segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A sopa da Lurdes

É dividida em tupperwares de vários feitios e tamanhos: dois enormes e de igual tamanho para cada um dos filhos, um mais pequeno para o próprio dia, outro assim-assim para congelar, e mais uns tantos em dose individual que não adivinho para onde vão. Estão todos ali em cima da bancada da cozinha: uns altos, outros baixos, parecendo assim uma Manhattanzinha de tupperwares.

Antes de começarmos a comer sopa, a Lurdes pede para esperar, pois vai deixar a sopa ao senhor Álvaro - um vizinho velhote cuja mulher, já acamada, foi para um lar há alguns meses.

A minha sogra é a gnoma da divisão da sopa. Não há quantidade de sopa que não se divida um pouco mais, fazendo caber mais um prato. Ninguém, na vida da Lurdes e no que depender desta, fica sem sopa.

E eu adoro-a por isso acima de tudo.

Na noite em que o meu pai e irmão chegaram do Brasil, poucas horas depois do enterro da minha mãe, já quase todos tinham ido dormir, exaustos dos dias anteriores. Mas uma grande e fumegante sopeira cheia de canja brasileira (com muito cheiro verde e vários legumes) os esperava sobre a mesa da casa da tia Ane.

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