quinta-feira, 3 de junho de 2010

Parabéns, dona Melânia

Hoje o detalhe que lembrei foi o das "pernas de caranguejo" - que era como ela dizia que tinha de ir à depilação (os caranguejos do mangue têm uns pêlos muito grossos nas patas, a metáfora é excelente.)

A minha mãe faria hoje 56 anos, uma mocinha.


Há uns minutos, num blog qualquer, a Lya Luft voltou a fazer-me chorar baba e ranho. Não, a minha mãe não era como a Lya, as suas qualidades eram outras, mas eu, pelo menos, quero ser esta mãe:

Que a nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.
Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um palmada que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.

Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro.
Lya Luft

5 comentários:

Susana Vieira Pires disse...

Simplesmente lindo, divino, verdadeiro e muito sentido...

Parabéns a todas as mães, a todas as guerreiras e a todos os filhos!

Um beijinho Melissa e que este dia te lembres das coisas mais maravilhosas que passaram juntas!

Ana C. disse...

Que maravilha. Não tenho palavras, pois as dela são minhas também. E parabéns à D. Melânia.

Julia disse...

Debulhei-em a chorar na segunda linha já....

Tella disse...

Fantástico! Obrigada pela partilha!

BJS

c disse...

Olá Melissa
obrigada por me teres apresentado a Lya Luft... e parabéns à tua mãe. Seria, de facto, uma mocinha. Um abraço.