sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sou filha de Deus e chegou a minha vez

Para breve várias fotos dos meus pezinhos cruzados com livros levezinhos ao pé (do.pé.).

Livrinho bom para se ter em casa

Tudo, absolutamente tudo que precisamos de saber para cuidar bem de nós e da família. E simples como dois e dois.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A cavalaria

Conheci a Juliana tinha ela quatro anos, e eu, seis. A Juliana mordeu-me ferozmente por motivo nenhum. Fui fazer queixas ao pai dela e acabei levando nas orelhas dele também. E foi essa a minha primeira impressão da Ju: era brava e era muito amada.

O amor e a bravura fazem-na travar a guerra mais temida de todas - aquela para salvar a filha. E travou-a desde muito cedo. Estivemos grávidas ao mesmo tempo, com data prevista de parto próximas. Mas um revés trouxe a Cecília ao mundo demasiado cedo, e a guerra começou nesse dia. Mas o primeiro milagre aconteceu e, quatro anos depois, temo-la entre nós, brava e muito amada como a mãe. Mas havia mais guerra pela frente, e é por esta nova guerra que escrevo hoje. A Cecília precisa de transplante de medula e sei que muita gente ainda não é dador. E encontrar uma medula compatível é difícil - é mesmo preciso que as pessoas se cheguem à frente. No Brasil ou cá em Portugal, é um processo muito, muito simples. Como fazer análises. Se andam pela Internet ou veem TV, sabem disso, é chover no molhado. É só tomarem a iniciativa.

Eu acredito que quando uma mãe luta por um filho, todas as mães lutam com ela. E, além das mães, lutam os pais, e tios e primos de qualquer criança. Acredito que seja daquelas guerras a que ninguém vira as costas, é uma causa comum. E somos ferozes na luta, no desejo da vitória. Chamem-nos, que nós lutamos com uma doação de medula, o nosso coração e as armas que tivermos. Eu luto com a Juliana, hoje, pela Cecília.

Eu acredito no segundo milagre, Ju.
Eu tenho muita fé na bravura e no amor.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Crónicas do Encolhimento - tentando relaxar

Às vezes, penso que ando a comer feito um bizonte - e, realmente, comparando com o início do ano, estou realmente a comer mais - e tenho de reduzir as calorias para continuar a emagrecer. Neste momento, estou em ponto morto, estacionada e vigilante nos - 18, mas curtindo as férias na mesma.

Mas, às vezes, penso nesse "curtindo as férias na mesma" e tenho medo de estar a fazer o caminho de volta para o peso de janeiro, e ai meu Deus, será que estou a sabotar-me, será que vai voltar tudo ao mesmo, e ai meu Deus.

Deus parece ter respondido às minhas preces e, ontem, resolvi ver fotos antigas do FB, fotos do ano passado. Muita comida, muitos menus completos, muita descrição. Muito doce de leite, estrogonofes, chocolates, massas, etcs, mesmo muita comida. Uma prima disse-me, na altura: "você só pensa em comida". Pensei nessa frase ontem ao ver as fotos, antes de me lembrar que ma tinham dito antes.  Caramba, COMO EU MUDEI. Qual sabotagem, qual carapuça. Estou no caminho certíssimo, a limpar a minha vida.

E assim, respirei. Isto é um novo modo de viver para mim e para a minha família, em construção, e não um destino a chegar depressa. Haverá oscilações, haverá dias de saco cheio, haverá férias. Haverá barras de chocolate e haverá choros devido a barras de chocolate. Haverá drama, claro, que estamos a falar de mim.

E, assim, tenho um leve palpite que o meu objetivo está a ser atingido - e qual é o meu objetivo? Parar de pensar em comida e ponto. Parar de pensar em comida má/comida boa, em comportamento bom/comportamento mau. Não dar esse tipo de valor ao que é sempre, sempre bom quando comemos a ouvir o corpo e não a mente. Ainda não estou lá, mas estou mais lá do que em janeiro e isto sabe a um muito necessário crescimento espiritual.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Tempo de exclusividade*

O Gabriel anda a portar-se mal na escola e todos os dias fica lá a chorar. Não come sozinho, não se veste. Nem parece ele.

Vai daí que fiz uma revisão nas prioridades e decidi antecipar as férias. Acho que o meu filho, de nós três, é o que está mais precisado de descanso e de mimo e não vou fazê-lo esperar mais uma semana. Não vamos viajar na semana que vem porque o pai está a trabalhar, mas haverá muito parque, muita praia, muito comboio, muito aperto e muita beijoca. Em vez de duas, serão três semanas inteirinhas sem educadoras nem os mesmos amigos de sempre.

(Cheira-me que ainda volta para a creche pior, em setembro).

Ou seja, a menos que aconteça algo bombástico na próxima semana, como eu olhar para um calhau mais estranho, verão pouco de mim.

* título roubado descaradamente da Gralha.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A angústia do ano novo que começa no outono

Finalmente chegou.

Porque há três coisas de que preciso dentro dos meus dias úteis, das 9h às 18h, e seria tão bom se não precisasse de as renegociar:

- aumentar o volume de trabalho em 2/3 (inegociável e possível).
- três aulas de spin por semana (possível, porém altamente negociável)
- três horas a escrever o bendito Oscarizável e outros projetos por semana (não sei se possível, muito provavelmente negociável).

Não sou nada "you can do it!", sou muito mais de conhecer a minha natureza procrastinadora e acomodada. Era algo que eu pensava que o início do emagrecimento traria, mas não trouxe. Ainda nem fui de férias e já estou para aqui a pensar em como diabo vou fazer estas coisas todas e já tenho o diabinho a dizer-me que mais vale estar caladinha e não fazer planos.

ODEIO. 

Um dia, ainda fujo para o meio do mato.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A fábula preferida do papai - "esta é a minha natureza"


Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio.
O escorpião vinha fazer um pedido:

"Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?"

O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralizado e vou afundar."
Disse o escorpião: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. 
No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: "Por quê? Por quê?"
E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e esta é a minha natureza." 


Acho incrivelmente inspirador para quem escreve ficção.

A causa que eu não tenho (já falei nisso, mas já falei sobre tudo, portanto...)

Se ele sonha com monstros, não perco metade da noite a dizer-lhe que os monstros não existem (quando, claramente, para ele existem). Vem para a nossa cama a tremer de susto e relaxa todos os músculos em 20 segundos.

Acho natural e acho bom. Não tenho a menor pressa de lhe ensinar que monstros blablablablabla quando eu própria padecia de terrores horrorosos quando dormia sozinha - e ainda padeço.

Claro que se a coisa perdurar muito ou se agravar, logo vejo. Encontrei isto, li na diagonal, achei giro para crianças mais velhas.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Pequenas retificações

Há um período na minha vida que considero um pouco como "anos perdidos": andava à procura de mim mesma no Brasil e tudo que consegui foi afastar-me ainda mais de mim, e o resultado, no grande esquema das coisas, não foi bom. O mais provável é nunca vir a elaborar sobre isso aqui, porque 1) é uma época meio nebulosa, para mim, e 2) morreria se algum amigo dessa altura viesse aqui e interpretasse mal o que digo, porque isto não tem que ver com pessoas, tem que ver comigo num período muito difícil da minha adolescência e das minhas relações familiares e 3) acho que magoei pessoas que amo muito e que cá ficaram. Mas adiante, falávamos em anos perdidos.

No grande esquema das coisas, o lucro não foi grande. Diante da encruzilhada, entrei pela direita e mais valia ter ido pela esquerda. Mas aí tropeço numa canção que pode soar a breguice lamechas a qualquer ouvido, mas, para mim, traz todo o perfume dos anos perdidos, e o perfume não é mau. É perfume de sol quente, de dançar e cantar no meio da rua sem pudor, de ônibus lotados, de risos, de cerveja muito gelada e caranguejo, de praia durante todo o ano, de mãe, de tudo que já não existe e que passou.

Os anos perdidos podem não ter sido uma perda completa. Acho que ainda hei de os entender, um dia. Mas hoje não, hoje é só perfume.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A Concorrência

Há que ter um bom par deles para abrir uma gelataria a 20 ou 30 metros do Santini, mas foi o que fez o senhor estrangeiro incrivelmente simpático da Concorrência (é como a chamamos, aliás, era como eu a teria chamado, se fosse minha). Desde que lá fomos pela primeira vez que ficámos fãs. Em vez de estarmos numa fila impessoal e altamente eficiente uns passos acima, ficamos para ali a decidir entre os sabores estranhos (Scrock? O que é scrock? Qual é a diferença entre o de chocolate e avelã e o de nutella?) enquanto falamos com o senhor estrangeiro incrivelmente simpático que faz aqueles gelados todos os dias, com muito pouca ajuda. O meu irmão chega a experimentar TODOS os sabores e a única cara feia que leva é com a minha.

O Gabriel só paga um euro (há preços especiais para crianças e velhotes) e come sempre o de cuxulate.

Claro que aquilo nem faz cócegas aos sovacos do Santini, mas noto cada vez mais gente de cada vez que lá vou, que é o tipo de coisa que nos deixa contentes, para quem já nos conhece. E acho que o simpático do gringo está a realizar um sonho. Tal como a senhora do Starbucks, o homem está para ali de alma lavada, feliz da vida. Creio que trocou um emprego chatíssimo por aquele.

Há que ter um bom par deles.

domingo, 19 de agosto de 2012

Quando a magia acontece

Leitura é telepatia, disse Stephen King no maravilhoso e divino On Writing. O escritor manda uma cadeira de lá, nós recebemos a cadeira cá: ele dá uma parte do caminho, nós damos a outra. E temos cadeira. A magia acontece.

Há uns dias, uma amiga disse-me no Facebook qualquer coisa sobre A Sombra do Vento e eu disse-lhe que ainda ia na página 67 (e tinha começado a ler três ou quatro dias antes, sou uma leitora lenta). Ela respondeu-me: então ele ainda não te hipnotizou. Pensei: hum, há muito tempo que as interferências do dia a dia não deixam que livro nenhum me hipnotize. Posso gostar muito, posso até lê-lo avidamente num dia que tenha livre, mas hipnotizar, não. A última vez que um livro me tinha hipnotizado tinha sido na adolescência.

Ontem, por volta das 22h, o Sr. Zafón entrou em telepatia comigo. Ia na página 150, 180 de um excelente livro e estava rendida a tudo: estilo, tema, personagens, cidade. Que livro do caneco. E continuei a ler. A magia acontecia.

Por volta da 01h, creio eu, completou-se a hipnose. Eu já não era eu, eu era um canal aberto para aquela história meio gótica, cheia de ecos e matrioskas e personagens incrivelmente gentis. Já não julgava, já não formulava. Simplesmente deixava-a entrar.

Às 02h24 (olhei para o relógio) tinha um leve soninho e fui à casa de banho. Voltei e pensei que o feitiço se tinha quebrado, até o autor me arrebatar com uma frase enlouquecedora e me puxar para um estado de total alerta mais uma vez. E segui em frente. Sentia umas coisas na barriga que devia ser fome, mas até isso (fome!!! Fome a sério!!!) não tinha importância nenhuma. Importante era o canal aberto. Importante era saber mais.

Não terminei o livro, deixei cerca de 40 páginas para hoje. Acabei por o fechar numa luta de mim contra o transe, em que ganhou o bom senso. Às oito, como todos os dias, estava de pé. Não sei quanto dormi. Mas não sou tipa de insónias, preciso do meu descanso e hoje estou como se tivesse sido passada por um rolo compressor depois de beber um litro de vodca.

Mas ninguém me tira o que vivi de madrugada, eu e eu somente, e que sei lá quando vou voltar a viver. O contrário de habitar o presente, ou a sua própria definição. Um prazer absoluto na ausência ou na presença.

Passei o dia podre, mas muito, muito feliz.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Um marketing que nos cairia bem

Depois de pormos o Gabriel no bengaleiro de crianças do shopping, fomos beber um cafezóide fashion de 90 cêntimos ao Starbucks. Fomos atendidos por uma senhora já bem passada dos cinquenta, com um sotaque fortíssimo de uma região que não identificámos, e lá repetia o texto starbucks que todos os empregados repetem, mas com uma diferença: um sorriso verdadeiramente genuíno (passe o pleonasmo) e uma alegria em mostrar bolos e servir amostras de bebidas coloridas.

"A senhora está mesmo feliz de estar cá", disse eu ao Hugo, depois de uns minutos a vê-la despachar trabalho. "Deve ser o primeiro emprego dela em muito tempo. Ela já devia ter perdido a esperança".

E depois pensámos que era um marketing que funcionava lindamente conosco, este de se, em vez de contratarem putos para darem uma cara jovial à empresa, contratassem senhoras despedidas do setor fabril ou do diabo. O nível de consciência social hoje em dia é outro, todo mundo sabe o que se passa e todo mundo gosta de ver soluções. Sim, eu sei que os jovens precisam de trabalho, mas se para um jovem trabalhar num Starbucks é uma solução de recurso ou um "começar por baixo", para um tipo quase na idade da reforma pode ser um milagre. Um renascimento.

Não sei se era esta a narrativa da senhora contente do Starbucks, mas qualquer outra que me ocorria era igualmente boa e válida. E qualquer uma delas far-me-ia gostar de ver mais senhoras (e senhores) a perguntar-me se quero uma bebida gelada à base de café e uma das nossas queijadas para acompanhar. E far-me-ia voltar, mesmo pagando as cuecas por um café bem ruinzinho.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Os dinossauros cá de casa - update ou nem por isso


O Hugo pensou, pensou, e chegou à conclusão de que era o dentossauro. O meu criativo, inteligente, bondoso e sexy marido acha que a sua principal característica são os dentes assim meio para fora, portanto. Ainda tentei argumentar, sem sucesso.

O Gabriel foi fácil: é o melgossauro. Ele não gostou e diz que é o dinossauro mau e o monstro, mas não interessa, ele É o melgossauro.

E eu? Nada mudou de 2009 para cá: continuo a ser o culpossauro.

E vocês?
Muito difícil encontrar a imagem de um verdadeiro culpossauro.
Tanto tempo a chafurdar o que era verdade dentro de mim que acabei por me deixar cercar de mentiras fora de mim - mentiras nas minhas relações com o exterior: coisas (pouco, mas mesmo assim), gentes (algumas), histórias (muitas). Fui dizendo que nada era importante, quando, na verdade, tinha era preguiça de separar trigo de joio, sendo que não sei o que é joio e não sei se vale mais do que o trigo ou menos. A verdade é que eu não devia usar esta expressão antes de ir ao dicionário. 

Adiante: já sei o que é joio. Esta pequena ignorante vai, então, não digo expulsar, mas questionar o joio diretamente cada vez que o joio parece joio e não trigo. Não vou ficar mais na dúvida, ou pior, não vou ficar mais na certeza a fingir que estou na dúvida (mesmo sem saber o que era joio, farejo o que não é trigo a milhas). Estou mesmo cansada disto. Isto também é excesso de bagagem. Devia ter começado uma dieta de mentiras ao mesmo tempo que comecei a outra. Neste momento, já podia contar com 18 quilos de mentiras a menos. 


domingo, 12 de agosto de 2012

A frase do ano (ou porque casei com ele parte mil)

"Perdi a urgência da novidade".
(fomos ver a Princesa Mononoke em vez do Batman)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Já está na altura de mudar, ou não?

Já não acho piada às festas medievais. Caramba, aquilo é sempre a mesma coisa! A mesma música, os mesmos comerciantes, as mesmas distracções, ou seja, a mesma merda de sempre. Não há paciência. A ideia até é gira, mas convenhamos que, quando temos a mesma experiência todos os anos, a coisa começa a fartar.
Lembro-me que, durante os primeiros anos em que namorei com a Melissa, íamos muito vezes passear o romance a estes sítios. Óbidos, Sintra, Sesimbra, Almodôvar, eram parte do nosso itinerário e, bem vistas as coisas, funcionávamos um bocado como groupies das feiras medievais.
Desistimos disso. Nasceu-nos um filho e agora a oportunidade de voltar aos mesmos locais só para ver cavalos montados por gajos com uma espada na mão já não é a mesma. Já vimos o espectáculo! Toda a gente já viu.
Um dia destes apareceu-me a ideia. E se substituíssem as feiras medievais pelas feiras renascentistas? Era uma novidade que muito emocionaria as gentes. Até podia haver senhores a pintar quadros, mulheres gordinhas desnudadas a fazer de modelos, estátuas com senhores de pila de fora, uma caravela feita mais ou menos á escala no meio das ruas para os miúdos brincarem e príncipes florentinos a passear pelos visitantes.
O que dizem, malta das câmaras municipais? Temos negócio?


Duas santíssimas trindades (ou coisas geniais em boas mãos)

O Corvo, de Poe, traduzido por Fernando Pessoa e Machado de Assis. 

The Great Gatsby, de Fitzgerald, realizado por Baz Luhmann com Leonardo di Caprio.

Quando corre tudo mal, podemos sempre lembrar-nos desses encontros fortuitos de talentos. Vou ver se me lembro de mais alguns, para ser ainda mais feliz.

E vocês? Alguma santíssima trindade a reportar? Ou quadrados, ou...

 
Oscarizável, escrito por Melissinha, realizado por M. Night Shyamalan.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Crónicas do Encolhimento - "Apenas usamos 6% da roupa que temos no armário"

Ouvi isso na Comercial hoje de manhã. E olha, fez-me plim. 

De vez em quando, há que levar o lixo para a rua. E se estou a tirar o lixo de dentro de mim, porque não tirar os excessos que me cercam também? Há tanta coisa duvidosa na minha vida. Falo de roupa, objetos, memórias e pessoas de origem e utilidade questionáveis. Coisas que não encaixam na minha vida e que me puxam para baixo há tempo a mais porque arranjo sempre mais um motivo para continuar com elas atreladas - sendo que o motivo principal é não conseguir olhar de frente para elas e dizer: "a tua energia é esquisita. Adeus. Sê feliz. É de coração, sê feliz, encontra outro dono ou pessoa a quem se atrelar".

Se só uso 6% do que tenho (e eu só uso 6% do que tenho), porque é que o armário está a explodir, como o meu corpo estava há uns meses? As Crónicas do Encolhimento são sobre tirar da Melissa o que não é Melissa.

Vamos a isso.

Nascer para o drama

É, aos três anos, ser solicitada para cantar isto em todas as festinhas de família.

Cresci ouvindo essa história, mas não tenho memória de cantar isto. No entanto, é absolutamente a minha cara. O meu tipo de canção. Hoje rio-me à brava a imaginar-me piolha de mão ao peito e cara de órfã.

O Gabriel começa a dar indícios de dramaqueenismo também. Valha-nos Deus. É que isto tem o seu lado fofo, o seu lado artístico e o seu lado defeito também.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Crónicas do Encolhimento - quando não podemos vencer a fomiedade

Em dias mais ansiosos, comer um doce por dia (não ultrapassando as 100, 150 calorias) deixa-me calminha como um coala dos mais fofinhos. Descobri que é melhor isso do que ir penicando coisas "dietéticas" que não preenchem buraco nenhum, nem de sabor, nem de ansiedade, nem de fomiedade.

CLARO que tenho de ter cuidado. Quando estou péssima, um brigadeiro dos pequenos é melhor do que quatro bolachas maria (valor calórico igual). É mais nutritivo do que uma maçã? Não, mas não estou a falar nem de fome nem de nutrição, mas sim, de aplacar a fomiedade num dia em que a fomiedade vai vencer. É um compromisso. Obviamente que, num mundo perfeito, só consumiríamos calorias boas. Num dia de fomiedade das grandes, o melhor é cingir-se a poucas calorias, venham de onde vierem - falo por mim, é claro.

Hoje, por exemplo, comi um bounty. Um. Comprei ali na máquina, pus imediatamente um no lixo e comi todas as 139 calorias do outro lentamente. Não vou lanchar tão cedo, mas não tenho fome. E estou feliz.


terça-feira, 7 de agosto de 2012

Mal de fígados parte III- aprendendo que por trás de cada coisa há outra coisa

Conversando com a Mafalda pelo chat sobre os BVP (blogs da vida perfeita), ela mostrou-me um cheio das tais fotos que acho detestáveis. Falando mais um pouco, a Mafalda disse-me porque gostava tanto do blog, e mostrou-me o post que explicava tudo.

E eu li.

E fiquei presa à história e às fotos e à franqueza.

E arrepiei-me.

E chorei baba e ranho ali a 2/3 do fim.

Pronto, agora já vejo este - só este! - blog de outra forma (mas continuo a achar as fotos enjoadinhas e perfeitinhas na mesma).

(Editando: pus "ontem" porque ia agendar o post, porque três posts num dia só dá-me um certo ar de desocupada. Mas como é o assunto de hoje, olha, fica).

Mal de fígados - é disto que falo

Se vocês fazem disto... pois, disto, eu não gosto. É tudo muito igual e milimetricamente imperfeitinho.

Como ando mal de fígados, lá vai mais uma

Estou fartíssima de blogs cheios de fotos diáfanas de chávenas de café com livros meio abertos por cima, e bolos meio comidos, e pormenores de decoração assim meio na penumbra, com o sol a entrar por entre cortinados brancos, miúdos a brincarem nus dentro de baldes com gotinhas de água a voar, cada uma apanhada pela câmara. Só falta começar a tocar Norah Jones por cima de tanto pastel-sobre-branco.

Quem anda a babar no Pinterest deve saber do que falo, e se ainda houver alguma alma que não saiba, aqui na roll ao lado há uns quantos assim (eliminá-los-ei).

Na verdade, acho que é mais uma coisa da famosa "vida editada" de que me cansei mesmo sem nunca ter aderido.Coisas saídas dum manual "como fazer a minha vida parecer perfeita com dois ou três filtros".

Tinha escrito isto para a Mafalda em resposta às minhas fotos (também as adoro, Mafalda!). Adoro fazer álbuns dos meus passeios para amigos, família e para nós mesmos. Se aquilo parece a vida perfeita a alguém, e imagino que pareça, então é porque tenho mesmo a vida perfeita: as fotos são point-and-shoot e passo-as pelo corretor automático, mainada.  

EDITANDO: Tinha escrito isto para a Mafalda em resposta às minhas fotos (também as adoro, Mafalda!). Adoro fazer álbuns dos meus passeios para amigos, família e para nós mesmos. Há quem já me tenha dito/demonstrado que aquilo é a "vida perfeita". Se aquilo parece a vida perfeita a alguém, e imagino que pareça, então é porque tenho mesmo a vida perfeita: as fotos são point-and-shoot e passo-as pelo corretor automático, mainada. 


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Um declutter que não consigo fazer (pedido de ajuda, portanto)

O da mala.
A minha mala é pesadíssima, e adoraria ter uma mala levezinha.
Mas acho que preciso de tudo que está lá dentro.
Sou, com a mala, o que não sou no resto da minha vida.

(Digo que é uma questão de controlo, quero ter tudo sob controlo e preparada para qualquer eventualidade - que nunca acontece, é óbvio).

Quem consegue andar só com o telelé e a carteira, digam coisas. E se tiverem sede? E se precisarem de comprimidos para várias dores diferentes? E uma sebenta para anotar trivialidades? E um caderninho de capa dura para coisas menos triviais? E se vos acontece não sei quê e coiso?
COMO É QUE VOCÊS RESOLVEM ISSO?

(não) Vamos contar histórias

Estou cansada de mentiras inúteis. Não me entendam mal, eu minto, sim, quando preciso - e entendo as mentiras funcionais. E vá, também aumento um pontinho quando conto uma história interessante, porque quem é que gosta de coisas estritamente literais, né? Cansam-me é os episódios de ficção com que as pessoas salpicam as suas vidas em busca de mais glamour, mais drama, mais originalidade, mais carisma... Mais atenção, na verdade.

Cansa-me estar sempre a fingir que engulo esses episódios de ficção. Cansa-me e faz-me sentir idiota, sempre e a cada vez. Pessoas com episódios de ficção na vida: quando eu começo a ficar calada ou ausente enquanto me contam coisas mirabolantes, não é porque eu não tenho coração. É porque estou a esforçar-me para fingir que acredito. Guardem as purpurinas para pessoas mais crédulas, pelo menos. Comigo é lixado.

O mais triste disto é que as vidas "reais", "comuns", são sempre tão giras e tão adoráveis e reconhecíveis. Mesmo com problemas. Essas conversas sim, prendem a minha atenção e essas pessoas sim, têm o meu interesse.

Tenho pena de que tanta gente fixe por aí ache que precisa de purpurina na vida para achar que tem algum valor. Não, pá, entenderam tudo mal. Acho que a maioria das pessoas prefere o drama e o glamour nas revistas, livros e tevê. Aqui fora, o passado que tiveram e o presente que as pessoas têm deve ser suficiente. Se não for suficiente para a pessoa X ou Y, é porque essa pessoa não é a nossa pessoa, outra há-de ser.

Claro que, primeiro, terá de ser o próprio autor das ficções a achar que a sua vida simples e chata é, na verdade, exuberante e cheia de brilho. Em não conseguindo achar e precisando de exuberância e brilho, fazer por onde a vida os tenha, e não inventar outra por cima.

Esta é uma imagem incrivelmente macabra de Pinóquio. Sou uma coisinha macabra, como já admiti em público. Faz parte da minha exuberância e brilho, ou absoluta falta dos dois.

domingo, 5 de agosto de 2012

Outros motivos para se amar (em) agosto













Há mais cidade tranquila do que sonha o nosso vão desejo de praias atulhadas.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Crónicas do Encolhimento - SOS

Ando com uma fome abismal, que me dá uma neura abismal, o que aumenta a fome abismal, o que é horrível, porque não quero cá neuras, quero é liberdade das neuras com comida e com peso.

AJUDEM-ME!

Morro de medo de que esta fome abismal seja um regresso sem regresso (passe a expressão) aos antigos e nefastos hábitos.


Libertando-se

É bom saber que aquele interesse que passámos toda uma vida a reprimir afinal não é errado, afinal é partilhado por muita gente e não tem mal nenhum, é estético, bonito e bom quanto qualquer outra coisa.

Já tinha percebido (um bocadinho d)isto quando, há uns anos, depois de séculos a tentar olhar de lado cada vez que passava por um cemitério embora tudo que quisesse era olhar lá para dentro e mais para dentro ainda - a sentir-me uma coisinha macabra - o Hugo chega em casa com um livro lindíssimo para mim, como se dissesse: vês? Tudo bem, o Moita Flores também gosta e ele manda em Santarém, por isso, podes gostar também (já disse que amaria o meu marido mesmo se não o conhecesse? É o homem dos meus sonhos.)

E ontem deparo-me com isto (NÃO ABRIR SE FOREM SENSÍVEIS - OK, ISTO É QUASE DIZER "ABRAM LÁ" MAS DEPOIS NÃO DIGAM QUE NÃO AVISEI) e vejo milhares de outras pessoas que também adoram essas fotos, e estudam-nas, e falam sobre elas, e escrutinizam-nas e adoram-nas. Estive a chafurdar o tema até alta madrugada, o que, para quem me conhece, sabe que é coisa raríssima. E senti uma felicidade que não consigo descrever, ou melhor, consigo assim: há uns anos, vi num programa de TV qualquer uma anã duma aldeia no cu de Judas que julgava ser a única anã do mundo, até ir ao casting para, julgo, o Feiticeiro de Oz. Ao chegar lá, depara-se com centenas de outros anões e descobre que, afinal, não é a única no mundo.

Posso ser uma coisinha macabra, tá bem, mas estou acompanhada. E o Hugo entende. E até acha piada.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Monstros

É o novo hit lá de casa. O monstro que mais gosto de fazer é o Monstro Dorminhoco, porque sofre de narcolepsia e posso deixar-me cair na cama várias vezes, enquanto o Gabriel o sacode para o acordar, sem nenhum sucesso.


Depois há o Monstro genérico, que é aquele que corre pela casa atrás do Gabriel a grunhir e a dizer aaaaaurrrrgh, sou o MOOOOONSTRO, como se precisasse de apresentações. Às vezes, o monstro genérico diz que é o MOOOOOOONSTRO MAU, para que fique mesmo claro.


Há mais variações, mas estes dois são os meus preferidos.