quinta-feira, 7 de maio de 2015

Curtíssimas Madrid - I

“If a painting really works down in your heart, you don’t think, ‘oh, I love this picture because it’s universal.’ That’s not the reason anyone loves a piece of art. It’s a secret whisper from an alleyway, Psst, you. Hey kid. Yes you.”
Donna Tartt, The Goldfinch.

Em Paris não foi um quadro, foi uma escultura. Em Madrid, foram duas atrizes numa varanda que me fizeram sentar no banquinho a respirar fundo e a dar-me tempo de as conhecer. Uma confia mais do que a outra. Uma está mais cansada do que a outra. Uma é mais amada do que a outra. Uma protege a outra, que é mais ingénua. Uma já passou por mais coisas que a outra, ou talvez tenham passado por merdas igualmente ruins mas só uma ficou com cicatrizes. 

O Hugo volta de alguns corredores à frente com o Gabriel e eu ainda estou ali a topá-las, a elas, a que já cheguei emocionada pelo Hopper da mesma sala. O Hugo senta-se e eu tento disfarçar o choro, porque foda-se, já choro, choro por milhões de motivos que a Maria e a Annuciata me evocam. Ele não olha para mim, porque sabe que eu tenho vergonha desses acessos imbecis vindos do nada. 

- Queres que as desenhe?


Este é o original, não é a versão do Hugo. :)

3 comentários:

Julia disse...

ó pá, precisamos da versão do Hugo!

gralha disse...

<3

(e adoro a tua noção de "curtíssima")

Carla R. disse...

Que bom emocionarmo-nos assim.
Acontece-me muitas vezes, mas ja nem tenho pudor, deixo as lagrimas ficarem ali a correr na cara.
Que luxo ainda se ter sentimentos.