terça-feira, 15 de junho de 2010

O que gostamos em Londres e o que não gostamos parte I

Gostamos:

- O cosmopolitismo (cliché dos clichés). Muito fixe ver rastas ao lado de árabes ao lado de africanos de roupas berrantes ao lado de punks ao lado de mulheres de sari, e todas as suas crianças coloridas. Arrisco-me a dizer que o que mais gostamos de Londres é mesmo ficar a olhar essa gente toda nos bairros, a levar a sua vidinha para a frente em mosaico com todo mundo.

- O chamarem-me "dear" , "love", "gorgeous" e outras coisas, o que me faz sentir-me em Fortaleza, em que todo mundo é "amô".

- As casinhas estreitíssimas, minúsculas por fora, com portinhas pititis, com um aproveitamento de espaço fabuloso lá dentro. O isolamento das casas também. Mas é melhor não começar a falar do frio que se rapa em Portugal porque se não me irrito e imigro.

- O hábito de tirar os sapatos quando se entra em casa. Sim, não é inglês, sabemos bem, mas é lá que nós dois o experimentamos e vemos os seus resultados. Em casa de gente de meias e chinelos não entra caca, só entra pó. Para nós, que temos um ridículo chão branco que me faz querer matar o projectista, seria ouro sobre azul poder implementar a regra cá em casa, mas chegámos à conclusão de que é culturalmente inaceitável pedir isso às pessoas, pelo que aplicámos o hábito a nós mesmos, já com resultados visíveis (ou invisíveis).

- Publicidade de livros em todo o lado! Como cá não há, estamos super frágeis e queremos ler tudo, tudo, tudo. Trouxe uns quantos.

Não gostamos:

- do metro barulhento, feio, sempre em obras, sujo, caro como a potassa.
- não haver caixotes de lixo nas ruas.
- do hábito de comer nas escadas, passeios, etc.

Fim da parte I

13 comentários:

I. disse...

Adoro Londres, é a melhor cidade do universo. Ai que saudades.
(também adoro ficar sentadinha a ver as pessoas a passar, tanta gente diferente, tanta cor. e os livros, jasus, os livros)

c disse...

Tentei aplicar a regra do "sapato fica lá fora" em versão soft: sapatos ficavam no corredor ao entrar no quarto das crianças, que na altura ainda gatinhavam. Recebi olhares estranhos. Desisti. Tuga a por o cholé a arejar em casa de outras pessoas? no can do, love.

Melissa disse...

É mesmo culturalmente inaceitável. São daquelas nuances, pronto, que é que se há de fazer. É varrer a caca e calar.

Ana C. disse...

Eu acho que temos empatias com cidades e, apesar de ter gostado de Londres, não tive aquela empatia que tive com Roma por exemplo. Senti o mesmo com Paris. Chiça sou uma grande esquisitinha mesmo.
Cá em casa ninguém anda calçado no andar de cima, que tem alcatifa, é que não anda mesmo!!!

Melissa disse...

Eu adoro Roma. Acho a cidade mais linda do mundo, linda como um bibelô - ou vários bibelôs.

Já Londres acho viva e dá-me sempre vontade de lá viver com aquela malta toda. Gosto da malta a correr para a rua ao menor raio de sol, a beber com os amigos depois do trabalho, a esparramar-se no chão do Tate para desenhar. É tudo tão vibrante.

LaranjaLimão disse...

Londres, a minha cidade do coração, a minha ex-casa que me abrigou e me acolheu durante quase 2 anos da minha vida. Amo de paixão :)

Obs: Não há caixotes do lixo na cidade desde os atentados ;)

Precis Almana disse...

E das alcafitas nas casas, hotéis e afins, imagino...
Ai que saudades que tenho desse nha terra! (passei dois meses em Londres quando tinha 18 anos).
E já desisti de comparar cidades. Tirando as que não gosto (não me lembro de nenhuma das que conheço), gosto de umas coisas numas, noutras noutras. Londres diz-me muito porque "vivi" lá e porque conheci lá o único homem que me pediu em casamento na vida.

Ana C. disse...

Precis alto e pára o baile!!! Quero mais dessa história e já!
conta, conta, conta, conta!!!
Quanto às cidades, não é compará-las é umas emocionarem-te mais do que outras, uma afinidade que não se explica...

Sofia disse...

Por aqui também nos descalçamos assim que entramos em casa...Até me faz confusão quem anda em casa calçado.
Bjinhos

Precis Almana disse...

Ana Cê, cá vai, prepara-te para o testamento.
Quando tinha 18 anos fui trabalhar como au pair para Londres, tomar conta de uma miúda e basicamente ser também empregada doméstica na casa de uma família (de judeus, curiosamente). Tinha uma tarde livre e um dia de folga, acho que era. Ia passear nesses dias. Em alguns desses dias ia passear lá para um sítio ao pé e conheci um rapaz - homem, já na altura comecei com a tendência para os mais velhos, tinha mais 5 anos. Começámos a "namorar". Depois vim para cá ao fim de uns meses (poucos, mas naquela idade tudo parece mais tempo) porque tinha que vir fazer exames de 12º ano, tinha de entrar para a universidade (2º ano em que concorri e entrei). Correspondemo-nos durante um ano e tal, no verão seguinte fui vê-lo. Continuámos a corresponder-nos e ele disse que estava na hora de assentar, que era giro ter um filho metade irlandês e metade português, e se eu queria ir viver para lá. Tenho a carta, hei-de ir revê-la para ver exactamente os termos. A história acabou porque entretanto eu conheci a pessoa com quem viria a namorar quase 6 anos cá.
Pronto, tudo contado!

Melissa disse...

AMEI AMEI AMEI

obrigada, Precis.

Ana C. disse...

Precis se tivesses dito sim por esta altura eras mãe católica de 14 criancinhas irlandesas e passavas os dias no pub!!!!
Agora vais fazer o seguinte:
Pegas em ti, sentas-te entre a tua papelada de estudo e tiras uma folha de papel, escreves-lhe uma carta a perguntar se ainda vais a tempo de responder e descobres a nova morada dele. Não é simples a vida?
Adorei.

Precis Almana disse...

Ana
Foi há 22 anos que o vi pela última vez. De vez em quando lembro-me dele, claro, de alguma forma foi a minha primeira "relação" (ponho entre aspas porque não era oficial, as cartas vinham para casa de uma amiga minha - enfim, coisas de quase adolescente). Mas é (apenas) uma história curiosa.
Ainda bem que gostaram :-)