Sob a luz do meio dia que entrava cómodo adentro, nós defrontámo-nos pela primeira vez em muito, muito tempo. Ela olha-me de soslaio, sem querer gastar olhar comigo. Não me mereces, parece dizer. É o que eu, angustiada pelos tempos de ausência, oiço.
Ainda dou meia volta para sair, olhos postos no chão, indigna. Oiço a sua gargalhada, os seus comentários: "Olha-me aquela a pensar que... Meu Deus, nem consigo dizer o que queria ela, de tão absurdo. Vocês não acreditariam..." E gargalha o seu gargalhar novamente. "Mas quem era aquela", perguntam-lhe, "Uma pobre diaba", responde, "com expectativas muito altas. Igual a todas, portanto, não vale a pena, ignorem-na, ela vai encontrar o que procura noutro lado." E muda de assunto.
É aqui que ergo ligeiramente os olhos do chão. É aqui que surge uma voz dentro de mim que diz "vira-te, tu consegues". Eu tento ignorar a voz, mas ela insiste. "Vira-te. Enfrenta-a. Tu consegues."
E foi o que fiz. De indigna a indignada, voltei-me e agarrei-a com força, não a deixando abrir a boca. Com coragem, fiz o que tinha a fazer há já algum tempo. Humilhando-a, domei-a como a domara há tempos. Triunfei.
Foi assim que vesti as minhas calças pré-gravidez e elas fecharam.
8 comentários:
wow! fecharam! parabéns ;)
Uau!!! Que texto tao bom! ;)
Ah Ah Ah
Estava a ver onde é que este relato iria levar. Por momentos pensei que ias esganar alguém e não um simples para de calças...
Vê lá se não dispara o botão das calças e atinge o Gabriel :)
Boa, parabéns!!! É realmente uma vitória caber de novo na roupa pré-gravida.
Beijos grandes,
Márcia
Aleluia!
Pois relamente isso é um feito, as minhas dó fecgharão daqui a uns belos mesitos!
Convém dizer que eu não usava propriamente o 34!
Muito engraçado o relato!
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