sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

O dia seguinte

Abrir os olhos e ter esperança de que tudo não tenha passado de um sonho mau. Que o universo vai restabecer a ordem assim que perceber que fez merda e vai carregar no Rewind, só.naquela.vez. Como quando vemos várias vezes aquele filme com o final dilacerante, torcendo para que acabe de outra forma?

 O grande amor da adolescência não acabou o namoro por carta. O pequeno amor da vida adulta não resolveu que tinha dúvidas. A mãe não está doente. A mãe não está mais doente ainda. A mãe não morreu.

Mas não há rewind nenhum, e descontruímo-nos e reconstruímo-nos sempre, com peças novas e velhas, às vezes mais peças velhas do que desejaríamos, uma data de cicatrizes mal fechadas, um saco de traumas e memórias. Até que um dia acordamos e vemos que voltámos a ser felizes, porque não sabemos caminhar noutra direção. Acho que boa parte do instinto de sobrevivência é caminhar para um default de tranquilidade e felicidade, aos trambolhões.

Há que confiar nisso da próxima vez que acordarmos para um pesadelo.

3 comentários:

dona da mota disse...

Vou colar isto nas cabeceiras dos meus filhos. :)

Amigo Imaginário disse...

Parabéns por teres conseguido chegar a esse estado, Mel. Talvez um dia, talvez um dia...

gralha disse...

É verdade, às vezes temos só de continuar a andar. Mesmo que haja muitos dias em que andamos e dói, andamos e dói, até doer menos.