quinta-feira, 31 de maio de 2012

Pairar sobre o mundo - II

... E sabemos que ainda temos um longo caminho pela frente ao ver, no ginásio, um evento exclusivo para mulheres, com aulas de dança, maquilhagem, marcas de lingerie e outras coisas pink e um passarinho quase mudo lá dentro de nós queria muito "poder" ir, com este "poder" absolutamente intransponível na frase, e no segundo seguinte achamos aquilo tudo uma palermice fútil, uma imbecilidade para quem não tem nada na cabeça.

É puro desabafo, não procuro incentivo para ir, porque não vou. Mas quero muito tirar este " queria poder" do meu caminho de vez. Minha nossa, queria mesmo. Um dia conseguirei.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Desabafo meio desconexo em poucos minutos

Se há frase que devia ser eliminada da língua, para mim, é "Deus dá o frio conforme o cobertor". Porque duvido que seja Deus quem dê o frio, em primeiro lugar, e porque não acho que haja pessoas com mais cobertor do que outras - isso para não entrarmos no merecimento, que ninguém veio ao mundo para ser forte, viemos ao mundo para sermos felizes.  Acho que todos nós temos a capacidade de nos erguer à altura dos acontecimentos, se é o que a vida nos exige. Detesto ouvir (e ler) coisas como "admiro a tua coragem, eu não seria capaz do mesmo". Seriam capazes, sim, claro que seriam, simplesmente não tiveram de o ser, que é bastante diferente. Eu também não me imagino em certas situações, porque nós temos essas defesas. Só temos de engrossar o cobertor quando chega o frio, nem um minuto antes.

Digo isto com algumas pessoas em mente. Comecei a escrever este post pensando numa amiga de infância que tem uma filha da idade do meu com um linfoma e, entre tratamentos difíceis, é mãe de outras duas meninas, esposa, enfermeira, mestranda. E o FB dela é cheio de fotos felizes e divertidas. O mundo não acabou MESMO. Nem sequer parou. Ela incorporou o frio na sua vida.  Bem como a minha querida Silvina, a lutar contra um carcinoma neste momento e que, vejam só, viaja, anda de bicicleta, analisa dreads e curtas-metragens românticas, namorisca com o radiologista.

O cobertor delas é igualzinho ao meu e ao vosso.

Todo mundo faz o que pode, o tempo todo. Todos nós trabalhamos no nosso melhor. Todos nós somos capazes de atos heróicos.  Todos nós sobrevivemos.

E ainda a respeito das expetativas e da gestão de tempo

Procrastinar faz mal a todo mundo. A mim, o primeiro efeito secundário de um dia mal cumprido é um cansaço insuperável. Uma impaciência totalmente injusta com o Hugo e o Gabriel. E uma ansiedade que não me deixa respirar bem. É engraçado: se cumpro o dia, devia sentir-me estafada ao fim, mas não - sinto-me sempre cheia de energia e até me dá para ir ao ginásio às 21h, às vezes.

Procrastinar é roubar tempo ao futuro, e a sensação física que me causa é essa mesmo: a de ter perdido qualquer coisa valiosa para um Papão que sou eu mesma. 

Por isso, vou rever em baixo os meus planos diários, a ver se chego com forças ao fim do dia.
Isto, assim, não vai lá.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Reality check nas eXpetativas

Queria conseguir:

- Uma hora por dia para o ginásio.
- Uma hora por dia para escrever.
- Seis horas por dia para trabalhar.

Em cima disso, casa, marido e filho, em ordem inversa.
Parece-me tanto, sinto-me tão cheia de coisas que acabo por não fazer nada. Não vou ao ginásio, trabalho quatro horas e escrever... a cada quinze dias dá-me um vaipe furioso e lá vou eu durante horas (comidas ao trabalho).

Talvez a solução passe por ter planos mais realistas - não segundo a realidade das pessoas muito cheias de direção e organizadas, mas uma realidade mais próxima da minha.

Por outras palavras, devia querer conseguir:

- Três horas semanais para o ginásio.
- Três horas semanais para escrever (uma noite sem net, casa, marido ou filho).
- Seis horas por dia para trabalhar (isso tem mesmo de ser).

Isso, eu conseguiria. 
Se parasse para reorganizar o que espero de mim.

Para acabar numa nota minimamente vitoriosa: noutros tempos, este desespero cíclico levava-me a um pacote de Marylands ou à infalível lata de leite condensado. Hoje, faz-me simplesmente escrever um post e olhar para o monitor.


sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pairar sobre o mundo


Dizem que os gordos usam uma suposta alegria para maquilhar a falta de autoestima. Ora bem, na minha experiência (do que passo e do que vejo), não é tanto uma alegria como uma certa altivez por não estar no mesmo campeonato do comum dos mortais. Afastando-nos da competição que se passa lá em baixo, desde entre as tipas que disputam gajos no ginásio aos assobios dos homens das obras, tudo tão ridículo e pequeno para nós, vamo-nos tornando “livres”, superiores a tudo que se meça em aparência física, apartando-nos convenientemente dos nossos corpos. E quem está à nossa volta normalmente aceita, porque até é agradável ter gente “noutro campeonato” no nosso rol de relações. E falamos com vozes firmes, somos engraçados, todo mundo gosta de nós. Há pouca dúvida, há pouca fraqueza. 

Tudo falso, é claro. Tudo carapaça. 
Diante do espelho é que a verdade aparece.
E se não nos olharmos ao espelho nunca... não precisamos da verdade para nada.

Reflexão vagamente despoletada por este excelente post.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Crónicas do Encolhimento - o de sempre

Stresso-me por estar a perder peso muuuuuito devagar-quase-parando ou cago?
Aceito o meu metabolismo de caracol balzaquiano e sigo em frente, porque mais vale perder devagar do que ganhar depressa?
Ou entro numa dieta doida e começo a tomar termogénicos e vou viver para a passadeira?

Estou profundamente existencialista com a progressão geométrica do abrandamento do meu emagrecimento (ih, caneco). Porque até há um mês era vamos, bora lá, tudo à frente, e agora parece que estou a ser testada pelo deus da reeducação alimentar. E se no primeiro mês de dieta perdi sete quilos, neste último perdi... um. Um nem é perda de peso, é oscilação.

Parece fútil, mas não é. É das maiores empreitadas de sempre na minha vida, esta.
E já devia saber que qualquer caminho tem dessas coisas.
São os cocós no caminho.

E os cocós chamam-se "facadas na dieta", eu sei. Mas o metabolismo de caracol balzaquiano ajuda.

Em construção também (inspirada pela Casaca, my love and polar opposite)

Gosto de ideias novas, gosto de camadas, gosto de leituras. Gosto de ver perspectivas de outras pessoas sobre as coisas mesmo quando eu não as vejo, ou principalmente quando não as vejo. As coisas podem continuar a não me dizer nada, mas pelo menos mudei o ângulo.

Eu ADORO mudar o ângulo.

Gosto de ler críticas seja do que for - mas de cinema, só depois de ver o filme. Deixo que os meus críticos de eleição me sugiram coisas. Às vezes acertam, às vezes não, mas invariavemente aprendo coisas novas com o que escrevem. 

Gosto de versões novas e revisitas. Aquela musiquinha brega que um tipo de heavy metal pegou, mostrando que a canção afinal sempre fora heavy metal. Adoro dizer ao Hugo que qualquer pessoa podia ter feito aquele quadro e ouvi-lo dizer "então porque não fizeram?" - É verdade, e isso devolve-me à Terra e mostra-me que ainda não sei nada de nada. Adorei alguém ter escrito o "Pride, Prejudice and Zombies". 

Adoro interesses novos. Adoro conhecer gente que gosta de coisas para onde eu nunca tenha olhado (excluam-se aqui moda e decoração). Adoro cromos a falar de cromices. Invejo que tem paixões mais duradouras que as minhas. Adoro pensar fora da caixa. E um dia ainda hei-de fazer um workshop de pintura de olhos vendados. Aprendo imensamente com livros, cursos e pessoas. Mudo de ideia com facilidade.

Não sei se foi a morte da minha mãe, que me obrigou a procurar coisas boas (e para mim a superanálise e experiência das coisas é uma coisa boa), ou a maternidade, que me obriga a me espantar com o mundo como se o visse pela primeira vez. De uns anos para cá, ando um bocado do avesso, mas a verdade é que me sinto mais nova de ano para ano. Mais nova e mais entusiasmada com a miríade de coisas fixes que há para ver e fazer, e com a distância tão longa que podemos percorrer. É uma construção boa, feliz e cheia de gente e ideias dentro. 

Acho tudo muito empolgante. Sou muito empolgada.

Ficam de fora doces saudáveis. Não mexo com a minha noção oitocentista do que é um bom doce.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

No canto do cisco, no canto do olho a menina dança


Acabou Chorare é um disco presente nas nossas vidas desde que nasci. Papai e mamãe já ouviam - foram inclusive a um concerto em que tanto a minha mãe como a Baby Consuelo estavam grávidas -, eu cheguei quatro anos depois do lançamento e também me pus a ouvir e o Fernando caiu de amores há uns anos. Vou levar o CD para o carro para apaixonar o Gabriel também.

Das minhas memórias mais remotas é dançar e cantar A Menina Dança aos berros na sala. Nunca soube nem quis saber o que a letra quis dizer, porque o que interessa é a força com que a Baby canta os versos, aos berros, destemida, muito jovem, muito no improviso. Seja o que for, ela vai rasgando em frente.

No canto do cisco,
no canto do olho,
a menina dança
Dentro da menina
Ainda dança
E se você fecha o olho
A menina ainda dança
dentro da menina
ainda dança
Até o sol raiar
até o sol raiar
até dentro de você nascer
nascer o que há!

Hoje ouço-a em repeat contigo em mente, Silvina.

Falámos sobre Kevin (COM SPOILERS)

A Eliana, a amiga sempre acelerada que fiz no último curso de guionismo, foi ao cinema e depois tivemos esta conversa.
    • Oi Melissa, ontem fui ver Temos que falar sobre Kevin.
  • há 2 horas
    Melissa
    • e então, que achaste?
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • TERROR
    • Gostei do final "feliz"
  • há 2 horas
    Melissa
    • achaste o final feliz?
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Não captei a mensagem do narcisimo, não sei o que estavam querendo dizer com aquilo.
  • há 2 horas
    Melissa
    • eu achei tristíssimo, aquela mulher presa àquilo para sempre
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Sim, mas isto temos desde o princípio... mas o olhar do filho-demo na última cena é difernete
    • tem humanidade, e ele começa a ter dúvidas, o que é humano.
  • há 2 horas
    Melissa
    • sim, ele está apavorado
    • mas n acho que sejam dúvidas, é só medo pela integridade física, achei eu
    • ele não considerou que n ficaria numa juvie para sempre, foi erro de cálculo
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Não, a
    • Não, tem um diálogo que, pareceu-me, está ali para clarificar que a questão não é o medo da prisão dos adultos, porque a mãe diz qualquer coisa como "calculaste bem, cometeste o crime antes dos 16, cheio de prozac, sabes que com isso terás condicional em poucos anos"
  • há 2 horas
    Melissa
    • isso eu acho que é a mãe que já sabe tudo
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Eu acho que o olhar é de dúvida mesmo, será que eu fiz merda, e é por isso que a mãe o abraça. POr isso que eu achei "feliz"- dentro do contexto.
  • há 2 horas
    Melissa
    • e ele até pensou nisso, mas bateu o medinho
    • haha és uma otimista
  • há 2 horas
    Melissa
    • eu acho que era só medo do enrabanço inevitável. Ou então sim, o prozac a falar
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Epá, esse filme inaugura o gênero "terror psicológico para mães".
    • Acho que nenhum homem écapaz de sentir o que a gente sente vendo isso.
  • há 2 horas
    Melissa
    • sim, é um filme sobre mães
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Mil vezes pior que o bebê de rosemary.
  • há 2 horas
    Melissa
    • beeem pior
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Mas e a cena do narcisismo, vocÊ captou? eu não captei a mensagem...
  • há 2 horas
    Melissa
    • de quem, do Kevin?
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Dos dois, sei lá.
  • há 2 horas
    Melissa
    • eu n vi narcisismo nenhum
    • vi uma tipa que idealizou a maternidade, aquilo correu mal
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Porraaannnn... pelo menos eu vi. Mas não entendi.
    • Ferida narcísica, pois, mas e daí?
  • há 2 horas
    Melissa
    • do Kevin, acho tudo muito aleatório desde sempre até ao fim, olhar incluído
    • mesmo que o filme tente mostrar que a mãe não criou laços com o filho e blablabla
    • pobre mãe
    • vou escrever à autora do livro, isso não se faz
    • (mas eu não chafurdo filmes como tu, fico mais cá em cima :D)
    • o Kevin é um psicopata e a mãe acha que a culpa é dela
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Eu acho que o buraco é mais embaixo, a parada do narcisismo é a seguinte: eles são extremamente parecidos (corte de cabelo idêntico, fisionomia, tipo físico), tem aquela cena do rosto a mergulhar na água que aparece no início e repete quase no fim do filme (narciso a se olhar no lago), e na última cena, quando finalmente o olhar dele muda, eles estão diferentes: a mãe de cabelo comprido e ele de cabelo rapado. Tem alguma teoria aí que eu não consegui captar, mas acho que envolve os dois. Não entendi direito. No caso dele acho que rolou um super édipo também.
  • há 2 horas
    Melissa
    • ena não tinha visto nada disso, só que eram super parecidos, siga
    • isso sim, é final feliz para mim
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • Isso o quê?
  • há 2 horas
    Melissa
    • o cabelo diferente no fim do filme
    • aí pode haver alguma esperança
    • o que captei foi
    • ele quando teve medo, quando falou do medo, a mãe disse-lhe exatamente como ele tinha planeado tudo
    • sem pinga de emoção
    • mas o que achei foi que ela tinha acatado o destino de ser mãe de um monstro e pronto
    • já nada a poderia comover
  • há 2 horas
    Eliana Sá
    • A não ser a dúvida do filho, pela primeira vez.
    • Um lampejo de humanidade, por menor que fosse, a comoveu.
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • achas que ela balançou?
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Sim, ela abraçou o mostro!
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • ihh, não acho nada
    • porque a culpa é dela
    • fez-lhe o quarto todo direitinho, abraça-o, visita-o
    • porque a culpa é dela
    • foi ela que o fez à imagem e semelhança
    • acho que o abraço e o quarto são iguais aos murros que aceita na rua
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Sim, queremos que nossos filhos sejam uma versão melhor de nós e ele foi o lado meio egocêntrico dela elevado à milionésima potência. Que pesadelo. Ninguém merece, a não ser os verdadeiros psicopatas. O que ela estava longe, muito longe de ser.
    • Eu acho que aparada do narcisismo é isso aí, Melissa.
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • tenho de ler o livro a ver se é tão duro com ela
    • sim, sim, n tinha elaborado
    • TEMOS DE IR MAIS AO CINEMA JUNTAS
    • adoro o teu chafurdanço
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Da parte dela. Da parte dele tem a ver com o édipo, identificação tão grande com a mãe, cimúme tão grande do mundo que ele tem que destruir o mundo para ter atenção da mãe só para ele. Menino que se porta mal para chamar a atenção da mãe em escala de terror. Cara, mães que têm filhos mal-comportados NÃO podem ver este filme.
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Ahahahaha chafurdanço...
    • Olhando de fora, eu acho ela pouco culpada disso tudo, mas percebo a mega culpa dela que o filme transmite o tempo todo.
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • a minha cena é se essa culpa vem toda dela ou temos dedo da dona autora ali também
    • da autora não, da realizadora, pq sei que a autora do livro puxa muito mais pelo amor do que o filme
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Se a autora é mãe, ela tem culpa. Ponto. Ser mãe é sentir culpa.
    • Ela ama o monstro. Eu tinha mandado ele para o reformatótio depois do assassinato doporquinho da índia, nem mais.´
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • achas?
    • eu acho que quando ela o atira contra a parede, selou o seu destino
    • vou cuidar dele para sempre
    • não acho que seja amor, acho que é expiação pura
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Pode ser... mas ela só o abraça na na final, antes ela só vai à`prisão para "cumprir tabela" (Não sei se vocÊ conhece esta expressão)
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • (e ele não quebra, né? ela tentou quebrá-lo e ele não quebrou, é indestrutível e ela viu isso naquele momento, nem valia a pena)
    • só se o abraço
    • eh pá, não acho que foi mecânico, mas e daí se ela tinha o cabeço comprido e ficou horrorizada com o que lhe disse o colega de trabalho, talvez já esteja farta daquilo e seja um abraço de despedida
    • deixa o quarto todo pronto para ele e baza
    • amor é que não, não vejo ali amor nenhum
    • só na gravidez
    • e aí é uma coisa narcísica, mesmo
    • a primeira imagem dela com o bebé é forçando um sorriso
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • MAs ela se empenhou em criar laços mas deu azar, o moleque era caso perdido. Em algum momento ela passa a amar ele, lá do jeito dela. Eu acho que ela não criou laços de partida, mas depois o amor apareceu. MAs era semente em terra árida.
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • vou ver outra vez daqui a uns tempos a ver se me convencem (todas as mulheres com quem falei viram esse amor. Os homens, nem por isso)
    • bem, dona, vou trabalhar!
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Sim, vamos. E eu nunca mais vou ver esse filme, com certeza!
  • há cerca de uma hora
    Melissa
    • boa conversinha astral para começar o dia!
  • há cerca de uma hora
    Eliana Sá
    • Ahahahah bom dia!
  • há 6 minutos
    Melissa
    • Eliana, posso guardar esta conversa no meu blog? tiro o teu nome, obóvio
    • não tinha dito nada sobre o filme e está cá tudo, tirando o trabalho
    • Ponho só "a amiga chafurdadeira que gosta de analisar filmes" ou outro nome artístico da tua preferência, se n te importares, claro
  • Eliana Sá
    • Pode pôr sim e põe mais uma coisa, que eu achei fantástica, acho que foi a melhor cena do filme: a mãe vendo ele na TV, o moleque sendo entrevistado na prisão pagando geral que as pessoas só vêm TV, que inclusive a coisa tinha chegado ao ponto ridículo da TV mostrar pessoas vendo TV, e que o que as pessoas queriam ver era gente como ele. Que se ele tivesse tirado 20 em geometria, já tinham mudado de canal. E eu ali no cinema vendo aquilo, e pensando: estou vendo gente vendo TV, estou vendo um psicopata, o que eu estou fazendo aqui neste cinema, eu quero ir para casa estar com meus filhos. Ser mãe é sentir culpa. Põe meu nome, acho que não tem mal. Assim espero. Vou almoçar, tchau!
  • há cerca de um minuto
    Melissa
    • hahhah




Numa tampa de água com gás

Sonhei com um presépio minúsculo, minúsculo, feito de FIMO numa tampa de água das Pedras, com vários burrinhos, vaquinhas, porcos, pombas. Era a céu aberto e a coisa mais encantadora do mundo.

Tento sempre localizar esses sonhos - normalmente sonho com uma deturpação qualquer de coisas acontecidas no dia anterior, ou com a última coisa que vi na TV. Mas acho que aqui foi mesmo das casinhas de plasticina da minha infância.

Amanhã há de aparecer uma versão qualquer do pônei lilás.

Esta seria, é claro, a casa que as minhas primas fariam. Aliás, tenho em crer que se lhes desse rolos de plasticina hoje, ainda me saíam com um loft espetacular.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Ainda sobre a agressividade das campanhas

Falei de duas campanhas que me chateiam particularmente há dois posts, a do Pingo Doce e a da Crioestaminal. Se à primeira o "falem bem, falem mal, mas falem de mim" jogou ao seu favor, acho que a campanha do menininho lacrimoso à espera das células salvadoras foi um formidável tiro pela culatra. Sei que quem põe uma campanha dessas no ar quer causar polémica, mas tudo que conseguiram foi fazer com que os jornais recuperassem as posições de figuras de proa da saúde nacional sobre o valor científico da recolha particular e da sua (falta de) regulamentação. A essas posições, que nada tinham que ver com a campanha, juntaram-se as opiniões das mesmas figuras sobre a campanha em si, que foi o que se leu por aí.

Enfim, com o puxanço pela culpa, parece que os vampirinhos-ops-recolhedores de sangue irritaram toda a gente (até quem optou pela criopreservação privada) e fizeram o favor de trazer o tema à baila novamente, coisa que andava bastante esquecida, infelizmente (quando eu estava grávida, foi com dificuldade que encontrei informação fora dos sites das empresas).

A parte da Melissinha que anda farta do consumo pouco ético ficou contente, claro.

domingo, 20 de maio de 2012

Crónicas do Encolhimento - The Old Ways

Depois de uma noite no hospital com o miúdo com suspeita de apendicite, passei o dia a consolar-me e a descansar com comida.

É incrível como, de volta ao nosso mais básico (medo, stresse extremo...) voltamos para as velhas e madrastas almofadas.

Podia dizer que vou estar atenta para que não volte a acontecer, mas seria delírio. Isto é um caminho longo e vai haver passos atrás, o de hoje não foi o último.

Contento-me com o serem cada vez menos frequentes.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Quanto mais agressivas se tornam as campanhas publicitárias, seja em forma de "se lhe dá jeito, o supermercado faz" ou "mãe, guardaste as minhas células?", mais acordo para a necessidade de um consumo mais ético aqui em casa. E é uma repulsa natural, como a dos vegetarianos que têm mesmo nojo de carne (ao contrário dos que não comem carne porque acham que não devem comer, mas que é um sacrifício descomunal: tenho desses vegetarianos por perto, não se lhes pode chegar o cheiro de picanha às ventas :)).

Baby steps. Baby steps. Primeiro a carne e horti-frutis. Depois, logo se vê.

Mas algo parece irreversível: o meu gosto por chafurdar prateleiras de grandes superfícies em busca de novidades, promoções e coisas assim desapareceu. E ainda bem, não se perde mesmo nadinha.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Categorias de desordem, segundo o Feng Shui

Uma amiga pôs-me isto no mural do FB, porque sabe que eu odeio coisas e odeio apego a coisas. Adorei. Ei-las, as categorias que enchem o saco da nossa vida dentro de casa, retiradas daqui.


1- coisas que você não usa e de que não gosta 

2- coisas que estão desarrumadas ou desorganizadas (como a sua mesa de trabalho)

3- muitas coisas num espaço muito pequeno (fico pensando nos japoneses)

4- qualquer coisa inacabada (aquele bordado de dois anos atrás)-(really, can I finish that?)

Desfaça-se de tudo que for negligenciado, esquecido, não-amado, não-utilizado. Deixe a energia fluir. Coisas queridas trazem energias boas, coisas sem importância dragam a sua energia.

Mesmo que você reduza suas coisas, é também necessário que as mantenha em ordem, pois a desordem gera o caos. Há pessoas que nem sequer guardam as compras feitas.

A confusão que está do lado de fora em nada difere da que está do lado de dentro.

O Feng Shui não defende uma casa extremamente organizada, onde ninguém pode tirar alguma coisa do lugar. Essa é também energicamente estéril e tão problemática como a bagunçada.

Não devemos abarrotar um espaço em demasia, pois é preciso que a energia movimente-se entre os objetos.
Certas pessoas tem o defeito de começar um monte de coisas ao mesmo tempo e não acabar. Acontece que ficam com a mente passando a ordem de que “é preciso” acabar isso e aquilo. A psique acaba por fundir-se.
Quer queiramos ou não, tudo isso influi na nossa psique. E quanto mais ordem houver na nossa vida exterior, mais energia e vitalidade terá a nossa mente.


Ainda chego lá. 




Mote para infinitas voltas, todas as manhãs

Melhora qualquer dia e qualquer vida.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Overwhelmed pela ficção televisiva americana

Ah, desisto, a sério. É muita coisa boa para se ver, não consigo manter-me atualizada. De uns meses para cá, esta que vos fala, rainha das séries em 2007/08, passa as noites a ler um livrinho ou a escrever (na proporção de 150 para uma). O marido vai ao ginásio ou desenha (em proporções idênticas, claro, ou não fosse o Hugo o Hugo).

De vez em quando ainda vemos um Battlestar Galactica e um Jogo dos Tronos, mas o excesso de oferta claramente fez-nos mal. Vou acumulando para a reforma, assim como os clássicos da literatura. Ou que façam o filme. Ou que me contem como é. Tenho medo de ficar desatualizada, afinal isto também faz parte do meu trabalho e convém manter-me a par das tendências, mas caramba, até o Gabriel nascer colecionei  referências para escrever o Dallas completo, ida e volta.

Em compensação, vemos muitos mais filmes. E episódios soltos do American Idol também. 

terça-feira, 15 de maio de 2012

Bestas Castradoras

Dentre o chorrilho de disparates que o meu pai disse em forma de conselhos desde que tivemos o Gabriel - dentre eles o de que o menino chorava aos 15 dias por enxaqueca - disse algo com que eu não podia concordar mais, aí quando o meu filho estava prestes a andar: que nessa fase, o mais importante era que ele ganhasse confiança e que lhe déssemos rédeas suficientes para ele testar os seus limites. Ouvi-o dizer à vodrasta do Gabriel: só vale a pena intervir quando a segurança dele está em causa. De resto, é deixar.

Claro que o tempo passou e agora não é só a segurança do Gabriel que está em causa, mas também o espaço dos outros. Por outras palavras, a educação dele começou (educação no sentido de trato com o próximo, as maneiras). Mas o princípio das rédeas largas mantém-se. O Gabriel não é expansivo nas birras, mas é nas alegrias, e não me apanharão a tentar conter o seu entusiasmo a menos que estejamos num hospital ou algo que o valha. Morro de pena - MORRO DE PENA -das crianças que têm de falar baixo o tempo todo, não podem gritar, não podem correr, não podem fazer nada daquilo que elas próprias entendem como diversão - a noção de diversão é-lhes dada inteiramente pelos pais, dentro dos parâmetros do que estes consideram aceitável. Tenho várias crianças a serem criadas nestes moldes à minha volta, para enorme pena minha. Acabam sempre de castigo por se comportarem exatamente da forma que o meu se comporta e o meu fica sozinho na sua liberdade, o que é triste.

Para terminar, digo só que a educação (mais uma vez: modos) do meu filho não são nem, vá, a minha 5a prioridade ao criá-lo.

Preferimos tornar-nos umas bestas selvagens, pois preferimos (mas não somos, na verdade somos uns lordes inatos), do que sermos bestas apertadoras de tomatinhos.

Felizmente os melhores amiguinhos dele também têm pais porreiros, com a graça de Deus.

E este é o post nº 1000 - que bom que calhou ser um sobre a alegria do meu filho!!! Yey, viva, blog!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Perspectiva

Em 2005, cheguei ao peso que tenho hoje e deixei definitivamente de me olhar ao espelho.

Em 2012, voltei ao peso que tinha em 2005 e voltei a olhar-me.

Um caminho gigantesco à minha frente, mas caramba, já me sinto outra mulher, especialmente quando vejo fotos do ano passado. Sinto-me capaz de tudo. Isto é delicioso. Desejo esta sensação de ir ao volante da própria vida a todas as mulheres de quem gosto.

sábado, 12 de maio de 2012

Faca de dois legumes

Não vou mais comprar frescos nas grandes e médias superfícies. A carne vai vir toda do talho, que até tenho um bem bom e barato perto, o peixe vai vir da loja de congelados (não compro peixe fresco nem com uma arma apontada à tola) e as frutas e legumes... Pois.

A minha primeira inclinação foi para os serviços de entrega de cestas diretamente dos produtores, com produtos fresquinhos - para quem não conhece, procurem por cestinhas da horta, mercado saloio, cestas da quinta, cestas ao sábado... Há várias empresas familiares a fazer o serviço. Para mim, os prós da coisa são: a comodidade, a garantia de ter o mínimo de intermediários possível de modo a garantir o melhor preço aos produtores, a frescura (normalmente são produtos colhidos no máximo um dia antes das entregas) e a falta de opção. Sim, ouviram bem, eu acho que o não poder escolher os produtos é uma vantagem: obriga-nos a comer como todos nós deveríamos, ou seja, priorizando o que a terra dá a dado momento e tira-nos da nossa zona de conforto de paladar (e culinário também), pois pelo menos aqui em casa não deitaria uma couve roxa ao lixo por falta de ideias.

O pior: ora bem, o preço. Variam entre os 13 e os 25 eur, já com entrega. Não é muito, mas se pensarmos que comprei isto

por cerca de sete euros na praça, a diferença já é qualquer coisinha. Desvantagens da praça: a que tenho ao pé de mim funciona aos sábados e é uma confusão do outro mundo. Dantes, para mim, ir à praça era uma festa, hoje acho um inferno. Não sei o que aconteceu - aliás, sei, né? - mas é terrível estacionar ali e andar a serpentear pelas bancas. Hoje, então, que tive de levar o Gabriel... caneco. Outra desvantagem é que, havendo produtores, há muitos distribuidores também, o que é mais um intermediário - de qualquer forma, nada do calibre de Pingos Doces e Continentes. A qualidade dos produtos é boa, não puxam o lustro aos pimentos e às courgettes e encontram-se sempre umas gracinhas diferentes para trazer para casa.

Resumo da ópera: vou tentar, durante este mês, fazer compras aos sábados de manhã na praça a ver se me habituo outra vez. Até nem é complicado, porque aos sábados o Gabriel tem natação com o pai e fico sempre com aquela hora nas mãos depois de os ir deixar. Vou ver se corre bem assim. Se não der certo, apelo para as cestas.

Vou dando os updates desta nova empreitada por aqui.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

Como todo bom batráquio

O meu deu cria.
E gosto muito dela, antes de a matar de solidão.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Crónicas do Encolhimento - Uma receita do caraças para quem gosta de sabores fortes

Como fiz hoje o melhor almoço diet do mundo para mim mesma, resolvi partilhar aqui convosco. Foi uma sandes fria de atum. Normalinho, né? Não, nada normalinho. Aí vai, com calorias e tudo:

1 lata de atum em água (89 kcal)
2 colheres de sopa de maionese a 3% de gordura (20 kcal)
6 azeitonas pretas descaroçadas (não sei as calorias, nos VP equivale a um ponto, portanto, devem ser 50)
Uma colher de chá (ou mais) de mostarda antiga (a das bolinhas),
pepininhos em picles picados, pimenta moída, sal de mesa. (tudo calorias irrisórias)

Varinha mágica.

Duas fatias de pão de forma integral, 100 kcal
alface
coentros.


Portanto, metade da pasta-maravilha (É QUE VOCÊS NÃO ESTÃO BEM A VER ALI OS GRÃOZINHOS DE MOSTARDA), o pão e a saladinha, coisinha para umas 150 calorias. A acompanhar, 25 destes meninos...
... E temos uma refeição rápida, light e deliciosa.

Também dá para ser chique e transformar isto num dip para crudités. 


O sapo mexeu!

Depois de quase um mês ali empacado, o meu príncipe resolveu dar mais um salto. Ahhhh!

O que mudou: voltei para a dieta-sem-facadas. O que é uma dieta sem facadas? É o puro controlo calórico e do tamanho de porções através de uma quota de pontos diários. Se como um bolo, gasto metade dos pontos do dia, não choro e como couve depois. Como vejo que não compensa, não repito a proeza cedo. No caso, estou a seguir o esquema de pontos dos Vigilantes do Peso, que foi a única coisa que resultou comigo até hoje. Dieta passada pelo nutricionista, sem ser eu a compor o menu, inevitavelmente vai parar à gaveta.

... E falei com o instrutor do ginásio, que, depois de cinco meses a tentar criar-me o gosto pelo ferro, capitulou e mandou-me para as aulas de grupo. Continuo com a parte cardio, mas o resto é feito nas aulas.

E bora lá, que ainda faltam 11 até Dezembro!
(E dois até ao fim do mês, mas duvido).

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Let your kids paint on the walls*


Que stresse era a plasticina quando eu era criança. Mamãe era muito pouco adepta do multiculturalismo moldável, e as cores tinham de estar sempre separadíssimas. Lembro-me de algumas primas ainda mais plasticino-neuróticas do que a minha mãe, que raspavam qualquer vestígio de cor estrangeira das bolinhas de massa. Usavam faquinhas de plástico para fazer caminhas, armários, mesas. O que mais gostávamos de esculpir eram casas como as do dogville, com as divisórias separadas por longas tiras de plasticina monocor.

(As casas das minhas primas tinham pequenos travesseirinhos cortados à faca de plástico em cima das caminhas cortadas à faca de plástico. As minhas casas tinham bolinhas a fazer de cama, fogão, cadeira).

Digo isto porque comprámos um balde cheio de pequenos baldinhos de plasticina ao Gabriel e, mal virámos as costas, os pequenos baldinhos viraram uma grande bola fundida, o "bolo". Tomei um susto e fiquei existencialista por um segundo. Disse-lhe um insípido "Gabriel, não mistures as plasticinas..." e acordei. Não misturar por que raio? Ele tem uma belíssima bola colorida para fazer bolos, uvas e pizas (o meu filho é mais cozinheiro do que arquiteto) e não parece importar-se nadinha. E foi daqueles momentos - preparar para frase romântica - em que dei o valor à mistureba que o meu coração deu, e não o que fui levada a acreditar no passado: caguei no assunto. E este é um grande desafio da maternidade, questionarmos as nossas teorias, revermos o que tínhamos como verdades absolutas, construirmos a nossa cena. E não separar plasticina é algo que compreendo - a plasticina sintética era quase um luxo, na época -, mas que não é importante para nós. Pode ir para junto de outras coisas que já foram, como forçá-lo a aprender coisas de que claramente não precisa ou não está pronto, a controlar a excitação quando está muito feliz e outras coisas consideradas imprescindíveis na "educação" de muita criancinha que por aí anda.

Tem corrido bem, tanto o faz-de-conta com a bola de plasticina como o resto. Corre sempre bem quando lhes transmitimos o que é verdadeiro e valioso para nós, acho eu (partindo do princípio que não somos bestas castradoras, obviamente).
óia o ião de bigódis!

* Randy Paush, aquele professor que morreu de cancro no pâncreas e começou a preparar a sua partida com antecedência, em resposta à uma pergunta da Oprah: qual é o maior conselho que deixa às pessoas? Se só pudesse dizer uma coisa? 
 

terça-feira, 8 de maio de 2012

Era para ser um comentário ao post anterior

Mas gosto tanto da dica que prefiro fazer post.

Li, há uns anos, numa crónica brasileira que tanto pode ser do Bial como do Jabor, que, antes de considerar o divórcio, o casal deve mudar a posição de todos os móveis da casa.

Claro que a crónica diz muitas outras coisas a respeito de como manter ou salvar ou ser feliz num casamento, mas acho esta da mudança dos móveis genial na sua simplicidade, porque já é um abanão feroz sem partir para a carga. Muitos dos casais irremediavelmente doentes podiam ter beneficiado de um diagnóstico precoce de rotinite aguda se estivessem mais atentos, não tenho dúvida.

Não há culpados, repito para mim mesma. Não há culpados. Mas há umas vítimas maiores do que outras.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sim, eu sei, é a vida e não há culpados

Mas odeio tanto esses clichés de 40 anos que não conseguem manter as pilas dentro do próprio casamento e se põem com grandes dramalhões românticos e , num vaipe, vão à vidinha deles, deixando, numa mulher, um mundo inteiro para trás, com sonhos, filhos e outros investimentos variados.

Às mulheres vítimas dessas crises malditas, digo: vocês ainda não sabem, mas ainda não viveram o grande amor das vossas vidas.E ainda vão vivê-lo.

Merda para os homens que não sabem amadurecer com o casamento.

domingo, 6 de maio de 2012

Flores que ofertamos e que nunca morrerão





Mamãe gostava de buganvílias. Cachos pesados de buganvílias. Na verdade, gostava de qualquer flor que se esparramasse pelo chão, trepasse por treliças, se enrolasse em postes. Mamãe gostava de flores rápidas e agressivas.

O meu filho gosta de todas as flores. Apanha-as no chão, dá-me e diz: essa é para ti. Normalmente estão já meio podres, cheia de formigas e outros bichos.  Mas ele não é de as colher.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Crónicas do Encolhimento - o plateau

Caramba, dou UM DEDO para que o raio do sapo volte a saltar. UM DEDO.
Pessoas que já estiveram lá (Vera?) Como voltaram a emagrecer? Choque calórico? Mais ginástica? Mais vergonha na cara? Bruxariazinha básica?
TOPO TUDO.

So Not Me But Makes Me Happy

Ao contráriodo que a Cê diz de si própria (e que não acredito), sou muito boa a gerir o orçamento, transformar pouco dinheiro em muito. Mas sou péssima, péssima, fedorenta, cheia de bolor, uma absoluta negação em tudo que diga respeito a decoração e organização da casa.

A nossa sala foi escolhida na Conforama tal como estava lá exposta, só não trouxemos o quadro.

O quarto do Gabriel é uma réplica exata do antigo quarto do filho da Tatas, porque ela me ofereceu cortinas, capas e mais coisas quando mudou a decoração do covil do Minúsculo.

Tenho seis quadros pendurados na sala, três de estimação e não sei bem o porquê dos outros três.

 Não passo roupa, nenhuma. Não organizo. Tenho tudo ao molho, de brinquedos a roupa.


Por isso, fiquei contente com uma pontinha de perfeição doméstica que se me despontou ontem quando aproveitei um cabide sutiãs da Primark para pendurar fios, em vez de os guardar na gaveta da pasta de dentes e lentes de contato.Muito ladylike. Muito ecofriendly. E fica bem ali no meio dos casacos.


terça-feira, 1 de maio de 2012

Duas excelentes e altamente recomendáveis sessões do Indie


Com o Indie é sempre assim: lemos uma sinopse, gostamos da ideia, e vamos sem ter a menor ideia do que vamos encontrar: tanto o realizador pode dar para o estilo deixa-me-enfiar-a-cabeça-no-meu-próprio-umbigo-e-chafurdar-bastante como pode ser mais aberto e mais voltado para o público, fazendo coisas giras e interessantes mesmo com pouco dinheiro.

E, caramba, foi o caso das sessões das 19h15 e das 21h45 que vimos ontem no São Jorge.

A primeira foi uma maravilhazinha de documentário.

A Ana Rieper, realizadora, viu Aquele Querido Mês de Agosto e viu bem - há muitos pontos de encontro entre os dois filmes. Mas o delicioso da ideia que esta senhora teve foi pegar nas letras bregas dos sucessos nordestinos e ir atrás das suas histórias, porque, como todos os entrevistados dizem, letra brega aconteceu mesmo. Se o autor escreveu, é porque viveu. Então a produção mandou, como dizem no site, dois "garimpeiros" de histórias de amor para o interior de Sergipe e Alagoas e, caramba, os senhores encontraram de tudo: um homem com duas famílias em que os nomes dos filhos tanto da mulher quanto da amante começam pelo seu (Osmarildo, Osmarílton, Osmarlinda...), prostitutas "resgatadas da vida" por amor, travestis que amam como mulheres, mulheres que já sofreram todas as dores de amor que existem, amantes que o são há 10 anos mas ainda têm esperança de mudar de vida, mães que dizem às filhas que preferem vê-las "saindo de casa dentro dum caixão" do que vê-las raparigas de homens casados.

"Vou rifar meu Coração" é sobre a banda sonora dessas vidas: Agnaldo Timóteo, Wando, Amado Batista entre outros, que entram na história a falar das composições, da inspiração, do sucesso, da injustiça de não serem considerados boa música, quando grandes êxitos bregas são regravados por nomes como Caetano Veloso e Maria Bethânia e de repentem viram "MPB". Enfim, é filme para rir, é para rir mais ainda, para aprender, para nos pormos no lugar daquela gente, para termos pena das penas. E para quem conhece e viveu o interior do Nordeste brasileiro, como eu, é para fazer brilhar os olhos.  

Lá fomos jantar todos empolgados, a reconstituir o filme (fez-me mesmo lembrar a saída do Querido Mês de Agosto - tanta coisa fixe para comentar!), a fazer tempo para a 2a sessão, que certamente seria muito fraquinha, já que estávamos tão felizes com a primeira. Para nossa surpresa, a sessão das 21h45 foi surpreendentemente BOA.

17 Filles baseia-se num episódio que ficou conhecido nos EUA como as "Glocester 18", 18 raparigas entre os 15 e os 17 anos do mesmo liceu que, em 2008, fazem um "pacto de gravidez". Mais de 150 testes de gravidez foram solicitados na enfermaria da escola num período curto de tempo, e as raparigas ficavam felicíssimas ao descobrir que estavam mesmo grávidas. O filme tem umas atrizes novinhas, lindas e muito talentosas, e, caramba, está muito bem esguelhado. Ficamos mesmo a partilhar a perplexidade dos adultos envolvidos: sabemos lidar com tentativas de domínio do próprio corpo como as tatuagens e anorexia, mas como agir sobre a gravidez como manifesto?  O filme levanta mais perguntas do que dá respostas, e chega a ser assustador. Acho brilhante que o tenham posto no IndieJúnior + 12. Havia adolescentes na sala e, tal e qual os adultos, sairam abananados e a falar do filme, cada qual com a sua opinião.

Os dois filmes ainda têm sessões (o primeiro volta a ser exibido no dia 6 de Maio). Procurem vê-los! Nunca sabemos se os filmes do Indie estrearão ou não em circuito comercial, por isso, é aproveitar.