Bem se podiam ter passado 10 anos entre o meu último aniversário e este. Tanta coisa aconteceu nos últimos meses, tantas tempestades e tumultos que me apressei a rotular como perdas irrecuperáveis, irremediáveis. Não podia estar mais enganada.
O tempo continua a ser de transição, mas já tenho alguns apontamentos. Chego aos 40
- Com menos certezas do que aos 39, o que acaba por me dar
- Uma noção mais clara do que importa, e muitíssimo pouco importa.
- Uma forte sensação de que tudo é transitório, inclusive as pessoas na nossa vida.
- Que o nosso valor é intrínseco.
- Que não precisamos de nos esforçar, o que é bom e natural emerge.
- De que é mais fácil render-se ao ego do que tentar derrotá-lo, todos nós queremos ser amados e a vida torna-se mais fácil quando aceitamos isso.
- Com uma noção muito clara de que controlamos muito pouco.
- Grata. Chego aos quarenta muito grata por tudo.
E adoraria falar sobre estas coisas com a minha mãe. Creio que ela tenha chegado às mesmas conclusões no ano da doença. Dez anos separam-nos neste momento, já não podíamos ser mãe e filha. Seria tão bom conversar com ela sobre estas coisas todas.
terça-feira, 22 de março de 2016
quinta-feira, 10 de março de 2016
Times, they are a changing
À porta da escola do Gabriel, sai do carro uma mãe de pijama babygrow de tigresse da Primark, abre a porta ao filho, beijinho e adeus. Há um ano, eu acharia aquilo a coisa mais engraçada do mundo, gozaria, mandaria umas mensagens a amigas, etc etc.
Hoje só me ocorreu que a mulher deve ter feito o turno da noite, foi pôr o filho à escola a horas e voltar para a cama antes de pegar no batente outra vez.
Gostei mesmo muito deste pensamento-reflexo. Se faz de mim uma pessoa mais chata, que seja - o bem que daí vem é maior.
Hoje só me ocorreu que a mulher deve ter feito o turno da noite, foi pôr o filho à escola a horas e voltar para a cama antes de pegar no batente outra vez.
Gostei mesmo muito deste pensamento-reflexo. Se faz de mim uma pessoa mais chata, que seja - o bem que daí vem é maior.
quinta-feira, 3 de março de 2016
Era para escrever sobre Space Oddity, mas antes disso
Ando a perder demasiado tempo a correr atrás das pessoas erradas, ou pelo menos as pessoas erradas para este momento - ou para quem eu seja a pessoa errada, não sei.
E o tempo que passo a correr atrás das pessoas erradas (ou... ou...), deixo de ver os bons dias e os links "isto é a tua cara" e as carradas de carinhozinhos das pessoas que foram sempre certas, as sedimentadas - as minhas pessoas. Ando negligente com muitas delas, e evidentemente só quem perde com isso sou eu.
Devo ter por aqui um mecanismo de vitimização esquisito que me faz correr atrás de patadas e silêncios. O que me faz pensar noutras pessoas a quem, por um motivo ou por outro, só ofereci o meu silêncio e patadas discretas quando procuravam a minha atenção.
Meio chatos, esses desencontros.
Porque o que importam são as pessoas, sempre e incondicionalmente.
E o tempo que passo a correr atrás das pessoas erradas (ou... ou...), deixo de ver os bons dias e os links "isto é a tua cara" e as carradas de carinhozinhos das pessoas que foram sempre certas, as sedimentadas - as minhas pessoas. Ando negligente com muitas delas, e evidentemente só quem perde com isso sou eu.
Devo ter por aqui um mecanismo de vitimização esquisito que me faz correr atrás de patadas e silêncios. O que me faz pensar noutras pessoas a quem, por um motivo ou por outro, só ofereci o meu silêncio e patadas discretas quando procuravam a minha atenção.
Meio chatos, esses desencontros.
Porque o que importam são as pessoas, sempre e incondicionalmente.
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