terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Os Descendentes

Para quem já esteve à espera de que alguém morresse, e que, por misericórdia, morresse o mais depressa possível, a procura por Brian Speer não tem nada que ver com resolver assuntos pendentes, descobrir verdades, nem nada disso.

Tem que ver com fugir dum quarto que cheira a morte, com estar o máximo de tempo possível distraído do que vai acontecer, o máximo de tempo possível numa realidade paralela, nem que para isso se tenha de trocar todas as prioridades do mundo.

O Brian Speer foi uma verdadeira bênção na vida daquela família.


("Ah, que não leste o livro, nhém nhém nhém, o filme é bem pior, como sempre". Ora, isto é das coisas mais enjoativazinhas de se ouvir (ou ler, como anda aí pelos blogos da moda). Um filme e um livro são dois produtos completamente diferentes e, amigos, um filme não pode nunca, não DEVE ser a ilustração dum livro. Um filme tem de ter ponto de vista, tem de acrescentar qualquer coisa, tem de nos ajudar a ver outros ângulos e a fixar a nossa atenção no que o realizador/argumentista quer que vejamos. Odeio mesmo a lenga-lenga de o livro ser melhor do que o filme. Coisa mais bimba e redutora).

3 comentários:

Ana C. disse...

Já vi filmes maravilhosos baseados em livros de merda e filmes merdosos baseados em livros fabulosos.

A arte de adaptar livros ao cinema é das mais complicadas. A não ser que seja um livro escrito a pensar na tela, transformar um livro, numa cena cinematograficamente viavel, é tramado. Mas quando é bem feito, mudando o que tem que ser mudado, mexendo no que tem que ser mexido, é mágico e ninguém se importa que seja diferente do livro.
Quanto ao filme, não fiz essa leitura. Quanto a mim, ele queria mesmo confrontar o Brian Speer, vê-lo, falar-lhe, saber os detalhes sórdidos que a mulher não poderia dar-lhe. Ele quis mexer na merda mesmo.
Mas a tua perspectiva é constante ao longo de todo o filme, sim.
O Clooney não me convence nunca como actor e o personagem que ganhou a minha afeição foi o amigo da filha mais velha :)

Melissa disse...

É sempre ingrato comparar, porque o livro tem a tua leitura pessoal, e o filme tem a leitura de outro. Acho que só tem graça quando a leitura é interessante, válida, boa, quando há um ponto de vista interessante. Quando é só ilustração do livro (que é o que a malta parece gostar), não me dou ao trabalho, para quê? Já li o livro.

Amei o Syd, acho que, depois da filha mais velha, foi de quem mais gostei, e aí está: quem leu diz que é completa e totalmente diferente do Syd do livro. Ainda bem, porque adorei este: é o Syd que o filme pedia.

Melissa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.