E o nosso videoclube, programa quase certo dos fins de tarde de sexta-feira, vai fechar. As discussões com o Hugo sobre se levamos o filme-cabeça dele ou a minha comédia romântica, o impedir que o Gabriel tire todos os DVD infantis do sítio, o calcular que filmes e quantos dias tínhamos para aproveitar as promoções... Hoje, a viagem de volta do videoclube até casa foi feita em silêncio.
Nós dissemos bravamente que nunca alugaremos nenhum filme na ZON, mas claro que não é assim. Claro que alugaremos, porque não há opção. Mas não deixamos de lamentar que cada vez mais as coisas que nos tiram de casa se vão apagando. Estamos, lentamente, a ficar sem opções de consumo fora de casa (ou dos telemóveis). Não duvido que ontem foram as pequenas livrarias e lojinhas, hoje foi o meu videoclube e amanhã será a Fnac. Para quê uma Fnac física quando ela pode estar no nosso sofá?
Não tenho nada mais além de um chorrilho de clichés para disparar, por isso, fico por aqui, de luto pelo videoclube, que foi uma coisa que vi nascer e morrer em 30 anos (os primeiros chegaram tarde à minha cidade).
Vai fazer-nos muita falta.
terça-feira, 31 de julho de 2012
Crónicas do Encolhimento - constatando
Pode haver um momento na vida em que, obcecadas com o peso, passamos a definir o nosso valor por ele. Não é nada muito objetivo, nada muito elaborado - daí o perigo. É uma noção que se vai instalando, silenciosa e maligna. E aí encontramos amigos que não víamos desde que éramos "magras", coisa de dez, quinze anos, e apressamo-nos a explicar o porquê de estarmos gordas antes de perguntar como eles estão. Podemos evitar a todo custo encontros com quem ainda não nos viu neste peso, gente do passado que já nos foi muito querida. Pode haver um momento em que estamos sempre a explicar porque estamos a comer o que estamos a comer, seja o que for, para quem quer que seja. Podemos ver-nos como a Gorda, a indulgente que se deixou chegar até aquele ponto sabe lá Deus porquê, mas, se ela permitiu que isso lhe acontecesse é porque não merece amor, mesmo.
E aí pode haver um dia em que decidimos emagrecer, e a coisa corre bem, e vamos ter a vida com que sonhámos há anos, boosts de autoestima e amor do próximo. Quem está perto sabe o que aquilo significa para nós e comemora junto, ficam felizes pela nossa conquista.
Mas o que me intriga não são esses que estão por perto. Intriga-me os que estão um pouco mais distantes. Porque eu, com o acorrentamento da noção de valor próprio ao peso já em estado avançado, achava que, para onde eu fosse, fogos de artifício me seguiriam e todos diriam uau, uau, uau. Mas não, não é assim. Pessoas um pouco mais distantes - amigos ainda, família - olham para mim e dizem: estás mais magra. E eu, a tentar dissimular a grandiosidade daquilo, murmuro um falso modesto sim, quase vinte quilos. E eles: nota-se. E pronto, muda-se a conversa para algo mais interessante, deixando-me ali com os fogos por atirar.
E ontem bateu.
Eles não viam o peso. Eles já gostavam de mim, caramba. Queriam lá saber da porra do peso.
* E sobre isto, a bela Joaníssima escreveu um post fabuloso há uns tempos, o melhor de sempre. Pena que eu estava demasiada cega pela banha para entender aquilo. Ei-lo.
E aí pode haver um dia em que decidimos emagrecer, e a coisa corre bem, e vamos ter a vida com que sonhámos há anos, boosts de autoestima e amor do próximo. Quem está perto sabe o que aquilo significa para nós e comemora junto, ficam felizes pela nossa conquista.
Mas o que me intriga não são esses que estão por perto. Intriga-me os que estão um pouco mais distantes. Porque eu, com o acorrentamento da noção de valor próprio ao peso já em estado avançado, achava que, para onde eu fosse, fogos de artifício me seguiriam e todos diriam uau, uau, uau. Mas não, não é assim. Pessoas um pouco mais distantes - amigos ainda, família - olham para mim e dizem: estás mais magra. E eu, a tentar dissimular a grandiosidade daquilo, murmuro um falso modesto sim, quase vinte quilos. E eles: nota-se. E pronto, muda-se a conversa para algo mais interessante, deixando-me ali com os fogos por atirar.
E ontem bateu.
Eles não viam o peso. Eles já gostavam de mim, caramba. Queriam lá saber da porra do peso.
* E sobre isto, a bela Joaníssima escreveu um post fabuloso há uns tempos, o melhor de sempre. Pena que eu estava demasiada cega pela banha para entender aquilo. Ei-lo.
segunda-feira, 30 de julho de 2012
Sentimentos fake
Odeio músicos que ainda acham que, para terem alguma validação artística, é preciso compor em inglês. Nunca entendi bem a opção - arte é sentimento, e nós sentimos na nossa língua materna. Será que essa gente toda é bilingue? Duvido um bocadinho. Isso para não falar que, sentindo noutra língua, esses compositores parecem nunca sair dos cinco anos de idade (I'm Ok, I'm alright.../I cry every day I cry every night...)
Então quando enfiam lá uns sotaquezinhos jamaicanos, sulistas e outros, meu Deus, dá-me uma vontade doida de desatar aos murros ao rádio do carro. Que triste, que imperialista, que básico, que feio, e sim, também vale para o todo-poderoso David Fonseca, que eu adoraria ouvir cantar em tuga uma vez que fosse.
Faz-me lembrar Língua, de Caetano, que diz "está provado que só é possível filosofar em alemão".
Então quando enfiam lá uns sotaquezinhos jamaicanos, sulistas e outros, meu Deus, dá-me uma vontade doida de desatar aos murros ao rádio do carro. Que triste, que imperialista, que básico, que feio, e sim, também vale para o todo-poderoso David Fonseca, que eu adoraria ouvir cantar em tuga uma vez que fosse.
Faz-me lembrar Língua, de Caetano, que diz "está provado que só é possível filosofar em alemão".
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Nada contra, mas estranho
Posts publicitários/com passatempos em blogs. Porra, se podem ganhar prendas, força - um blog pink é a modos que uma revista pink, e revistas pink trazem anúncios desde sempre. Não vejo aí falta de ética nem nada que se lhe pareça.
Agora quem leria uma revista só com anúncios? É que, palavra, num desses dias de procrastinação intensa, deparei-me com um superfamoso, com nome de saia muito curta, e percorri, se não me engano, 32 posts até encontrar um sem referência a marcas. E disseram-me que é dos mais lidos que por aí anda. 32... Acho que estou a ser generosa. Passava páginas e páginas daquilo e era só Garnier, Boticário, HM, diabo a sete.
Tudo bem, quer dizer. Se é dos mais lidos, é porque a malta até leria uma revista só com anúncios, portanto a blogger está no bom caminho. Mas é só a mim que isso parece incrível? Qual é o interesse, caramba?
Ainda se fossem os anúncios da Vanity Fair.
Agora quem leria uma revista só com anúncios? É que, palavra, num desses dias de procrastinação intensa, deparei-me com um superfamoso, com nome de saia muito curta, e percorri, se não me engano, 32 posts até encontrar um sem referência a marcas. E disseram-me que é dos mais lidos que por aí anda. 32... Acho que estou a ser generosa. Passava páginas e páginas daquilo e era só Garnier, Boticário, HM, diabo a sete.
Tudo bem, quer dizer. Se é dos mais lidos, é porque a malta até leria uma revista só com anúncios, portanto a blogger está no bom caminho. Mas é só a mim que isso parece incrível? Qual é o interesse, caramba?
Ainda se fossem os anúncios da Vanity Fair.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Crónicas do Encolhimento e da Vida - uma curtíssima repetida, repetida e não aprendida
Procrastinação === ansiedade ==== fome emocional, a que engorda.
Curtíssima a desenvolver
Ando preocupada com a escola primária do Gabriel. Sim, ainda faltam alguns anos, mas já estou preocupada. Não sei o que quero, mas tenho a certeza do que NÃO quero, e o que não quero parece ser a faixa dominante.
Acabo indo para o meio do mato.
Acabo indo para o meio do mato.
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Tá bem, não podemos trocar de vida com ninguém, mas não seria ao menos justo que pudéssemos ceder-nos durante algum tempo a quem precise de alívio? Poder habitar o outro e o outro, a nós, para que ele, sofredor, descansasse um pouco. Assim como as mães fazem às filhas que tiveram bebé - fico-te com o embrulhinho para dormires um bocado.
Quem leu o excelente The Lovely Bones (cá acho que é "Visto do Céu") sabe do que falo: a amiga empresta o corpo a(o espírito da) Susie para que esta experimente o amor, o beijo, o sexo. Durante um poucochinho de nada, e Susie dá a sua existência por feliz.
Seria uma evolução fixe para a espécie humana, em vez de perdermos o dedo mindinho.
Quem leu o excelente The Lovely Bones (cá acho que é "Visto do Céu") sabe do que falo: a amiga empresta o corpo a(o espírito da) Susie para que esta experimente o amor, o beijo, o sexo. Durante um poucochinho de nada, e Susie dá a sua existência por feliz.
Seria uma evolução fixe para a espécie humana, em vez de perdermos o dedo mindinho.
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Canção do exílio
Estou neste país há 23 anos, há 2/3 da minha vida toda. Sou portuguesa quase o tempo todo, em tudo. A minha maneira de ver a vida, as minhas posições, o meu humor, os meus defeitos são portugueses. O meu pai e irmão são muito mais portugueses do que brasileiros. Casa é Portugal, somos de cá, embora não sejamos percebidos como tal na maioria das vezes, mas isso seria outro post.
O que quero dizer é que, sendo portuguesa quase o tempo todo, tenho um passado nordestino e um coração nordestino, muito nordestino. Acho que o meu filho é nordestino, tem cara de menino de Icapuí. As minhas vogais abrem muito quando estou com a minha família. É uma região sofrida e as suas histórias são de sangue, dor e suor, e acho que até na minha costela gótica sou nordestina.
Caetano Veloso compôs Transa no exílio, e Transa traz "It's a Long Way", canção que ouço desde a minha adolescência. Gostava, primeiro, porque falava dos Beatles. Depois, gostava da frase "say, brothers", achava-a desesperada e bonita (e ainda acho). "We're not that strong, my Lord, you know we ain't that strong" é carregada de humildade nordestina. O meu fascínio por "It's a Long Way" ficava-se sempre pelo mote e cagava um bocado nas glosas, trechos de baiões antigos que se vão costurando ali com a lenga-lenga de "it's a long, long, long way".
Acabei de dizer ao meu irmão que It's a Long Way muda de sentido a cada dois ou três anos, para mim. E mudou outra vez, porque agora o baião que se ouve lá pelo meio faz todo o sentido. It's a Long Way. Long, long, long way (no meu caso, back). A long, long way entre Londres e o sertão da Bahia, a long, long way entre Lisboa e Fortaleza.
Já tinha escrito sobre esta canção, antes, acho eu. Que pena não usar tags para me lembrar de como a ouvia há dois anos.
O que quero dizer é que, sendo portuguesa quase o tempo todo, tenho um passado nordestino e um coração nordestino, muito nordestino. Acho que o meu filho é nordestino, tem cara de menino de Icapuí. As minhas vogais abrem muito quando estou com a minha família. É uma região sofrida e as suas histórias são de sangue, dor e suor, e acho que até na minha costela gótica sou nordestina.
Caetano Veloso compôs Transa no exílio, e Transa traz "It's a Long Way", canção que ouço desde a minha adolescência. Gostava, primeiro, porque falava dos Beatles. Depois, gostava da frase "say, brothers", achava-a desesperada e bonita (e ainda acho). "We're not that strong, my Lord, you know we ain't that strong" é carregada de humildade nordestina. O meu fascínio por "It's a Long Way" ficava-se sempre pelo mote e cagava um bocado nas glosas, trechos de baiões antigos que se vão costurando ali com a lenga-lenga de "it's a long, long, long way".
Acabei de dizer ao meu irmão que It's a Long Way muda de sentido a cada dois ou três anos, para mim. E mudou outra vez, porque agora o baião que se ouve lá pelo meio faz todo o sentido. It's a Long Way. Long, long, long way (no meu caso, back). A long, long way entre Londres e o sertão da Bahia, a long, long way entre Lisboa e Fortaleza.
Já tinha escrito sobre esta canção, antes, acho eu. Que pena não usar tags para me lembrar de como a ouvia há dois anos.
terça-feira, 17 de julho de 2012
A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte*
Acho que nunca o disse em voz alta, mas os nossos fins de semana são fantásticos. Não somos nada caseiros, gostamos é de passear e tenho um talento natural para encontrar coisas interessantes - e gratuitas - para se fazer. Pelos nossos álbuns de fotografias, ninguém diz com quanto se vive nesta casa: estamos sempre no meio do mundo, em sítios muito bonitos (a maioria num raio de poucos quilómetros de casa).
Estico bem o dinheiro, tive - e abandonei, como tudo - um blog de vida a baixo custo. Sempre fui assim, baratucha e meio forreta, houvesse ou não necessidade. Acho que boa gestão de recursos é uma questão de bom senso, e não de condição financeira.
Mas, seis leitores, no dia em que me virem confundir boa gestão de recursos com conformismo e gabar a falta de dinheiro como virtude, parem-me na rua e dêem-me dois estalos para me lembrar de que merecemos o máximo pelo nosso tempo e o nosso esforço, e que há mais fomes e mais sedes do que de comida e água. Que ninguém devia precisar de ser criativo.
Divirto-me horrores na na minha própria cidade, mas Deus, não me faças esquecer de que também mereço Nova Iorque.
*"Comida", dos Titãs - claro. É do tempo da nossa crise (brasileira - sim, já vou na segunda), mas a malta desta crise devia ouvi-la em loop.
Estico bem o dinheiro, tive - e abandonei, como tudo - um blog de vida a baixo custo. Sempre fui assim, baratucha e meio forreta, houvesse ou não necessidade. Acho que boa gestão de recursos é uma questão de bom senso, e não de condição financeira.
Mas, seis leitores, no dia em que me virem confundir boa gestão de recursos com conformismo e gabar a falta de dinheiro como virtude, parem-me na rua e dêem-me dois estalos para me lembrar de que merecemos o máximo pelo nosso tempo e o nosso esforço, e que há mais fomes e mais sedes do que de comida e água. Que ninguém devia precisar de ser criativo.
Divirto-me horrores na na minha própria cidade, mas Deus, não me faças esquecer de que também mereço Nova Iorque.
*"Comida", dos Titãs - claro. É do tempo da nossa crise (brasileira - sim, já vou na segunda), mas a malta desta crise devia ouvi-la em loop.
33% de férias
É trabalhar durante o dia e, ao fim da tarde, ir buscar o Hugo aos comboios e passar uma horinha na praia, comer um minimilk nos puffs da esplanada nova, jantar ovos com salsicha, ver filmes à noite com a janela aberta.
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Crónicas do Encolhimento e Crónicas da Mono, Doença de Galdérias em simultâneo
Emagreci mais um quilo, mas acho que foi a dona Monô que fez isso, e não eu.
Memórias completas
Ontem fomos passear de comboio, fomos até Cascais. Já não fazíamos esse trecho praticamente desde 2007, quando saímos do Monte Estoril, onde eu vivia com a minha mãe e, depois, os primeiros anos com o Hugo.
A estação do Monte Estoril é a mais bonita da linha. Para quem não conhece, fica mesmo à beira-mar, num cantinho escondido e já tentaram fechá-la várias vezes, sem sucesso. O Hugo murmura para mim:
- Isto é tão lindo, que saudades tenho eu de sair do comboio aqui.
E eu pus-me a pensar no tempo em que também saía ali, e lembrava-me de gostar de estar à beira do mar um bocadinho todos os dias. Mas, de alguma forma, não era uma memória boa. Vinha carregada do cheiro do mar, sim, da música que eu ouvia, dessas coisas todas, mas também de dor. Há uma dor impregnada naquela estação e em todo o Monte Estoril, por mais momentos felizes que tenha lá vivido (e vivi).
E essa sensação explicou-me o porquê de eu não conseguir acompanhar o meu pai, irmão e amigos quando se riem de episódios da vida da mamãe. As minhas memórias são grandes blocos que compactam uma série de sentimentos e sensações. São uns blocos multipolares em que há uma tónica predominante. No caso do Monte, a tónica não é fixe.
Felizmente, tenho outros blocos.
Até voltar a escrever de peito aberto sobre a minha mãe no blog, que era algo que me fazia imenso bem mas que alguém me tirou há uns tempos, tem uma tónica dominante - reparei agora. Deixou de me fazer um bem imenso. Espero que quem me tenha tirado isso esteja satisfeita.
Update: tónica predominante é megapleonasmo, né? Argh, será que depois de velha vou começar a usar essas muletas para escrever?
A estação do Monte Estoril é a mais bonita da linha. Para quem não conhece, fica mesmo à beira-mar, num cantinho escondido e já tentaram fechá-la várias vezes, sem sucesso. O Hugo murmura para mim:
- Isto é tão lindo, que saudades tenho eu de sair do comboio aqui.
E eu pus-me a pensar no tempo em que também saía ali, e lembrava-me de gostar de estar à beira do mar um bocadinho todos os dias. Mas, de alguma forma, não era uma memória boa. Vinha carregada do cheiro do mar, sim, da música que eu ouvia, dessas coisas todas, mas também de dor. Há uma dor impregnada naquela estação e em todo o Monte Estoril, por mais momentos felizes que tenha lá vivido (e vivi).
E essa sensação explicou-me o porquê de eu não conseguir acompanhar o meu pai, irmão e amigos quando se riem de episódios da vida da mamãe. As minhas memórias são grandes blocos que compactam uma série de sentimentos e sensações. São uns blocos multipolares em que há uma tónica predominante. No caso do Monte, a tónica não é fixe.
Felizmente, tenho outros blocos.
Até voltar a escrever de peito aberto sobre a minha mãe no blog, que era algo que me fazia imenso bem mas que alguém me tirou há uns tempos, tem uma tónica dominante - reparei agora. Deixou de me fazer um bem imenso. Espero que quem me tenha tirado isso esteja satisfeita.
Update: tónica predominante é megapleonasmo, né? Argh, será que depois de velha vou começar a usar essas muletas para escrever?
domingo, 15 de julho de 2012
O Hugo foi ver os Radiohead e eu estou
A) Numa explosão de energia criativa a pôr o filme cá para fora e está a sair ainda mais oscarizável do que o que se previa, que era bastante;
B) A adiantar trabalho louca e diligentemente, com uma qualidade ímpar visto estar sozinha e sem interrupções em casa, poupando, assim, algumas horas durante a semana para me dedicar à escrita do filme;
C) No Facebook.
B) A adiantar trabalho louca e diligentemente, com uma qualidade ímpar visto estar sozinha e sem interrupções em casa, poupando, assim, algumas horas durante a semana para me dedicar à escrita do filme;
C) No Facebook.
sábado, 14 de julho de 2012
Crónicas da Mono, Doença de Galdérias - Tomo IV
Do equilíbrio do Universo: a cada drama-queen deste mundo, o seu drama-free king.
A garganta melhorou consideravelmente, mas ainda me encosto pelos cantos de cansaço.
E o apetite desapareceu, tornando a Mono, ou Monô, como me habituei a chamar-lhe - a melhor diet buddy do mundo, totalmente sem julgamentos nem cobranças nem enchimentos de saco. Eu engulo, ela faz doer. Tão simples quanto isso.
E nada de exantemas, mas continuo a aguardar.
A garganta melhorou consideravelmente, mas ainda me encosto pelos cantos de cansaço.
E o apetite desapareceu, tornando a Mono, ou Monô, como me habituei a chamar-lhe - a melhor diet buddy do mundo, totalmente sem julgamentos nem cobranças nem enchimentos de saco. Eu engulo, ela faz doer. Tão simples quanto isso.
E nada de exantemas, mas continuo a aguardar.
Crónicas da Mono, Doença de Galdérias - Tomo III
Nada de exantema. Nenhuminho. Nada. Zero. Nicles.
Que belo 100% de ocorrências. Uma pessoa aqui à espera de explodir em padrão encarnado, nervosa e expectante. Será que ocorrerá em público? Será que ocorrerá durante a noite e dou por ela de manhã, à Kafka?
Que belo 100% de ocorrências.
O médico que li na net deve ter tirado uma licenciatura à Relvas.
(Pronto, como o resto do mundo blogueiro, já fiz a minha minipiada alusiva)
Que belo 100% de ocorrências. Uma pessoa aqui à espera de explodir em padrão encarnado, nervosa e expectante. Será que ocorrerá em público? Será que ocorrerá durante a noite e dou por ela de manhã, à Kafka?
Que belo 100% de ocorrências.
O médico que li na net deve ter tirado uma licenciatura à Relvas.
(Pronto, como o resto do mundo blogueiro, já fiz a minha minipiada alusiva)
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Habitar o presente
É aceitar o descanso e não ficar a pensar continuamente o tempo que se está a desperdiçar (JÁ IA A MEIO DO FILME!), porque não é desperdício de tempo, é investimento na recuperação e de qualquer forma é inevitável, mesmo - o sono é avassalador.
É não dar luta ao sono à noite por causa das dores - dorme-se como der, aliviam-se as dores como der. Já tive um recém-nascido e o esquema a seguir é igual, mas sem nada da fofura. Não interessa, é o meu presente e há que habitar o presente.
É saber que daqui a uns dias estarei com energia para ter cá o Gabriel outra vez em vez de estar sempre na creche, misturado ao filme e às traduções. Será o presente daqui a uns dias, e uma rapariga pode ter fé.
É não dar luta ao sono à noite por causa das dores - dorme-se como der, aliviam-se as dores como der. Já tive um recém-nascido e o esquema a seguir é igual, mas sem nada da fofura. Não interessa, é o meu presente e há que habitar o presente.
É saber que daqui a uns dias estarei com energia para ter cá o Gabriel outra vez em vez de estar sempre na creche, misturado ao filme e às traduções. Será o presente daqui a uns dias, e uma rapariga pode ter fé.
Crónicas da Mono, Doença de Galdérias - Tomo II
Dois 100% da mononucleose que (ainda) não cumpri: febre e exantemas por causa de uso indevido de amoxilina.
Febre é coisa que a minha família não tem. Papai, no auge duma malária há uns meses, chegou a uns míseros 38 e quase delira. Eu, volta e meia, diz-me o Hugo, apareço toda suada, como se vencesse a febre antes de ela se manifestar.
Somos uns bichos ruins, portanto.
Já sobre o exantema, aguardo-o com ansiedade. Eu TRIPO com coisas de pele. Não posso ver uma borbulhita no braço que fico completamente obcecada. Ontem, às quatro da manhã, entrei numas de que já tinha o corpo todo cheio de manchas roxas enormes e corri para a casa de banho, ver-me ao espelho. Mas não era nada, era apenas privação de sono.
E assim vamos, eu e a minha saliva tóxica.
Febre é coisa que a minha família não tem. Papai, no auge duma malária há uns meses, chegou a uns míseros 38 e quase delira. Eu, volta e meia, diz-me o Hugo, apareço toda suada, como se vencesse a febre antes de ela se manifestar.
Somos uns bichos ruins, portanto.
Já sobre o exantema, aguardo-o com ansiedade. Eu TRIPO com coisas de pele. Não posso ver uma borbulhita no braço que fico completamente obcecada. Ontem, às quatro da manhã, entrei numas de que já tinha o corpo todo cheio de manchas roxas enormes e corri para a casa de banho, ver-me ao espelho. Mas não era nada, era apenas privação de sono.
E assim vamos, eu e a minha saliva tóxica.
Crónicas da Mono, Doença de Galdérias - Tomo I
Depois de cerca de dez dias com dores de garganta e nem sinal de o antibiótico fazer efeito, fiz exames e diagnosticaram-me mononucleose. Pela descrição do modo de contágio, só posso ter apanhado do meu filho, o que me alivia muito, pois a ele já não volto a passar.
Para já, explica que me sinta mal há coisa de um mês e já ter considerado fazer um TAC a tudo à procura do que havia de errado. Isto, de certa forma, é outro alívio.
A parte do demónio: não dormir com medo das dores de garganta. Explico: quando a garganta seca, dói mesmo muito mais. Estou nisto há muitos dias e, embora tenha incrementado a medicação hoje, estou com pouca fé. Não durmo.
Li também que a amoxilina, que é o que eu andava a tomar, causa exantema em 90-100% dos casos de mononucleose, ou seja, além de ter a garganta num ponto que me deixa em estado de alerta, estou à espera de rebentar em manchas a qualquer momento.
E assim estou eu, no dia 1 do diagnóstico monal.
Se já me achavam introspetiva e existencialista antes, é porque ainda não me viram doente.
Para já, explica que me sinta mal há coisa de um mês e já ter considerado fazer um TAC a tudo à procura do que havia de errado. Isto, de certa forma, é outro alívio.
A parte do demónio: não dormir com medo das dores de garganta. Explico: quando a garganta seca, dói mesmo muito mais. Estou nisto há muitos dias e, embora tenha incrementado a medicação hoje, estou com pouca fé. Não durmo.
Li também que a amoxilina, que é o que eu andava a tomar, causa exantema em 90-100% dos casos de mononucleose, ou seja, além de ter a garganta num ponto que me deixa em estado de alerta, estou à espera de rebentar em manchas a qualquer momento.
E assim estou eu, no dia 1 do diagnóstico monal.
Se já me achavam introspetiva e existencialista antes, é porque ainda não me viram doente.
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Crónicas do Encolhimento - os dezassete
CHEGUEI! CHEGUEEEEI!!!
Bendita amigdalite fulminante!
Daqui não saio (para cima), daqui ninguém me tira!
Daqui não saio (para cima), daqui ninguém me tira!
Bendita amigdalite fulminante!
Daqui não saio (para cima), daqui ninguém me tira!
Daqui não saio (para cima), daqui ninguém me tira!
terça-feira, 10 de julho de 2012
Saber sofrer
Sofrer é humano, é alto, é ÚTIL, acima de tudo. Saber sofrer exige uma coragem inacreditável, uma capacidade de aceitação gigantesca e a fé de que o buraco não nos vai engolir. Queria e invejo muito as pessoas com capacidade de se entregar à dor pelo tempo que ela exige, porque não há outra forma de a fazer ir embora - a dor tem e merece ser vivida, como todas as nossas emoções, e em nome do bom-resolvidismo que tanto está na moda. Saber sofrer é, acima de tudo, ter força.
Tudo faz parte.
Tudo é património.
Tudo é bom, no fim, tudo somos nós.
Tudo faz parte.
Tudo é património.
Tudo é bom, no fim, tudo somos nós.
domingo, 8 de julho de 2012
quinta-feira, 5 de julho de 2012
dramarama patriótico
Detesto o "nação valente e imortal" e detesto o "este país é uma merda, a maior e mais abjeta pilha de merda parida pela Criação". Acho que se devia ultrapassar toda a coisa do serem os fodões do século XVI e os fodidos do XXI, é tudo muito dramático (mas e daí estamos no país dos dramáticos). Menos, por favor.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Melissa, a domingueira
Não tem jeito. O meu irmão bem me ofereceu um pack com três moleskines - e eu AMEI, AMEI - para, em seguida, guardá-los em segurança à espera de algo que seja digno das suas linhas. Entretanto, uso sebentas laranjas, tenho várias sebentas espalhadas pela casa, carro e mala, todas com ideias para o filme que escrevo eternamente, contas, menus semanais e rabiscos do Gabriel.
Tenho mesmo muitas sebentas rabiscadas e três moleskines dentro da embalagem.
O mesmo passa-se com roupa, comida, com tudo, na verdade. Tenho a mentalidade de antigamente em que se comia maçã quando se estava doente (e elas vinham embrulhadas em papel cor-de-rosa individualmente) e bebia-se guaraná em dia de festa. Tenho a minha "roupa de sair" há anos intocada, bem como a maquilhagem "boa", os sapatos "bons". Claro que tudo acaba por virar tralha, porque o domingo especial nunca chega - ou são todos e eu não me apercebo.
Já o Hugo é o contrário: usa roupa nova para pijama e moleskine, para ele, é o caderno do dia-a-dia. Morro MUITO com isso.
Tenho mesmo muitas sebentas rabiscadas e três moleskines dentro da embalagem.
O mesmo passa-se com roupa, comida, com tudo, na verdade. Tenho a mentalidade de antigamente em que se comia maçã quando se estava doente (e elas vinham embrulhadas em papel cor-de-rosa individualmente) e bebia-se guaraná em dia de festa. Tenho a minha "roupa de sair" há anos intocada, bem como a maquilhagem "boa", os sapatos "bons". Claro que tudo acaba por virar tralha, porque o domingo especial nunca chega - ou são todos e eu não me apercebo.
Já o Hugo é o contrário: usa roupa nova para pijama e moleskine, para ele, é o caderno do dia-a-dia. Morro MUITO com isso.
terça-feira, 3 de julho de 2012
Mais sobre FOMO - Detox Digital
Vi isto no excelente Don't Touch My Moleskine - link ao lado - e adorei, vou acompanhar.
Sinto que estou prestes a iniciar algo semelhante.
Um passo de cada vez - assim, tem corrido bem.
Sinto que estou prestes a iniciar algo semelhante.
Um passo de cada vez - assim, tem corrido bem.
segunda-feira, 2 de julho de 2012
Ouvir
Uma qualidade que eu gostava de ter: a de ouvir calmamente um desabafo sem dar mil e uma sugestões, entrando com as tamancas pela vida da pessoa adentro.
Não consigo.
Quando vêm falar comigo, tenho sempre a tendência a achar que a pessoa precisa de "aconselhamento", o que é idiota. Quase ninguém precisa de aconselhamento, a maioria das pessoas precisa é de ombro e empatia, e não de soluções que são sempre fáceis quando o assunto é a vida dos outros.
Acho que é mais uma coisa que vai para a categoria do não tolerar o presente quando o presente é uma incógnita ou um problema ou um incómodo, coisas que requerem ação erradicadora (???) imediata.
Nesta altura do campeonato, começo a achar que um bom ouvinte é um ouvinte calmo.
Conheço pouquíssimos bons ouvintes.
Não consigo.
Quando vêm falar comigo, tenho sempre a tendência a achar que a pessoa precisa de "aconselhamento", o que é idiota. Quase ninguém precisa de aconselhamento, a maioria das pessoas precisa é de ombro e empatia, e não de soluções que são sempre fáceis quando o assunto é a vida dos outros.
Acho que é mais uma coisa que vai para a categoria do não tolerar o presente quando o presente é uma incógnita ou um problema ou um incómodo, coisas que requerem ação erradicadora (???) imediata.
Nesta altura do campeonato, começo a achar que um bom ouvinte é um ouvinte calmo.
Conheço pouquíssimos bons ouvintes.
domingo, 1 de julho de 2012
Crónicas do Encolhimento - o Prémio
Há coisa de um ou dois anos escrevi um post sobre como era estar para mim num provador. Quando precisava de roupa, começava a stressar-me dois dias antes.Tenho estratégias inimagináveis para não olhar para o espelho das cabines.
Mas caneco, não dava para adiar, ando literalmente com sacos de batatas atados à cintura, e lá fomos nós às compras. Disse ao Hugo para se afastar e tal, que aquilo costumava ser horroroso para mim, não queria palpites, só queria que fosse rápido e indolor. Escolhi umas calças ao calhas num outlet, sem olhar para os tamanhos e lá fui eu para o provador.
Vesti as primeiras de costas para o espelho, como sempre e... CARAMBA. UAAAU.
Naaaa.
Não sou eu.
Pego no telemóvel e toca a ligar para o Hugo. Vem para o provador imediatamente.
Lá chega ele e eu olho-o incrédula do corredor.
"Ficam-te bem", diz o Hugo.
Eu diminui quatro números de roupa. As calças não só serviam, como ficavam BEM. Não experimentei mais nenhuma, aquelas eram as minhas calças com numeração já fora do plus size, e fiz a dança das calças, baby, dança das calças perfeitas.
(Ainda falta um cadinho assim, um quilo, para ficarem mesmo perfeitas, mas que se lixe).
Estou a fazer a dança das calças perfeitas até agora.
Pensei: tudo naquela seção custa para cima de 70 eur, com 50% fica a 35, que se efe, já fiz a dança das calças perfeitas e elas são minhas.
Custaram 12 euros :)
Mas caneco, não dava para adiar, ando literalmente com sacos de batatas atados à cintura, e lá fomos nós às compras. Disse ao Hugo para se afastar e tal, que aquilo costumava ser horroroso para mim, não queria palpites, só queria que fosse rápido e indolor. Escolhi umas calças ao calhas num outlet, sem olhar para os tamanhos e lá fui eu para o provador.
Vesti as primeiras de costas para o espelho, como sempre e... CARAMBA. UAAAU.
Naaaa.
Não sou eu.
Pego no telemóvel e toca a ligar para o Hugo. Vem para o provador imediatamente.
Lá chega ele e eu olho-o incrédula do corredor.
"Ficam-te bem", diz o Hugo.
Eu diminui quatro números de roupa. As calças não só serviam, como ficavam BEM. Não experimentei mais nenhuma, aquelas eram as minhas calças com numeração já fora do plus size, e fiz a dança das calças, baby, dança das calças perfeitas.
(Ainda falta um cadinho assim, um quilo, para ficarem mesmo perfeitas, mas que se lixe).
Estou a fazer a dança das calças perfeitas até agora.
Pensei: tudo naquela seção custa para cima de 70 eur, com 50% fica a 35, que se efe, já fiz a dança das calças perfeitas e elas são minhas.
Custaram 12 euros :)
Subscrever:
Mensagens (Atom)