Abrir os olhos e ter esperança de que tudo não tenha passado de um sonho mau. Que o universo vai restabecer a ordem assim que perceber que fez merda e vai carregar no Rewind, só.naquela.vez. Como quando vemos várias vezes aquele filme com o final dilacerante, torcendo para que acabe de outra forma?
O grande amor da adolescência não acabou o namoro por carta. O pequeno amor da vida adulta não resolveu que tinha dúvidas. A mãe não está doente. A mãe não está mais doente ainda. A mãe não morreu.
Mas não há rewind nenhum, e descontruímo-nos e reconstruímo-nos sempre, com peças novas e velhas, às vezes mais peças velhas do que desejaríamos, uma data de cicatrizes mal fechadas, um saco de traumas e memórias. Até que um dia acordamos e vemos que voltámos a ser felizes, porque não sabemos caminhar noutra direção. Acho que boa parte do instinto de sobrevivência é caminhar para um default de tranquilidade e felicidade, aos trambolhões.
Há que confiar nisso da próxima vez que acordarmos para um pesadelo.
3 comentários:
Vou colar isto nas cabeceiras dos meus filhos. :)
Parabéns por teres conseguido chegar a esse estado, Mel. Talvez um dia, talvez um dia...
É verdade, às vezes temos só de continuar a andar. Mesmo que haja muitos dias em que andamos e dói, andamos e dói, até doer menos.
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