quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Os primeiros amores da rainha do drama

- O primeiro chamava-se Sami, gorducho de caracóis ruivos, foi no Jardim II (pré-primária de cá, 5 anos) do Colégio Juventus. Sonhei com ele e acordei apaixonada. Roubei dinheiro não sei de quem para comprar um catavento, pus várias cadeiras da sala umas em cima das outras até chegar ao ventilador de tecto para fazer o catavento girar o mais depressa possível, a ver se o Sami notava. Não notou.

- O segundo foi o Napoleão, aos nove anos, durante a colónia de férias. No fim do desfile das mini-rainhas de beleza (não se esqueçam durante nem um segundo de que sou sul-americana), cruzei-me com ele nas escadas. Ele disse que eu estava linda. Eu abri a boca, incrédula, mas não pude dizer nada, porque a minha mãe puxou-me para ir não sei onde. A última imagem que tenho do Napoleão é debruçado no corrimão das escadas a dar-me adeus. Nesse dia, fomos ao clube ( = sítio com piscinas e tal) e saltei para dentro da piscina olímpica, tentando afogar-me de amor. Não aconteceu.

- Amei o Renato desde a 3a classe até praticamente vir para Portugal. O meu sonho era que ele simplesmente reparasse em mim, mas, caramba, eu era a coisa mais esquisita do colégio inteiro ( Tudo que hoje acho que são meus encantos, na altura jogava contra mim: escrevia histórias super longas e macabras, lia enciclopédias e sabia coisas muito esquisitas sobre arqueologia, gostava de ir de chapéu e luvas para o colégio e mais uma panóplia de coisas que não facilitaram muito a minha infância/pre-teens), e o Renato era o que hoje se designa por "popular", ou seja, as minhas hipóteses eram nulas. Até que um dia resolvi fazer um feitiço de amor que a empregada me ensinara e que resultava mesmo. Uns dias depois o Renato convidou-me para ser seu par na quadrilha das festas juninas, desde que eu não contasse a ninguém. Quase morro. Chorei muito de felicidade. No dia da apresentação da quadrilha, o Renato não apareceu.

- O meu primeiro namorado de verdade foi o Roman, tinha eu 14, 15 anos. O Roman vinha a Portugal nos Verões, por isso, era basicamente um namoro por correspondência. No Verão de 1991, o Roman decide terminar comigo. Veio lá a casa, terminou tudo e saiu. tentei criar coragem para saltar do 9º andar, mas tive muito medo de morrer. Em vez disso, telefonei ao meu pai a dizer que queria ir viver para o Brasil, pois a vida tinha perdido o sentido (é que tinha mesmo). Não aconteceu. Implorei tanto que o gajo voltasse o namoro que ele voltou pelo resto das férias, acabando tudo por carta assim que chegou a Holanda.

Este post, inspirado pela Gralha, é dedicado ao meu maridinho, que aconteceu e apareceu e notou e gostou, e que, por algum motivo, acha que eu fui o bambambam das relações amorosas na juventude, quebrando corações por todo o lado.

2 comentários:

gralha disse...

Uma pessoa até não quer acreditar na astrologia mas depois lê isto e percebe que só mesmo um Carneiro para compreender um Carneiro.
Quantas vezes sentimos que a vida acabou ali? Afastem-nos das facas e dos comprimidos. Ou dêem-nos filhos, para ganharmos juízo.

Sofia disse...

:)
Não pude deixar de sorrir a este teu post...Tanta coisa semelhante! (tirando a parte das mini-rainhas de beleza, lol)
Bjs