sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Aprender preciosidades (que deviam ser óbvias, mas não são) com as amigas

Estou sempre a aprender coisas com as minhas amigas. Tenho algumas amigas muito generosas e cheias de compaixão, que conseguem contextualizar todas as minhas neuras e relativizar todos os meus retumbantes fracassos, mostrando-me que só são retumbantes fracassos dentro da minha cabecinha doente.

(Tenho outros tipos de amigas também - daquelas que puxam por nós, que nos fazem querer fazer mais e melhor mesmo quando nos irritam milhões - mas não é dessas guerreiras que quero falar hoje, mas sim, das minhas belas compassivas, que são duas ou três e cujos nomes não direi aqui. Elas sabem quem são).

Sempre - quando digo sempre é sempre mesmo, desde que nasci - associei a minha dificuldade em gerir o peso à minha dificuldade em viver de um modo geral. Se não conseguia emagrecer era porque não conseguia NADA. E só conseguiria qualquer coisa DEPOIS de domar a tal "food thing", como lhe chama a minha guru Geneen. Todo o sucesso é roto se não for o sucesso em tornar-me magra. E isso era incontestável.

Mas alguma coisa não batia bem. Não batia bem porque, diabos, sou muito bem-sucedida em quase tudo o resto - certamente em tudo o resto que me interessa. Lido bem a família, o casamento, o trabalho que está sempre a crescer e a desenvolver-se (por algum motivo há-de ser). As pessoas confiam em mim e aquela lista da vida perfeita do post anterior é bem verdadeira, por mais irritante que possa parecer (a mim, parece-me). Sei ganhar dinheiro. Durmo bem, acordo a horas sem despertador e sem achar a vida uma merda, muito pelo contrário.

Mas, obviamente, já que não controlo o meu peso, nada, absolutamente nada disso valia fosse o que fosse.

Até que uma amiga disse que NÃO TINHA NADA A VER. Bastou isso. Bastou que alguém, um dia, me dissesse isso. NÃO TINHA NADA A VER. Posso, sim, tenho todo o direito a ter tudo ok na vida e isto ser uma caca. Posso ter uma só caca na vida, ela pode ser isolada. Dois ou três dias depois, chego a um trecho do livro que estou a traduzir sobre a força de vontade e o sucesso, que diz mais ou menos que há uma fórmula para todo o tipo de sucesso, mas que a relação problemática com a comida é algo diferente, não cabe nos parâmetros normais de esforço, força de vontade, método, etc etc. É outra coisa. O investigador chama-lhe muito apropriadamente "the Oprah Effect".

Isto quer dizer que não deixarei o calcanhar ferido transformar-se em Melissa.
Respirei fundo e decidi relaxar e concentrar-me no que já tenho. Ou morrer tentando, porque é dificílimo, é tirar Jesus a um crente ferrenho.

(O mais engraçado é que, ao fazê-lo - ou morrer tentando - voltei finalmente a emagrecer devagarinho, coisa que não acontecia há quase um ano). 

E obrigada, amiga X, por me ter apontado o óbvio.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Planos para o Outono e para a vida (post inspirado na Gralha)

Na verdade, cheguei à conclusão que não tenho planos de implementação de nada, só de continuar o que já estava a ser feito. Sim, digo de peito cheio: demorou a chegar até aqui, mas sei do que preciso para ser feliz. Continuemos.

- Lembrar-me que ir ao ginásio me faz um bem danado à alma (por isso, IR).
- Comer mais comida a sério, menos comida processada.
- Continuar a fazer mais, muito mais do que se gosta, seja o que for, sem dar explicações nem desculpas. Deixar-me maravilhar pelo bizarro ou pelo quotidiano sem peneiras. Olhar quando quiser olhar.
- Continuar a combater a procrastinação com ferramentas cada vez mais precisas.
- Ajudar quem precisa de mim.
- Já que deixei de ir à missa há anos, reservar um pouco do meu domingo para agradecer pela semana que passou e pedir uma boa semana seguinte.
 - Escrever ou gravar as histórias do Gabriel. São maravilhosas, e não é por ser meu filho.
- Já agora, não ter medo de ter outro filho nem de não ter.
- Continuar a falar-lhe da avó Mel aos poucos (ainda é um pouco confuso).
- Continuar a ler em vez de ver TV na maioria das noites.
- Momento fashion que anda a falhar: manter sempre as unhas e sobrancelhas arranjadas, melhora muito tudo.
- Claro, controlo do peso. Controlo.
- Agradecer o tempo todo, porque tenho tudo: a família mais linda, os amigos mais brilhantes, mãos e cabeça para trabalhar e trabalho que me agrada. Saúde para aproveitar ao máximo tudo isto. Não preciso de mais nada.





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Curtíssima sobre pedófilos no facebook, partilhas na internet, etc etc.

Acho tudo muito histérico.

Julgar o livro pela capa

Nem num milhão de anos pegaria neste livro:

No entanto, adorei este livro:

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O caminho

A escola nova do Gabriel fica mesmo colada à estação dos comboios, a coisa de 15 minutos a pé de casa sendo que boa parte é a subir. Por motivos logísticos, é o pai que vai buscá-lo a maioria das vezes, e eu fico sempre a morrer de pena de ter o puto a subir aquele caminho todo. Coitado, deve ser estafante.

Aí o Hugo me descreve: primeiro passamos pelos comboios, que ele adora. Ao lado dos comboios há a padaria que tem uma fornada mesmo à hora que lá passamos, e o Gabriel quer sempre pão. Vai mordiscando pão quentinho a ver montras até chegar à casa de frangos, que tem um cavalinho de moedas à porta. Ficam-se ali uns momentos, o Gabriel finge dar pão ao cavalo, às vezes monta-o, em dia de sorte lá ganha uma moeda para andar. Um pouco mais à frente há o quiosque das revistas, com mil e uma coisas coloridas para ver e pedinchar. Como no cavalo, há dias em que tem sorte, há dias que nem por isso. Mais um bocado e chegam à casa das chaves, com um daqueles bonecos insufláveis enormes de braços ao ar que o assustava há uns meses, mas que ele conseguiu domar o medinho. Fica por ali a dançar à volta do boneco. Ontem mudaram o dito cujo para outro com chapéu e foi uma alegria. Depois da casa das chaves, vem a zona residencial, cheia de gatos. Vai espiando os gatos e fugindo dos portões com cães.

O caminho para casa é cheio de aventuras, eu é que já não as vejo. Só vejo a dor dos 15 minutos a subir.

Que belíssima merda são os olhos de adulto.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O Goodreads não chega para isto


Certinho como o destino já há algum tempo: sempre que o Filipe posta qualquer coisa sobre qualquer livro, seja uma foto no instagram ou uma indicação no Facebook, será o próximo livro que vou ler.

Estejam atentas a este livro. Não sei se já há tradução - acho que não, mas há-de aparecer. Uma história extraordinária. Como li sobre outro livro do mesmo autor na Amazon, não é um whodunnit, como a maioria dos policiais, mas sim um howdonnit: exige todo um outro trabalho da nossa parte, e dá-nos uma nova ideia de amor verdadeiro, capaz de monstruosidades (será monstruosidade ou amor puro?)  Li em duas cacetadas.

Para mim, o melhor do género até agora.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Decorar

A Casaca e a Tatas têm as casas mais lindas em que já entrei. São meninas pouco partilhadoras, por isso, terão de acreditar em mim – não há fotos em lado nenhum. São casas muito diferentes uma da outra, que refletem as mulheres diferentes que são. Um dia disse isso à Casaca e ela agradeceu, como se eu tivesse feito um elogio. Hoje rio-me, porque disse aquilo como quem comenta uma notícia que viu no telejornal – nunca me passou pela cabeça estar a apreciar e a reconhecer uma virtude em alguém. É o valor que dou à decoração.

Decoração é um não-assunto para mim. A minha casa toda tem um, apenas um objeto decorativo, um buda fluorescente que comprei há anos no Bairro Alto e que amo de paixão. Tudo o resto é porque foi a avó que pintou, ou o sogro que pintou, ou a avó deixou para mim, ou a mãe adorava. Tenho a minha foto preferida do casamento emoldurada no chão do quarto há… Desde que voltei da lua-de-mel. E um enfeite de Natal que ganhei num restaurante chinês desde o primeiro dezembro que passei naquele apartamento (2006?). As minhas árvores de Natal são antológicas, está sempre tudo à espera de ver o próximo desastre e admira-me ainda não haver um grupo alusivo no Facebook.  Eu e o Hugo, ao comprar a mobília da casa, escolhemos aquelas salas prontas da Conforama.  Comprámos a primeira que não odiámos.

O mesmo é verdade para a autodecoração, por assim dizer. Mas, ao contrário do gosto pelo aspeto da casa, esta combato, porque facilmente se confunde com falta de autoestima. Não sei até que ponto isso é verdade, mas tento lembrar-me de pôr uns brincos ou um lenço ao pescoço antes de sair de casa só para não passar a ideia errada (hoje esqueci-me). Não posso esforçar-me muito, porque, sendo a decoração um não-assunto para mim, padeço de uma crónica falta de bom gosto e estilo.


E aqui penso que adoraria mudar a minha configuração para dar a importância que dou à decoração aos doces, por exemplo.

domingo, 1 de setembro de 2013

Voltar

Ainda está aí alguém...?