terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013 - o anuário da gratidão

Estando o diário de gratidão do FB em férias de Natal, passo aqui os olhos pelo meu 2013, um ano bom, talvez muito bom. Estou grata por, em nenhuma ordem:

- Todos nós desta casa termos tido saúde de janeiro a dezembro, especialmente o meu Gabriel; Grata, profundamente grata pela saúde dos meus, muito antes de qualquer outra coisa.

- Ter podido ajudar a Juliana quando ela mais precisou. Agradeço tudo que aprendi com ela. Muito grata por todos que me ajudaram a ajudá-la, e não foram poucos. Comovo-me até hoje ao lembrar-me.

- Do fim de 2012: agradeço aquele jantar com a Rita e a Casaca, como estávamos bem e felizes! Também sou grata por ter podido voltar a ver a bela Rita uma última vez depois disso.

- Grata pelo meu marido e as suas pequenas paixões. Adoro vê-lo desenhar concentradíssimo, sócios. 

- Grata pelas minhas amigas mais chegadas. Porra, vocês são as maiores. Estou a coçar-me para pôr nomes, mas não vale a pena, elas sabem. Grata também por ser gaja de amigas, mais do que de amigos (há tanto mulherio por aí a dizer que se dá melhor com homens do que com mulheres, não é? Fujo). Grata pelas boas notícias profissionais que as minhas amigas receberam este ano, vibrei com cada uma.

- 2013 foi um ano muito intenso profissionalmente, e adorei cada bocado (menos, talvez, a calmaria de fevereiro, isso foi ruim e fez-me pôr em causa tudo que construí até hoje, drama-queen que sou).

- Grata pela mão que me guiou na mudança de escola do meu filho, para bem melhor. Grata por todos que o fazem crescer a olhos vistos, tão lindo, tão bom: educadoras, monitoras de ATL, colegas, amigos.

- Grata pelas leituras da Cátia, que muito me ajudaram. 

- Grata pela nova fase que o meu pai está a viver, mais do que ele possa imaginar.

- Estou confiante nos caminhos do meu irmão. Espero poder dizer "grata" no ano que vem, e caramba, já digo, já digo.

- Pela visita da minha tia, que me soube pela vida. Pensamos que estamos bem sem mãe, até termos uma durante uns dias e ver a falta que faz.  

- Pelas melhores férias de verão que já tivemos em família.

- Pelas decisões tardias, mas bem tomadas.

- Pelo amor sempre presente. Pelo respeito pelo tempo de cada um. Pelo tempo.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

O desejado fim do culpossauro

A única coisa urgente a mudar em mim é a necessidade de ter sempre algo urgente a mudar em mim. Mesmo assim, há, sim, uma coisa urgente.Chamemos-lhe Coisa Urgente a Mudar em Mim Nº 2 (sendo a número um a necessidade de ter sempre algo urgente a mudar em mim).

Deixar de ser o culpossauro. É que vocês não fazem ideia das responsabilidades que reclamo para mim. É ridículo. E pesadíssimo. E causam uma ansiedade brutal, porque se há alguma coisa, qualquer coisa desequilibrada à minha volta, num raio bastante razoável de adultos, a culpa é minha.  Caneco, como estou cansada disto. E vem tudo de mim, ninguém me faz sentir assim (até onde percebo).

Às vezes pergunto-me freudianamente se será mais um mother issue a somar-se aos demais, ou se acho toda a gente à minha volta incapaz de cuidar da própria felicidade. Ou se acho que sou Deus, capaz de trazer a bonança sempre. Se é o sentir-me a única adulta de dois irmãos, um marido e um filho, ou seja, toda a minha família por cá (injusto com eles). Ou se apenas me acho tão fundamentalmente errada que, enfim, a culpa só pode mesmo ser minha. Estou inclinada a pensar que é o último.
Xô, culpossauro! Quero ser o quesefodossauro.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Os melhores de 2013

O do Hugo. Arrebatador.

O meu. Provocou reações intensas num São Jorge à pinha e falamos no filme até hoje. É o maior.

O meu livro do ano. Um policial, quem diria. Nos autores, Gillian Flinn.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Do mais-que-urgente blog "Dances With Fat"

What is Health at Every Size?
  1. Accepting and respecting the diversity of body shapes and sizes
  2. Recognizing that health and well-being are multi-dimensional and that they include physical, social, spiritual, occupational, emotional, and intellectual aspects
  3. Promoting all aspects of health and well-being for people of all sizes
  4. Promoting eating in a manner which balances individual nutritional needs, hunger, satiety, appetite, and pleasure
  5. Promoting individually appropriate, enjoyable, life-enhancing physical activity, rather than exercise that is focused on a goal of weight loss.    

sábado, 21 de dezembro de 2013

Transmimento de pensação

No dia em que publiquei o último post do blog, sem o ler, o Hugo comprou o livro do Adrian Tomine.
Eis a capa do livro.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Frase gira que apanhei no Facebook


 “Seeing someone reading a book you love is seeing a book recommending a person.”

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Curtíssima sobre algo que odeio em blogs

Publicidade travestida de post pessoal. Argh. Olha aí a honestidade, pessoal. Até nas revistas vem uma coisita a dizer "publireportagem" por cima.

Se a publicidade não tem nada de errado, e não tem, mesmo, para quê encapotá-la? Acham, por acaso, que os leitores são otários? É que é como me sinto quando me deparo com uma num qualquer blog que siga. E deixo de o seguir sumariamente. Não me parece que seja a única.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Para as minhas amigas magrinhas

Há muito que um blog não me enchia tanto as medidas como The Militant Baker. Que inspirador. Que inteligente. Que lufada de ar fresco.

Nunca tinha pensado nas coisas que se dizem desavergonhadamente às magras até a dona Gralha me alertar para o facto num seu post. Descobri que eu própria fazia comentários, como se fosse completamente aceitável (que vergonha). Não é. E este post é sobre isso, e é fixíssimo como o resto do blog.

Espero que gostem, mocinhas. Eu gostei muito.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Prendas de Natal prioritárias

Já estão. São elas:

 - Educadora do Gabriel;
- Auxiliar da educadora do Gabriel;
- Professor de inglês do Gabriel;
- Monitoras do ATL do Gabriel;
- Professora de natação do Gabriel;
- Professor de karaté do Gabriel.

Não é com presentes que mostro a amigos e família o quanto os aprecio e sou grata por eles.

domingo, 8 de dezembro de 2013

sábado, 7 de dezembro de 2013

Melissinha recomenda

Sim, farei publicidade! (Não paga, infelizmente. Bem podiam pagar em géneros).

Sou doida por cheiros. Não tanto perfumes, mas sabonetes, champôs, géis (?), cheirinhos vários. E quando fui ao Festival Zen fiz um workshop com a Ki - energia pura, e, caramba, nunca vi malta para trabalhar com tanto amor. Além de fazer os meus próprios sabonetinhos naturais, comprei um sabonete de canela delicioso (e totalmente, 100% mesmo natural) e a maravilha deste ano: uma água de lençol.

Que serr uma água de lençol? Um líquido à base de óleos essenciais (no meu caso, de alfazema) e álcool e que cheira belissimamente. Borrifa-se aquilo nos lençóis antes de dormir e mmmmm.... que soninho bom. E o melhor: sem parabenos, nem nada de coisas do mal - dá para ser usado como perfume, na boa. O Hugo adorou.

Para quem gosta de energia da boa, fazem todos os produtos com a ajuda de mantras, reiki e frequências.
Gostei mesmo, e recomendo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Quando a minha mãe entrou oficialmente em estado terminal*, eu passei a ser a filha da mulher que ia morrer. Era assim que as pessoas olhavam para mim. Não havia outro assunto possível, não havia brechas. Eu só queria pôr a conversa em dia, falar da novela, fazer uma piada. Mas não dava, não havia clima, porque estava toda a gente a "pôr-se no meu lugar", gente boa,  muito boa, desejosos de ajudar de alguma forma, ansiosos por me dar colo. Mas eu não queria colo. Eu queria respirar. A única coisa que eu queria era que me tirassem daquele filme de terror nem que fosse por dois minutos, e não me incentivassem a chafurdar nele.

Só passei quatro dias assim. Tudo com a minha mãe se precipitou misericordiosamente depressa. Graças a Deus.

Nem imagino o que é passar meses à espera do inevitável. Meses à espera de que o resto da vida comece, meses à espera de ver como será a perda, se seremos engolidos, se morreremos também.

Cada vez que a minha amiga Ju faz like a uma foto minha no Instagram ou no FB, mando-lhe uma mensagem alusiva à tragédia que ela está a viver. Obrigo-a a posicionar-se quando ela provavelmente só quer uma escapatória qualquer durante um segundo que seja. Uma pessoa pensa que aprende, mas não aprende nada, estamos sempre a mudar de papéis, a cumprir o guião que nos compete do zero. Um diabo, isto. 

*Não sei como se diz isso em mediquês, se há algum termo consagrado. Refiro-me, obviamente, ao momento do "sua mãe não vai melhorar". 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A rapariga de quem nenhuma daquelas pessoas se lembrará daqui a dois dias

Chegar à porta da escola do filho mais cedo  porque hoje era um dia especial, e dar com a porta da escola cheia de ambulâncias, polícias, bombeiros. O coração pára. Mas olho para o fundo e vejo que a comoção é na linha. Uma rapariga tinha-se atirado para a frente do comboio.

"Está sempre a acontecer aqui", diz a auxiliar da sala do meu filho. "Nós dizemos-lhes que o comboio se avariou na roda. O barulho é inconfundível. Sabemos na hora o que aconteceu."

A rapariga a quem a vida correu mesmo muito mal é uma avaria no comboio. Quem seria? Todos na estação falam dela. Uma senhora com um lenço na cabeça, aquele lenço que tem "quimioterapia" estampado em toda a extensão, olha, atónita, para a linha do comboio. Lia-se no olhar dela: olha que esta realmente. Outra mulher diz: amo a minha vida, amo a minha vida. Um saco na beira dos carris. Uma criança pergunta à mãe o que é aquilo. Um cão, diz a mãe rapidamente. O comboio apanhou o cão, coitadinho.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Do sábado

O Hugo foi a um workshop de desenho no Seixal e adorou. O único senão foi ter voltado com as mãos completamente azuis. Dizem que passa numa semana.

O Gabriel foi para a vodrasta ser mimado, estragado, apaparicado e outros sinónimos.

Eu fui para o Festival Zen, e, como se diz na minha santa terrinha, lavei a burra: fiz o tão adiado workshop de sabonetes (ficaram lindos! Quero fazer mais), assisti a uma palestra sobre o significado dos arcanos maiores no tarot (que me valeu uma ideia para outro oscarizável) e fiz outro workshop de oráculos (nem tenho palavras para descrever esse: ainda estou parvinha da vida). Pelo meio, presenteei-me com uma indian head massage e uma sessão de reflexologia. Uma maravilha.

Acabámos o sábado a jantar juntos, com o meu irmão, e com a sensação fixe de termos descoberto mais um nicho a explorar na família: o do cada qual para o seu lado.




terça-feira, 26 de novembro de 2013

Um dia é assim, o outro é como hoje

Se há dias em que me sinto a última coca-cola no deserto, a mulher dos mil afazeres interessantes e desafiadores, uma pessoa que teve a sorte a encontrar o talento a meio do caminho e fazerem com que tudo corresse sobre rodas...

... Há outros como hoje, em que não sou carne nem peixe, não sou boa nem na profissão A nem na B, em vez de ter duas Melissas completas numa só, não, tenho duas metades mal-amanhadas, sendo medíocre em cada uma delas, sem ter tempo (nem força) para me dedicar a ser realmente boa em nada, nem na A, nem na B, e já agora, porque falamos em crise, juntemos-lhe o mãe, o esposa, o irmã e o filha.

É como se tudo estivesse desastrosamente incompleto, como se vivesse em eternos ensaios do que gostaria de ser, na verdade.

Dias de merda. Dias de merda.


Mamãe adorava esta canção, julgo que era a sua preferida. Adoraria saber o que ela me diria num dia de merda.

sábado, 23 de novembro de 2013

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Chegadas e partidas

Quem é imigrante e tem pai emigrante passa mais tempo em aeroportos do que as pessoas normais. E levamos com as avalanches de emoções dos desencontros e reencontros dos outros o tempo todo, especialmente quando somos especialmente abelhudos, com uma predileção em futricar a vida alheia (como eu).

Nas partidas é segurar o nó na garganta. Abraços longos, mãos no rosto, crianças que mudam de colinho, tens aí tudo, não te esqueces de nada, cartão de embarque, passaporte. Silêncio, choro chorado e choro engolido. O meu é engolido. O meu pai trabalha fora há demasiado tempo para ainda haver drama de aeroporto. Fico-me pelos outros.

Nas chegadas, correrias desvairadas, crianças a driblar seguranças aturdidos e a pendurar-se em pescoços, malas que se soltam, carrinhos de bagagem que se tresmalham. Beijões enormes e melados. Adoro as chegadas. As chegadas são sempre boas, mesmo quando só há alguém com um papelinho e o nosso nome à espera. Mesmo a pessoa do papelinho leva com um sorriso aliviado. Ah, está ali alguém por minha causa.

Na última vez que fui ao aeroporto buscar papai, houve outra chegada. Ela vem com uma mala pequena, vem a arrastar-se, alheia à alegria toda à sua volta. É esperada por duas pessoas muito sérias, um rapaz e uma mulher. A cerca de dez metros de quem a espera, ela apressa o passo. Vai dar um abraço ao rapaz, mas os joelhos falham-lhe enquanto o pranto rebenta, ela cai. Chora como nunca chorou na vida, talvez apenas como tenha chorado quando recebeu a notícia que a põe em Lisboa naquela manhã. O rapaz ajoelha-se também e estão ali naquele abraço doloroso. A mulher tenta fazer algum controlo de danos. As pessoas interrompem a alegria da chegada e olham para aqueles desgraçados. Eu também. Sei bem o que é aquela chegada, bem como muita gente que está à volta. Não passei por ela da mesma forma, mas passei por ela da mesma forma. Há coisas que são estranhamente iguais para todos nós. 

Gabriel para a minha tia Ane

Tia,, sabes, tenho uma vó Mel que já morreu e mora no céu, sabe voar.
No melhor tom "how cool is that?"



sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Curtíssima sobre educação coerente (à minha maneira)

Se a minha cabeça me diz que errei, assumo o erro. Volto atrás. retiro o não ou o sim.

Ah, mas eles têm de aprender que não é não porque a vida dá muitos nãos. E temos de ser consistentes.

Pois, mas aí discordo. Na minha experiência, a vida raramente é preto no branco, e mais raramente ainda são as suas voltas definitivas (passe o paradoxo). Para mim, a vida é muito mais como uns pais relutantes, a aprenderem pelo caminho, do que uma governanta suíça. E a única consistência que me faz falta é a que ele tenha a certeza de que estou sempre com os interesses dele em mente, mesmo nas mudanças de direção.

O resto é sambinha.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Coisas que não combinam


Vários prazos a aproximar-se em simultâneo e um livro daqueles que nos fazem andar na rua de kobo no ar, aos tropeções.


E aqui, tal e qual com Zafón, guardarei o último para ler quando sair o novo, diminuindo a ressaca. E aqui, tal e qual com Zafón, falharei na missão. 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Amor de longe*

Há algumas semanas, postei no FB que tinha saudade de chegadinha. Chegadinha é uma das derradeiras street foods de Fortaleza, basicamente hóstia com um bocadinho de açúcar, em formato de telha, extremamente delicada. O que há de especial nas chegadinhas, podem perguntar-se, e eu respondo: a forma como é vendida.
Um homem com um tubo de alumínio preso por uma alça ao ombro, com um triângulo. Aparece nas ruas a tocar o triângulo e a meninada toda corre; é a hora da chegadinha. Não se vendem nas lojas. Portanto, se uma mulher grávida tiver desejo súbito de chegadinhas, o marido estará metido em sérios problemas. Só lhe resta esperar pelo timtimskitimtimtimskitim na rua.

Já disse que eram extremamente delicadas, certo? Isso é dizer pouco.São finíssimas, quase transparentes. Imaginem uma hóstia com metade da espessura e dez ou quinze vezes maior. Desfazem-se com o olhar, na verdade.

Isso não impediu que as minhas tias e primas conseguissem embrulhar algumas dúzias em plástico, papel de cozinha e as pusessem numa caixa de sapato perfeitamente isolada dentro de uma mala, como se contivesse uma relíquia sagrada, para as trazer para mim, cruzando o mar e tudo. 
Eu, de avental de sopeira e cabelo ao ar, e o meu tesouro.


E é assim que se ama de longe. Sim, o Skype e o Facebook facilitaram muito a vida das famílias e amigos separados, mas é muito fácil, e amor difícil sabe melhor. E trazer uma chegadinha, ou várias, intactas de Fortaleza até Lisboa é amor difícil. 
Um dos melhores presentes que já ganhei até hoje. 

* O título do post vem desta maravilha de alto astral.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Curtinha mitológica

Adoraria mudar de calcanhar de Aquiles.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

15h27

E sabem quantas palavras traduzi/escrevi até agora?
Nenhuma.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Um dia excecional de trabalho

Sim, eu sei que sempre que falo de trabalho é para me queixar, mas hoje não.

Hoje vou escrever falas para o Ruy de Carvalho, caraças. Há que fazer uma pausa para honrar a oportunidade e agradecer à vida por poder fazer duas coisas bastante diferentes e (quase) igualmente satisfatórias.

Obrigada, vida. Espero não te deixar mal com tanto mimimi.

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O destino da Rita

Um dia, depois de a vida dar uma grande reviravolta para o que, na altura, lhe parecia pior, a Rita decidiu pegar nas rédeas da própria vida e bazou num Saxo velho cheio de coisas para destino incerto com dois filhos atrás. Ancorou na Bélgica (ou será Luxemburgo? Haha). Fiquei cá a torcer meio preocupada, mesmo sabendo, no íntimo, que ela ia encontro dela própria, da vida que procurava e merecia.

Hoje, um ano depois, a Rita resolveu, e bem, ter um blog muito giro onde vai contando as coisas que lhe vão aparecendo lá no meio do nada. Lembro-me de ela me ter dito que vivia em Malempré e a mim só me ocorria "malempregue". Vacas, abóboras, neve. Pouco mais, para estes olhos de gaja urbana. Fiquei preocupada outra vez, totalmente sem motivo - a Rita tinha encontrado o seu lar.

Depois de ler o último post dela, achei que merecia um meu. :) Porque a Rita escreve bem que se farta.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Curtíssima sobre nails

Adoro arrancar o verniz de gel. Seja com as unhas, seja com os dentes.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Antes tarde do que nunca - II

Maravilhoso. Teatro do bom, mesmo em filme.
Adorei a escolha do elenco, com a Amy Adams ali pequena, no meio de dois titãs, exatamente como a sua personagem.

E pensar que perdi a peça com o Diogo Infante dá-me vontade de dar com o mindinho no canto da porta repetidas vezes.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

E tudo o vento levou

Vi-o vezes sem conta com a minha mãe, que era menina que gostava muito de ver filmes muitas vezes. Não, não seria para refletirmos sobre a escravatura e a guerra civil americana; encantava-nos os vestidos, os bailes, as belles terem de dormir a sesta a seguir ao almoço, com escravas e abanicos. Adorávamos os espartilhos. Sim, vendo bem, víamos pelos vestidos mais do que pelo drama - se bem que muito palpitávamos sobre tudo. Lembro-me de que a minha mãe ficava especialmente possessa quando a Melanie estava em trabalho de parto e a escravinha vinha sem pressa nenhuma pela rua acima. Levou uns estalos da Scarlet, mas mamãe achava que devia ter sido uma surra a sério. O Rhett Butler era um canalha, como é que a Scarlett foi na conversa? Não se entendia uma coisa daquelas.

E a Bonny... Adorávamos a Bonny. Quando tivemos um leitor de vídeo pela primeira vez, estávamos sempre a rebobinar para ver as cenas da Bonny. Mamãe dizia que a Scarlett era muito má mãe e má mulher, porque o Rhett finalmente se endireitara por amor à menina. E no fim? Ficávamos doidas porque a Scarlett percebeu que afinal tinha um bom homem dois segundos tarde demais. Esperávamos sempre que chegasse um pouco mais cedo a cada vez que víamos o filme.

Mas a questão fraturante do filme era: seria a Scarlett mais rica em solteira ou depois de casar com o Rhett? Passámos anos a fio entrincheiradas nas nossas posições. Para mim, a mansão do começo do filme é imbatível. Para a mamãe, são os mognos da casa em que a Scarlett foi abandonada.

Lembro-me de ver o filme outras vezes já mais crescida, já com conhecimentos de inglês e de história para ir percebendo o drama. O Hugo ofereceu-me uma edição especial em DVD pouco tempo depois de começarmos a namorar e adorei beber toda aquela informação. Vi tudo algumas vezes.

Mas nada bate os vestidos.
E sim, o nome da minha mãe não é uma coincidência, embora a minha avó, outra fã incurável do filme, tenha inventado uma desculpa qualquer para o padre a batizar. Não lhe deu o aceso nome de Scarlett, pois teria sido impossível, mas optou pela personagem mais doce. O padre aceitou. A condição parece ter sido um Maria à frente. 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Curtíssima desabafatória

Ando numa apatia parva em relação ao trabalho. Ah, Melissinha, dizem vocês, isso é porque não fazes o que gostas. Não, senhores. Devo estar entre as 0,01% de pessoas no mundo que faz exatamente aquilo que escolheu fazer. No entanto, ando a dormir pelos cantos, desmotivada sei lá pelo quê, sem motivo nenhum. Zero.

Depois vejo amigos desempregados no FB e dá-me um nó na alma. Como dizia o Calvin (outra vez do Calvin & Hobbes, e não o reformista), não há mal que não piore com a culpa. Então sinto-me ensonada e culpada. E pior.

Deus, por favor, não me leves a mal. Não me castigues. 

domingo, 20 de outubro de 2013

O desapego impossível

Ao ler este post da Mafalda, já ia, muito bitaiteira, dizer-lhe para desapegar e seguir em frente, o anel podem bem dar um belíssimo par de botas que tragam recordações melhores. Porque sou, de facto, uma desapegada de primeira e mais - sempre que me vejo apegada a qualquer coisa, trato de fazer exercícios de desapego. Cada um dos meus poucos centímetros é de puro desapego material, menos um - ou uns cinco - o meu dedo anelar da mão esquerda. Trago aí, de cima para baixo:

- Aliança de casamento;
- Meia aliança que o meu pai deu à minha mãe quando esta descobriu que estava grávida do meu irmão (algo assim) e que a minha mãe me deu quando fiz 18 anos.
- Meia aliança que o meu pai me deu quando fiz 21 anos.

Não há desapego possível no meu anelar da mão esquerda, e por isso me refreei de mandar um bitaite qualquer à Mafalda, porque a pequena M. pode bem chegar aos 37 anos e trazer os dois pais ao dedo. Não importa a relação entre pai e mãe - a dos meus só muito tarde se tornou pacífica -, mas sim, que é (ou no meu caso, que fui) profundamente amada por ambos.

Não há desapego possível.

Só na hora de fazer brigadeiros.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Que espaço podemos ocupar?


Tropecei nesta preciosidade hoje, no FB.

Meu Deus, como adoraria ter visto estas coisas que vejo hoje há uns anos. Sim, vamos sempre a tempo de fazer um novo fim, eu sei, e também sei que tudo que vivemos faz parte do nosso caminho e deve ser honrado. Mas caneco. A vida podia ser mais simples.

Curtíssima cliché para mim, principalmente, mas para todo mundo logo em seguida

Valorizemos o que já temos.
Valorizemos o que já está aqui.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O problema é meu, não é teu

Livros que amo de todo o coração mas que não acabo por algum motivo que me transcende:

Wolf Hall
Freedom
O Cemitério de Praga.

Não os encaro como abandono, mas sim, como projetos a longo prazo. :)

Mais recentemente, juntou-se à lista As Suspeitas do Sr. Whicker, livro giríssimo que abandonei a meio. Adoraria que fizessem um documentário daquilo para ser de consumo mais célere. 

domingo, 13 de outubro de 2013

Antes tarde do que nunca

Perdi no cinema, perdi em reposições, perdi na TV. Mas aí a Paulinha emprestou-me o DVD.
Filme duro, muito duro. E maravilhoso.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Curtíssima sobre constelação familiar*

A minha cunhada, tal como fazíamos em 1988, ainda traz na carteira fotos tipo passe de toda a família. Nesta era de telemóveis espertos, em que temos as trombas disponíveis em tempo real para todo o mundo, acho uma queridice sem tamanho.

* Constelação familiar é outra coisa (bem interessante de se pesquisar, por sinal), mas amo o termo e uso-o sempre que posso, mesmo mal usado. 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O que mais gosto na escola do Gabriel

Ter o filho de uma pivô da TVI e a filha da minha manicure na mesma turma do meu filho.

Pode não ter significado nenhum para vocês, mas foi este o motivo pelo qual saímos do Brasil. Traduz o que procurávamos por cá - já devo ter dito isto antes, mas, assim como não foi por motivos financeiros que o Gabriel foi para a escola pública (embora seja a explicação mais fácil), também não foi por motivos financeiros que a minha família emigrou (embora também seja a explicação mais fácil). Pelo contrário, o meu pai saiu de uma situação bastante confortável, lá, para procurar uma sociedade diferente cá. E encontrou. Ainda que estejam cada vez mais esbatidas, espero que estas diferenças entre de onde vim e onde estou se mantenham por muito tempo. Duvido, mas espero. Entretanto, aprendo a estimar muito os pequenos oásis em que o muro entre pobres e ricos ainda seja desprezível, ou pelo menos pequenino, sendo a escola pública um deles. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Notas soltas para uma quinta-feira até a modos que ensolarada

- O maior passatempo das senhoras do ginásio, na hora do duche, é cascar nas professoras (a rotatividade é grande).Dizem que aquilo já não é o que era, que a Fulaninha é que sabia dar aulas e que as miúdas de hoje não querem saber de nada. Vão tecendo as ladainhas enquanto se vão lavando ou besuntam as partes moles de cremes vários.  Hoje apareceu uma professora nova de ginástica. De leste. Gorducha. Insegura. Quando vi a pobre coitada, decidi que seria o seu anjo da guarda. A cada gritinho motivador-relutante dela, eu respondia com grandes YEAHH!!! BORA LÁ!!! UHUUU!!! No duche, bradei em alto e bom som que nunca tinha tido uma professora igual. Naquela, ninguém toca.

- Depois de anos a achar que a escola pública era uma autêntica bosta como um todo, ando encantada com o jardim de infância (público) do Gabriel. Uma professora ("cuscussora") e uma auxiliar por sala, como no privado, e instalações de fazer inveja a todas as escolas em que ele já andou/que eu já entrei (e são muitas). Ontem recebi um papelinho para as aulas de inglês: 14 eur por ano. Ainda não me habituei a estes valores.

- Quem não usa métodos contraceptivos não pode dizer que teve uma gravidez inesperada. Não usar nada = planear filho. "Ah, não estou a planear, mas se vier, vem bem-vindo" = planear.

- Ando doida por esta canção: 

- Tenho mesmo de tratar do curso de fotografia para fotografar cemitérios. Temos de fazer o que amamos o máximo de vezes possível, e isto é uma coisa que amo e que não estou a fazer de jeito nenhum. Mas caramba, onde é que vou enfiar mais esta coisa?

- Uma das minhas maiores inseguranças enquanto mãe é... não gostar de brincar. Odeio brincar, caraças. Odeio. Mas tenho descoberto algumas coisas de que gosto: legos, pinturas, contar histórias. São coisas que o Gabriel ama e que, por isso, também temos de fazer o máximo de vezes possível.

- Continuo constrangida com o resultado das eleições em Oeiras. Passo a maior parte do dia por cá e sinto que tenho alguma vergonha a sentir. Ser Melissa é isto mesmo: quando o Culpossauro está quieto, temos de andar à cata de culpas alheias para o alimentar.

- Frase do meu pai que adorei: por vezes o bom é melhor do que o ideal.

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A música e as suas evocações

Leva-nos a N lugares, certo? Momentos longínquos, uma comida especial meio perdida, "aquela" dor de cotovelo, o caminho de casa para o trabalho naquele emprego de merda, a cozinha da avó.

Esta canção faz-me sentir um bocadinho as dores da cesariana.

Vimos os Óscares de 2009 no hospital.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Aprender preciosidades (que deviam ser óbvias, mas não são) com as amigas

Estou sempre a aprender coisas com as minhas amigas. Tenho algumas amigas muito generosas e cheias de compaixão, que conseguem contextualizar todas as minhas neuras e relativizar todos os meus retumbantes fracassos, mostrando-me que só são retumbantes fracassos dentro da minha cabecinha doente.

(Tenho outros tipos de amigas também - daquelas que puxam por nós, que nos fazem querer fazer mais e melhor mesmo quando nos irritam milhões - mas não é dessas guerreiras que quero falar hoje, mas sim, das minhas belas compassivas, que são duas ou três e cujos nomes não direi aqui. Elas sabem quem são).

Sempre - quando digo sempre é sempre mesmo, desde que nasci - associei a minha dificuldade em gerir o peso à minha dificuldade em viver de um modo geral. Se não conseguia emagrecer era porque não conseguia NADA. E só conseguiria qualquer coisa DEPOIS de domar a tal "food thing", como lhe chama a minha guru Geneen. Todo o sucesso é roto se não for o sucesso em tornar-me magra. E isso era incontestável.

Mas alguma coisa não batia bem. Não batia bem porque, diabos, sou muito bem-sucedida em quase tudo o resto - certamente em tudo o resto que me interessa. Lido bem a família, o casamento, o trabalho que está sempre a crescer e a desenvolver-se (por algum motivo há-de ser). As pessoas confiam em mim e aquela lista da vida perfeita do post anterior é bem verdadeira, por mais irritante que possa parecer (a mim, parece-me). Sei ganhar dinheiro. Durmo bem, acordo a horas sem despertador e sem achar a vida uma merda, muito pelo contrário.

Mas, obviamente, já que não controlo o meu peso, nada, absolutamente nada disso valia fosse o que fosse.

Até que uma amiga disse que NÃO TINHA NADA A VER. Bastou isso. Bastou que alguém, um dia, me dissesse isso. NÃO TINHA NADA A VER. Posso, sim, tenho todo o direito a ter tudo ok na vida e isto ser uma caca. Posso ter uma só caca na vida, ela pode ser isolada. Dois ou três dias depois, chego a um trecho do livro que estou a traduzir sobre a força de vontade e o sucesso, que diz mais ou menos que há uma fórmula para todo o tipo de sucesso, mas que a relação problemática com a comida é algo diferente, não cabe nos parâmetros normais de esforço, força de vontade, método, etc etc. É outra coisa. O investigador chama-lhe muito apropriadamente "the Oprah Effect".

Isto quer dizer que não deixarei o calcanhar ferido transformar-se em Melissa.
Respirei fundo e decidi relaxar e concentrar-me no que já tenho. Ou morrer tentando, porque é dificílimo, é tirar Jesus a um crente ferrenho.

(O mais engraçado é que, ao fazê-lo - ou morrer tentando - voltei finalmente a emagrecer devagarinho, coisa que não acontecia há quase um ano). 

E obrigada, amiga X, por me ter apontado o óbvio.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Planos para o Outono e para a vida (post inspirado na Gralha)

Na verdade, cheguei à conclusão que não tenho planos de implementação de nada, só de continuar o que já estava a ser feito. Sim, digo de peito cheio: demorou a chegar até aqui, mas sei do que preciso para ser feliz. Continuemos.

- Lembrar-me que ir ao ginásio me faz um bem danado à alma (por isso, IR).
- Comer mais comida a sério, menos comida processada.
- Continuar a fazer mais, muito mais do que se gosta, seja o que for, sem dar explicações nem desculpas. Deixar-me maravilhar pelo bizarro ou pelo quotidiano sem peneiras. Olhar quando quiser olhar.
- Continuar a combater a procrastinação com ferramentas cada vez mais precisas.
- Ajudar quem precisa de mim.
- Já que deixei de ir à missa há anos, reservar um pouco do meu domingo para agradecer pela semana que passou e pedir uma boa semana seguinte.
 - Escrever ou gravar as histórias do Gabriel. São maravilhosas, e não é por ser meu filho.
- Já agora, não ter medo de ter outro filho nem de não ter.
- Continuar a falar-lhe da avó Mel aos poucos (ainda é um pouco confuso).
- Continuar a ler em vez de ver TV na maioria das noites.
- Momento fashion que anda a falhar: manter sempre as unhas e sobrancelhas arranjadas, melhora muito tudo.
- Claro, controlo do peso. Controlo.
- Agradecer o tempo todo, porque tenho tudo: a família mais linda, os amigos mais brilhantes, mãos e cabeça para trabalhar e trabalho que me agrada. Saúde para aproveitar ao máximo tudo isto. Não preciso de mais nada.





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Curtíssima sobre pedófilos no facebook, partilhas na internet, etc etc.

Acho tudo muito histérico.

Julgar o livro pela capa

Nem num milhão de anos pegaria neste livro:

No entanto, adorei este livro:

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O caminho

A escola nova do Gabriel fica mesmo colada à estação dos comboios, a coisa de 15 minutos a pé de casa sendo que boa parte é a subir. Por motivos logísticos, é o pai que vai buscá-lo a maioria das vezes, e eu fico sempre a morrer de pena de ter o puto a subir aquele caminho todo. Coitado, deve ser estafante.

Aí o Hugo me descreve: primeiro passamos pelos comboios, que ele adora. Ao lado dos comboios há a padaria que tem uma fornada mesmo à hora que lá passamos, e o Gabriel quer sempre pão. Vai mordiscando pão quentinho a ver montras até chegar à casa de frangos, que tem um cavalinho de moedas à porta. Ficam-se ali uns momentos, o Gabriel finge dar pão ao cavalo, às vezes monta-o, em dia de sorte lá ganha uma moeda para andar. Um pouco mais à frente há o quiosque das revistas, com mil e uma coisas coloridas para ver e pedinchar. Como no cavalo, há dias em que tem sorte, há dias que nem por isso. Mais um bocado e chegam à casa das chaves, com um daqueles bonecos insufláveis enormes de braços ao ar que o assustava há uns meses, mas que ele conseguiu domar o medinho. Fica por ali a dançar à volta do boneco. Ontem mudaram o dito cujo para outro com chapéu e foi uma alegria. Depois da casa das chaves, vem a zona residencial, cheia de gatos. Vai espiando os gatos e fugindo dos portões com cães.

O caminho para casa é cheio de aventuras, eu é que já não as vejo. Só vejo a dor dos 15 minutos a subir.

Que belíssima merda são os olhos de adulto.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Goodreads não chega para isto


Certinho como o destino já há algum tempo: sempre que o Filipe posta qualquer coisa sobre qualquer livro, seja uma foto no instagram ou uma indicação no Facebook, será o próximo livro que vou ler.

Estejam atentas a este livro. Não sei se já há tradução - acho que não, mas há-de aparecer. Uma história extraordinária. Como li sobre outro livro do mesmo autor na Amazon, não é um whodunnit, como a maioria dos policiais, mas sim um howdonnit: exige todo um outro trabalho da nossa parte, e dá-nos uma nova ideia de amor verdadeiro, capaz de monstruosidades (será monstruosidade ou amor puro?)  Li em duas cacetadas.

Para mim, o melhor do género até agora.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Decorar

A Casaca e a Tatas têm as casas mais lindas em que já entrei. São meninas pouco partilhadoras, por isso, terão de acreditar em mim – não há fotos em lado nenhum. São casas muito diferentes uma da outra, que refletem as mulheres diferentes que são. Um dia disse isso à Casaca e ela agradeceu, como se eu tivesse feito um elogio. Hoje rio-me, porque disse aquilo como quem comenta uma notícia que viu no telejornal – nunca me passou pela cabeça estar a apreciar e a reconhecer uma virtude em alguém. É o valor que dou à decoração.

Decoração é um não-assunto para mim. A minha casa toda tem um, apenas um objeto decorativo, um buda fluorescente que comprei há anos no Bairro Alto e que amo de paixão. Tudo o resto é porque foi a avó que pintou, ou o sogro que pintou, ou a avó deixou para mim, ou a mãe adorava. Tenho a minha foto preferida do casamento emoldurada no chão do quarto há… Desde que voltei da lua-de-mel. E um enfeite de Natal que ganhei num restaurante chinês desde o primeiro dezembro que passei naquele apartamento (2006?). As minhas árvores de Natal são antológicas, está sempre tudo à espera de ver o próximo desastre e admira-me ainda não haver um grupo alusivo no Facebook.  Eu e o Hugo, ao comprar a mobília da casa, escolhemos aquelas salas prontas da Conforama.  Comprámos a primeira que não odiámos.

O mesmo é verdade para a autodecoração, por assim dizer. Mas, ao contrário do gosto pelo aspeto da casa, esta combato, porque facilmente se confunde com falta de autoestima. Não sei até que ponto isso é verdade, mas tento lembrar-me de pôr uns brincos ou um lenço ao pescoço antes de sair de casa só para não passar a ideia errada (hoje esqueci-me). Não posso esforçar-me muito, porque, sendo a decoração um não-assunto para mim, padeço de uma crónica falta de bom gosto e estilo.


E aqui penso que adoraria mudar a minha configuração para dar a importância que dou à decoração aos doces, por exemplo.

domingo, 1 de setembro de 2013

Voltar

Ainda está aí alguém...?

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O consumo feliz

É uma exposição muito gira no CCB, sim, e também é o que mais gosto de praticar com o meu dinheirinho. Oferecer a coisa certa à pessoa certa.  Aos meus, principalmente - tarefa dificílima, pois lá em casa ninguém gosta de tarecos, todos nós gostamos de vivências. Uma seca (ou então não, ou então é o contrário de seca).

O Hugo chegou a casa empolgadíssimo, ontem, depois da aula. E ainda há outras por vir. Vale um milhão de dólares.

Não há ninguém pior de se presentear do que o meu irmão. Não há consumo feliz para ele, nunca. Ele não usa objetos novos porque não quer ter frutos da exploração de outras pessoas a pesar sobre si. É a pessoa mais desapegada que conheço, o que é uma merda, porque adoro oferecer coisas e a ele, nada bate. A não ser sushi. Vou oferecer-lhe sushi para sempre. O meu pai também é terrível, porque nada o surpreende. Arre. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Assim, já gosto das férias

Não ia  desde 2005, por razões que desconheço. Excetuando o campismo, que odeio com todas as minhas forças, adoro tudo o resto. Se me dessem a organizar um festival, seria sempre um festival cheio de workshops. Seria o Andanças.

Vamos este ano com o pequeno, para que ele experimente novas vivências e conheça gente de outras tribos. Já escolhi duas atividades para ele: forró e capoeira. Escolher as minhas será mais difícil, porque tenho de contar com a boa vontade do marido para a maior parte das coisas que me interessam (danças a pares). Mas despacho já o workshop de velas.

Estou ansiosa e feliz.
Foi bem escolhido.

Só tenho pena de o Nando não tocar lá este ano. Ah, tenho muita pena, mesmo.


sexta-feira, 26 de julho de 2013

Lido no "Kicking it Unschool", no Facebook

It is an invalid argument to say you treat your children harshly to "prepare them for the real world". Childhood is not a holding pattern waiting for "real life" to begin. Your children are living in the real world now. Punishments and coercion don't teach them to toughen up in case some stranger down the road treats them thusly, it teaches them that punishment and coercion can be expected from the people who love them most.

Just because someone somewhere down the road will treat your child harshly is no reason to treat them harshly yourself. Instead, build them up. Show them how to peacefully interact so they will reject violence, so they will not accept coercion or mistreatment from others in their lives.

Ontem, na aula de natação, do nada, um coleguinha do Gabriel desata num pranto sem fim. Sai da piscina, vai ter com a mãe, sempre a chorar. A mãe passou uns cinco minutos a tentar arrancar-lhe o que se passava, mas ele só balbuciava "mamã". Tentou fazer com que ele voltasse à piscina, ele não quis. Que fosse tomar um duche, também não. A mãe ali, a conversar com ele, cada vez mais impaciente, e o miúdo sem dar tréguas ao choro, sem parar de gritar "mamã". Acabou por ser devolvido à piscina, onde a professora o pegou ao colo. Ele parou de chorar no mesmo instante em que se agarrou ao pescoço dela.
Em nenhum momento aquela mãe abraçou o filho para o acalmar antes de o bombardear com perguntas sobre o que se passava. 
Nem tudo tem explicação diante dos nossos olhos ou segundo as nossas regras. Eles lá têm as necessidades deles, e eu não conheço todas as necessidades do meu. Quando chora, dou-lhe colo. Normalmente, o colo já resolve, ou pelo menos, dá a serenidade de que ele precisa para explicar o que o incomoda ou o que quer.

E sim, faria e faço o mesmo com um adulto. 

IKEA

Hoje de manhã a primeira coisa que fez foi pegar nos bonecos e pô-los todos na mesa da cozinha. A papa matinal seria acompanhado por uma bulha épica.
Da sala conseguia ouvir o barulho dos pontapés, dos murros, dos corpos a voar, dos raios, dos gritos, da dor e da adrenalina vinílica que a salvação do mundo suscita.
Pela algazarra imaginei logo que a papa deveria estar na mesma, a esfriar para ali no meio da mesa da cozinha.
A mãe também, e sem tirar os olhos do Kobo gritou:
"Se chegar à cozinha e a papa estiver por comer tiro-te os bonecos e não os dou mais"
O alarido foi engolido pelo som do aço inoxidável a raspar na porcelana.
 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Amazon

O Gabriel anda a descobrir os super-heróis e utiliza aquela bonecada made in Taiwan da Marvel para se embrulhar nos seus primeiros role playings.
Apesar de haver lutas demolidoras entre vilões e justiceiros, no meio da porrada, o Buchinhas faz pausas e transforma aquelas personagens de grande porte atlético em pessoas normais, que têm conversas banais entre elas. Acho que já descobriu que, por muito fortes que sejam, não podem estar sempre aos murros uns com os outros. Não sei, mas são crianças como o Buchas que têm o futuro dos comics na mão, tal como aconteceu com o Frank Miller ou o Neil Gaiman.
Conversa ouvida ontem depois do banho:
Thor: Onde vais?
Wolverine: Vou ao Restaurante, tenho fome.
Thor: Vais comer o quê?
Wolverine: Massa com carninha e cenoura.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Aceitam-se (pedem-se!) dicas

Para acabar com este sono que me devora.
Não é cansaço, é sono. Podendo, durmo o dia inteiro.
Ando a preferir dormir a qualquer outra coisa.
Se parar durante cinco minutos, adormeço.
A sério, não sei o que fazer, isto é insustentável. Tenho trabalho a fazer, moças e moços.
Já repararam que o blog anda paradote?
Pois. Ando a dormir.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Fora dos eixos

O widget do Goodreads que acabei de pôr.
Ia mudar, mas afeiçoei-me a ele assim mesmo.

terça-feira, 9 de julho de 2013

Um dia renovo votos

à beira da praia (mas num dia Melissa de praia, ou seja, sem vento nenhum), com um hibisco no cabelo e um vestido esvoaçante, que não esvoaçará porque não vai haver vento, e o meu Hugo todo bonito, cada vez mais novo de ano para ano (o pulha, como diz, e muito bem, a Tatas).


Não sou muito de música, não comprava um CD há anos e anos, mas este já se acoplou ao radinho do carro.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Cenas minhas

Não gosto de planear férias.
Não gosto de ter de decidir onde passar uma semana no verão.
Não gosto de passar muito tempo fora de casa, sendo que muito tempo é mais de quatro dias, e uma semana é mais de quatro dias. Quinze dias longe de casa, então, é a morte.
Não tenho necessidade nenhuma disso. Nem eu, nem o Hugo. Temos necessidades esporádicas de passar fins de semana fora, mas estar muito tempo longe de casa nas férias é uma necessidade que há anos tento criar em mim e não consigo.
Não consigo. Saí à minha mãe.

Pode ser por ser bicho do mato, pode ser por amar a minha almofada, pode ser por ter fins de semana de férias cá dentro todos os fins de semana (somos bastante ativos em termos de passeios, não me canso de dizer), pode ser por ter praia à porta e aproveitá-la quase todos os fins de tarde do verão, pode ser porque me aborreço a "relaxar" (aborreço-me mesmo a sério). A nossa lua de mel não foi na República Dominicana, onde eu morreria por certo, mas em Roma e Florença ( e mesmo assim aí pelo dia, vá, 8, eu já nem via nada à frente, nem o marido).

... Mas agora há o Gabriel. E o ser maluco por férias é mais uma das coisas que vêm com filhos. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Recomendando emoções

Ok, custa 11 euros no Book Depository e lê-se num quarto de hora, o que pode indicar um mau investimento. Mas a história fica como se tivesse 500 páginas, moças e moços. Fica, e identificamo-nos com ela, e sorrimos tristes, e sentimos uma dorzinha na alma um pouquinho também porque a completamos sem querer, mas é tão bom ver que não estamos sozinhos.
Como disse a bela Sofia Freitas, que mo recomendou, é triste, porém reconfortante.

Não deixem de procurar. É uma experiência peculiar (pelo menos para mim, foi) e emocionante.

Tudo que perdemos. E tudo que não vemos.
Deixou-me a pensar uma boa parte da noite.


Gralha, tens de ler isto. Por algum motivo, achei a tua cara. 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Nós na garganta (fazer e desfazer)

(longuinho)

Dear Mom,
I was 7 when I discovered that you were fat, ugly, and horrible. Up until that point I had believed that you were beautiful—in every sense of the word. I remember flicking through old photo albums and staring at pictures of you standing on the deck of a boat. Your white strapless bathing suit looked so glamorous, just like a movie star. Whenever I had the chance I’d pull out that wondrous white bathing suit hidden in your bottom drawer and imagine a time when I’d be big enough to wear it; when I’d be like you.
But all of that changed when, one night, we were dressed up for a party and you said to me, ‘‘Look at you, so thin, beautiful, and lovely. And look at me, fat, ugly, and horrible.’’
At first I didn’t understand what you meant.
‘‘You’re not fat,’’ I said earnestly and innocently, and you replied, ‘‘Yes I am, darling. I’ve always been fat; even as a child.’’
In the days that followed I had some painful revelations that have shaped my whole life. I learned that:
1. You must be fat because mothers don’t lie.
2. Fat is ugly and horrible.
3. When I grow up I’ll look like you and therefore I will be fat, ugly, and horrible too.
Years later, I looked back on this conversation and the hundreds that followed and cursed you for feeling so unattractive, insecure, and unworthy. Because, as my first and most influential role model, you taught me to believe the same thing about myself.
With every grimace at your reflection in the mirror, every new wonder diet that was going to change your life, and every guilty spoon of ‘‘Oh-I-really-shouldn’t,’’ I learned that women must be thin to be valid and worthy. Girls must go without because their greatest contribution to the world is their physical beauty.
Just like you, I have spent my whole life feeling fat. When did fat become a feeling anyway? And because I believed I was fat, I knew I was no good.
But now that I am older, and a mother myself, I know that blaming you for my body hatred is unhelpful and unfair. I now understand that you too are a product of a long and rich lineage of women who were taught to loathe themselves.
Look at the example Nanna set for you. Despite being what could only be described as famine-victim chic, she dieted every day of her life until the day she died at 79 years of age. She used to put on makeup to walk to the mailbox for fear that somebody might see her unpainted face.
I remember her ‘‘compassionate’’ response when you announced that Dad had left you for another woman. Her first comment was, ‘‘I don’t understand why he’d leave you. You look after yourself, you wear lipstick. You’re overweight, but not that much.’’
Before Dad left, he provided no balm for your body-image torment either.
‘‘Jesus, Jan,’’ I overheard him say to you. ‘‘It’s not that hard. Energy in versus energy out. If you want to lose weight you just have to eat less.’’
That night at dinner I watched you implement Dad’s ‘‘Energy In, Energy Out: Jesus, Jan, Just Eat Less’’ weight-loss cure. You served up chow mein for dinner. Everyone else’s food was on a dinner plate except yours. You served your chow mein on a tiny bread-and-butter plate.
As you sat in front of that pathetic scoop of mince, silent tears streamed down your face. I said nothing. Not even when your shoulders started heaving from your distress. We all ate our dinner in silence. Nobody comforted you. Nobody told you to stop being ridiculous and get a proper plate. Nobody told you that you were already loved and already good enough. Your achievements and your worth—as a teacher of children with special needs and a devoted mother of three of your own—paled into insignificance when compared with the centimeters you couldn’t lose from your waist.
It broke my heart to witness your despair and I’m sorry that I didn’t rush to your defense. I’d already learned that it was your fault that you were fat. I’d even heard Dad describe losing weight as a ‘‘simple’’ process—yet one that you still couldn’t come to grips with. The lesson: You didn’t deserve any food and you certainly didn’t deserve any sympathy.
But I was wrong, Mom. Now I understand what it’s like to grow up in a society that tells women that their beauty matters most, and at the same time defines a standard of beauty that is perpetually out of our reach. I also know the pain of internalizing these messages. We have become our own jailors and we inflict our own punishments for failing to measure up. No one is more cruel to us than we are to ourselves.
But this madness has to stop, Mom. It stops with you, it stops with me, and it stops now. We deserve better—better than to have our days brought to ruin by bad body thoughts, wishing we were otherwise.
And it’s not just about you and me anymore. It’s also about Violet. Your granddaughter is only 3 and I do not want body hatred to take root inside her and strangle her happiness, her confidence, and her potential. I don’t want Violet to believe that her beauty is her most important asset; that it will define her worth in the world. When Violet looks to us to learn how to be a woman, we need to be the best role models we can be. We need to show her with our words and our actions that women are good enough just the way they are. And for her to believe us, we need to believe it ourselves.
The older we get, the more loved ones we lose to accidents and illness. Their passing is always tragic and far too soon. I sometimes think about what these friends—and the people who love them—wouldn’t give for more time in a body that was healthy. A body that would allow them to live just a little longer. The size of that body’s thighs or the lines on its face wouldn’t matter. It would be alive and therefore it would be perfect.
Your body is perfect too. It allows you to disarm a room with your smile and infect everyone with your laugh. It gives you arms to wrap around Violet and squeeze her until she giggles. Every moment we spend worrying about our physical ‘‘flaws’’ is a moment wasted, a precious slice of life that we will never get back.
Let us honor and respect our bodies for what they do instead of despising them for how they appear. Focus on living healthy and active lives, let our weight fall where it may, and consign our body hatred in the past where it belongs. When I looked at that photo of you in the white bathing suit all those years ago, my innocent young eyes saw the truth. I saw unconditional love, beauty, and wisdom. I saw my Mom.
Love, Kasey xx
Kasey Edwards is a writer based in Australia and author of 30-Something And Over It.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Post mínimo a escorrer mel por todos os lados

Não sendo a mais presente das pessoas, pelo menos em carne e banha, quero aqui declarar que o sucesso das minhas amigas é meu também. Celebro-o intensamente em silêncio (ou não) a cada nova notícia boa, a cada novo mail, a cada passo para a frente. É comigo. O orgulho é meu.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Expectativas altas

Li algures que estava entre A História Secreta, de Donna Tart, um livro esplêndido (esplêndido mesmo!) e O Exorcista, livro e filme colossais. Além disso, O Filipe diz que é "perturbante", que é o tipo de adjetivo que me faz correr atrás de qualquer livro.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

Agora, para algo completamente novo

Quero aprender a fotografar para fotografar (argh!) cemitérios. Farta de babar em cima - ou em frente, já que as vejo pelo computador - das fotos do Cemetery Club e afins.Quero a minha própria arte, senhores!

Obviamente não espero ter dinheiro nem para a câmara nem para começar pelo Pére Lachaise, mas uma boa alma vai emprestar-me uma e os Prazeres também é um bom ponto de partida.

Pronto, agora só falta... Pois, falta tudo o resto.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A crise como entidade reveladora de brio

As atrocidades laborais que se cometem tendo a crise como escudo são... pois, são atrozes, nada mais me ocorre.

Um patrão filho da puta e cobarde deixou cinco mulheres com quem trabalhava há anos e anos absolutamente desprotegidas ao descobrirem que a empresa para onde trabalham, afinal, está em insolvência há meses. Nem sequer vão a tempo de se apresentarem como credoras, serão provavelmente dois salários à vida. Se abandonarem o posto de trabalho são despedidas por justa causa, e papel para o desemprego, nem vê-lo.

Se fosse uma fábrica com 200 mulheres, claro que a tragédia seria maior, mas sempre são 200 pessoas para se apoiarem umas às outras e pressionarem a entidade empregadora. Mas aqui nesta pequena empresa tão, mas tão importante para a família, são só cinco. Cinco mulheres que confiaram em que não merecia. Podia terminar tudo em bem, podiam ter avisado há mais tempo. Podia-se ter, pelo menos, esclarecido tudo, mesmo sem dinheiro no meio. Mas não. Nas palavras do próprio chefe, "as galinhas que resolvam".

Cinco mulheres que lhe dedicaram os seus melhores anos.
Isto não tem nada que ver com a crise, senhores. 

Filho da puta, espero que morra de morte ruim.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Este blog

É sombrio. Acho-o sombrio. Não nos tempos da gravidez, aí era tudo fofinho e engraçado, mas agora é sombrio.

Graças a Deus. Graças a Deus que consigo ter naturalmente um outlet (olhaí eu a escrever em estrangeiro, chiquérrima) onde consigo pôr as minhas angústias - já que o FB se presta à vida perfeita e à alegria, tão necessárias também, mas tão insuficientes.

E por ele ser sombrio, não voltado para o leitor e sim para o meu próprio umbigo, agradeço aos meus seis leitores. Com tanta coisa cor de rosa por aí, este mar cinzentão que encontram por aqui não devia ser propriamente estimulante, mas vocês continuam a voltar. E isso é fixe :)

Se eu fosse uma amiga minha e a vida fosse um musical

Agarrava na minha mãozinha e cantava-me Hey Jude, a derradeira canção sobre ir com calma, porém firme.



Sou a pessoa mais facilmente atropelável que conheço. Tudo se torna demasiado grande, demasiado pesado, demasiado muito para mim, porque tenho uma incapacidade inata em dividir o todo em parcelas e atacá-las uma a uma. 

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Crónicas do Encolhimento - o Regresso

Seis quilos em seis meses. É o que me acontece quando cago para a alimentação. O meu eu natural é um eu de engorda - nem sequer mantenho. E mesmo tendo a noção de que dieta é uma merda, é a merda possível neste momento. Porque prefiro um engorda-emagrece-engorda do que um engorda-engorda-engorda.

Está na hora do EMAGRECE outra vez, senhores!

E pronto, de volta ao jogo, desta vez com acompanhamento médico especializado - que pelo meu próprio pé falhou.

Mudei muito com o primeiro emagrecimento. Antes, já não acreditava em nada. Agora, pelo menos, vi que depende de mim e que posso ter o controlo sobre mim. Que só dá para virar o jogo quando PARO DE INVENTAR CULPADOS PARA ESTAR ONDE ESTOU.  Basta remover isso para mudar tudo. Já não penso em "tentativa". Não vou "tentar" tornar-me mais saudável e bonita. Pelo menos estes seis que ganhei vou perder até à próxima consulta (em agosto). 

It's on! 


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Depois de tantas voltas...

Esta história há-de ser diferente das que nos chegam constantemente desta doença maldita.
Há-de ser diferente.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Espírito elevado*

O meu pai é muito grato, mesmo genuinamente grato por todos os anos em que teve a minha mãe (em vários papéis: amiga de infância, namoradinha, mulher, mãe dos filhos, ex-mulher, amiga de infância outra vez).

Não lhe vejo ponta de revolta em tê-la perdido tão cedo. De facto, comparado ao tempo que o meu pai teve mãe - e a idade com que a mãe dele morreu -, tivemos mesmo a Melânia durante muito tempo. Mas não é por isso, não é por comparações nenhumas, nada de Freud-explica. É a tal paz que falei há uns dias. O meu pai sente umas saudades cheias de paz da minha mãe.Acho que nem se lembra dela doente, nem ele nem o Nando. Eu só me lembro dela doente.

Fico tão feliz que, depois de tantos anos meio desencontrados, eles tenham voltado a tocar o coração um do outro no fim. É um legado maravilhoso para mim, para o meu irmão e, porque não, para o meu filho. Ainda bem que, não tendo havido tempo para muito mais, houve para isso.

*Podia chamar a este post "aprender a ser filha", como o último da bela Gralha.  Tenho de reaprender a ser filha. Filha de mãe imaterial. Demora, caraças. É-me cada vez mais difícil chegar ao intangível, ao "sentir". Preciso de um sinal.


Aniversário



Eu não posso entender
Esta vida tão injusta
Não vou fingir que já parou de doer mas um dia isto vai-se acabar
Não consigo me convencer
De que esta vida não foi injusta
Tanta falta me faz você
Queria ver você lá em casa

Ó mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Mãe
O amor que eu tenho por você é seu
Como é seu o meu aniversário

sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sessões duplas

Com a chegada do Gabriel, chegaram as sessões duplas, para rentabilizar ao máximo as babysitters - quem fica duas horas, fica quatro, certo?
Não me lembro de todas as dobradinhas, mas lembro-me das mais interessantes: Tabu+Um amor de juventude no King, as sessões do Indie e do Motelx do ano passado. Também houve dobradinha no Festin, mas não tão bem sucedida.

Este fim de semana, pela necessidade premente de contenção de custos, a dobradinha será em casa, e não no King. Precisarei, portanto, de algum café na veia (tendo a dormir a ver filmes em casa).


terça-feira, 28 de maio de 2013

Pequeno desabafo instantâneo

Hoje a Rihanna canta em Lisboa e estou muito chateada comigo mesma por não estar lá.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Everything We Miss

Não sou grande leitora de BD - adoraria ser! -, mas a Sofia pôs umas páginas desta aí no FB dela e fez-me chorar.
Chorei com BD.
Já encomendei.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

This is Water

Ela tem 30 e muitos, pode ter muito mais - ou muito menos, se considerarmos o efeito de coisas ruins na compleição. Digo ela, mas passei uns bons minutos a perceber que era mesmo uma mulher. Calças de ganga muito apertadas, deixando mais do que propositadamente metade do rabo de fora, com uma tanga de renda preta. Todos que passam por ela olham com algum nojo para aquilo, eu também. Unhas roídas e com verniz descascado, olhos muito pintados de preto, cabelo descolorido a água oxigenada. Passou a hora a que tinha direito de Internet de olhos postos no monitor, digitando praticamente nada, sorrindo nada. Só um ar de muita atenção séria.

Quando o tempo de Internet se esgotou, levantou-se, endireitou as calças e saiu.

Quero mesmo apanhar-me antes do susto, antes do nojo instantâneo. Quero aprender a apanhar-me naquele instante antes e ver as dores dela, aquela mulher que quer tanto ser amada, tão desesperadamente a dizê-lo em tão bom volume. Quero escolher pensar, como disse David Foster Wallace no tal discurso inaugural  aos putos da universidade XPTO.

Queria tanto amá-la antes de a detestar. Mas é difícil, caraças.
É um projeto para a vida toda.


Do Shazam


Música que me faz voltar à vida :)

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Gajas!

Esta é a capa da edição brasileira.
Procurem uma edição qualquer e leiam. Ontem.

Não é preciso agradecer.

O meu anjo tradutório

Tenho um anjo da guarda tradutório. Ele aparece sempre nos momentos em que me sinto mais confiante, mais rainha-da-cocada-preta, pecado capital de qualquer tradutor, que tem sempre de manter a pulga atrás da orelha bem acordadinha.

Modus operandi do meu anjo da guarda tradutório: nesses tais momentos de soberba em que a pulga adormece, faço uma cagada absolutamente descomunal, inexplicável produto de uma rainha-da-cocada-preta. O anjo da guarda tradutório faz-me sempre apanhar a tal cagada descomunal antes de a mandar para o cliente, pondo-me de volta no meu lugar de eterna ignorante, fundamental para desempenhar bem as minhas funções.

E acendo-lhe uma vela, claro.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O meu pai já me tinha falado nisso, mas era coisa que eu desconhecia, demasiado abstrato e artificial para a minha cabeça e o meu coração: a paz que sentia de vez em quando ao passar por lugares da minha mãe, ou da vida deles. Uma paz gigantesca. E ele diz-me, quando tem esses momentos: ela só pode estar muito bem, filha.

Merdas de frases feitas, odeio. Não vale a pena, o meu peito é rasgado.

Mas hoje fomos lá jantar ao sítio do último jantar de gajas. Faltava a dona Gralha, mas gralhámos por ela, e gralhámos imenso. Tenho a impressão de que se gralhou a noite inteira. Dona Moça Bonita estava linda, nada de lenço na cabeça, a chamar a atenção dos rapazes da mesa ao lado. E é livro da Casaca para lá, Oscarizável para cá, mães e pais, homens, filhos tidos e não tidos. Comida boa, gargalhadas. Um sentido grande de que tudo estava certinho quando o grande elefante branco da doença não vinha à baila. Quando vinha, falávamos do elefante branco, eu a Casaca a seguir a batuta da coragem dela.

Caraças, que gaja do caraças. A sério.

Hoje lá fui com o Hugo e o Gabriel, sentámo-nos na mesma mesa. Sentei-me no mesmo lugar, o Hugo sentou-se no lugar da Casaca. O lugar da Moça Bonita permaneceu vago. Pendurei lá a mala.

E foi quando a coisa veio. A coisa que o meu pai chama paz.
Cliché dos clichés, fui invadida por uma paz yogi, paz de meditação. Paz de atenção plena. Que paz boa, aquela. Olhava para o lugar ao lado e sentia-a bem. Senti-a como a sentia quando ela andava por cá a falar de mil e uma coisas. Como respirar fundo, como silêncio, mas não aquele silêncio angustiado e sofredor, mas o silêncio de quem se conhece e não precisa de fazer conversa fiada. Senti-a como um silêncio sorridente.

Ela só pode estar muito bem, Casaca.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Das coisas que só a Cátia me traz

Sendo mulheres muito diferentes, aprendo muito com ela. E gostei particularmente este texto que ela partilhou no blog.

Seria a solução perfeita para esta família de gente pouquíssimo competitiva, que odeia exames de toda a ordem e que não acha que deva continuar a alimentar o mundo cão-come-cão com o seu próprio filho.

Enfim.

Temos de voltar a juntar os nossos meninos, Cátia.

Num mundo perfeito

Dia 15 de junho é a data-limite para as inscrições na pré-primária. Então, às 18h desse dia, o superprograma informático do Ministério da Educação mistura tudo, fazendo um certo barulho de liquidificador e, em cinco minutos, temos todos os meninos já distribuídos pelas vagas disponíveis.

Os resultados são afixados no dia 17 de junho.

Odeio não saber para onde vai o meu filho no ano que vem. Se haverá o milagre de haver vaga no público para ele, que ainda não fez os cinco anos, e em havendo, em que escola calhou ou se irá para a IPSS onde já está inscrito. Odeio não saber. Odeio. 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

PDI

Hoje tive sinceras e algo persistentes dúvidas sobre a minha própria idade. 
Quase tive de ligar ao meu irmão para lhe perguntar a dele e somar dez. 

Acabei por arranjar outra fórmula de cálculo e aí a coisa foi.

E ainda dizem que nós, quase-velhos, não devemos ter velinhas de números no bolo. COMO DIABO querem que nos lembremos de ano a mais, ano a menos?

A propósito: obviamente tenho a idade mais velha da dúvida. Logo agora, que considerava uns ténis laranja fluorescentes. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Deixam um bocadinho de si connosco, levam um bocadinho de nós

De um mês para cá, tenho comprado pencas de pulseiras. Pencas. Não há uma quantidade-limite de pulseiras que me satisfaça, quantas mais, melhor. Amo-as. Fazem um barulho doido. Clic clac clic clac. "Tô certo ou tô errado?" Acho-as divertidíssimas e bonitas.

Legado da Rita, tenho a certeza.

Certezinha.

Será que levaste alguma coisa de mim, hein, moça bonita?

sexta-feira, 10 de maio de 2013

O péssimo timing da tia Antonieta


O luto tinha regras muito claras. Um ano caso fosse pai ou mãe, seis meses se fosse um avô ou irmão. Nunca, nunca, nunca menos de dois meses, mesmo que fosse uma tia lá dos confins de Caucaia que só viam no Natal.

E, claro, a tia Antonieta resolveu morrer coisa de dois meses antes das festas juninas.

A filha mais velha já andava a namorar, já não ligava a festas, mas ela e a irmã do meio puseram-se em contas e mais contas. Não podiam, NÃO PODIAM estar de luto na festa de São João. Já andavam a ensaiar para a quadrilha, tinham exatamente os pares que queriam ter.

Mas, tão certo quanto a goiabeira dar goiabas a tempo de serem presentes de dia dos professores, o São João chegou antes do fim do nojo. E a mãe até foi generosa. Elas podiam ir dançar a quadrilha. Mas aliviar o luto, isso é que não. Resignadas, as irmãs escolheram a opção menos pior.

E era ver dois pontos pretos no meio daquele colorido todo.
Também não podiam sorrir na foto do grupo.
Os pares não se importaram muito.

Não é só a bela Gralha que precisa de auxiliares de memória. Tenho de escoar as memórias da dona Melânia antes que sejam suplantadas pelas da minha própria vida. Receio bem que tenha de ser aqui.


quarta-feira, 8 de maio de 2013

Quando se aproximava o dia dos professores, ela começava a olhar para a goiabeira do quintal. Antes de a irmã mais velha ir pô-la a ela e ao irmãozinho ao colégio, espreitava a goiabeira, rezando para que a época chegasse tarde pelo menos naquele ano.

Mas não chegava e, certinho como o destino, ela e o irmãozinho levavam as goiabas mais bonitas da primeira safra para a professora. Bem embaladas, sem bicho, no ponto, mas, não obstante - goiabas.

Morria de vergonha, queria dar uma pulseira ou uma caneta, como os colegas.

Agora a sério

Acho de uma injustiça tremenda os anos 80 levarem com toda a carga de breguice, quando, enfim, logo a seguir tivemos os anos 90.