Ia comentar no teu blog, mas como este sítio anda tão paradinho e desanimado, resolvi responder por aqui - odeio passar muitos dias sem postar nada, e assim faço um apanhado dos últimos tempos.
Adoraria ter tido um verão magnífico como tu, mas não foi. Houve - e está a haver - tempo de qualidade com o meu buchas, que teve pela primeira vez a noção do que são férias (três semanas sem ir à creche). Todos os dias ele acorda e pergunta-me: mãe, não vou à escola, pois não? E eu: sossega, filho, ainda não é hoje. Ele podia voltar a dormir, mas, caramba, férias são uma cena boa de mais para se passar a dormir, pelo que os dias nesta casa começam aí às sete.
O verão foi angustiante para mim porque foi angustiante para algumas amigas. A minha doce Silvine!!! está em plena quimioterapia e cá estamos nós todos a torcer por ela, que é uma tipa do tamanho do mundo inteiro que me ensina coisas maravilhosas. No Brasil, a filha de uma amiga de infância teve uma recidiva de um linfoma que veio leucemizada, e estamos à procura de um dador compatível. Fora isso, uma criança que conheço há dois anos, bebé, colega de creche do Gabriel, foi retirada aos pais e está num abrigo, e isso também me angustia muito. Há dias que me pergunto se uma enorme cagada no nosso percurso de pais deve ditar todo o nosso futuro. Portanto, como vês... Bom, tem sido angustiante. E houve mais coisas tristes também. Mas cá estou, de cabeça erguida e a seguir em frente.
Nunca tive tanta preguiça na vida. Acho que é da amiga Mono, que ainda deve por aqui pairar. Somos uns gajos passeadores e desbravadores, eu e o Hugo. Mas, nestas "staycation", acordamos, vamos para o parque e lá ficamos a vegetar enquanto o Gabriel brinca. Eu, claro, morta de culpa por não estar a fazer mil e uma coisas interessantíssimas, quase tanta culpa quanto sonolência. É difícil ser-se um culpossauro quando se está molenga.
O melhor do verão é o meu pai, que está cá há duas semanas e fez-me ganhar um quilo. Sim, foi ele, não vale a pena analisar muito. O mais chato do verão é o meu irmão Nando estar longe há tanto tempo, em digressão com bandas italianas, pelo que sei. Morro de medo que ele, numa dessas idas, decida que não vale a pena voltar. É que não precisa de muito para se chegar a esta conclusão, estes dias. E eu iria ficar de coração partido. Espero que ele não leia este post para não se pôr com ideias. Por outro lado, gosto que não esteja por cá quando as coisas estão prestes a ferver - no dia da manifestação não vou ter o coração na mão por ele, que tem o coração na boca. Sim, vai haver outras e a coisa vai escalar porque tem de escalar, porque está na hora desta gente mostrar o seu valor. Penso isso para todo mundo, menos para o meu irmão. Queria que o meu irmão ficasse em casa em dia de manifestação, aliás, já planeei trancá-lo cá. Sim, não faz sentido. Depois de ser um culpossauro, sou um incoerentossauro. Mas ele é um dos amores da minha vida, e quando a gente gosta é claro que a gente cuida.
Tenho um novo desafio profissional à minha espera quando voltar a trabalhar, e isso também me angustia. Quero que corra bem, porque é algo que me faz mesmo muito feliz e me realiza quase tanto quanto escrever guiões (que é coisa difícil, neste momento). E já que falamos disso, aproveito aqui para desejar a todas as minhas amigas professoras um volte-face para esta história toda. E não só às professoras. Desejo-nos a todos a melhor das sortes para sobreviver a esta rentrée (é assim?). Sorte para sobreviver e coragem para lutar (menos ao meu irmão; para ele, peço menos coragem). Já chega de depressão económica. Quero posts felizes pela blogosfera, mas felizes com o pé no chão, e não felizes-alienados.
(Por falar nisso, estranho o silêncio de alguns blogs que tanto berraram o "VAMOS MAS É TRABALHAR!!!" a cada nova machadada que levávamos. Acho, e espero, que tenhamos todos chegado ao nosso limite de esforço e passemos a tocar pelo mesmo diapasão, agora).
E pronto, assim termino esta missiva de fim de temporada. Ainda tenho quatro dias de férias pela frente, que pretendo gozar ali no parque, a vegetar enquanto leio Zafón e respondo ao Hugo e ao Gabriel com monossílabos. A culpa é da Mono. Monossílabos. Haha. Eles sabem.
Com os melhores cumprimentos,
Melissa
2 comentários:
:) merci!!!
Realmente tens problemas angustiantes à tua volta.
Olha, a minha preguiça crónica tornou-se em inércia total...bom, o trabalho doméstico, isso eu faço, mas há coisas que queria tratar e acabo por NUNCA fazer.é terrível.
Mas ontem fui à biblioteca buscar livros sobre psicotécnicos e cá estou a treinar! AH AH!!
Treinar psicotécnicos é lindo :)
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