Um problema que atribuo ao meu caráter de culpossauro é o obrigar-me a gostar de toda a gente. Inicio relações com toda a gente e, muitas vezes, pouco tempo depois, vejo que 1) não temos absolutamente nada em comum ou que 2) me aproximei de uma pessoa que não me faz bem por um motivo ou outro. Acontece-me mesmo muitas vezes, provavelmente porque 1) analiso e observo muito ou 2) sou muito ciente do meu território e sinto-me abusada mais depressa do que a maioria das pessoas. Também existe um 3), atraio muitos malucos (ou sou inicialmente atraída por eles) e quando me apercebo que são malucos, é demasiado tarde, porque culpossauros não saem de relações de cujo início têm a culpa.
O que tenho feito nessas alturas são listas mentais de gente boa que também atraio e que adoro naturalmente, gente com quem não passo tanto tempo quanto gostaria (ou tempo nenhum) e que têm doçura, graça e bondade em quantidades generosas: a S., com quem discuto assuntos macabros só para chegar à conclusão de que doentes são os outros, nunca nós. A M., que no dia do lançamento do livro da minha Casaca me levou um livro lindo com uma dedicatória mais linda ainda, com uma fita de ráfia. A P., sempre com palavras de incentivo para tudo e mais alguma coisa, criativa como ela só. E há outras, isso sem falar no núcleo duro, na minha mão cheia de amigas chegadas. Gente que me conquistou naturalmente e que adoro naturalmente, de quem não duvido, a quem não sou empurrada a ler nas entrelinhas. O culpossauro precisa dessas pessoas para ir dormir um bocado.
2 comentários:
nunca nós, jamais em tempo algum.
(tá mais uma cena macabra na tua muralha)
A vida é sem muito mais fácil de ser vivida com esse escudo protector à nossa volta. :)
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