sábado, 22 de maio de 2010

Curtinha sobre parto humanizado

Parto humanizado é aquele em que a parturiente está segura, relaxada e feliz, e não o parto-dentro-da-tina-com-bola-de-Pilates-e-Enya-a-tocar. Se a parturiente está segura, relaxada e feliz sendo assistida por uma equipa de obstetras, pediatra e enfermeiros, sem dor, o parto dela é humanizado.

Portanto, pediria que passassem a chamar o que chamam hoje de parto humanizado "parto doméstico", se não ainda começamos a pensar que demos à luz assistidas por veterinários.

16 comentários:

Sofia disse...

Acabaste de escrever o post que eu gostava de ter tomates para escrever...
O pior é que eu teria de falar de estatísticas e evidências e aí as defensoras do parto "humanizado" caiam-me todas em cima ;)
Bjocas

Rita disse...

Nenhuma verdadeira defensora do parto humanizado diria que um parto humanizado tem que ser um parto em casa... nunca.

Eu passei por 3 partos hospitalares e considero um deles um verdadeiro parto humanizado.

Eu até acho curioso falar-se no termo de defensores do parto humanizado... não deveriamos ser todos defensores do respeito pela mulher num dos momentos mais importantes da sua vida?

Beijinhos

Melissa disse...

Rita, se reparares, tudo que se diz na comunicação social e em sites e blogs sobre o assunto remete para um parto dito "natural". Nunca li sobre nenhuma cesariana humanizada. Nem epidural humanizada. Nunquinha. E estou atenta.

Ainda acho mais: acho que há um quê de julgamentozinho em chamar aos partos naturais partos "humanizados". O termo "parto humanizado" devia ser aplicado para qualquer parto bom.

Melissa disse...

Em tempo: nada contra partos naturais. Só tudo contra o tal do "humanizado", bem como, já agora, do "amigo dos bebés", "vínculo precoce" e dezenas de outros terminhos carregados de julgamento.

Ana C. disse...

Eu sempre achei que havia nessa expressão um toquezinho de fascismo pensante. Do mesmo género das fanáticas da mama.
Só o parto que obedeça a uma equação pré definida sabe-se lá por quem é que é humanizado.
Eu tive duas cesarianas. Uma humanizada, outra não.
Na não humanizada tinha o anestesista a falar do que ia almoçar e fui medicada com ben u ron quando gemia de dores, na humanizada tive a minha médica a massajar-me os pés frios enquanto levava a epidural e a dar ordens ao anestesista para que eu não sentisse nem um mílimetro de dor no pós cirurgia e de facto com doses controladas e cordenadas de morfina morfina na espinha fui feliz no pós-cesariana :)

Melissa disse...

A minha não foi humanizada por uma série de motivos, também. Da próxima, faço questão de ter um parto humanizado.
Segundo a minha própria noção de parto humanizado, obviamente. Quero tentar um parto normal com um bom anestesista (coisa que não tive na minha cesariana), quero estar com o meu obstetra do princípio ao fim do processo (coisa que também não tive), quero segurar o bebé ainda sujo, coisa que também não tive, entre muitas outras coisas que não tive. Este, para mim, será o parto humanizado, e será em ambiente hospitalar ou até mesmo cirúrgico, se tiver de ser.

Ana C. disse...

Cada um precisa do que precisa para se sentir humano...

Melissa disse...

É o grande problema dessas "novas" definições. Na minha opinião, não reconhecem isso, que não há uma maneira única de fazer as coisas da melhor maneira. Não gosto dos termos que usam, acho que tinham de ser mais neutros.

gralha disse...

Acho que o problema está mesmo no que certa comunicação social transmite (erradamente). Mas concordo com o fundamento da tua mensagem: o que interessa é que a mãe se sinta bem e que haja condições de segurança para ambos.

Rute disse...

Aplaudido!!!Muitas, muitas vezes!! Eu tive um parto humanizado num hospital Púbico, tive um enfermeiro parteiro (que nem sabia que existia) que dizia umas piadinhas para me descontrair, que foi desencantar um anestesista para me dar a epidural não sei onde pois a anestesista estava a ocupada com uma cesariana, uma auxiliar que entrou 10 minutos mais cedo para ajudar no parto e umas enfermeiras que apareceram à ultima da hora não sei de onde a dizerem força para me ajudar!!!Acho que tive sorte!!!
Não considero um parto em que uma mulher sofre horrores, um parto humanizado...isso só pode ser uma teoria daquelas que só tem quem não teve filhos!!!

sofia disse...

Concordo plenamente!
"O termo "parto humanizado" devia ser aplicado para qualquer parto bom."
O meu parto tb não foi propriamente "humanizado", mas todos os momentos que a anestesista passou comigo foram do mais "humanizado" que existe e só tenho a dizer bem

Anónimo disse...

oi,
parto humanizado, "parto doméstico", parto na água, parto natural, parto normal, parto vaginal, cesariana são mesmo muito diferentes. Bom, bom era no parto hospitalar, parturiente e bebé serem respeitados mas sabemos que isso, especialmente por cá, nem sempre acontece. :)
já agora, todo eles, cada um da sua forma, doem. Dói antes, durante e depois. Parir dói! quem procura um parto 100% sem dor, vai ter que inventar 1. O que difere é a percepção que cada uma de nós tem da dor.

Anónimo disse...

a teoria da vinculação está mesmo muito estudada. Não é que a ciência explique tudo mas, se assim o desejarmos, a teoria da vinculação é ciência. Foi com ela que se construíram as bases da pedopsiquitria. Eu diria que numa "cesariana humanizada", a equipa hospitalar trabalharia no sentido de receber o bebé sem riscos e de facilitar a criação de vínculo entre mãe e bebé. As práticas hospitalares actuais em Portugal não facilitam a vinculação nem a amamentação e eu acredito que é por isso que o primeiro ano de vida de tantos bebés é um inferno para tantas mães.
O meu filho nasceu de parto vaginal com epidural mas nada foi feito para nos facilitar a vida. Desde a indução (desnecessária) até ao facto de me quererem obrigar a dar-lhe leite em pó, os 3 dias na maternidade foram uma luta constante.
Sei que Inglaterra e França as mulheres podem ter massagens antes e depois do parto.
Em Inglaterra, o questionário que dão às grávidas pergunta se querem massagens, hipnose, óleos essenciais, se tem uma parteira para as acompanhar em visitas pré e pós parto ou se querem uma do NHS. São tantas as opções que ao ver aquilo nem sabia se ria ou chorava perante as opções que me foram dadas. com ou com epidural?
Na Alemanhã, há uma enfermeira que vai a casa do recem nascido todos os dias na primeira semana e uma vez por semana depois disso e durante o tempo necessário. Estão a imaginar visitas grátis para nos ajudar com os putos naquelas alturas difíceis? Claro que aqui fiquei eu a chorar em casa com a subida do leite e o pai do bebé a telefonar para a doula que viesse a correr ajudar.
é por tudo isto e muito mais que luto por um parto respeitado.
os NOSSOS partos vão ser "humanizados" porque agora já sabemos o que queremos e já não estamos cheias de medo dos srs doutores. espero que, no futuro, não seja necessário ter uma má experiência de parto para aprender isto.

mm disse...

Sei que há más experiências em Portugal, mas há muitos hospitais que põem logo a cirança em cima da mãe, mal nasce, ainda toda porquinha; que incentivam logo a mãe a dar de mamar mal o bebé nasce; que tentam evitar ao máximo que as mães desistam da mama e se voltem para o leite em pó; que têm enfermeiras e médicos para responder a questões (por exemplo o Hospital de Santa Maria). Sei também que há hospitais onde há um grande acompanhamento antes do parto (mostram as instalações às mães) e depois (há uma auxiliar que vai a casa na primeira semana e respondem a dúvidas via telefone (por exemplo, Hospital da Estefânia). Mal, só ouvi dizer da MAC, onde não respondem às dúvidas das mães, as despacham como se estivessem numa secretaria, e não as deixam estar logo com os filhos com s desculpa esfarrapada e hipócrita de que a mãe tem de descansar (que mãe descansa depois de parir sem saber onde e como está o filho?!).
Há muitos hospitais em Portugal e na maioria o pessoal é humano.

Melissa disse...

Eh pá com as devidas desculpas, digo o que penso: acho as maternidades públicas portuguesas HORROROSAS. Desconfortáveis, com pouca privacidade, pessoal antipático. Não basta terem expertise técnica, na maioria das vezes não vai ser preciso, porque gravidez não é doença.
Tive um mau parto, mas o pós foi excelente, vivido em família, com muitos miminhos. Todas as famílias pagam impostos, todas merecem o mesmo.

Melissa disse...

Cátia, sobre o tal vínculo, acho que é das maiores pressões que existem sobre as recém-mamãs: e quando não rola? É que às vezes não rola. Às vezes demoramos dias, até semanas, a conseguir ligar-nos ao bebé, sem que nada disso tenha a ver com o parto em si - apenas com a situação avassaladora que é ter um filho. E ficamos com aquilo a martelar-nos a tola: tenho de me ligar ao meu filho, tenho de me ligar ao meu filho, além do tenho de dar o peito ao meu filho, e outras coisas mais.

Há inúmeros caminhos para o amor, é o que eu quero dizer. E a pressão só atrapalha.