Eu e tu sabemos que estiveste lá o tempo todo. Não doente, que é como eu te lembro melhor, mas saudável, cabelo encaracolado nos ombros, camisola branca com renda na gola, calças pretas, uma sandálias pretas antigas da Redley. Batom vermelho, brincos de pérola, óculos gucci, os preferidos. Conversámos muito enquanto eu estava dentro daquela maquineta. No fim, fizeste-me companhia na sala de espera. O mais estranho de tudo é que em nenhum momento falaste daquilo que nos separa, daquilo por que me condenas. Nem de ti, de onde estavas. Só do momento. E de merdas sem importância nenhuma, que é o que mais falávamos.
Dois dias depois lá estavas na sala de espera outra vez, com a mesma roupa, sem ter marcado nada. Estivemos lá eu, tu, o Hugo e o Gabriel. E lá ficaste quando entrei para a biópsia. E lá estavas quando saí.
Adoro pensar no que o padrinho de casamento diria das minhas alucinações, algo na linha de "o medo deve lançar umas hormonas maradas na corrente sanguínea", e sim, deve ser isso ou algo parecido, mas agradeço tanto tê-las tido. Isto para o caso de teres sido uma alucinação, mãe. Mas, na verdade, qual é a diferença?
PS - é benigno.
4 comentários:
Valente suspiro de alívio.
Respira! vive! aproveita e bebe uns copos!
Mel... doce Mel... li isto ontem e não consegui escrever nada... até porque só me apetecia escrever asneiras e a pessoa tem que manter o nível... Apesar e GRAÇAS A DEUS, do resultado!
Eu sou neta, neta-sobrinha e sobrinha (várias vezes), de ambos os lados da família.
O meu médico diz que é cedo para exames mas eu não acho e tenho mesmo que começar a fazer disgnósticos de prevenção...
Não te conto o que sonhei esta noite, de tanta angústia que "vivi" e que não quero viver realmente... Nossa!!!!
Beijinhos!
Beijinho muito, muito, muito grande, Mel. :)
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