domingo, 14 de setembro de 2014

Um cemitério lisboeta

 Verde, muito verde, um silêncio absoluto, só quebrado pelas brincadeiras dos meninos da escola dominical lá longe. Sinais a proibirem flores de plástico e a sugerirem uma pequena doação em troca da visita. Uma elegância que contrasta em absoluto com os extravagantes - e enormes - cemitérios lisboetas construídos às pressas durante a epidemia de cólera no começo (ou meio?) do século XIX. Este é mais velho.Mais silencioso, com mortos bastante mais discretos. Mortos ingleses, portanto.

 O cemitério só está aberto das 10h às 13h. Vocês podem dizer que é por causa da falta de pessoal ou da anglo-antipatia (que, para mim, não passa de um mito). Mas eu cá tenho outra teoria.

 Os britânicos defuntos precisam da sua privacidade para apreciarem uma boa chávena de chá e sandes de pepino às cinco. Naturalmente.





Ele já adora estes passeios, algo que me aquece a alma. 




Uma das coisas pelas quais tenho pena de que os cemitérios estejam em vias de extinção: O filho de Emmanuel e Alice viveu apenas 15 minutos, mas existirá durante o tempo que leva uma pessoa a ler a lápide, e cada vez que isto acontece. Isto foi há quase 120 anos. O mais provável é não haver mais nada sobre ele em lado nenhum, nem nome recebeu. Muito provavelmente, a única prova de que existiu é esta, no cemitério inglês da Estrela. 

1 comentário:

gralha disse...

Defundo britânico é outro nível, sem dúvida.