o fruto do nosso trabalho por outras economias. É certo, é merecido. Todo mundo devia fazê-lo sem pudor. Todo mundo merecia fazê-lo sem pudor, mas não dá, porque, imaginando (e já é difícil!) que o pobre trabalhador até ganhe mais do que o suficiente para as contas, a história do "viver acima das possibilidades" se entranhou de tal modo em todo mundo que andamos sempre a justificar o que gastamos e o que deixamos de gastar, como se ALGUÉM TIVESSE ALGUMA COISA A VER COM ISSO.
Conheço muito pouca gente a viver acima das suas possibilidades, e mesmo assim sei lá se vivem - é que isso das possibilidades de cada um devia ser da esfera íntima, sabem? Cada família sabe do seu orçamento. E sei lá, sempre fui meio burrinha em certas coisas, mas será mesmo que foram as férias na neve a afundar este país? Custa-me TANTO a crer, senhores. Mais fácil seria se acreditasse nisso, porque aí a crise estava mesmo aqui ao lado, no irmão de classe média. Muito mais fácil culpá-lo a ele do que o impalpável e praticamente incompreensível mundo dos juros estratosféricos de dívidas contraídas sabe lá Deus como, de agências de rating, do diabo.
Mas a menina que foi ao Rock in Rio e o cigano que recebe o RSI são inimigos tão mais simples e acessíveis. Mal temos de pensar. Claramente vivem acima das suas possibilidades. São eles os culpados deste buraco em que nos metemos. Porque viveram anos acima das suas possibilidades.
Rapidíssima sobre SE ENXERGUEM, PESSOAS!
Uma das piores coisas destes tempos é ouvir Deus e o Mundo a dizer como devemos viver as nossas vidas, ou como a devíamos ter vivido de modo a evitar este descalabro de situação que, claro, deriva do nosso próprio comportamento abusivo e esbanjador e consumista e americanizado e cheio de bifes e água a correr enquanto se lava os dentes.
Menos, senhores teóricos da Vida Portuguesa. Menos.
quarta-feira, 7 de novembro de 2012
Ontem, ao jantar
"Senhoras e senhores, meninos e meninaaaaaas.... Com vocês.... o.... DEDO DA MÃE!!!"
E agarra-me o indicador, triunfal.
Adoro.
Não costumo falar de mimimices de crianças, porque tenho a mais pia crença de que só achamos piada às dos nossos. Acho que vou criar um blog separado para as mimimices do Gabriel, talvez fechado, definitivamente sem comentários. É que ele é TÃO criativo e tenho medo de me esquecer destes momentos. São 700 perspetivas interessantes das coisas todos os dias: um colar meu que vira um polvo no tapete azul da sala que é o mar, duas folhas secas são uma borboleta. É muito imagético e com-drama, como eu sempre fui, como a dona Melânia era.
Sim, os vossos também são, eu sei :)
E agarra-me o indicador, triunfal.
Adoro.
Não costumo falar de mimimices de crianças, porque tenho a mais pia crença de que só achamos piada às dos nossos. Acho que vou criar um blog separado para as mimimices do Gabriel, talvez fechado, definitivamente sem comentários. É que ele é TÃO criativo e tenho medo de me esquecer destes momentos. São 700 perspetivas interessantes das coisas todos os dias: um colar meu que vira um polvo no tapete azul da sala que é o mar, duas folhas secas são uma borboleta. É muito imagético e com-drama, como eu sempre fui, como a dona Melânia era.
Sim, os vossos também são, eu sei :)
domingo, 4 de novembro de 2012
Nova rubrica: é só comigo?
Acordar a meio da noite por um motivo ou por outro (normalmente os cães dos vizinhos de cima) e, qual computador sem antivírus, TODOS os problemas do mundo caem na minha cabeça, sem solução, sem tamanho, comedores-de-melissa. De manhã passa, mas caneco, que noites terríveis, as que não volto a adormecer depressa. É só comigo?
O Gabriel, depois de quase quatro anos de paz, entrou numa espécie de pequena adolescência e as birras seguem-se umas às outras. Por aqui, os terrible two viraram terrible nearly-four. É só comigo?
O Gabriel, depois de quase quatro anos de paz, entrou numa espécie de pequena adolescência e as birras seguem-se umas às outras. Por aqui, os terrible two viraram terrible nearly-four. É só comigo?
sexta-feira, 2 de novembro de 2012
Dois catalizadores de decisões
Uma, a pior de todas, começou assim:
(Uma pena, porque até hoje acho a canção lindíssima)
E a segunda, uma tentativa já tardia de desfazer a primeira, começou assim:
Devo muito mais a Saramago do que o prazer que os livros me trouxeram. Devo-lhe a vida que tenho hoje. Um dia, quando conseguir, explico melhor.
Lembro-me dos catalizadores de todas as grandes decisões da minha vida: o Hugo, o casamento, o Gabriel... todos, mesmo. Todos eles minúsculos sinais a dizer-me que eu estava pronta.
(Uma pena, porque até hoje acho a canção lindíssima)
E a segunda, uma tentativa já tardia de desfazer a primeira, começou assim:
Devo muito mais a Saramago do que o prazer que os livros me trouxeram. Devo-lhe a vida que tenho hoje. Um dia, quando conseguir, explico melhor.
Lembro-me dos catalizadores de todas as grandes decisões da minha vida: o Hugo, o casamento, o Gabriel... todos, mesmo. Todos eles minúsculos sinais a dizer-me que eu estava pronta.
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