Então fui ouvir o meu dueto preferido sem ser da época, fofo todos os dias:
E fiquei irritada. Caramba, já não há músicas sóbrias, adultas e incrivelmente românticas, ou sou eu que ando a procurar nos sítios errados? Há uns anos, li uma crítica ao maravilhoso O sítio das coisas selvagens (filme, não livro), em que o crítico também padecia da mesma irritação com a música/cinema ditos independentes: mas será que agora temos todos de permanecer numa eterna adolescência, a sermos fofinhos, a encarar os nossos trauminhas de infância e a sermos mais fofinhos ainda na nossa fragilidade? Já não podemos dar uma de Hemingway e meter tudo para dentro e sermos machos, de vez em quando?
Não me entendam mal: acho uma lufada de ar fresco o podermos ser jovens e imaturos e coloridos e fofos, mas já é uma lufada a dar para o longuinha. Ao ler a letra do Frank Loesser (seja quem for) senti a permissão de ser adulta, sem macacadas nem fofices. Uma lufada de ar gelado que apreciei bastante.
Fui reclamar dessas coisas todas ao Hugo, que estava deitado no sofá. Pus as pernas dele em cima das minhas e pus-me a falar e a falar. Ele não concordou com nada. Deve ser porque curte Nick Cave.
5 comentários:
Como "pessoa que resmunga das coisas novas" só posso dizer que acho que há um grave problema de preguiça. O levezinho dá menos trabalho, nem que seja trabalho emocional.
Eu não acho que dê menos trabalho, acho é que as pessoas andam a recusar-se a crescer, preferem chafurdar em infantilidades e tons pastel até mais não.
Eu gosto disso - adorei os tribalistas, por exemplo, adoro a banda do mar, adoro o Wes Anderson de paixão, teria trigémeos dele já -, mas... blablablá. :)
Hei, eu adoro o Wes Anderson de paixão! Mas não acho que seja fluffy. Se calhar sou eu que vejo cenas muito profundas no que é suposto ser simples.
É profundo, sim - e eu não acho que a adolescência seja superficial, nada disso, muito longe disso, mesmo. O Wes Anderson é um dos meus diretores preferidos, mas o tema recorrente é a busca do pai com todas as dores do crescimento. :)
Queria outro tipo de dores sem ser as dores do crescimento - quero as dores da maturidade. Estou velha.
Estou há demasiado tempo numa onda young adult e a cravar, de craving, por uma onda mais Clint Eastwood - mas não encontro a oferta.
Dito isto, repito: o Hugo discorda, mas o Hugo é meio Wes. :)
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