Cada vez gosto mais de personagens redondas: gente cheia de pontos fracos, calcanhares de aquiles, defeitos pequenos e grandes e que tentam, todos os dias, ultrapassá-los - sem nunca os negar.
Adoro gente que se conhece bem e usa esse conhecimento em seu benefício. E adoro quem não tenta ser coerente o tempo todo. A coerência enche o saco.
Acho que passei muitos anos da minha vida buscando um grau de perfeição X para mim que hoje sei que não vou alcançar: sou demasiado analítica. Vou sempre encontrar mais defeitos. Vou sempre transformar características normais em defeitos. Se me deixarem, acabo por ler as minhas qualidades como defeitos.
É o plano para os 35: usar o gosto que tenho por personagens redondas em minha direcção, porque sou a personagem mais redonda e menos coerente que conheço.
Nada de piadinhas, ouviram?
4 comentários:
Antes dos 30 não acreditava nisso do valor de nos conhecermos e apreciarmos exactamente como somos, mas é mesmo verdade. Ainda há partes pouco redondas em mim (duas, lado a lado) que ainda não aprecio o suficiente... :)
Melissinha, ser demasiado analítica é um saco. Eu vejo isso como uma qualidade de trabalho e, quando levada ao extremo, um defeito enorme e que se vira contra contra nós. Digo plural porque eu sou hiper analítica e à conta disso já tive dissabores. Adorava ser descontraída e poder, por vezes, desligar a mente e o pensamento e a lupa e a perspectiva. Humpf.
Precis, mas eu SOU um saco. :) Só disfarço bem. Ou julgo eu. Mas acho que sim.
Penso demasiado, critico demasiado e vejo chifre em cabeça de cavalo. Claro que, pelo caminho, tenho insights bastante bons (isto já é a minha resolução em acção).
Sobre isso tenho observado que das particularidades que mais me irrita em alguém é precisamente não admitir uma falha. A quem reconhece o erro e tenta (mesmo que nem sempre consiga) superá-lo, tiro o meu chapéu.
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