domingo, 20 de outubro de 2013

O desapego impossível

Ao ler este post da Mafalda, já ia, muito bitaiteira, dizer-lhe para desapegar e seguir em frente, o anel podem bem dar um belíssimo par de botas que tragam recordações melhores. Porque sou, de facto, uma desapegada de primeira e mais - sempre que me vejo apegada a qualquer coisa, trato de fazer exercícios de desapego. Cada um dos meus poucos centímetros é de puro desapego material, menos um - ou uns cinco - o meu dedo anelar da mão esquerda. Trago aí, de cima para baixo:

- Aliança de casamento;
- Meia aliança que o meu pai deu à minha mãe quando esta descobriu que estava grávida do meu irmão (algo assim) e que a minha mãe me deu quando fiz 18 anos.
- Meia aliança que o meu pai me deu quando fiz 21 anos.

Não há desapego possível no meu anelar da mão esquerda, e por isso me refreei de mandar um bitaite qualquer à Mafalda, porque a pequena M. pode bem chegar aos 37 anos e trazer os dois pais ao dedo. Não importa a relação entre pai e mãe - a dos meus só muito tarde se tornou pacífica -, mas sim, que é (ou no meu caso, que fui) profundamente amada por ambos.

Não há desapego possível.

Só na hora de fazer brigadeiros.

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