sexta-feira, 10 de junho de 2011

As minhas mulheres

Estar com elas dá-me um sentido de origem e de pertença enorme. Olho para elas e sei que conhecem as minhas peças mais antigas. É tão bom lembrar-me das peças mais antigas quando elas estão tão longe.

Estar com elas traz-me o calor húmido da infância passada noutro lugar e com outro jeito de falar, outro timbre também – os delas. Estar com elas dá-me um enorme nó na garganta de vez em quando, porque é tão emocionante fazer parte de algo maior - uma grande família de gente linda, mas especialmente de mulheres lindas e cheias de ganas.

Por incrível que pareça, é só quando estou com elas que não sinto saudades da minha mãe, porque elas viraram a minha mãe de maneiras que não sonham.

Quando estou com elas, estou completa: estou tudo que fui. Estar tudo que se foi dá clareza para o caminho. Por isso, quando estou com elas, sei exactamente para onde vou. Tenho a segurança e o destemor da infância, ao pé delas. É o que evocam – é o que provocam.

(Será que só expatriados sente isto? )

Daqui a poucas horas, uma das minhas mulheres casa com o amor da sua vida, e estarei lá a ver uma peça das novas a encaixar-se no nosso puzzle. Um ramo para a nossa família cheia de ramos. Fico tão feliz por ver isto acontecer. Vejo-o pelos meus olhos e coração, claro, mas acho que a minha mãe também anda aqui pelos meus olhos e coração, vendo tudo e mandando um monte de energia boa.

Caramba, que bom é estar aqui neste dia.

Queria tanto que as outras também estivessem.

1 comentário:

gralha disse...

Faz toda a diferença, isto de nascer e crescer numa familia de grandes mulheres :)