sábado, 31 de março de 2012

Estou cheia de fé e ideias para esta nova idade.
Um passarinho disse-me que ia ser boa :)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Crónicas do Encolhimento - meio do caminho*

"13 lost, 13 to go".

Adoraria ver estes 13 irem à vida até o fim do ano, mas é difícil, sei que é. Não parece, já que os primeiros 13 se foram em dois meses e meio, mas um processo de perda de (muito) peso não é nada consistente e quanto mais nos aproximamos dos últimos, mais lenta fica a coisa.

E a onda agora aqui é comemorar os perdidos, e não ansiar pelos que ainda cá estão.
Serenity Now!

13 lost! SAPO LINDÃO.

* meio do caminho para o primeiro objetivo. Continuo bem gordinha mesmo com 26 quilos a menos. Mas o segundo objetivo são cinco quilos em um ano para me tornar uma gordinha sexy e não há a menor hipótese de eu me stressar com isso como agora me stresso. Com sorte, o novo estilo de vida já vai estar bem incorporado e as comilanças por ansiedade serão coisa do passado. Oxalá.

Ui, e porque diabo estou a falar neles? Ainda faltam 13 dificílimos quilos até chegar a eles. SERENITY NOW.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Crónicas do encolhimento - o aniversário

É indescritível a sensação de, depois de sete anos de luta inglória contra a obesidade, entrar nos 36 com um corpo menor do que entrei nos 35. Nada nesta vida fez-me sentir tão poderosa, esta conquista (em andamento e mais lenta do que eu esperava, mas mesmo assim) de mim sobre mim., e já passei por enormes conquistas pessoais, esta não é nem de perto a única coisa que já quis mudar na minha vida. A diferença desta é que é a derradeira, a poderosa. E as pequenas (e lentas) vitórias vêm de dentro, sabem a... sabem a mim no meu melhor.

Ainda não dará para usar um vestidinho chuchu no dia 31 - isso ficará para os 37, não tenho pingo de dúvida - mas já vou tentar entrar na fase 3 das calças perdidas, as de 2005.

(Nunca deitei nenhum par de calças fora, tenho o armário atulhado de calças de cinco ou seis tamanhos diferentes, inclusive uma preta nº 40 de 2004 de que nunca fui capaz de me desfazer. Os especialistas dizem para nos livrarmos desse tipo de clutter e comprar tudo outra vez quando for emagrecendo, mas sinto que as calças estiveram lá para me lembrar que há sempre um caminho de volta para percorrer, sempre, em qualquer altura que eu decidir dar meia volta. Qualquer ponto é um bom ponto de retorno, como ouvi na Anatomia de Grey. E as calças esperaram pelo meu).

quarta-feira, 28 de março de 2012

terça-feira, 27 de março de 2012

distração

Distraio-me por um minuto e pumba, estamos a entrar em Abril. O ano começou há três meses e, fora os quilos perdidos, acho que ainda não fiz nada do que me tinha proposto.

Tenho de andar em cima do calendário. Cada vez que me distraio, passa um mês inteiro ao meu lado.

Sou o iéu!

E é uma chatice quando lhe perguntam o nome, porque, depois de ouvirem "sou o iéu", Gabriel é sempre o último da lista que lhe desfiam aos ouvidos.

Daniel?
Manel?
Miguel?
Samuel?

E o meu pequeno a berrar iéu, iéu, iéu, sou o IÉÉÉÉÉU!!!!!!, desesperado.

Digo isto porque hoje houve um upgrade ligeiro, para Babiéu. A ver se dura e se sobe um bocado na lista.
Acho "Gabo" giríssimo, mas isto do iéu claramente não dependeu de nós: cá, ele é Buchas, Conconcas, buchitas-buchitas, minha Concas, Butche, El Butch, Bucholices, Bucholadas, Buchinhas, Pintinho (avô, que transferiu o petit-non do próprio filho para o neto).

segunda-feira, 26 de março de 2012

Crónicas do encolhimento - objetivos estabelecidos

Preferi, desta vez, ter três objetivos claros e atingíveis. Data X, menos Y quilos.
O primeiro objetivo eram menos 11 quilos até aos meus anos, que é sábado, e foi atingido. E estou a quatro quilos de comprar a minha primeira auto-prenda "parabéns, chuchu" :)

Sei que o suposto é comemorar, mas não, eu não sou de comemorar - já estou stressada com o próximo objetivo, que são menos oito quilos até 31 de Maio (eram dez, o Hugo baixou para oito). Parece exequível, mas a verdade é que a porcaria dos quilos que já cá estão há mais tempo se vão embora cada vez mais devagar, estão aconchegadíssimos no quentinho (os últimos a chegar não estavam tão bem instalados, pelo que parece). Ora bem, neste momento, os quilos que cá estão chegaram por volta de 2005. Já se sentem em casa, já fizeram obras, já tiveram meninos. É um despejo a sério, cheio de drama e resistência. Argh! Mas sairão, ah, se sairão, estes okupas.

Continuem na torcida, quem é de torcida, que eu torço por vocês também.
(Até porque ando nuns dias sem pique para dieta, sem pique para ginástica, com pique para sofá).

UPDATE: no atual ritmo deste não-existente metabolismo, oito quilos em oito semanas não é atingível. Não é, mesmo, não tenho emagrecido um quilo por semana ultimamente. Vai daí que baixo três: passo o objetivo de 31 de Maio para menos 5 Kgs. Isso, sei que consigo. E serão 17 Kgs em quatro meses e meio, bastante sustentável.

O filho é meu, quem sabe sou eu

Cada vez mais, sim, mas tem sido um processo gradual que começou a modos que no menos-que-zero, ainda na gravidez.

Aprendi muita coisa com muita gente: com a rapariga que me vendeu o carrinho, aos cinco meses de gravidez, aprendi que uma alcofa podia ser uma boa opção. Com a Tatas, aprendi em primeiro lugar que o Nan era tão bom quanto o mais caro dos leites (entre várias outras coisas), com a Ana Casaca aprendi a não me sentir tão culpada sobre tanta coisa (entre montes de outras coisas). Com os vídeos do Dr. Harvey Karp, ou Deus, para abreviar, aprendi a aplacar-lhe o choro muito cedo, entre umas cinco coisas valiosíssimas. Os artigos do Livro do Bebé do Mário Cordeiro acalmaram esta casa em N doenças.

Aprendi na rua, aprendi com amigas, aprendi com malta mais velha, aprendi em livros, com médicos, com educadores. Fui agregando o que me parecia bem, descartando o que não fazia sentido para mim.

Ontem mesmo aprendi com uma freak que a melhor forma de fazer com que uma criança de três anos nos siga é fingindo um jogo de apanhada.

À medida que o tempo passa, a minha maternidade leva cada vez mais de instinto nosso e menos de conhecimento alheio, mas até o próprio instinto teve a sua mãozinha a construir-se. Nunca terei a arrogância de dizer o contrário. E sou profundamente agradecida a cada vez que não soube o que fazer e alguém me apareceu com uma ideia ou outra.

Afinal, it takes a village.

sábado, 24 de março de 2012

Crónicas do encolhimento - a criptonita

Levarás, a todos os aniversários de crianças brasileiras ou luso-brasileiras que fores, um pequeno frasco de fairy para borrifar cada brigadeiro que vem parar à tua mão.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Tinha dez anos quando ele nasceu, desejado durante toda a minha infância, e 13 quando viemos viver em Portugal. Vida de recém-chegados, papai e mamãe trabalhavam o dia inteiro, e era eu, aos 13 anos, que apanhava o autocarro no Alto de Santo Amaro depois das aulas, até ao Calvário, e depois mais um autocarro e mais outro até o infantário na Almirante Reis, apanhava-o com cesto, mochila e o caraças (mais a minha mochila e saco de educação física) e lá íamos nós mais uma hora toda de autocarro até aos Fetais, onde, dependendo do horário da minha mãe, que trabalhava num restaurante, fazia-lhe eu o lanche, dava-lhe banho e jantar.

Durante toda a minha adolescência, fui um bocado mãe dele também, e quando ele próprio chegou à adolescência e perdeu mesmo a mãe... não serei presunçosa a ponto de dizer que calcei as tamancas maternas, mas passei a cuidar ainda mais dele, fiquei ainda mais chata e intrometida.

Pela diferença de idade, demorámos muito a ser amigos, mas sou a protetora dele desde que o vi pela primeira vez quando ele saiu do bloco de partos, o bebé mais feio de sempre - mas só quem podia dizer isso era eu. Quem mais dissesse, levava.

Era o MEU irmão.
No meu irmão, NINGUÉM TOCA.
Há dias mesmo maus, pá.
Hoje sinto como se o chão me quisesse deitadinha nele, quieta, quieta.

Uma energia ruim.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia da Poesia e eu nisso sou muito cliché*

SONETO DA FIDELIDADE - Vinícius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

*
os clichés tornaram-se clichés por algum motivo.

terça-feira, 20 de março de 2012

Desafio da Anita completo em 97 minutos


1. Livro
- Ligações Perigosas
2. Mãe/Pai - nasci de mãe cearence e pai alagoano. Tornei-me mãe portuguesa.
3. Local - Icapuí, no Ceará, terra do meu avô.
4. Amuleto - o meu anão de jardim.
5. Foto - a primeira do meu filho.
6. Sabor - ostra.
7. Estação do ano - Verão.
8. Amor - os meus quatro homens.
9. Mania/Superstição - velas ao anão de jardim
10. Parte do dia ( manhã, tarde, noite) - manhã
11. Sobremesa - brigadeiro
12. Cidade - Roma
13. Cheiro/Perfume - lavandarias e padarias
14. Calçado - nenhum
15. Local de férias - nada me ocorre, long time no see.
16. Filme - Moulin Rouge
17. Frase/Poema - Quando João me fala de José, sei mais de João do que de José
18. Feriado - os meus anos, que é o meu feriado pessoal.
19. Série - Glee, por ter guiões perfeitos.
20. Objecto - anão de jardim, cartas do meu avô para a minha avó.
21. Maquilhagem - olhos.
22. Lingerie - packs da Primark.
23. Solidão - "deves amar escrever e suportar a solidão", Robert McKee
24. Data - celebro sempre o 26 de Outubro, fim do sofrimento da minha mãe.
25. Medo - o de qualquer mãe: que o seu filho adoeça.
26. Comida - sushi e leite condensado (não sushi com leite condensado).
27. Sonho - não tenho sonhos, tenho projetos.
28. Pessoa - Daniel Quinn, por ter mudado a minha maneira de ver a vida.
29. Look - espero que magro, num futuro mais ou menos próximo.
30. Sedução - boa escrita, sem advérbios de modo, sem descrições exaustivas, sem poesia. A do meu marido.
31. Saudade mãe, que foi cedo de mais, e as mulheres da minha vida que moram todas demasiado longe

segunda-feira, 19 de março de 2012

Curtíssima sobre novas formas de se conhecer que já ficaram velhas

  • Tá bem, beber cafés e passar horas ao telefone é uma cena fixe, mas há cada vez mais formas de conhecer gente parecida conosco, semear uma amizade, criar confiança, encontrar afinidades, ajudar-nos em horas lixadas, comemorar vitórias várias.

Hoje descobri que, em quatro anos, troquei quase 2000 emails com a Ana C.
Acho que falámos de todos os assuntos que existem.
E se bebemos 20 cafés nestes quatro anos, foram muitos.
E não somos menos amigas por causa disso.
(Aliás, até tem o seu lado fixe, a Cê nota sempre que tou mais magra).

Como o meu marido, não foi a net que nos apresentou, mas foi a net que sedimentou a nossa relação. Foi a escrever que eu e a Ana C. nos tornámos amigas, como foi a escrever (e a ler) que me apaixonei pelo Hugo. E isso é muito fixe, já que é a nossa forma de expressão preferida, é como a gente "fala" melhor.

É pena que, hoje em dia, estejamos todos em Facebooks e MSNs que restringem o nosso contato com gente desconhecida, porque acho a net um sítio muito bom de se fazer amigos e não só. Mas isto se calhar sou eu, que já estou aqui acomodadinha no meu canto. Se calhar fervilham por estas redes sociais afora grupos vibrantes cheios de gente gira a fazer amizades e a apaixonar-se. Quero acreditar que sim.

Não sei como fiz aquela bolinha lá em cima, mas não consigo desfazer.

Sarar

Não sou mulher de sarar depressa. Se eu fosse daquelas bloggers mesmo más, diria que sou uma espécie de hemofílica emocional. Os meus lutos demoram décadas, os meus rancores são levados pela eternidade afora, traumatizo com facilidade, não ultrapasso, não esqueço.

Por isso, foi com estranheza e alegria que ontem, em conversa com uma boa amiga, percebi que um dos piores eventos da minha vida está completamente arrumado. Arrumado mesmo. Já não me causa arrepios, já não desperta o gosto de injustiça na boca, não me acelera o coração e não me deixa mal por horas a fio. Foi algo que me causou um enorme sofrimento e me retirou toda a autoconfiança, e hoje vejo que foram precisos anos, e um anjo (sim, tu, pessoa que eu costumo chamar anjo), para me restaurar. E ontem, ao falar disso, nem tchum de raivinha e gosto de má memória. Nem tchum! O tal hecatombe emocional foi INTEGRADO. E ponho "integrado" em letras grandes, porque, olhando para trás e para a frente, eu a modos que precisei daquilo para o caminho (duro, que continua duro e há-de ser sempre duro) que se seguiu. Não foi esquecido, o hecatombe. Não foi negado, não foi enterrado, não foi sublimado. Foi hegelianamente integrado. Está lá, em 2007, a marcar um "antes e depois" na minha vida.

E foi excelente perceber isso. Lufada de ar fresco para quem não tem pinga de simplicidade em lidar com as suas merdas.

Este é Hegel. Fez-me a vida negra no 12º ano. Hoje, apenas me faz lembrar vagamente o pediatra do meu filho. Outra coisa (pequenina, vá) hegelianamente superada.

sábado, 17 de março de 2012

Pequeno oração blogosférica

Querido Deus, permita que eu nunca faça nada que envergonhe o meu género como um todo, mesmo no anonimato de um nick estapafúrdio. Amém.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Panca nova

Sótãos e águas furtadas, a juntar-se aos cemitérios.
Pelo menos para esta é mais fácil arranjar companhia para fazer spotting.

Um pouco de filosofia

Cada vez menos acredito em virtudes ou defeitos. Acho que temos características que podem pender para um lado ou para o outro, que podem servir-nos bem ou mal conforme a situação, como as cartas de tarot. Sempre achei isso de mim mesma e começo a observar o mesmo em quem me rodeia mais de perto.

O metodicismo (esta palavra existe? É que metodismo é uma religião) do Hugo impede-nos de ir a Amesterdão sem consertar os estores antes, mas temos uns dossiers de garantias, contas e mais algumas coisas que faz inveja a muita gente.

O meu pé enfiado no novelão faz com que cada problema pareça um buraco sem fim mas faz-me ver a vida em explosões de fogos de artifício também, e encontro histórias onde os que têm o pé na realidade não encontram.

A criatividade intensa (ou melhor: intensividade criativa) do meu irmão faz com que nunca ponha os pés do chão.

E por aí vai.

Claro que só dá para ter esta noção quando olhamos de perto. A meia distância, para mim, é tudo muito mais separadinho.

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Casa das Princesas do Gabriel (sim, e daí?)

O Gabriel anda na fase das princesas. Agora, quando volta da biblioteca, não traz Noddies nem Rucas, traz princesas. Tudo bem, também gosto de princesas. Adiante.

Encontrei na feira, hoje, uma cena que tinha visto na Fnac em dezembro, mas que era caríssimo. Isto:
~
Que, quando abre, vira isto:


Tem um bolso cheio de bonequinhas para habitar os quartos, um mimo, um nível de pormenor que vocês não acreditariam. E custou cinco euros.
Sim, havia uma versão para rapazes (um castelo do terror), mas para quem anda em fase de princesas, este vai ser um sucesso. Mal posso esperar por lho dar.

Update: nunca o vi tão feliz a brincar. Está nas nuvens. E como é tudo tão lindo, mostro mais pormenores da nossa alegria cor-de-rosa de cinco euros.




Ilhados

Outro dia ia eu no comboio quando vi um anúncio de um festival de banda desenhada em Vila Franca de Xira, o tipo de coisa que gosto de fazer com os gajos da casa, e já ia sacar do telemóvel para mandar um sms ao Hugo, quando, de repente, lembrei-me do fator G.

A gasolina está a 1,70 e a vida já não é a mesma.
Não temos falado sobre isto, mas a verdade é que nós, que dantes dávamos enormes voltas nos fins-de-semana, íamos a todo o lado desde que fosse de graça, agora praticamente não saímos do concelho de carro. Do concelho? Praticamente não saímos aqui da zona que engloba a nossa casa, a estação dos comboios, infantário e ginásio. Estou a falar de cinco quilómetros, no máximo - felizmente com parqueshttp://www.blogger.com/img/blank.gif, supermercados, casas de amigos e centros comerciais pelo caminho.

Hoje ia eu muito feliz mandar uma mensagem a combinar um café com a Ana C., que até mora perto, mas fui obrigada mais uma vez a fazer contas às saídas.

E sim, também ando de transportes (tenho uma ida obrigatória a Lisboa por semana) e sim, estão pela hora da morte. Uma ida a Lisboa com dois metros (e eu aproveito sempre para fazer mais qualquer coisa, já que lá estou) sai por quase sete euros. Não sei quanto custará o bóio para Vila Franca de Xira, mas imagino que saia uma coisa considerável, se multiplicarmos por dois.

Pois é. Há uns tempos o problema era o comer fora, passámos a levar mais lanches, mas agora o problema já é só o "fora", mesmo. E é triste, para gente que gosta do laureanço da pevide como este clã.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Ainda sobre "O Retorno"

Não sou retornada, mas a minha chegada a Portugal também não foi pacífica. Não vou expor as dificuldades pelas quais passámos porque a história não é só minha, mas agora, dois ou três dias depois de ter terminado o livro, vejo que afinal aquilo ressoou não só por ser excelente literatura, que é, mas porque me vi ali dentro em várias situações (embora não imediatamente: na verdade, só pensei nisso hoje).

Sobre a história que é minha: aos 13 anos fui assediada várias vezes como se fosse uma mulher adulta porque toda brasileira era puta ( e respondia bem, aqui a idiota, por achar que era um problema de diferenças de palavra, ou algo assim), fizeram-me propostas verdadeiramente porcas em metros, estações de comboio, no meio da rua, até. E eu respondia sorrindo, grande parva. Na escola, por não entender o que a professora de trabalhos manuais queria, já fiquei a lavar a sala no fim das aulas. Era do sol do meu país, dizia ela, queimou-me a moleirinha e fiquei daquele jeito, sem entender o que se dizia em bom português. (Primeiro nome da professora: Anabela, escola Dom João de Castro, em Lisboa, ano letivo de 1989/90, ai, se eu tivesse o segundo nome dela, ia atrás dela com gosto de sangue na boca).

Essa é a parte má, claro. Na verdade, de um modo geral correu bem, porque, volvidos 23 anos, ainda cá estamos todos. Mas disso aí em cima, não me hei-de esquecer. Ficou gravado.

E ai de quem faça piadas de brasileiras ao pé de mim.

Crónicas do encolhimento Parte VI - a aceitação

De que estou numa fase de extrema motivação e que nada me derrota, mas que não será sempre assim. A minha obesidade tanto tem de emocional como de genética, é algo que carrego comigo. Estarei sempre, sempre, sempre em recuperação. E vou cair algumas vezes, e o peso vai oscilar algumas vezes, porque acontece com 95% das pessoas que fazem dieta e não me vou pôr aqui a dizer que EU SOU DOS 5%, porque não sei se sou, dois meses não é nada comparado ao resto da vida.

O objetivo aqui é bem mais modesto: não bradarei que não volto a engordar uma grama: não vou é voltar a engordar 25 quilos como engordei quando a minha mãe morreu. Isso, até assino um documento lavrado em cartório. A este ponto em que estou, não volto nunca mais. Mas que, daqui a uns tempos, objetivo atingido e tal, passe por outro grande stresse e ganhe seis... Acho bastante possível. Não só acho possível, como acho natural, porque é como reajo às merdas, é como o meu corpo responde. Mas, ao contrário do que aconteceu antes, não demorarei oito anos a elocubrar sobre o assunto para começar reverter o bicho.

Resumindo: estou a tirar da Melissa tudo que não é Melissa e já não me resta dúvida de que terei sucesso a médio prazo.
Não quer dizer que não respeite a doença crónica que tenho. Respeito-a e aceito-a. Só assim poderei combatê-la. E é um combate para a vida toda.

terça-feira, 13 de março de 2012

Não sou retornada, sou ida*

O Orvalho da noite
Brinca na luz do luar
Quem acredita em sereias
Sabe os segredos do mar

A cachoeira cantando
É a canção natural
Sempre lembrando pra gente
Que amar nunca faz mal

Teu amor é cebola cortada meu bem
Que logo me faz chorar
Teu amor é espinho de mandacaru
Que gosta de me arranhar

Teu olhar é cacimba barrenta meu bem
Que eu gosto de espiar




* Às vezes retorno para lá como ao lembrar de versos escritos na minha terra (Ceará, e não Brasil), e volto para cá sempre com soluções inspiradas, com aquele bocadinho que estava a faltar.

Mesmo não estando de dieta

Poucas coisas me deixam tão contente quanto delícias do mar grelhadas com molho de soja e gomásio e um punhado de mistura florestal do Pingo Doce.

Ai, a finesse.

Contando a própria história

"... Claro que o Vítor começa com a cantilena, os soldados foram obrigados, não havia nenhum que quisesse ir para lá, blá blá blá. Se o Vítor tivesse ouvido as histórias da mãe, quando o vosso pai acabou a segunda classe já tinha as estradas à espera, o vosso pai dizia-me, se se soubesse o suor com que as estradas são feitas ninguém as pisava antes de se benzer, a mãe do vosso pai teve nove filhos, nove bocas para comer e dezoito braços para trabalhar, só se deitava contas aos braços, que às bocas podia roubar-se quase tudo, umas rodelas de cebola numa côdea de pão calavam os roncos das barrigas. Se o Vítor tivesse ouvido a mãe saberia que nada nem ninguém obriga mais do que a fome e que o pai embarcou no Pátria mais obrigado do que qualquer soldado".

"A minha irmã tem vergonha de ser retornada, finge que é de cá e esconde o cartão que tem o carimbo vermelho, aluna retornada, o cartão que dá direito a um lanche na cantina. A minha irmã cheia de fome mas sem coragem de ir à cantina para que os de cá não vejam o cartão, aluna retornada. A minha irmã a achar que pode não ser retornada apesar das roupas grandes, da pele ainda queimada pelo sol de lá, de se rir sem medo que os lábios sangrem, um sorriso bonito, a dizer pequeno-almoço, frigorífico, autocarro, furos, em vez de matabicho, geleira, machimbombo, borlas, a minha irmã a não querer ser retornada e quando acorda, hoje sonhei que estava a comer pitangas, a minha irmã tão triste que já nem me chama estúpido".

De "O Retorno", Dulce Maria Cardoso

segunda-feira, 12 de março de 2012

Crónicas do Encolhimento Parte V - o melhor problema

Estar entre números de calças :)
Sim, ando pela rua a mostrar o rabo e a puxá-las para cima, mas caneco, faz de conta que são FUBU, não vale a pena gastar dinheiro agora.
(E a Fada da Boa Vontade está aqui a franzir-me o sobrolho: ok, não são todas as calças, a maioria delas voltou a servir-me - o que já é excelente, mas há duas ou três que precisam mesmo de outro dono ou ajustes radicais).

sábado, 10 de março de 2012

Enfeitiçada

Nas suas escolhas de livro e filme do ano, a manchete do Y era "o ano em que Portugal olhou para dentro". Nós, clã Lyra de Carvalho, tínhamos concordado plenamente com a escolha do filme, e faltava eu concordar com o livro.
Ainda não terminei, mas já concordo.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Luzes, por favor

Comecei a escrever este post cinco vezes e apaguei sempre, porque me parecia a cada vez cheio de um autojulgamentozito do qual quero livrar-me.

Este não é um post sobre um objetivo atingido, mas sobre um em andamento: quero parar de dizer (e achar, sobretudo), que sou dramática. Eu não sou dramática. Eu sou é observadora. A vida, o mundo e as pessoas é que são cheias de dramalhões mal escritos, mal realizados, mal resolvidos.

Agora vou ali para o meio da rua rir-me às gargalhadas do que acabei de escrever.

:)

que se lixe

Fartei-me de ver sempre dois quilos a mais na minha régua lá em baixo, criei outra. Bah. Cada quilo é uma alegria e sai-me do corpinho das duas maneiras. Quero-os lá todos!

quinta-feira, 8 de março de 2012

Anatomia de Gabes

(Esta manhã, enquanto eu estava entre a camisola do pijama e a de rua, põe um ar muito preocupado na cara).

- Que foi, Gabriel?
- Que foi?, mãe? Que foi?
- Que foi quê, filho?
(ele aponta).
- Mãe fez dói-dói.
(cai a ficha).
- Não, filho. As mulheres como a mãe têm maminhas grandes, assim. Não é dói-dói.
- Mas o Iéu também tem.
(mostra).
- Sim, mas as do Iéu não ficam grandes, só as das meninas.
- A do iéu não faz dói-dói.
- Não é dói-dói, filho, é porque as meninas quando ficam grandes ficam com maminhas grandes.
- A do Iéu não faz dói-dói.
(suspiro).
- Não, a do iéu não faz dói-dói.
- Mas o Iéu tem.
- Tem.
- Muito pequeninas.
- Muito pequeninas.
- Sem dói-dói.
- Sem dói-dói.

(Repetir várias séries de cinco e seis)

FELIZ DIA DO DUPLO X, MALTA DO DÓI-DÓI.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Crónicas do encolhimento Parte V - o problema

Odeio ir ao ginásio. Não é odiar fazer o circuito (aguenta-se) nem a sensação no fim (divinal, amo). É IR. Tirar o rabo de casa. É sempre um drama vitoriano. A única maneira de conseguir ir é enfiar o Gabriel no infantário e bazar para lá logo de seguida, sem pensar muito. Se me esqueço de alguma coisa em casa, como foi o caso hoje, cá fico por mais umas horas.

Ora bem, como já disse, a única forma que consigo de garantir alguma assiduidade é indo pela fresca. Mas a melhor forma de fazer render o meu dia é ir às 15h, 16h, depois de ter o trabalho do dia despachado, porque me sabe sempre melhor, depois vou buscar o filho ao infantário e pronto, o dia está feito, ao passo de, indo de manhã, fico tão arrasada com o treino que preciso de tempo para recuperar, não chego a casa fresquinha para começar o dia (já falei que estou numa luta contra a obesidade, e não contra cinco quilinhos extra. Eu canso-me verdadeiramente no ginásio).
O problema de ir ao fim do dia é que tenho mais tempo para arranjar motivos para não ir. E arranjo. Arranjo sempre uns motivos perfeitamente convincentes.

Pronto, eis um problema horroroso e incontornável.

Porque casei com ele, parte III

Por merdas destas.

terça-feira, 6 de março de 2012

Crónicas do encolhimento - parte IV - a cabeça

A percentagem de pessoas cujo excesso de gordura não tem que ver com a alimentação é desprezível. As pessoas engordam por comerem mais do que gastam, e engordam muito por comerem muito mais do que gastam.

A Revista Maria, que custa 65 cêntimos, volta e meia traz dicas de nutrição razoáveis. Mais barato do que isso, há fóruns de nutrição e dietética na net, além dos médicos de família e o diabo. Uma consulta por "pirâmide alimentar" na biblioteca local também dá resultados, mas nada disso é preciso na maioria dos casos. Pessoas com um nível de educação razoável sabem o que devem fazer para emagrecer. Porque não o fazem? Por motivos que nada têm que ver com informação ou fatores fisiológicos.

Não me vou pôr aqui a listar motivos para o qual uma pessoa engorda - acho que são os mesmos pelos quais uma pessoa pode cair em depressão, por exemplo, ou até mais simples do que isso. Na minha opinião, se as tentativas de emagrecer já falharam várias vezes, se os quilos voltam todos, é parar de dar murro em ponta de faca e procurar mais fundo no buraco. Chafurdar na lama, se houver lama (e dinheiro para terapia). Controlar a ansiedade da forma mais eficaz (pode ser necessário um ansiolítico, e o médico de família pode passar isso). Arranjar um hobby, talvez? Pois, essa é fraquinha, eu sei, mas para quem gosta de escrever, como eu, isto é um ansiolítico do caraças, e baratucho.

O que importa é mergulhar fundo e descobrir porque é que a coisa não tem funcionado, descobrir o padrão errado. E mudá-lo. Estou a falar da vida, e não da alimentação.

Talvez seja bom parar de esperar que desça a fada da Força de Vontade do céu, porque ela não desce sozinha, é uma preguiçosa de merda e tão gorda quanto nós, tem de ser agarrada pelo pé e puxada para baixo. E ela vai passar a vida a tentar fugir, a filha da puta. Temos de descobrir o que fazer para a manter ao nosso lado, "what moves her", em bom estrangeiro. A minha é movida a verdades. Fica ao meu lado quando não invento mentiras sobre o que como e o que faço, sobre o que sinto, sobre o que quero, sobre o que sou. Ela adora essas cenas.

E só descobri isso depois de mergulhar fundo cá dentro. No meu caso, veio com dor e lágrimas também, mas tudo bem. Estou certa de que o emagrecimento é uma mudança de vida, e não de corpo, e a minha está em andamento, e mudar dói, mesmo.

Não tenho o menor medo de generalizar, neste caso: a cabeça está em primeiro lugar no processo de emagrecimento. Comecem por aí, moças e moços.

Por favor, telefonem ou mandem uma carta

- Copo do Ruca
- Descascador de legumes japonês

Não há valor comercial envolvido, mas os danos causados pelos seus recentes desaparecimentos são consideráveis.

Na possibilidade de terem criado patinhas e terem ido à procura de melhores pastagens, rogo-vos, regressem. Renegociaremos as condições.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Este blog não serve para mandar recados

Mas quando duas grandes amizades que começaram aqui na blogolândia e saltaram do PC para fora vão passar por um sufoquinho pequeno amanhã, o blog serve de bloco de post-its, sim.

(Pensavam que vinha aí baixaria, certo? Nah, tou bem na higher road, senhores)


Minhas queridas A. e S., não estando convosco amanhã, vou estar, sim. Não, não se preocupem que não apareço de balões e peluches em punho, que a minha drama-queenice não chega para tanto e vocês já disseram que não precisam de mim lá em carne e banhocas. Entretanto, deixo prendinhas para os meus meninos.


Transformers e dinossauros,claro.

Eu e o anão de jardim estamos convosco, miudagem!

A felicidade que rejeito

Sim, fui uma das que me desmanchei ao ver o anúncio da Coca-cola a dar motivos para sermos felizes. Aí depois (ou ao mesmo tempo, sei lá), veio o All Together Now e mais uma data de campanhas parecidas. E começa a cheirar-me mal.

Há uns dias, vinha a pensar mais ou menos nisso no comboio quando vejo as tais fotografias de pessoas a sorrir para o vento ali em Alcântara. Pouco depois, o mupi da fabulástica revista Happy Woman a dizer "Ser Happy Está dentro de Si".

Não, foda-se. Não está. A felicidade está dentro de nós quando as necessidades básicas estão minimamente satisfeitas. A vida é digna, as contas estão pagas, há trabalho? Ok, ser happy está dentro de ti, all together now. Se não está, se o gato comeu a base da pirâmide, não há felicidade. Há entorpecimento. Há negação. Há sobrevivência e não é forçando um sorriso que a felicidade chega.

Só espero que a malta deste país que agora chamo meu não adote as piores características do país que ainda chamo meu.

Samba nunca encheu barriga de ninguém.
All together, now.

Curtíssima sobre uma mudança de comportamento de consumo recente

- Se estou no supermercado e, por acaso, há duas embalagens de azeite pelo preço de uma, se calhar compro.

- Se estou em casa e sei por um folheto/cupão/anúncio de uma promoção X ou cabaz Y ou desconto em cartão W, não vou lá de propósito, por mais jeito que me dê.

- Gastava mais na altura em que corria atrás de descontos do que agora que privilegio uma lista bem feita, porque havia sempre outros gastos envolvidos - ora é mais uma promoção que eu não sabia, ora estamos no shopping mesmo na hora do almoço e ai que não me apetece cozinhar, ora que qualquer outra coisa. Não vou a dois supermercados por nada neste mundo. A gasolina está a 1,70 e não há como esquecê-lo. Mais caro do que a gasolina está o tempo de qualidade que passo fora dos supermercados. E é assim.

domingo, 4 de março de 2012

Crónicas do encolhimento Parte III - A dieta

Não acredito em comportamentos de dieta. Está provado que apenas 5% das pessoas que perdem peso com dieta mantêm a perda após cinco anos, e há estudos que relacionam a epidemia de obesidade com a febre das dietas.

Dieta é, de facto, uma merda. Mas, tal e qual aquela citação de a democracia ser uma merda mas não haver nada melhor, ainda não inventaram outra forma de emagrecer. Para quem acha que dá para emagrecer só com exercício, numa aula de spin, que é basicamente a coisa com maior gasto calórico do mundo e derrota o mais são dos atletas, perde-se o equivalente a uma fatia de bolo de chocolate*. Por isso, é engolir o choro e seguir em frente.

A minha é diferente da que a minha nutricionista passou, porque ela não entendeu bem que eu MORRO de fome às cinco da tarde, não vale a pena ir lá com iogurtinho.

Então, num dia normal, é mais ou menos assim:

- 3 tostas e galão com adoçante.
- peça de fruta ou iogurte líquido magro.
- carne + legumes com pouco ou nenhum hidrato de carbono ou, estando na rua, sopa + meia sandes de fiambre.
- peça de fruta ou iogurte ou 2 Marias.
- lanche a sério não passado pela nutricionista: em casa: um iogurte magro + fruta picada (equivalente a uma peça, normalmente meia laranja e meia maçã) + três colheres de cereais (muesli não muito gostoso, porque quanto mais gostoso é, mais fácil é para mim aldrabar as colheradas, e não tento ser mais forte do que o meu dark side)
- jantar - igual ao almoço.
- copo de leite antes de dormir.

Pois é. Não tirei nenhum grupo alimentar da dieta, porque se não acredito em comportamento de dieta, acredito menos ainda em Atkins e afins. Como todos os grupos preparados da forma mais hipocalórica possível, o que quer dizer que, comendo todos os grupos (açúcar refinado inclusive), não como bolos, fritos, molhos gordurosos nem nada disso. E não como MESMO. Entendo que haja quem precise de um "dia de folga" na dieta, mas eu não encaro a dieta como algo de que precise de folga, mas sim, como algo bom e que me fortalece. As poucas vezes que enfiei o pé na jaca nestas seis semanas (sendo ontem uma delas) senti-me fraca e chateada. Não houve prazer envolvido, o foco do prazer mudou. Sei perfeitamente que este radicalismo não há de ser para sempre, mas está a servir-me lindamente por ora ( e se for para sempre, também será bom, só eliminei o que não preciso).

Sobre a fome: tenho, sim, fome. Muitas vezes, porque (ainda) sou mulher de muito alimentinho. Mas, como escrevi há uns meses, faço dela a minha aliada, uma voz que me diz o que o meu corpo quer. Fome não é enxaqueca, aguenta-se perfeitamente. Basta dizer para dentro da própria cabeça: daqui a bocado comes. Quando a fome deixa de ser o Papão e deixamos de ter medo dela, torna-se mais fácil emagrecer.

Duas coisas que se provaram extremamente eficazes foram: fazer uma tabela (em grelha, mesmo) para anotar tudo que vou comendo. Não fiz durante uma semana e tenho a certeza de que comi mais do que era suposto, por isso, já imprimi a grelha desta semana. É muito bom irmos vendo ali, no papel, como estamos a sair-nos. A outra é pesar a comida. Parece demais? Para mim, é um alívio, é menos uma coisa em que pensar. Na rua, só como sopa. Pronto. Radical? Sim, mas tem resultado, e resultado é o que quero, portanto quero lá saber se é radical ou não.

Sobre o resto da família: comem o que eu como, mas em porções reforçadas de tudo. Só lhes faz é bem. Como já disse, não tirei grupos da alimentação, apenas preparações. Aos fins de semana lá comem bolos e porcarias, para meu desespero, que estou mesmo ali ao lado.

Pronto, em termos alimentícios, tem sido assim. A maior dificuldade: como já disse, os fins de semana, mas acho que é para todo mundo.

E é assim. A próxima crónica será a parte mais importante de todas: a cabecinha.

* Há uma reportagem muito interessante sobre o fazer exercícios para emagrecer numa Time de há uns tempos, os interessados que procurem. Basicamente, o exercício físico, para o objetivo de emagrecimento, ajuda mais com as endorfinas que provoca do que pelo gasto calórico. Faz bem a milhares de outras coisas, atenção.

sábado, 3 de março de 2012

Porque casei com ele (parte acho que II)

Eu a ler a (péssima, porque cheira a falsa) Empire portuguesa no sofá e ele na mesa a fazer exercícios para se tornar urban sketcher (haha). Paro na reportagem sobre os Jogos da Fome, a fazer caretas, caretas, caretas, foda-se, eu conheço esta merda, mas de onde, caneco.

Quando o disse em voz alta, ele, sem levantar os olhos da sua arte, murmurou:

- Battle Royale, pá.

AMO quando ele tem essas geekices cinéfilas com um ar totalmente nonchalant.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Mel















Clara como a luz do sol
Clareira luminosa
Nessa escuridão
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente
Nesses mares do sul
Clareira azul no céu
Na paisagem
Será magia
Miragem
Milagre
Será mistério

Prateando horizontes
Brilham rios, fontes
Numa cascata de luz
No espelho dessas águas
Vejo a face luminosa do amor
As ondas vão e vem
E vão e são como o tempo

Luz do divinal querer
Seria uma sereia
Ou seria só
Delírio tropical
Fantasia
Ou será
Um sonho de criança
Sob o sol da manhã

A mercearia

Há muitos e muitos anos, mais ou menos perto daqui, havia uma mercearia, ou frutaria. Lembro-me mesmo muito vagamente, mas era uma coisinha pequenina, porta para a rua, fruta no passeio. E um senhor na cadeira a controlar os caixotes da fruta, à espera dos fregueses.

Hoje, a mercearia/frutaria não existe mais. Mas continua de portas abertas. Quem atreve um olhar lá para dentro, vê toda a espécie de lixo, caixotes, caixas, frigoríficos velhos e quebrados... Um depósito do que aquilo foi antes. Um cheiro forte de urina entorpece-nos ao passarmos em frente - mas quase ninguém passa, as pessoas preferem atravessar a rua e contornar o local como se aquele cemitério lhes causasse arrepios. É o passado que se recusa fechar as portas.

E o senhor continua lá sentado na cadeira ao lado dos caixotes da fruta, à espera dos clientes, à espera que tudo volte ao normal, "o que diabo aconteceu?", deve pensar enquanto não chega a hora de pôr os caixotes para dentro e fechar.

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Autobiografia em Cinco Capítulos Curtos", Portia Nelson

Capítulo 1 – Eu sigo pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu caio lá dentro. Eu estou perdido. . . Não há esperança. A culpa não é minha. Demora uma eternidade até eu conseguir sair.

Capítulo 2 – Eu sigo pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu finjo que não vejo. Eu caio lá dentro novamente. Não acredito que estou no mesmo lugar, mas a culpa não é minha. Ainda demora uma eternidade para conseguir sair.

Capítulo 3 – Eu sigo pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu vejo que está lá. Eu ainda caio lá dentro. É um hábito. Os meus olhos estão abertos. Eu sei onde estou. É minha culpa. Eu consigo sair imediatamente.

Capítulo 4 – Eu sigo pela rua. Há um buraco fundo na calçada. Eu passo ao lado do buraco.

Capítulo 5 – Eu sigo por outra rua.


Não me perguntem porquê, mas adorei.

Crónicas do Encolhimento Parte II - So You Think You Can Gym?

Ok, três meses a fazer festinhas às passadeiras JURANDO estar a ARRASAR no uorcáute, hoje fui falar com o querido monitor para começar a fazer algo "mais a sério". O objetivo primordial é emagrecer, claro, mas também quero muito muito muito aumentar a minha capacidade cardiovascular, que é a de um velhote daqueles que anda com uma bilha de 02 às costas. Os dois objetivos vão dar mais ou menos ao mesmo, em termos de treino cardio.

Ao contrário do que eu pensava (pensava? "Tinha a mais absoluta certeza" é mais adequado) não é nem o tempo, nem a velocidade nem a inclinação que devo priorizar na passadeira. Os mais recentes estudos apontam que a queima de gordura acontece na oscilação cardíaca - entre os 125 e 145 bpm. Ou seja, para os meus objetivos, tenho de comprar um cardioblablablá para pôr no peito. O treino cardio consiste em três minutos nos batimentos mínimos - 125 - alternados com dois minutos no máximo - 145. Tenho de ajustar velocidade e inclinação de modo a atingir esses valores num minuto e meio, mais ou menos. Não importa o gasto calórico, não importa o tempo. Importam os bpm. Faço cerca de quatro séries assim.

E, malta, mesmo acabando na metade do tempo (ou menos) que costumava fazer e com 1/3 da inclinação, saio daquela merda MORTA, ACABADA, A SUAR EM BICA, ARRASADA, COMATOSA.
"Cristóvão, agora vou para casa, c... c... certo?"
"Não, agora vais começar o treino a sério".

E pronto, assim será, cinco vezes por semana.