Acho que até já escrevi isto por aqui, que "tudo é uma questão de leitura" é a minha frase de eleição, aquela que respondo quando me perguntam, nas inúmeras entrevistas que dou, qual é a minha frase preferida.
Foi-me dita pelo meu pai - que é autor de muitas das minhas frases preferidas - quando eu disse que andava a ver fantasmas. Ele disse: podem ser fantasmas e pode ser por quereres que sejam fantasmas. Pode ser uma leitura. Se eu estiver virada para uma determinada interpretação dos acontecimentos, é essa a interpretação que o acontecimento vai ter.
"Tudo é uma questão de leitura" voltou-me à memória durante os aproximadamente 30 minutos que passei a ler "O Segredo", porque a tal "força da atracção" não é mais do que isso, uma questão de leitura. Se eu estiver a pensar em penas brancas, verei penas brancas (é o exercício que o livro dá para provar que temos um magnetismo XPTO para desejos: pensar numa pena branca e dar uma semana para a pena branca aparecer).
Mas adiante.
Estou a passar por dias difíceis, de muitas incertezas. No meio destes dias, há momentos excelentes, como se tudo corresse lindamente, como se o futuro brilhasse. E há momentos sombrios, sem energia nem fé, em que mal consigo levantar-me, em que não vejo nada de nada à minha frente.
Ora bem, a minha vida não muda todos os dias. Os dias são bastante parecidos uns com os outros desde que o Gabriel nasceu. Portanto, o que muda é a leitura de dia para dia. E é isso o que queria lembrar-me nos momentos sombrios: que é tudo uma questão de leitura. E essa leitura quem tem sou eu, está nas minhas mãos. Nos meus olhos.
(Terminei de ler Pássaros Feridos e trouxe para casa Alta Fidelidade, do Nick Hornby)
7 comentários:
Passando a parte de "tudo é uma questão de leitura emocional", pois não tenho rigorosamente nada a acrescentar ao que disseste, viro-me para a parte da tua leitura esquizofrénica. Não se passa dos pássaros feridos para o Alta Fidelidade. Procura na biblioteca "A Bicicleta Azul" da Regine Deforges. Ouve o que te digo e não te vais arrepender.
Nope. Tou a adorar o Alta Fidelidade. Amo Nick Hornby!
eu adorei/odiei o Alta Fidelidade.foi o livro mais mal traduzido que já li,terrível,tive que o ler em português a retroverter pra inglês.espero bem que não estejas a ler a primeira edição....
Está muito mal traduzido, sim senhora. Acho que sim, que é a primeira edição. Mas olha, fez-me gargalhar à mesma. Mas gargalhar à grande (fazem-me sempre), e é disso que preciso.
Leste o Slam? Li no fim da gravidez, pesadíssima, mijava-me toda a rir, patética.
Amo Nick Hornby. Ontem quando comecei a ler o Alta Fidelidade, reparei logo em onde foi buscar o Nuno Markl o tom para a Caderneta de Cromos.
Precisava mesmo de ler isto...
É tudo uma questão de leitura, sim.
Não concordo. Não acho nada uma questão de leitura. Acho muito mais que seja fruto dos dias todos iguais, da rotina terrível e difícil de ter um filho pequeno, de que estás a ter alguns sinais de que alguma coisa precisas mudar na tua realidade, na tua vida. Essa da leitura é como o frio ser psicológico. Cuidado, não ignores os sinais que o teu próprio corpo te poderá estar a dar acerca de um possível esgotamento, depressão, de que te faltam outras coisas para ser mais feliz em mais momentos da tua vida e para que os mudes.
Elsa
Eu acho que tentar manter a mente centrada e o mais objectiva possível ajuda a prevenir depressões menores, sublinho os menores.
Desta vez não me entrego, nem que a vaca tussa.
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