Conheci a Juliana tinha ela quatro anos, e eu, seis. A Juliana mordeu-me ferozmente por motivo nenhum. Fui fazer queixas ao pai dela e acabei levando nas orelhas dele também. E foi essa a minha primeira impressão da Ju: era brava e era muito amada.
O amor e a bravura fazem-na travar a guerra mais temida de todas - aquela para salvar a filha. E travou-a desde muito cedo. Estivemos grávidas ao mesmo tempo, com data prevista de parto próximas. Mas um revés trouxe a Cecília ao mundo demasiado cedo, e a guerra começou nesse dia. Mas o primeiro milagre aconteceu e, quatro anos depois, temo-la entre nós, brava e muito amada como a mãe. Mas havia mais guerra pela frente, e é por esta nova guerra que escrevo hoje. A Cecília precisa de transplante de medula e sei que muita gente ainda não é dador. E encontrar uma medula compatível é difícil - é mesmo preciso que as pessoas se cheguem à frente. No Brasil ou cá em Portugal, é um processo muito, muito simples. Como fazer análises. Se andam pela Internet ou veem TV, sabem disso, é chover no molhado. É só tomarem a iniciativa.
Eu acredito que quando uma mãe luta por um filho, todas as mães lutam com ela. E, além das mães, lutam os pais, e tios e primos de qualquer criança. Acredito que seja daquelas guerras a que ninguém vira as costas, é uma causa comum. E somos ferozes na luta, no desejo da vitória. Chamem-nos, que nós lutamos com uma doação de medula, o nosso coração e as armas que tivermos. Eu luto com a Juliana, hoje, pela Cecília.
Eu acredito no segundo milagre, Ju.
Eu tenho muita fé na bravura e no amor.
2 comentários:
Perdemos a primeira batalha, mas a guerra não acabou, estamos lutando com todas as armas e vamos ganhar! Mel, essa era uma guerra declarada mas com vecendor anunciado antes mesmo de começar: Ana Cecília!!!!
Não tenho um pingo de dúvida, Ju! Nem eu nem ninguém que por aqui vai passando, tenho a certeza absoluta.
É isso mesmo, é um jogo de cartas marcadas desde o começo :) A Cecília vai vencer, e, com ela, todos nós.
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