quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O fervor que me falta

Ao contrário da ponderada amiga Cê, sou e sempre fui de extremos. As minhas ideias estão quase sempre nos pólos e é raro alguma coisa me ser indiferente (mas há algumas). Ao contrário de muitas características minhas que mandava sem olhar para trás pela sanita abaixo, o ser-se intensa faz de mim o que sou, e as melhores partes de mim o são por causa disso mesmo. De qualquer maneira, nunca disse e pouco pensei, na vida, que a opinião do outro é cocó*, e é isso o que interessa.

Interessa porque justifica o fervor que me falta: não tenho, nem nunca vou ter preconceito político. O estar-se errado à partida só por se ser de direita ou esquerda, e todos dum lado são uns cabrões e todos do outro são salvadores da pátria. Não consigo, apesar dos rubores vermelhos cá de casa, achar que não haja ideias boas e más em todos os lados. E especialmente que aqueles gajos lá a mandar sejam princípios bons ou maus antes de serem gente, o que me leva a pedir a chuva de pedras que se abaterá sobre esta singela extremista que vos fala: ontem, ao ver a entrevista com o Sócrates na TVI, não sibilava como os repórteres e os rodapés que o atacavam sem piedade. Só via um homem metido numa enorme alhada, mesmo que tenha sido criada por ele próprio. Pensei o quão lixado seria se tudo que estivesse ali a dizer fosse de absoluta boa fé, o quão kafkiano. E sim, tive pena do homem. Caraças, e se fosse o meu pai?

(Não, não voto PS, como disse, sou uma mulher de extremos. E não gosto mais do Sócrates do que de qualquer outro político, porque estou meio como uma lôra política, não sei bem quem fez o quê. É só de princípios que falo, e não da actualidade ou de quem fez o quê de certo ou errado, ou quem mentiu ou deixou de mentir. Interessa-me, é claro, mas não encontro uma resposta que me satisfaça em lado nenhum, nem na direita, nem na esquerda).


* têm é de estar de acordo com isto, obviamente.

7 comentários:

Sofia disse...

Eu não vi a entrevista, mas a mim a política mete-me nojo.
Nojo mesmo nojo nojo (também sou de extremos, lol)
Basicamente porque ninguém está verdadeiramente interessado no estado do país, o que cada partido quer é poder. Poder, que gera dinheiro e não falo do ordenado deles de políticos (que é pouco, até), mas sim das portas que se abrem, fazem favores a A, B, C e A, B, C retribui favores.
Tudo pela calada. E usando a nossa legislação e o nosso moribundo sistema judicial.
Bjos

Ana C. disse...

A ponderada Cê é arraçada de apartidária, não simpatizante com extremas esquerdas, nem extremas direitas.
A ponderada Cê acha que quando um homem comanda os destinos de uma nação deve ter alguns requisitos inabaláveis, tipo honestidade e rectidão. Duas pequenas coisitas que esse senhor que terminou o seu curso de Engenharia a um domingo, não possui.
Também tu foste hipnotizada pelo ar de vítima do senhor, mas não te esqueças que as únicas vítimas aqui somos nós ;) AGORA VOU CONTAR ATÉ 3: 1,2,3 PODES ACORDAR.

Melissa disse...

ó pá coitadinho hahaha.
Tengo un corazón.

Precis Almana disse...

Eu tenho por princípio não discutir política em posts e comentários num blogue :-) Posso só dizer que sou socialista por princípio e que não me esqueço que se o governo se fizesse com um homem só, não precisava de ministros por detrás. Não sabemos o quanto do que está decidido e feito não obedece até a braços de ferro com membros do governo que não o próprio do Sócrates. Não querendo desculpar nem este nem qualquer outro, tenho mais uma coisa a acrescentar: a memória dos portugueses e de qualquer povo é curta, e todos os políticos cometem erros e tomam más decisões. Como tomam acertadas. Depois somos, ou não, pelos ideais que estão por detrás. Recuso-me a personalizar a política.
Ter nojo da política ou não querer saber, para mim é sinónimo de um desinteresse que me preocupa. Porque se toda a gente fizesse isso...como seria? Anexavam-nos a Espanha, ok. Se calhar não era mal pensado.

Melissa disse...

Este post nem pretende ser sobre política. Não percebo um cu de política. É mesmo sobre como consigo ter pena de gente que cai em desgraça. Soa-me sempre muito shakespeariano.

Ana C. disse...

Io tambien tengo un corazon, pero lo mio esta partido e falido puta madre.

Anónimo disse...

És empática e isso é bom. Faz falta mais gente com essa capacidade em modo profundo.