quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Memórias que mudaram de valor

Num carnaval em Olinda, numa kombi com o rádio a dar esta canção (que até hoje adoro) um único passageiro só de calções, sem chinelo, sem carteira, t-shirt, sem nada - a única coisa que ele tinha era o diabo da canção, que cantava a plenos pulmões e dançava como ninguém conseguiria num banco duma kombi. Caramba, era talento. 

Guardei a imagem até há pouco tempo como uma coisa boa - o homem não tinha só talento para dançar sentado, tinha talento para ser feliz sem nada. Os brasileiros pobres são conhecidos por serem felizes sem nada, e reconheço essa capacidade. "Com uma caixinha de fósforos, fazem samba". Achava essa capacidade a coisa mais linda do mundo. Mas deixei de gostar dela. 

Talvez hoje fosse tudo diferente se ela não existisse. 

Mil vezes a capacidade de se enfurecer e se indignar por só ter o Sai da Frente aos berros na kombi de 1981 aos peidos do que transformar aquilo numa festa. 

2 comentários:

gralha disse...

Compreendo. Mas eu batalho no sentido oposto, do não resmungar porque a caixa de fósforos que toco não está perfeitamente afinada.

Anónimo disse...

Bolas, estou num computador sem acentuaçao e sem som. seria aceitavel se nao fosse casada com o informatico do sitio, certo e que ainda nao lhe comuniquei o meu problema...
Vou ouvir depois a musica. Tambem ja pensei no que dizes, tao boa a alegria no matter what mas... e se fossemos a luta?
Isto do positivo ser enublado pela suposta alegria extrema e mesmo uma treta... Quando era mais gorda tambem dizia que as gordas sao mais alegres, bolas, quanto mais emagreço mas feliz e alegre e bem disposta fico!

Um beijinho e um boa ano! A minha meta esta igual a tua: 10 quilos! Bora la!

Sobre o post abaixo: o que tchove(com circunflexo)???