A tua mãe deu-me a novidade enquanto eu esperava pela confirmação dum fax que enviara a um advogado a dar-lhe uma má notícia.
Foi assim, no meio do barulho das impressoras a bombearem ofícios de 70 vírgulas por parágrafo e com os nomes próprios escarrados a bold que eu soube que vinhas fazer parte da minha vida. Nesse preciso instante o teu pai passou a ter o seu próprio futuro e os batimentos cardíacos tornaram-se bastante mais acelerados.
Não acho que o meu futuro passe por pertencer a uma família sorridente enfiada numa vivenda ajardinada impecavelmente arrumada e com as divisões pintadas de fresco como os anúncios “Kinder”, mas aguardo que seja suficientemente motivante para que destrua o desgosto que o passado se transformou e a angustiante previsibilidade deste presente de crises capitalistas sucessivas.
É uma sensação realmente boa começar a esperar alguma coisa na vida que não seja apenas o som do toque do despertador todos os dias ou a decadência dos ponteiros do relógio a marcar a meia-noite avisando que o dia seguinte também é de labuta.
Quero lá saber que chores todas as noites ou que durmas de dia para gatinhares pela madrugada como se fosses um super-heroi saído das páginas da Marvel. Por mim podes fazer o que te apetecer que me estou a borrifar para as consequências.
O que eu quero mesmo é que o som do despertador não me acorde e que sejas tu a ter essa honra.
Agradeço mesmo que me canses de amor e venhas para a minha cama às cinco da manhã para desenhares casas de monopólio e ilhas desertas como a tua prima Adriana fazia aos teus tios.
Se tiver que dormir pelos cantos, antes que seja no trabalho que junto a ti.
(isto sou eu agora aqui a escrever, é bem natural que mude, durante o teu processo de crescimento, de opinião)
13/11/08
1 comentário:
entretanto mudei de ideias :)
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