Como eu queria lidar:
- meter-me no ginásio e só sair cinco horas depois, meio enlouquecida das endorfinas.
- sexo animal.
Como eu lido:
- sestas longuíssimas.
- lanchinhos.
quinta-feira, 26 de julho de 2018
sexta-feira, 29 de junho de 2018
Mulheres fenomenais
Conheço algumas mulheres fenomenais. E não é das minhas amigas que falo - se bem que as minhas amigas também são mulheres do caraças, mas antes disso são mulheres de sorte - nasceram no meio certo, tiveram a oportunidade de se desenvolverem até ao limite das suas capacidades, tiveram a autoestima bem nutrida em casa, enfim, vieram ao mundo com algum avanço na linha de partida -, ao contrário das mulheres fenomenais de que falo.
As mulheres fenomenais que conheço são outras, e são fenomenais porque fazem milagres todos os dias. São mulheres que têm muitos filhos e foram deixadas na mão por um ou mais homens. São mulheres que não podem tirar férias porque não sabem de onde virá o dinheiro na semana ou no mês seguinte. São mulheres que conciliam três ou quatro empregos mal pagos. Essas mulheres-fenómeno estão cansadas, cansadíssimas mas não podem sequer elaborar esse cansaço porque não há homens para as ajudar, os homens deixaram-nas mal como deixaram mal as suas mães antes delas.
As mulheres não têm a opção de deixar uma vida madrasta para trás. Isso é coisa para os homens.
São sempre elas que ficam com os filhos, as contas, o cansaço, o jantar a fazer, a loiça por lavar, as noites em claro por este ou aquele motivo, haverá sempre um motivo.
Os homens não têm de apanhar cacos. Os homens não têm de segurar a barra. Os homens têm sempre escolha.
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
A elefanta
Sonhei que eu e a minha mãe tínhamos uma elefanta já muito velhinha e doente. Sabíamos que teríamos de optar pela eutanásia em breve, mas não tínhamos coragem e íamos adiando e adiando.
Acabei por ir a um veterinário sozinha e expliquei-lhe o nosso dilema. O veterinário ficou possuído pelo diabo: como éramos capazes de prolongar aquela situação durante tanto tempo? Não sabíamos o mal que estávamos a fazer a nós próprias, muito acima da elefanta? Como podíamos ter tão pouco coração? O veterinário rabiscou o número de uma pessoa que podia ajudar-nos e berrou-me uma última vez: não espere nem mais um dia para resolver este assunto, é uma questão de amor próprio e pelo próximo.
Estou à procura da elefanta desde que acordei, há alguns dias.
Acabei por ir a um veterinário sozinha e expliquei-lhe o nosso dilema. O veterinário ficou possuído pelo diabo: como éramos capazes de prolongar aquela situação durante tanto tempo? Não sabíamos o mal que estávamos a fazer a nós próprias, muito acima da elefanta? Como podíamos ter tão pouco coração? O veterinário rabiscou o número de uma pessoa que podia ajudar-nos e berrou-me uma última vez: não espere nem mais um dia para resolver este assunto, é uma questão de amor próprio e pelo próximo.
Estou à procura da elefanta desde que acordei, há alguns dias.
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