A Casaca e a Tatas têm as casas mais lindas em que já
entrei. São meninas pouco partilhadoras, por isso, terão de acreditar em mim –
não há fotos em lado nenhum. São casas muito diferentes uma da outra, que
refletem as mulheres diferentes que são. Um dia disse isso à Casaca e ela
agradeceu, como se eu tivesse feito um elogio. Hoje rio-me, porque disse aquilo
como quem comenta uma notícia que viu no telejornal – nunca me passou pela
cabeça estar a apreciar e a reconhecer uma virtude em alguém. É o valor que dou
à decoração.
Decoração é um não-assunto para mim. A minha casa toda tem
um, apenas um objeto decorativo, um buda fluorescente que comprei há anos no
Bairro Alto e que amo de paixão. Tudo o resto é porque foi a avó que pintou, ou
o sogro que pintou, ou a avó deixou para mim, ou a mãe adorava. Tenho a minha
foto preferida do casamento emoldurada no chão do quarto há… Desde que voltei
da lua-de-mel. E um enfeite de Natal que ganhei num restaurante chinês desde o
primeiro dezembro que passei naquele apartamento (2006?). As minhas árvores de
Natal são antológicas, está sempre tudo à espera de ver o próximo desastre e
admira-me ainda não haver um grupo alusivo no Facebook. Eu e o Hugo, ao comprar a mobília da casa,
escolhemos aquelas salas prontas da Conforama.
Comprámos a primeira que não odiámos.
O mesmo é verdade para a autodecoração, por assim dizer.
Mas, ao contrário do gosto pelo aspeto da casa, esta combato, porque facilmente
se confunde com falta de autoestima. Não sei até que ponto isso é verdade, mas
tento lembrar-me de pôr uns brincos ou um lenço ao pescoço antes de sair de
casa só para não passar a ideia errada (hoje esqueci-me). Não posso esforçar-me
muito, porque, sendo a decoração um não-assunto para mim, padeço de uma crónica
falta de bom gosto e estilo.
E aqui penso que adoraria mudar a minha configuração para
dar a importância que dou à decoração aos doces, por exemplo.
7 comentários:
Eu gosto de decoração, mas praticamente tudo o que está exibido/é útil na minha casa foi herdado/oferecido/resgatado.
Os móveis, alguns, têm vindo a ser restaurados por nós. Para teres noção, o móvel da televisão era uma cómoda cheia de pormenores a que o R. raspou os floreados e ficou um móvel de linhas planas, recuperado, maravilhoso. Para teres ainda mais noção, ó móvel esteve meses e meses sem a gaveta do fundo, só agora no final das férias é que o R. acabou a ultima e ficou um móvel mais composto.
Nunca fomos a uma loja comprar uma mobília. Eu gosto de decoração mas a nossa casa só vai estar pronta daqui a uns 30 anos.
Em relação a decorar-me, tenho dias, mas há coisas básicas que faço: creme, sombra a condizer com a roupa, brincos ou colar.
Vamo-nos construindo, não é?!!!
Subscrevo que a casa da Casaca é um mimo. Mas que outra coisa podíamos esperar de uma Lady?
O teu estilo delicogótico de encarar a vida não se compadece com detalhes decorativos. Do que estavas à espera?
(eu replico catálogos IKEA e não me envergonho nem um bocadinho)
Aqui está um fenómeno psicológico a estudar.
Eu mais facilmente gastaria dinheiro num sofá novo, do Ikea, ou da Conforama, não ligo puto à proveniência, desde que fique giro no contexto geral, do que com uma roupa para mim.
Gosto muito de me sentir confortável no ninho e cago bem no terço ao pescoço.
O que raio quer isto dizer?
Sou delicogotica e a casaca é uma lady!
Pois eu amo decoração e seria a única outra profissão que gostava de ter! Um dia ainda me dedico!
E estás a pôr-te a jeito para um grupo de Facebú!!!!!!!!
Muahahah!
A da Tatas é um mimo :)
Eu gosto... mas fico-me quase por aí... porque ainda por cima tenho um senhor lá em casa que tem a mania que as minhas ideias de decoração são péssimas por lhes faltar a parte prática, quando eu só me preocupo mesmo com a estética.
Pior que não ter qualquer sentido de decor de interiores, é teres que andar às turras com a tua metade e negociar aspectos de decoração...
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