Dois momentos luminosos da Lurdes, avó do Gabriel, minha sogra:
- Aqui em casa, há uns valentes meses, estava ela com o Gabriel na sala a ver um programa da tarde, eu entro lá e está ela com os olhos cheios de lágrimas. "É que o Marco Paulo está a cantar a música da Nossa Senhora, e me emociono sempre".
- Na segunda-feira, lá em casa, começa a dar um cantor também num programa da tarde e o rosto dela ilumina-se, aumenta a TV, alheia a tudo. "Adoro este cantor".
Em oito anos que estou com o Hugo, foram as duas únicas vezes que vi a Lurdes fora do papel de mãe/avó. Estava a desfrutar de emoções que nada tinham que ver com filhos e netos, que lhe falavam a ela enquanto mulher. Achei fenomenal e revelador, por mais pequenino que fosse o momento.
Há uns dias, deu na Oprah uma entrevista com a Laura Bush, em que uma das filhas diz que chorou durante toda a leitura da biografia da mãe. A Oprah diz-lhe: "Pois, é que, para nós, a nossa mãe é apenas isso, a nossa mãe. Foi sempre a nossa mãe. Não há nada que saia desse âmbito". Foi isso que emocionou a filha, ver as outras dimensões daquela mulher.
Como a minha própria mãe nunca foi muito maternal no sentido tradicional da palavra, conheci-a bem noutras facetas, sei do que ela gostava (jardinagem, boa música, pechinchas, dançar) e do que não gostava (quase tudo o resto). Mas foi excelente ter esse vislumbre da Lurdes, que acaba por desempenhar muito do papel de mãe comigo também. Abriu-me um bocado os olhos. É improvável que a Lurdes escreva uma biografia. Sendo assim, vou procurar conhecê-la melhor de outras formas.
1 comentário:
Este teu post comoveu-me e divertiu-me.
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