Uma qualidade que eu gostava de ter: a de ouvir calmamente um desabafo sem dar mil e uma sugestões, entrando com as tamancas pela vida da pessoa adentro.
Não consigo.
Quando vêm falar comigo, tenho sempre a tendência a achar que a pessoa precisa de "aconselhamento", o que é idiota. Quase ninguém precisa de aconselhamento, a maioria das pessoas precisa é de ombro e empatia, e não de soluções que são sempre fáceis quando o assunto é a vida dos outros.
Acho que é mais uma coisa que vai para a categoria do não tolerar o presente quando o presente é uma incógnita ou um problema ou um incómodo, coisas que requerem ação erradicadora (???) imediata.
Nesta altura do campeonato, começo a achar que um bom ouvinte é um ouvinte calmo.
Conheço pouquíssimos bons ouvintes.
3 comentários:
É bom termos todo o tipo de amigos, desde aqueles que ouvem em silêncio modo confessionário, aos que entram na onda, partilham, opinam, desinstalam. O que é certo é que, no fim, cada um só faz aquilo que já tencionava fazer mesmo.
Fazem sempre tudo o que querem, os desabafadores, e nós, os resolvedores-de-problemas-alheios, ficamos a olhar com cara de Ó :D
A sério, ouvintes calmos precisam-se. Ou preciso, mas acho que é precisam-se, mesmo.
(A Cê é uma ouvinte calma).
(Na verdade, não preciso, não: ando tão chafurdadeira que consigo dividir-me em três ou quatro pessoas a desabafar umas com as outras)
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