segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Sobre o co-sleeping

Eis a minha polémica preferida sobre a educação de bebés, e espero que vos apeteça falar do assunto, especialmente as defensoras do costume (Cátia?).
Vi, no outro post, que algumas mães usam como recurso para dormirem mais um bocadinho, pois os seus bebés dormem melhor com elas. Ora bem, se funcionasse comigo, lá estaria o Gabriel no meio dos pais a cada noite, pois o que tenho descoberto é que não há nada tão primordial como o sono. Mas, em teoria – já vamos à prática – não consigo deixar de pensar que a cama do casal é o santuário da sua intimidade e que, uma vez que a criança entra lá definitivamente, este santuário perde-se. Já ouvi uma mamã dizer que “lugares na casa para a intimidade há muitos”, mas a cama é a nossa catedral, é onde a nossa vivência a dois acontece, e não falo só de sexo. Se não houver vivência a dois, o casamento desmorona aos poucos – não estou a pôr toda a responsabilidade sobre a coitada da cama, mas ajuda ter um porto seguro livre de bebés. Sei que na Natureza não é assim e que os mamíferos dormem todos juntos, mas, para o melhor e para o pior, na Civilização é diferente e não dá para ignorar o peso da cultura sobre a biologia.

Este é um motivo. Agora o principal, pelo menos para mim.

Eu fui uma co-sleeper até muito tarde, porque o meu pai não morava na nossa cidade e só vinha de tempos em tempos. Nesses “tempos em tempos”, eu lá ia recambiada para o meu quarto e passava a noite toda aterrorizada por estar sozinha – se a minha mãe me mantinha no quarto dela noite após noite, era porque havia algo errado em dormir sozinha, algo errado com aquele quarto. Era tenebroso. Há quem me tenha dito também, na gravidez, que as crianças, quando se considerarem prontas, voltam para os seus quartos sozinhas. Não duvido que isto aconteça com algumas, mas comigo não foi mesmo nada pacífico. Não conseguia sentir-me segura sem a minha mãe ao lado – e sei lá se isso não teve a sua repercussão até muitos anos depois, nos muitos problemas de dependência dela que enfrentei até ao fim.

Mas digo e repito: se essa fosse a única forma de o meu filho adormecer em paz, acho que a acolheria de maneira temporária, ,mas sempre a tentar fazer com que ele desenvolva a segurança e autoestima suficientes para ficar bem sem o pai e a mãe à noite.
(E adoramos estar os três, juntos, a fazer macacadas de manhã entre os lençóis, é claro.)

17 comentários:

Miguel disse...

Sobre esse assunto... tentámos desde o início que o (nosso) Gabriel dormisse sempre no berço. Com cerca de 7 meses o Gabriel passou para o seu próprio quarto (a Mariana já não amamentava) e sempre fizemos as rotinas pré-sono (trocar fraldas, vestir pijaminha, contar histórias) no quarto dele. O certo é que hoje o Gabriel NÃO gosta de dormir connosco!
O que eu acho, e salvo as raras excepções do costume, é que esse fenómeno ocorre porque é muito mais fácil para os pais enfiar os putos na cama com eles do que perder noites de sono. Pode ter acontecido que o meu filho seja diferente da norma por preferir dormir no seu quarto mas o certo é que nós tentámos cultivar nele a noção que ele tem um espaço que é só dele e onde ele se sente seguro. Mas enfim, não quero paracer redutor...

Pekala disse...

eu sempre fui contra pôr os putos a dormir com os pais até porque tive um exemplo próximo de uma míuda que só abandonou a cama dos pais com 5 anos e mesmo assim desconfio que ainda lá cai todas as noites....o meu filho começou a dormir sozinho no quarto dele com 3 meses porque simplesmente já não cabia na alcofa e a cama de grades não cabia no meu quarto.Sempre me levantei n vezes durante a noite,passei horas no quarto dele e só excepcionalmente,em caso de doença por exemplo,o levava para a nossa cama.
A esmagadora maioria das noites ele dorme seguidas no quarto dele,só abro excepções quando ele teve um dia muito excitante ou se tem pesadelos e perco a pachorra de me estar a levantar 5 ou 6 vezes seguidas,aí sim,enfio-o no meio de nós e siga e todos descansamos melhor.
Não concordo com o que a tua mãe fez contigo por exemplo,há muitas que ainda fazem o mesmo,os pais estão longe e metem os míudos na cama delas,acho mal.Cá em casa o pai sempre passou muito tempo fora e eu nunca caí nessa tentação...só pra dizer,no fundo que concordo em abrir excepções,mas nunca continuamente.

Anónimo disse...

Há noites em que agradecia que o meu filho dormisse no meio de nós. Agora que esteve doente, ficou cá com uma mãezite... e às vezes acorda a chorar e não quer ficar na cama dele. Então eu levo-o para a nossa, pois quero dormir. E não é que lá ele só quer brincadeira?? É que não adormece mesmo. E às vezes dava tanto jeito... ;) Eu só não pratiquei o co-sleeping quando ele era recém-nascido porque tinha medo de o amassar. Dormiu sempre no berço e aos 3 meses passou para o quarto dele. Beijinho

Supertatas disse...

o meu foi para o quarto dele aos 3 meses, mas sempre tive que o adormecer ao colo e dps por na cama, sempre que acordava lá ia eu por a xuxa, dar mimos ets, meses e meses a fio, até que com um ano, altura que se punha em pé começou a trepar as grades e querer sair, comecei a dormir mal sempre a pensar que ia cair partir-se todo etc, um mes dps tirei-lhe as grades. começou a aparecer no meu quarto a meio da noite, e lá me levantava para voltar a po-lo no quarto, e passado umas horas lá aparecia ele outra vez. ao fim de umas noites sem dormir la me fartei e pronto, queres dormir aqui dorme. o que importa é dormir. e eu acho que sim, o importante é dormir. e assim foi durante mais de um ano. de repente não só deixou de vir como deixou de precisar de mim para adormecer, por isso sim, acredito que qd eles estão preparados saiem da cama dos pais. acho que é preciso um certo grau de auto-confinaça para isso acontecer. é preciso serenidade. uns demorarão mais que outros : )

Julia disse...

Concordo com a supertatas. Quando estiverem maduros, sairão. E se houver dificuldades emocionais que impeçam esse amadurecimento, a culpa certamente não é da cama compartilhada, acredito que esta seja só um sintoma. Talvez seja até vantagem tê-los na cama e ter um meio fácil de diagnosticar, do que ter lindos bebês que dormem sozinhos no quarto, mas com as mesmas dificuldades emocionais só que se manifestando em outras áreas talvez mais difíceis de relacionar.

Também creio serem na verdade uma minoria os que dormem sem intervenção em seus quartos até pelo menos 2-3 anos. Mesmo dentre os que são sleep-trained segundo os (para mim) abomináveis métodos de largar chorando. Acompanho dezenas de blogs de mães de múltiplos, dentre as quais a maioria segue esses métodos lá pelos 6 meses, e não me lembro de uma só cujos filhos não precisem de assistência regularmente durante a noite.

Por isso, aqui em casa a cama é compartilhada com as gêmeas e continuará sendo se vierem outros, enquanto eles precisarem. Nunquinha que eu sobreviveria a levantar e ir ao outro quarto todas as vezes que elas acordam - já teria me mudado para lá há tempos e o marido estaria sozinho. Assim pelo menos estamos todos juntos e posso pedir ajuda imediatamente quando perco o controle.

Para nossa sorte a cama aqui nunca foi um fetiche, então resolvemos nossos problemas em outros lugares da casa. Já antes das crianças a cama era principalmente lugar de dormir - nem mesmo o hábito de ler nela nós cultivávamos.

Maria disse...

gostei muito do teu post e aqui fica a minha opinião.
nunca dormi com os miúdos na nossa cama (tirando pouquíssimas excepções) porque não gosto. Os miúdos mexem-se imenso, ressonam, vêm para cima de nós, o que me perturba o sono. Como tal, habituaram-se a dormir no seu quarto. Com o mais velho tive que o deixar chorar inúmeras vezes. Custa muito, muitíssimo, mas resultou. Não creio que esteja traumatizado e, na altura, estando eu já a trabalhar, precisava mesmo de dormir. Actualmente, com 3 e 1 ano, os meus filhos raramente acordam durante a noite e vão dormir com agrado, mas, com disse, foi muito difícil para o mais velho aprender a dormir (há esperança, portanto, para o Gabriel! :) ). Também não creio que o mérito seja meu. Simpelsmente resultou e podia não ter resultado. A experiência como mãe tem-me mostrado que muito pouco depende dos pais e das suas opções...
Voltando ao co-sleeping, para nós a nossa cama é de facto o nosso altar, onde, para além de namorarmos, lemos, falamos, descontraímos. Se os miúdos adormecessem na nossa cama, ficávamos confinados à sala.
Dito isto, e reafirmando que detesto dormir com os miúdos, irrita-me, ainda assim, o modo como os médicos portugueses abordam o co-spleeping. Dizem sempre que faz muitíssimo mal dormir com as crianças, ignorando dezenas de estudos internacionais que defendem esta prática. Por exemplo, o livrinho dos bebés do SNS diz, a determinada altura, que a criança deve dormir no seu quarto. Para mim, esta afirmação, como se fosse uma verdade inquestionável, é absurda, não é fundamentada e é extremamente introsiva na liberdade de cada família. Cada criança e cada família é um caso e o Estado não deve opinar sobre matérias que não tenham fundamento científico.

Claudia Borralho disse...

Eu quero lá saber da intimidade, quero é dormir, com espaço à vontade!
é muito bom o miminho do puto ali ao lado, mas em pouco tempo cansa, é que com ele ali no meio quem não dorme sou eu, sempre de olho aberto para não o esmagar, para o tapar e retapar e encolhida sem espaço para me mexer.
Co-sleeping é optimo, mas não para mim!
(e agora que ele está a passar uma fase ultra dependente eu prefiro passar uma hora de madrugada no cadeirão ao lado da cama dele do que deixá-lo vir pra cama comigo)

Melissa disse...

Ena, tanta gente a dizer de si e tudo tão bem dito, tou a adorar. Assim que acabar o trabalho volto aqui para dar mais bitaites.

Pekala disse...

Curti o comentário da Morgy,o que menos me interessa é a intimidade lol.quero é dormir!em relação ao resto quando há vontade tudo acontece!e é verdade que o puto quando dorme connosco só me deixa sossegada até ao ponto em que deita a cabeça dele em cima da minha,ou põe os pés em cima da minha cara ou estrafega-me o pesocoço em busca de miminho ou nos destapa,enfim....mas também sou apologista que cada família sabe o que é melhor pra si e pronto.

ICAS disse...

a minha Icas sempre foi habituada á cama dela, só vai dormir com a gente qd está doente e qd dorme lá eu nunca descanso por estou sempre com medo de a magoar ou mesmo ela magoas-me com os pés.
Sim eu faço isso por preguiça e sono pq passo a noite inteira de pé assim é mais facil de controlar.
Nos dias normais DORME sempre na cama dela por eu concordo que a cama é do casal é o nosso SITIO.

Susana Vieira Pires disse...

Nem de propósito :) esta noite foi de co-sleeping e soube tão bemmmmm :) heheheeh foi a primeira vez que dormiu 5h com os papãs e tlvez por isso tenha sabido tão bem.. :) acordei com um berro que acordou o pequeno (10meses) e o marido pois a primeira coisa que me lembrei quando saí do transe do sono foi "amassei o miúdo" soltou-se um berro onde constatei que afinal estavam todos bem :) hehheeh foi a primeira vez que isto aconteceu pois na primeira tentativa de uma espécie de co-sleeping o meu reizinho parou no chão (conste-se com prái 10dias) foi o terror das memórias durante pelo menos 1mês, nunca mais me perdoei mas isso deveu-se ao cansaço em que andava e de dar a mamoca e aconteceu, mentalizei-me que não me posso martirizar por isso. Hoje deveu-se ao facto de ás 2h30 da manhã completamente pedrada de sono começar a ouvir choro desesperado (dorme no nosso quarto mas na caminha dele (desde os 2meses)pois o outro quarto não está livre portanto o quarto é dos 3) e como pela primeira vez não o conseguia calar a não ser no meu colo encostado a mim não tive outra alternativa pois tinha que me levantar ás 6h30 e estava a ver que aquilo ia durar horas. portanto benditas palavras soltas pelo maridão "põe-no na nossa cama" tivemos o verdadeiro sono dos justos, dormimos os 3 com os anjinhos adorei mesmo senti-lo toda a noite encostadinho a mim, até passei melhor o dia! Mas conste-se que não é para tornar hábito pois acho que ele deve saber que tem uma caminha para dormir e ali é o cantinho dele. Soube bem? soube mas também não me mexi toda a noite acordei exactamente da mesma forma que me deitei com ele, mas podia ter corrido mal e acordar em cima do pequeno :( pois comigo o "instinto maternal" simplesmente não funciona infelizmente :)
Bem já me alonguei :) foi só para partilha a minha experiência!

beijoquinhas para o Gabi e para os papãs!

Susana Vieira Pires disse...

ahhhh conste-se que o príncipe anda constipadinho, cheio de ranhoca eentão custa a respirar com a chucha consequentemente se acorda custa-lhe a adormecer :)

beijinhos!

Supertatas disse...

lembrei-me de outa coisa que tb faço quase diariamente que é mto ºutil e pratica: co-shower

Márcia disse...

Antes de ser mãe eu era radical com a questão dos bebés dormirem na cama dos pais e fazia grandes discursos...Blá blá, blá e tal...

Depois fui mãe e mesmo o Eduardo sendo um bebé que dorme razoavelmente bem (começou a dormir 6/7 horas seguidas por volta de 1 mês e meio); mas segundo a nossa experiência o dormir é por fases (e tudo o resto tb, já agora!!!), dos 9 meses aos 12 meses foi o caos total, a causa os dentes, e passava quase a noite toda na nossa cama; agora com 19 meses, tem dias, a causa os pesadelos. Normalmente vem para a nossa cama todos os dias de manhã e dormimos mais 1h30m a 2 horas; já não é fácil dormir com ele, dá pontapés, cabeçadas, o que é verdadeiramente horrível, isto até adormecer profundamente…

Nós precisamos de dormir e a meio da noite a minha tolerância rasa o 0%, por isso, desde cedo percebi que não ia resultar ficar no quarto com ele, assim quando dorme mal vem para a nossa cama.

Claro que muitas vezes me sinto culpada, mas tenho um amigo que me deu o mote para a desculpabilização e é o seguinte: “Não é aos 18 anos que os queremos a dormir na nossa cama!!!LOL” e tem toda a razão. LOL

Beijos grandes,
Márcia

Bailarina disse...

Eu quanto a isto tenho tantas duvidas! nos primeiros tempos a ideia de "perder" a minha/nossa cama para o meu filho ia dando comigo em doida! mas ele só dormia ao meu colo e eu sabia que não podia ser assim, não podia, não devia, não podia! depois fui ler sobre o assunto para me tranquilizar e eu suma para me perdoar o que estava a fazer...
depois ele começou a gostar da caminha dele e do seu espaço, mas ás vezes, ele está chatinho, ora dentes, ora dentes, ora rabugice, e como nós sem dormir ficamos intragáveis lá o levamos para o meio de nós e dormimos os 3! Mas sdmito que não me sinto confortável com isto, gostava mesmo que ele só viesse para a nossa cama ao fim de semana de manhã para a macacada!

Melissa disse...

Pois, o meu problema é esse. Como disse a Precis num outro post, o ser humano é um bicho de hábitos. E da mesma maneira que ele pode pegar nos seus paninhos de bunda e bazar para o seu quarto quando lhe apetecer, pode-lhe dar para achar que o nosso é o espaço dele, e quem lhe disse o contrário? Comigo foi assim.
Acho que o casal já perde tanto de vida a dois com a chegada de um bebé, perder mais este momento... Nao sei.

Neste momento o Gabriel está connosco - pusemos a sua cama no nosso quarto - mas estamos a planear a sua debandada, que não será difícil só para ele, mas para todos nós. Eu e o pai estamos habituados ao seu ressonar, aos puns, aos gemidinhos, e claro que isso nos dá sossego. Mas temos de resgatar algumas coisas perdidas também.

Acho que o importante é sentirmo-nos confortáveis e sem culpas. Não adianta aplicar um método duro de sleeptraining se é para se sentir mal sobre isto - e cá em casa era mais fácil matar o Hugo do que deixar o Gabriel a chorar, por isso, está descartado.

Lucia Costa disse...

Tornámo-nos co-sleepers por necessidade. A nossa bichinha não nos deixou opção. E nós queríamos mesmo é descansar. Depois tornei-me adepta; pesquisei imenso na net e descobri que não é assim tão mau como o dizem. Agora, adoro! Até o pai gosta de vê-la agarrada a mama dormindo o sono dos justos.