No fantástico livrinho sobre escrita infanto-juvenil que estou a ler, a autora fala da magic hour, que, em cinema, é a hora que antecede o pôr-do-sol e dá uma luminosidade incrível ao rosto dos actores e tudo o mais. Na criação literária, a magic hour corresponde ao momento entre o sono e a vigília, em que os pensamentos correm soltos, sem julgamento - a autora diz ainda que é possível reproduzir a magic hour durante o dia, através de alguns exercícios.
Na altura em que li essa parte, desconfiei logo duma coisa que comprovei horas depois: eu não tenho magic hour. Eu tenho o seu justo oposto: eu tenho a super-reality hour. Entre o sono e a vigília é quando sou assolada pelos problemas mais negros e quando todas as coisas totalmente sem importância viram uma cena de tirar o fôlego, de tão cruciais. Não há felicidade nem paz na minha super-reality hour: há gente má, problemas insolúveis, falta de esperança. Na verdade é, de facto, um momento sem julgamento, mas para o dark side. Depois acordo e aí tudo volta ao sítio, já com os meus queridos e chatinhos julgamentos que me fazem procrastinar tudo na vida ad infinitum.
É uma pena. Adoraria ter uma magic hour.
Por sugestão do meu irmão, encomendei outro livro que traz exercícios para ter algo parecido com isso. Espero que resulte. As dicas do meu irmão costumam ser boas.
Antes que pensem que sou a magnata da Amazon, compro absolutamente tudo em 2a mão e é raro pagar mais de uma libra por um livro (com a entrega fica em cerca de 4, 5 eur).
4 comentários:
Aquele momento que antecede o sono profundo e em que o cérebro tem alguma dificuldade em desapegar-se do estado de vigília, é odioso para mim.
70% das vezes acordo sobressaltada, como se tivesse medo de desligar.
Também odeio ficar na cama às escuras, quando já estou acordada. Vem-me tudo à cabeça.
Enfim, isto para dizer que também não tenho magic hour. Isso fica para a inocência infantil :)
Está visto que sou uma infantilóide incurável.
(prefiro gerir as angústias no banho ou quando acordo)
Curioso, a minha magic hour nunca acontece nestes momentos... também me dá para isso de "magicar" tudo e mais alguma coisa.
No entanto, caminhar sozinha na praia de phones nos ouvidos traz-me essa magic hour, como que uma clareza de ideias, como se todas as peças do puzzle encaixassem!
Já experimentaste?
hahaha adoraria que vocês entrassem na minha cabeça durante cinco minutos. Saíam com a maior enxaqueca das vossas vidas :)
Naná, tenho uma dificuldade tremenda em calar os pensamentos, ou deixá-los soltos, ou seja o que for. Nada resultou até hoje. Não significa que eu não saiba relaxar - caminhar de fones no parque, mesmo pela fresquinha muito fresquinha, tem-se revelado um bálsamo... Mas a verdade é que estou a contar pavões ou a fazer outra coisa qualquer, sempre.
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