Os padrinhos voltaram das suas férias no Paraíso e trouxeram-nos um saco de café local, que nada tem a ver com as embalagens actuais que se encontram nos supermercados, super a vácuo, super cheia de alumínio, tudo para preservar o aroma. Não... A embalagem do café que os padrinhos trouxeram é uma embalagem generosa, e divide connosco, cá fora, o seu cheirinho de café recém-passado no coador de pano, aquele cheiro morno das cinco da tarde que invade as cozinhas de Fortaleza, chamando todo mundo para dentro de casa, fugindo da hora das muriçocas.
Cheiro de café feitinho na hora, com borra no fundo do bule de alumínio barato, cheio de açúcar, para molhar o pão com dois dedos de manteiga enquanto Roberto Carlos canta no rádio.
O café da minha vida adulta é o contrário disso tudo: é curto, é estéril, é rápido, com cheiro rápido, ritual rápido. Tem uma função específica, que é me acordar para as chatices que vêm pela frente, ou ser uma pausa breve nas chatices em que já estou metida. Muito rápido, muito breve, muito longe do rádio da cozinha da vovó e da manteiga Patrícia.
É por isso, padrinhos, que não vou abrir o saco do café. Deixem-no repousar ali, durante muito tempo, ao pé das cápsulas, a contar-lhes umas coisas que eu cá sei a ver se elas aprendem.
6 comentários:
Aahhahaah :D
aiai, não me fale em manteiga, que saudades....para não falar de pão.
1 ano de dieta de laticínios e trigo. Ave.
Não há como os aromas para nos fazer viajar até casa, pois não? :)
Café, cheio de açúcar, molhar o pão com dois dedos de manteiga???????!!!!!!!!!!
Depois não te admires que o Roberto Carlos apareça na rádio a cantar isto:
http://www.youtube.com/watch?v=E4B9LbuSxPY
Haaa.
Sabes o que penso do café em cápsulas com cheiro a plástico.
Não há nada, mas mesmo nada que chegue ao cheirinho do café tirado do saco...
Eu preciso dele para começar o dia.
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