domingo, 17 de maio de 2015

Dando cabo da minha reputação em três, dois...

Acho que já disse isto há uns tempos: posso duvidar muitas vezes da existência de Deus, mas não tenho nenhuma dúvida da existência de anjos. Eu sei que existem, não sinto que existem; como sei que o meu filho tem olhos castanhos.

Uma pessoa que aborda outra do nada, como se lhe farejasse o desespero, e dá-lhe uma mensagem que só ela é capaz de entender no momento em que ela mais precisava. Vi isto hoje, diante dos meus olhos. Cheguei um pouco tarde e a minha observação foi óbvia: eram duas velhas amigas, uma a consolar outra num momento mau. Mas não; nunca se tinham visto mais gordas na vida, eram perfeitas desconhecidas.  Não havia explicação lógica para aquela comunicação perfeita e antiga. Não precisava de haver. Aquela pessoa materializada do nada trouxe alívio a quem precisava e eu fui testemunha. Tentei explicar porque chorava, mas não foi necessário, porque a pessoa entendeu. Um olhar dela bastou. "Não tentes racionalizar isto", dizia o olhar.

Como há dez anos me tinha acontecido exatamente a mesma coisa - mas a mim, a mensagem era para mim nessa altura -, assenti. Não há necessidade de explicar os recados que aparecem pelo caminho. Às vezes, basta aceitar o amparo que nos surge sabe lá Deus (lá está) de onde. Aceitar e agradecer.

Racionalizar, por vezes, é para fracos.

1 comentário:

gralha disse...

E perceber estas coisas é para pessoas com uma sensibilidade sem pudores, como tu.
(os anjos até mandam recados pela a blogosfera, e tudo)

p.s. Não querendo com isto dizer que eu sou anjo. Não sou. Só se fosse da Victoria's Secret :D