Hoje à noite o Palácio da Pena estava particularmente fantasmagórico, uma luz difusa no meio da bruma no topo da serra. Amanhã a manhã será fria, de certezinha.
Adoro que o Palácio da Pena seja visível praticamente em toda a região metropolitana de Lisboa, mais coisa, menos coisa, pelo menos numa estrada ou numa praia, ou num ponto mais alto. Para mim, faz honras de farol e faz-me sentir perto de casa. E caramba, como me sinto bem ao sentir-me perto de casa.
Desde que vivemos juntos, exceptuando as férias que passamos na estranja, eu e o Hugo voltamos sempre para casa um dia antes do previsto. Não me lembro mesmo de nenhuma vez que isto não tivesse acontecido. E não estou a falar de grandes temporadas, estou a falar de cinco, seis dias. Muitas vezes, menos.
Vivia sozinha com a minha mãe e estávamos as duas em Fortaleza quando ela faleceu. Passei lá três semanas ainda, e, enquanto todos temiam a minha reacção ao regresso, eu só conseguia pensar em voltar para casa.
Não tenho alma viajante, ou nómada, nem nada disso. Sou sempre por voltar a lugares que conheço em vez de conhecer novos. Gosto de pertença e de conhecer. Em termos de espaço físico, sou muito consciente da minha zona de conforto.
Se é por ser imigrante? Talvez. Não sei, mamãe era igual.
E ela também tinha mil e uma teorias sobre como prever o tempo só de olhar para o Palácio da Pena, de onde quer que estivesse.
2 comentários:
Sou igual. Não em relação ao tempo, mas em relação a ter que ter o meu porto seguro! Agora não sei se ele é aqui em Dublin ou se ainda é em Portugal...
A isso chama-se "A Vontade de Regresso". Para mim não faz sentido viajar se não tivermos essa vontade.
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