Não preciso de mais do que isso para definir um amigo. Amigos são pessoas gentis com quem partilho o meu dia-a-dia de uma forma ou de outra e em quem confio. Não preciso de mais poesia, partilha e confiança para mim já é sólido o suficiente.
Ao contrário da maioria das pessoas que vou lendo pelos blogs afora, eu:
- Tenho uma sorte bestial com os amigos que tenho (vou passar a usar amigas, porque a verdade é que não tenho muitos amigos homens). São umas tipas valentes e generosas, preocupadas e leais.
- Não tenho mágoas passadas nenhumas e é-me fácil confiar nas pessoas. Conto pelos dedos da mão do Lula (menos, até) as pessoas com quem rasgo a alma sem estribeiras, mas não por medo de ser traída ou algo assim, e simplesmente por não gostar de ouvir palpites quando não os peço e isso acontece com mais facilidade depois de momentos de fragilidade (conheço poucas pessoas que sabem enterrar um assunto, eu, pelo menos, ainda estou a praticar). As minhas amigas nunca trairiam a minha confiança, nenhuma das muitas, nunca (fui traída duas vezes por amigas: uma grande, grande amiga dormiu com o homem por quem eu estava apaixonada e outra espalhou coisas terríveis sobre mim por toda a empresa em que trabalhávamos, fazendo-me alvo de bullying constante sem entender porquê. Não, não lhes desejo o melhor do mundo, muito pelo contrário. Desejo que sejam atropeladas diante dos meus olhos).
- Adoro não precisar de uma longa história a dois para usar o termo "amizade". Para mim, um acto de gentileza é um acto de amizade: uma pessoa que me empresta, sem me conhecer pessoalmente, um brinquedo caro da filha para o meu bebé é uma amiga. Alguém que, de longe, me estende a mão num momento difícil é, sem sombra de dúvida, minha amiga. Não preciso do convívio. Não é o convívio que faz as minhas amizades, mas sim, vide título do post.
- Não catalogo as minhas amizades por antiguidade.
- Entendo, aceito e abraço os ciclos. Há alturas em que os melhores amigos andam afastados por estarem em momentos diferentes. Os ritmos de vida mudam. Torço sempre, quando estou separada por um motivo ou por outro de algum amigo, que os nossos caminhos voltem a cruzar-se mais à frente, mas não forço nada. Faz parte.
- Ao escrever este post, pensei que tenho todos os tipos de amigos e amigas, mas que me faltava um: aquele amigo cromo que me acompanhasse nas minhas manias instantâneas que raramente duram mais de um mês. Foi quando me lembrei do meu melhor amigo de verdade, o Hugo. Além de partilhar o dia-a-dia, ser de uma gentileza rara (uma característica de todos os meus amigos homens, por acaso) e saber exactamente quando pode dar bitaites e quando leva com o telecomando na tola, é um excelente companheiro de cromices, e tá para tudo, desde que seja de dia e comece a horas.
Fogo, que sorte. Tenho mesmo muita sorte com todos.
10 comentários:
é guardá-los e mimá-los Mel!guardá-los e mimá-los:))))
O último parágrafo é uma declaração de amor sua sentimentalona :)
Trocou a jogatana por ti :)
este post tem um pouco de mim e um pouco do meu ;)
tu sabes do que falo :D
és uma sortuda, é só o que te digo.
El trambollón!
Pois, não posso dizer o mesmo que tu dizes, infelizmente. Ou sou mais exigente do que tu. Ainda não percebi muito bem o que se passa comigo, mas o que sinto é que estive agarrada a amigos muitos anos achando que me chegavam e não valia a pena fazer mais amigos, e um dia dou-me conta que os que tenho não correspondem ao que eu acho que é amizade. Dei e dei durante anos e quando preciso de receber, não recebo de todos. Não sei se isso é claro para os outros, mas vejo-o em coisas simples e que para mim se tornaram básicas. Mas se calhar sou eu que estou mal. Lá está, não sei... Mas isto dava para uma conversa enorme...
Olá, Precis, acho que para estes casos, como para quase tudo na vida, a solução está no ajuste de expectativas. Não é o mesmo que engolir sapos, atenção.
Pois, tive eu que ajustar por baixo. O que acho um bocadito triste. Mas c'est la vie.
adoro quando acordas bem disposta :)
Mel, este texto está perfeito. Absolutamente perfeito!
A parte dos ciclos é de um realismo avassalador. Nem sempre consigo encarar as coisas dessa forma, mas não há dúvida que é a mais acertada.
;)
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